Em Irati, iniciativa tem o apoio da ACIAI Jovem e conta com a participação de algumas empresas, que comercializaram produtos sem a cobrança de impostos neste sábado, 27/Paulo Sava

Conscientizar a população sobre a carga tributária brasileira é tema do Feirão do Imposto 2023, que está acontecendo em todo o Brasil. A ação é uma iniciativa do Conselho Nacional de Jovens Empresários (Conaje), com apoio da Federação das Associações Comerciais do Paraná (FACIAP) e da FACIAP Jovem. O dia D aconteceu neste sábado, 27, com empresas vendendo produtos com preço reduzido, sem a carga de impostos.

Em Irati, a ACIAI Jovem está liderando a iniciativa. O coordenador do Feirão do Imposto no município, Elias Chichy, que integra a entidade, destacou a importância desta ação para conscientizar a população sobre a carga tributária paga por consumidores e empresários.

“O Feirão do Imposto acontece em todo o Brasil durante o mês de maio, e hoje, dia 27, é o Dia D, que é o dia das principais ações que acontecem em todo o Brasil e no estado do Paraná. Aqui em Irati, nós, do núcleo jovem da ACIAI, promovemos esta iniciativa de conscientização da população. Buscamos levar este assunto sobre a questão tributária, a Reforma Tributária e impostos sobre produtos e serviços à tona, para que reflitamos sobre esta carga tributária que pagamos e como isto interfere no nosso dia a dia, tanto como consumidor final quanto como empresas que atuam nos diversos setores do nosso município”, frisou.

Elias avalia que a participação da população nesta iniciativa, seja comprando os produtos sem impostos ou visitando as empresas participantes para conferir a quantidade de impostos de cada produto, vai levar as pessoas a refletirem sobre a alta carga tributária brasileira e como ela interfere no dia a dia da comunidade.

“A alíquota de impostos às vezes é muito alta, mas este não é o problema, mas sim a complexidade de todo este sistema, para entendermos como isto acontece e interfere no preço final do produto. Há necessidade de simplificarmos este processo e de isto retornar para a sociedade como serviços de melhor qualidade. Precisamos ser mais críticos no sentido de analisar a situação e entender a questão de impostos que está vinculada aos produtos e serviços”, comentou.

A iniciativa, que acontece há 21 anos no Brasil e está em sua 3ª edição em Irati, é apartidária e não tem nenhum vínculo político, segundo Elias. “É uma iniciativa apartidária, não tem vínculo político e já acontece há 21 anos no Brasil. A nossa expectativa, enquanto núcleo jovem, é de conscientizar as pessoas, os cidadãos e as empresas envolvidas sobre a questão tributária, da necessidade de simplificarmos isto e deixarmos este processo mais transparente e didático para as pessoas”, pontuou.

Outras ações em redes sociais também devem acontecer ao longo das próximas semanas. Uma mesa redonda sobre a Reforma Tributária, que estava prevista para acontecer na Unicentro, foi transferida para outra data por conta da greve na universidade. Ela deve ser remarcada assim que as atividades voltarem ao normal.

“Temos expectativa de trabalharmos com as redes sociais. Teríamos uma palestra, uma mesa redonda que seria realizada na Unicentro, mas devido à greve que vai acontecer lá, postergamos esta mesa redonda para uma data posterior, quando as atividades voltarem ao normal. Esta ação está prevista e também a divulgação das ações nas redes sociais. O que acontecer em todo o estado do Paraná, vamos compartilhando no Instagram da ACIAI Jovem”, ressaltou.

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O empresário Felipe da Silva, um dos responsáveis pelas Lojas Real de Irati, destacou que a empresa disponibilizou 40 mantas por menos da metade do preço original, com os descontos dos impostos. Esta foi a maneira encontrada pela empresa de participar do Feirão.

“Para vocês terem uma ideia, de R$ 39,90, esta manta saiu por R$ 18,20. O nosso objetivo é de conscientizar e demonstrar a quantia de imposto que é arrecadado, por exemplo, neste simples produto”, afirmou.

O empresário esclarece que toda a carga tributária paga pela empresa é repassada para o consumidor final. “Esta carga tributária que nós estamos isentando, de 54,37%, não é simplesmente a empresa que arca com este valor. Desde a saída do produto para movermos esta ação, nós nos responsabilizamos por isentar desde a saída do produto. Quem faturou este produto, quem o construiu e nos vendeu, é um cálculo que é feito desde a sua saída”, comentou.

O percentual e o valor de impostos pagos em cada compra estão disponíveis na nota fiscal emitida pela empresa, contou Felipe. “Se nós repararmos no rodapé ou no meio da nota, vai ter um percentual e um valor monetário que representa o imposto total daquele produto”, afirmou.

Ótica – Nossa reportagem conversou também com a empresária Daniele dos Reis Campos, proprietária da Ótica Íris Concept. Ela acredita que o Feirão do Imposto é uma ação importante para que todos possam visualizar na prática a diferença de valores com e sem impostos.

“Por exemplo, hoje colocamos uma marca de óculos de sol, que vendemos a R$ 248 devido aos impostos, a R$ 200. Então, são R$ 48 de diferença em um produto. Foi muito bacana esta iniciativa para sentirmos na prática como a tributação vem em uma cadeia que passa por tudo. A pessoa que compra o produto para produzir e produz paga imposto. Nós, que compramos o produto para revender e o consumidor final, nossos clientes, também pagamos”, frisou.

Por conta da somatória de impostos, o produto acaba se tornando mais caro para o consumidor final, na visão de Daniele. “É toda uma cadeia, e veja quantas vezes nós pagamos de novo o valor por aquele produto e como, na somatória, ele se torna realmente custoso para todos, tanto para nós, empreendedores, quanto para os consumidores. Quantas coisas deixamos de fazer, de investir e fazer (a empresa) render com outras coisas”, ponderou.

Carga de impostos nos faturamentos das empresas – Cerca de 15% do faturamento da ótica é pago em impostos. Produtos importados têm uma tributação ainda maior, segundo a empresária. “É bem maior, pois além de pagarmos imposto da compra, tem as DARFs (Documentos de Arrecadação da Receita Federal) por ser produto importado, aí se torna bem mais custoso também”, afirmou.

Já no caso das Lojas Real, o total de impostos nacionais e de produtos importados pagos pela empresa varia de 14% a 16% do faturamento mensal. Impostos estaduais e municipais também estão inclusos nos preços dos produtos.

Reforma Tributária – Para Felipe, a Reforma Tributária traria vários pontos positivos para consumidores e empresários. “Primeiro, podemos ressaltar a importância, de fato, do imposto arrecadado, desde que haja uma destinação correta. Entendemos a necessidade da cobrança, mas esperamos um retorno através disso. Quanto mais arrecadasse impostos e fosse devolvido à sociedade, melhor seria. Uma reforma, eu acredito que traria muitos benefícios, desde você poder comercializar um produto a um preço mais acessível, mais justo, e também promoveria os negócios locais e regionais, trazendo mais empregos e diminuindo a taxa de desemprego que enfrentamos hoje”, comentou.

Na visão de Daniele, a Reforma Tributária melhoraria muito as vendas do comércio em geral. “Melhoraria muito, tanto para a questão que, quando temos um produto com valor mais justo, nos tornamos uma empresa melhor vista. Para os clientes, daríamos um benefício a mais, poderíamos investir melhor no crescimento da empresa. Eu acredito que o desenvolvimento de todas as empresas melhoraria muito também”, finalizou.

Além da Óitca Íris Concept e das Lojas Real, também participaram do Feirão do Imposto a Panificadora Irati e as lojas Be Happy e Senhor Smart.