Foram eleitos seis membros titulares e seis suplentes representando as áreas de Artes Cênicas e Música, Artes Visuais, Artes Audiovisuais, Patrimônio Cultural, Livro e Literatura e Instituições da Sociedade Civil/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Jussara Harmuch
O Conselho Municipal de Cultura de Irati elegeu os novos representantes da sociedade civil que representarão a entidade nos dois próximos anos. A eleição aconteceu em uma assembleia geral ocorrida no dia 24 de fevereiro (sábado), no Centro Cultural Clube do Comércio.
Foram seis pessoas eleitas como membros titulares e seis suplentes. Os eleitos devem ter experiência ou conhecimento da área de representação. A lista completa está disponível no fim desta matéria. Assista a live da entrevista completa, com todas as participações.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Leonardo Schenato Barroso, destaca que o processo transcreveu sem discussões que interrompessem o andamento dos trabalhos. “Tivemos uma eleição que transcorreu sem maiores problemas, sem interrupções, sem grandes discussões. Evidente que houve questionamentos e esperamos que num ambiente desse possa se dialogar a respeito de diversas questões, da operacionalização da eleição. Mas conseguimos fechar, perto das 17 h, que era a nossa previsão. Quase pontualmente às 17 h tínhamos todos os conselheiros da sociedade civil e suplentes eleitos nessa assembleia”, disse.
Neste ano, a eleição de novos membros do conselho foi feita em uma assembleia geral e não durante a Conferência Municipal de Cultura. Para alguns participantes, o fato pode ter gerado falta de diversidade na representação.
A agente cultural Marli Traple comenta que durante a Conferência Municipal de Cultura, os grupos e entidades poderiam inscrever uma ou duas pessoas para participarem da conferência e da eleição. Ela reconhece a legalidade da eleição, mas destaca que pode não ter trazido igualdade. “A eleição acaba sendo na nossa opinião um pouco injusta porque fica como se fosse uma torcida organizada. Grupos que são maiores, claro que serão mais votados, até porque o número de pessoas ali dentro é bem maior. Por isso, nós questionamos a questão de não ter feito a eleição dos conselheiros dentro da conferência municipal e eleição dos conselheiros”, comenta.
Claudete Basen, que foi eleita membro suplente da comissão de artes visuais, questionou alguns pontos do processo. “Principalmente fazendo uma comparação com os critérios da eleição dentro de uma Conferência Municipal de Cultura. Fica aqui a minha pergunta: grupos de referência podem ter mais de um eleitor? Houve um cadastro, anteriormente, tudo legalizado. Houve também um decreto, tudo legalizado, mas a sociedade civil se fez representada? Algum eleito pela sociedade civil tem vínculo empregatício com o município?”, disse.
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A pedagoga Marili das Graças Vieira Teixeira, que atua ainda como escritora, atriz, contadora de histórias e professora de teatro, conta que se surpreendeu com a votação baixa de pessoas que são engajadas na cultura. “Foi a primeira vez que participo de uma eleição por assembleia e não por conferência. Fiquei um pouco surpresa durante a votação, pois a maioria de meus colegas artistas engajados com a cultura, como a Nelci, o Herculano, a Claudete e a Miriam terem sido eleitos como suplentes e não como titulares, pois como todos sabem, suplente não tem direito a voto em reuniões do Conselho. Entretanto, parabenizo e reconheço o potencial de todos os eleitos”, conta. Marili foi eleita membro suplente da comissão de Livro e Literatura.
O presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (ALACS), Herculano Batista Neto, acredita que houve baixa participação da comunidade na assembleia. Herculano foi eleito como suplente na comissão de Instituições da Sociedade Civil. “Eu entendi que nós estivemos pouco representados como sociedade civil. Sinceramente, eu esperava que nós tivéssemos o triplo de pessoas que estavam no Centro Cultural do Clube do Comércio, pelo menos. Isso talvez tenha pesado um pouco porque nós vimos que apenas e tão somente dois grupos maiores foram bem mobilizados. O grupo folclórico Ivan Kupalo e o CTG Herança dos Bravos. A eles, que conseguiram absorver a importância da representatividade da votação, eu estendo meus parabéns porque foram mobilizados para estar lá. Faltou um pouco dos demais”, analisou.
Herculano ainda destaca que a expectativa era de mais participação, especialmente, por causa das leis de incentivo que auxiliaram o setor cultural. Para ele, mais pessoas beneficiadas deveriam participar da eleição. “Se esse pessoal pudesse estar presente, representando a sua parte solo, como artista, ou representando as suas entidades. Entendo que faltou uma mobilização. Talvez por falha, realmente, até nossa de comissão, pelo tempo ou estendendo mais tempo. Ou de uma forma um pouco mais elaborada, mais exaustiva de chamar atenção, para a importância porque a cultura dentro de Irati, realmente, mudou o seu patamar de importância. Crescemos todos e hoje estamos organizados em função de aproveitar os vários programas que estão em vigor”, afirma.
Leonardo conta que a eleição foi feita seguindo o regimento aprovado pelos membros. “Aprovamos o regimento dela em conselho, discutimos foi enviado previamente para os conselheiros, decidimos a data juntos e fizemos ela, de acordo com o decreto municipal, que foi publicado. Inclusive, a minuta do decreto também foi escrita no conselho, enviado para a procuradoria, para análise final, assinatura do prefeito e publicação. Fizemos isso de acordo com o que prezava essa legislação”, explicou.
De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Cultura, os candidatos que pretendiam ter mais votos, teriam que conseguir trazer mais pessoas para a votação. Leonardo destaca que o credenciamento para a eleição foi individual e que não houve credenciamento para um grupo. Segundo Leonardo, o que faltou foi mais mobilização dos candidatos. “É uma eleição. Na eleição, vai ser a mesma coisa. Vamos ver em 2024 ainda muita mobilização nas eleições municipais. Vocês vão sentir isso. Os candidatos vão se mobilizar, vão chamar pessoas: ‘Eu sou candidato, vá lá, se credencie e vota em mim’. Eu imagino que as pessoas que foram mais votadas fizeram esse trabalho”, disse.
Leonardo ainda ressaltou que quando foi eleito para compor o Conselho, ainda não estava na prefeitura. “Na vez passada, eu não estava trabalhando na Secretaria de Cultura e Turismo. Participei enquanto trabalhador de cultura, na área de fotografia artística, que é artes visuais”, explica.
O artesão Bráulio Zarpellon Júnior foi eleito como membro titular da Comissão de Artes Visuais do Conselho Municipal de Cultura. Para ele, os eleitos são todas pessoas que têm experiência em suas áreas. “Considero que este conselho representa muito bem a totalidade das comissões porque cada eleito tem relação com a sua área para qual foi eleito. Não é uma pessoa desconhecida. É uma pessoa que tem experiência na sua área. Considero que esse foi um dos melhores conselhos que foram eleitos até agora”, disse.
O conselho foi reativado após o ano de 2020, quando leis de incentivos à cultura foram criadas para repassar recursos para a classe artística, que sofria com a proibição de eventos. O segmento cultural foi um dos últimos setores a conseguir retomar os trabalhos normalmente após a pandemia de Covid-19.
Uma das pessoas envolvidas nesta retomada foi ex-presidente do Conselho, o maestro Wellington Costa, que auxiliou na organização dos membros. O ex-presidente destaca que uma das principais conquistas nos dois anos à frente do conselho foi a de torná-lo deliberativo. “Um dos projetos que eu considero como principal foi de tornar o conselho como deliberativo. A maioria dos conselhos, eu não sei como estão hoje, mas eram só consultivos. O Conselho de Cultura, com a garra de todos que estavam exercendo a função naquele período, nós conseguimos essa conquista de deixá-lo construtivo e deliberativo”, conta.
A advogada Miriam Guimarães, que atua no conselho, ressalta o papel dos conselheiros. “O Conselho Municipal de Cultura é o elo entre a sociedade civil e o município. Precisa desse elo para estreitar as políticas públicas do conselho, da categoria cultural”, disse.
Já a secretária de Cultura de Irati, Samanta Regina dos Santos Ferreira, destacou como o Conselho Municipal de Cultura auxilia as ações da gestão municipal. “Eu vejo o quanto o conselho nos ajuda a decidir porque não é a secretaria que está decidindo. É o conselho. Não são as pessoas do governo que estão decidindo. Tem as pessoas do governo [representantes de entidades públicas], mas tem a sociedade civil junto decidindo o que vai ser feito com aquele recurso, decidindo o que vai ser feito, para onde que vai, de que forma que vai. Isso, para nós, é muito positivo porque é uma forma muito mais transparente para todo mundo”, explica.
Confira quem foram os conselheiros e suplentes eleitos:
Comissão I – Artes Cênicas e Música
Titular: Gustavo de Oliveira (30 votos)
Suplente: Nelci Rozyski Wolski (10 votos)
Comissão II – Artes Visuais
Titular: Bráulio Zarpellon Junior (28 votos)
Suplente: Claudete Basen (16 votos)
Comissão III – Artes Audiovisuais
Titular: Jussara Harmuch (27 votos)
Suplente: Elói Pires Ferreira (16 votos)
Comissão IV – Patrimônio Cultural
Titular: Juliana Caroline Ceccatto (31 votos)- diretora artística da 6ª região tradicionalista do Paraná e integrante do CTG Herança de Bravos
Suplente: Mirian Guimarães (06 votos)
Comissão V – Livro e Literatura
Titular: Joel Gomes Teixeira (22 votos)
Suplente: Marili das Graças Vieira Teixeira (20 votos)
Comissão VI – Instituições da Sociedade Civil
Titular: Eliane Nos Hykavy (29 votos)
Suplente: Herculano Batista Neto (10 votos)