Somente Irati já tem 23 casos confirmados da doença. Destes, 13 estão ativos e 10 pacientes já se recuperaram. Entre os municípios da região, apenas Teixeira Soares e Rio Azul não registraram nenhum caso/Paulo Sava
Em uma ação conjunta, o 10º Subgrupamento de Bombeiros Independente (10º SGBI) e a 4ª Regional de Saúde de Irati estão solicitando apoio da população no combate ao mosquito Aedes Aegypti, responsável pela transmissão da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus.
Somente nesta semana, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) divulgados nesta terça-feira, 20, Irati registrou 7 casos de dengue, sendo 3 autóctones (doença contraída no município) e 4 importados. Somando-se aos registros das últimas semanas, Irati já tem 23 casos da doença confirmados, segundo a chefe da 4ª Regional, Larissa Mazepa. Destes, 13 estão ativos e 10 pacientes se recuperaram.
Outros municípios – Entre os municípios da região, apenas Teixeira Soares e Rio Azul não registraram nenhum caso. Nestas situações, pode ter ocorrido de as pessoas terem contraído a doença em outros municípios. Por isso, a notificação não chegou até a 4ª Regional.
Em relação a outros municípios, Mallet teve 3 casos, sendo dois autóctones e um importado; Rebouças e Imbituva tiveram 2 casos importados confirmados em cada município; Fernandes Pinheiro, Guamiranga e Inácio Martins registraram um caso cada.
Colaboração da população – Em entrevista à Najuá, Larissa pediu que a população colabore no combate ao mosquito da dengue para que medidas drásticas não sejam adotadas. “Se as pessoas não se cuidarem, se não limparem seus lixos e não ajudarem no combate ao vetor, nós teremos que, infelizmente, tomar medidas drásticas”, comentou.
Larissa avalia de forma positiva a participação do Corpo de Bombeiros nesta e em outras ações da Secretaria de Estado da Saúde. “Eu fico muito feliz de ter o Corpo de Bombeiros conosco, não só nesta ação, mas em várias outras que temos contato direto, um estreitamento com o Corpo de Bombeiros, que muito ajuda a área de saúde. Começando com a urgência e emergência, através do SAMU, sempre tivemos um bom relacionamento com o Corpo de Bombeiros. Agora, em todas as ações que sejam cabíveis, estaremos com eles, o major está sempre pronto para alertar a população e conversar com as pessoas junto com a saúde, para que nós tenhamos mais credibilidade e possamos chegar mais até a casa das pessoas, podendo contar mais com a população e os órgãos do nosso município. Vamos combater todas estas doenças e principalmente fazer ações para que as pessoas tenham mais saúde e não somente o combate à doença”, destacou a médica.
Corpo de Bombeiros – O Major Jorge Augusto Ramos, comandante do Corpo de Bombeiros de Irati, destaca que, em todo o Paraná, as prefeituras estão bem articuladas em relação ao trabalho de combate à dengue.
“Todas têm os agentes de endemias e fazem o trabalho para redução dos focos e criadouros do mosquito. A saúde está trabalhando bastante com relação à identificação dos casos justamente para podermos mapear e fazer uma previsão sobre onde o problema vai surgir com mais veemência”, frisou.
Outra preocupação do Corpo de Bombeiros está relacionada ao comportamento da população diante da dengue. “Qual é o primeiro comportamento da nossa região? Como nunca acontece na nossa área, e temos o inverno, as pessoas acham que isto vai ser suficiente, que logo vem o inverno e tudo se resolve. De fato, vem o inverno, a situação dá uma sossegada, acaba a circulação do mosquito adulto e fica o ovinho dele. Vamos nos preocupar com ele só no próximo verão. Mas, com este calor prolongado, chuva, saiu bastante do controle este ano. O primeiro lembrete que fazemos é este: estamos vivendo uma condição anormal de tempo, clima e das condições propícias para a infestação do mosquito”, comentou.
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Estruturas – Todas as coordenadorias de Defesa Civil estão apoiando as estruturas de saúde nos municípios. O Corpo de Bombeiros está elaborando estratégias de auxílio para os próximos três meses. “Nós temos uma condição de atenção e risco alto para o próximo trimestre, por isto a mobilização. Não podemos baixar a guarda neste momento e achar que vai ser tudo igual a outros anos. Neste ponto, pedimos que os municípios trabalhem, nos organizamos enquanto estado para as estratégias de apoio aos municípios, que são divulgação, cuidados costumeiros e ação efetiva”, comentou Ramos.
Problema da sociedade – Para o Major, a dengue é um problema de toda a sociedade. “A dengue é um problema de todos nós, não é só da televisão na Bahia, não é só do que está passando na internet, que o problema está em Antonina ou no norte do Paraná. Ele já está em Irati e na nossa região. O que não temos é uma quantidade de casos alarmante ainda. Em Umuarama, eles tinham 80 casos por dia em dezembro; em janeiro, passou para 1 mil casos /dia”, frisou.
Quanto tempo vive o Aedes Aegypti – Boa parte dos ovos do Aedes Aegypti está contaminada com o vírus da Dengue. O mosquito vive cerca de 30 a 45 dias. Ramos alerta que, se nenhuma atitude for tomada nos próximos 10 dias por parte da população e das autoridades, a situação pode se agravar em toda a região.
“As autoridades públicas têm que ver que não podem deixar mais para amanhã. Nós temos que começar com ações mais fortes: circulação de informação, imprensa, campanhas, para que as pessoas entendam a doença e como evitar a circulação e proliferação do mosquito. Além disso, tem as medidas de saúde e a da coleta de lixo, os arrastões que fazíamos, esta comoção popular para que as pessoas entendam que é uma coisa de todos nós”, frisou.
Prevenção – Ações simples, como guardar pneus em locais onde não haja acúmulo de água, e manter o terreno limpo, ajudam a combater a dengue, doença que não escolhe local para surgir, segundo Ramos. “Ela não está só na casa do pobre e nem só em local sujo, mas também na casa do rico, num comércio, num restaurante, nas indústrias. Qualquer lugar onde ficar um pouquinho de água parada por 5 dias é suficiente para o mosquitinho fêmea deixar seus ovinhos e eles eclodirem. Então, temos que eliminar todo e qualquer lugar que possa ter acúmulo de água”, pontuou.
O uso de repelentes pode ajudar a pessoa a evitar o contágio com a dengue. Além disso, a aplicação de inseticidas pela casa ou local de trabalho durante o dia pode ajudar a reduzir a incidência do mosquito, que tem hábitos diurnos. É preciso também manter ralos e calhas limpos e retirar a água de descongelamento de geladeira.
Cuidados com as plantas – Plantas como bromélias também podem acumular água, de acordo com Ramos. “É melhor replantar estas plantas mais para frente do que termos infestação de mosquito na nossa casa. Cada um tem que pensar que um local pode ser um criadouro. Juntou água por três, quatro ou cinco dias, o mosquitinho pode colocar seus ovos, mesmo em casas grandes e muito bem limpinhas. O que você faz? Vai no ralinho, tem água sanitária, larvicidas e vários produtos que você pode utilizar, até o veneno de inseto. Vai lá e impregna o local de veneno, acostume-se a fazer várias vezes por dia. Nos banheiros externos é importante passar todos os dias o veneno enquanto estamos vivendo este período de atenção extrema”, alertou.
Lixo em terrenos baldios – Ramos condenou o costume de algumas pessoas jogarem lixo em terrenos baldios e alertou os proprietários para fazerem a limpeza destes imóveis. Ele também pede que o poder público mantenha praças, parques, cemitérios e outros locais limpos.
“Temos que fazer os arrastões. Vamos pegar aqui em Irati o Morro da Santa: vai a criança, come o salgadinho e joga o pacote ou o vento trouxe uma sacolinha de supermercado. Se ficar em condição da água parar, vai ser um potencial criadouro. Em locais de difícil acesso, nós vamos retirar com o Corpo de Bombeiros. Nos locais de acesso mais tranquilo, nós mesmos temos que fazer a verificação e a retirada”, frisou.
Comerciantes e empresários também deve ajudar a combater a dengue, segundo Ramos. “O lojista e o industriário pega o funcionário para dar uma olhada no perímetro da sua empresa, na rua e no entorno. É muito bonito vermos as pessoas mobilizadas e fazendo este arrastão. No cemitério, padres e pastores podem pegar os fiéis da sua igreja e vão dar uma olhadinha semanal, a cada três, quatro ou cinco dias, sem esperar só o Poder Público, pois ele não consegue limpar tudo na velocidade que precisamos que se limpe agora”, comentou.
Campanha na mídia – Para que a campanha chegue à população, será feita uma campanha de conscientização no rádio e na internet, além da distribuição de folders com informações sobre o combate à dengue para a comunidade. Em breve, a chefe da 4ª Regional e o comandante do Corpo de Bombeiros devem conversar com prefeitos de todos os municípios da AMCESPAR e da AMSULPAR para alinhar ações de combate à doença.
Vacinas – A 4ª Regional também deve receber nos próximos dias as vacinas contra a dengue, porém haverá limitação de faixa etária, o que dependerá diretamente da quantidade de doses a serem recebidas, segundo Larissa. “Acredito que todos aqueles que queiram ser vacinados porque infelizmente temos muitas pessoas contrárias à vacina, o que vai deixar doses suficientes para todo mundo”, afirmou.
Denúncias – Denúncias sobre terrenos públicos e particulares sujos e com água parada nestes locais devem ser feitas nas ouvidorias das prefeituras. Em Irati, o telefone é (42) 3132-6153. A multa para quem não mantém seu terreno limpo é de R$ 955,70, de acordo com o Código de Posturas do município. Todos os envolvidos no combate à dengue agem em conjunto.
“Temos os agentes que estão no dia a dia percorrendo a cidade, então recebam bem e abram as portas para que eles possam fazer o trabalho de maneira bem adequada, visitando toda a área da propriedade e a sua casa para observar. Eles estão com um olhar mais treinado. Muitas vezes, dizemos que está tudo limpinho, a casa está um brinco e tem o melhor porcelanato no chão. É aí que, às vezes, nossos agentes encontram problemas graves na água, com ovos eclodindo e mosquitos circulando. Então, recebam bem estes agentes”, pontuou.
Apoio das escolas – O major pediu apoio a toda a rede de ensino, pública e particular, no repasse de informações sobre a dengue para os alunos. “Repassem informações para seus alunos, isto é muito importante. Não custa nada para o professor tirar um minutinho da aula para dizer que a dengue é um problema. A criança gosta de ser envolvida nestas campanhas. Não precisa uma campanha nacional para que você faça este alerta em sala de aula para seus alunos queridos. Tem os “capetinhas” também, mas também incentive eles a esta ação”, destacou.
Igrejas – As igrejas também podem contribuir com a campanha, repassando orientações para seus fiéis. “Padres, pastores, agentes, diáconos, pessoal das pastorais, do Teatro da Paixão, Centro Espírita e candomblé, qualquer entidade religiosa, os chefes devem colocar na pauta das reuniões semanais, das missas e cultos diários. Vamos cuidar do nosso bairro, da nossa comunidade, das nossas casas, da Paróquia ou comunidade religiosa, independente do cunho que ela tenha, seja católica, evangélica, as religiões africanas como o candomblé. Todas as religiões são muito importantes e conseguem passar aquilo que precisamos com verdade. Temos que acreditar que o problema pode vir rapidamente para a nossa região. Precisamos de todos nesta ação conjunta para que diminua a possibilidade e os locais de proliferação do mosquito”, finalizou.