Doações de sangue para pacientes do hospital Erasto Gaertner só pode ser feita em Curitiba/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava
Em entrevista à Najuá, a Médica do Hemepar, Larissa Mazepa, esclareceu como é feita a doação de sangue em casos de pacientes com leucemia. Foto: Divulgação |
Um desconhecimento de como funciona a doação de sangue para casos de pacientes que fazem o tratamento contra a leucemia no hospital Erasto Gaertner confundiu algumas pessoas em Irati.
Recentemente, a família e amigos do paciente Eduardo Onetta Teixeira, que tem leucemia, se mobilizaram através das redes sociais para realizar doações de sangue para o jovem de 15 anos. Algumas pessoas se comoveram e tentaram doar sangue para o paciente no Hemepar de Irati.
Contudo, a médica do Hemepar, Larissa Mazepa, esclarece que a doação não pode ser feita em Irati porque o paciente é do hospital Erasto Gaertner, que possui um sistema próprio de agendamento e coleta. “Infelizmente, não conseguimos fazer a doação do Hemepar para o hospital Erasto Gaertner, porque o hospital é particular, que presta serviços para o SUS. Ele tem uma rede própria de coleta de sangue e dentro do hospital, eles fazem esse remanejamento”, disse.
Quer receber conteúdo local da Najuá? Confira a descrição do grupo
A médica afirma que a pessoa que faz a doação não está necessariamente doando o sangue para o paciente. Isso porque quando há o pedido de doação de sangue em nome de um paciente, é para repor as bolsas que estavam no estoque e que o paciente já usou. “Assim como a Hemepar, o Erasto também tem um estoque de sangue e que todas as vezes que é necessário, ninguém vai padecer por falta de sangue. É utilizado esse estoque e depois esse estoque é reposto. Por isso, que o hospital Erasto Gaertner pediu para os familiares recolocarem, para fazer essa reposição de sangue para os estoques”, conta Larissa.
O Hospital Erasto Gaertner publicou um comunicado onde confirma o uso de bolsas de sangue do estoque e o pedido de reposição. O comunicado ainda esclareceu que o Hemepar não tem obrigação de repassar a bolsa de sangue. “Os demais serviços [Bancos de Sangue] da cidade e do Estado são responsáveis pela reposição de estoque de outros hospitais e não possuem obrigação de enviar-nos o que foi doado em nome de nossos pacientes. O principal é sempre doar e ajudar, mas, sempre seguindo as regras e protocolos de cada instituição”, diz o comunicado.
A médica explica que a doação para o hospital Erasto Gaertner não pode ser feita em Irati. “Nós somos duas unidades diferentes. Eu não consigo mandar este sangue coletado em Irati para o Hospital Erasto Gaertner. Sim, quem quiser fazer a atuação está aberta, mas eu não posso direcionar especificamente para esse paciente. Inclusive, tivemos que fazer um pedido para o Erasto, até vimos a possibilidade de estarmos coletando aqui. Não foi má vontade da unidade, mas infelizmente o processo em si, não nos permite fazer este remanejamento”, disse.
Larissa ainda esclarece que o hospital consegue usar bolsas de sangue do Hemepar, mas precisa ser realizado um pedido. “É claro que se eventualmente o hospital Erasto Gaertner, seja aqui em Irati ou em Curitiba, precisarem do Hemepar, eles fazem uma nota técnica para o Hemepar e solicitam esse sangue. Ninguém vai morrer por falta desse sangue. Mas para reposição, nós não conseguimos fazer esse envio do sangue daqui de Irati para o Erasto e, sim, daqui de Irati para o Hemepar [de Curitiba]”, conta.
A doação em casos de pacientes do hospital Erasto Gaertner precisa ser realizada em Curitiba, com agendamento. O sangue doado no Hemepar de Irati pertence aos estoques do município e da região. “Infelizmente, o Erasto Gaertner só tem essa coleta lá nas suas unidades de Curitiba. Eles não têm a coleta aqui em Irati, nem na unidade dos outros hospitais Erasto Gaertner. Essa coleta é feita diretamente lá, o sangue é processado dentro do hospital e é utilizado dentro do hospital. Quando eles não têm algum tipo de sangue, precisam de plaqueta ou de aferezes, daí sim é solicitado ao Hemepar”, conta.
Quando há a solicitação, o Erasto Gaertner precisa arcar com os custos da bolsa de sangue. “Eles fazem uma espécie de compra, não do sangue, mas sim das bolsas, porque as bolsas em si, o material é muito caro. Para vocês terem uma ideia, uma bolsa de sangue, em média, sem sangue, só a bolsa com todos os equipos, custa em média de R$ 800. O custo é muito alto. Se for uma aferize, então custa em média de R$ 1.200. Nós vendemos esta bolsa, o sangue é doação, a bolsa é vendida e com isso, os outros hospitais, inclusive os hospitais particulares, podem ter qualquer tipo de sangue que eles necessitem”, explica.
Caso tenha alguma falta, o Erasto pode recorrer ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). “Aqui na unidade de Irati, somos cadastrados no Redome. O Redome é um cadastro nacional de medula óssea e que o Erasto, sempre que necessita recorre. O Redome não é específico como o Hemepar, é nacional e até internacional, que nós já tivemos doadores de Irati que foram para fora do Brasil para doar medula óssea. Não é a medula espinhal. Várias vezes já frisei aqui, mas volto a frisar que não é retirado da medula espinhal. A medula óssea está dentro do osso e, hoje em dia, é retirada através aférese”, conta.
No caso do paciente de Irati, a médica informou que soube que ele já estaria próximo de receber alta. “Eu não estou inteirada muito do caso dele, sei pelas redes sociais que ele está já mais a ponto de receber alta da unidade. É claro que o tratamento vai continuar. Mas ele recebeu concentrados de hemácia, que é aquela bolsa de sangue total, e além do sangue total, ele recebeu plasma e plaquetas. Foram várias. Para uma aférese de plasma são necessárias oito pessoas ou uma pessoa que doe por muito tempo. Vocês hão de convir comigo que eles usaram de bastante bolsas e teriam que repor bastante também”, explica.
A médica explica que o hospital está realizando a reposição das bolsas. “Hoje, eu falei com a chefe do banco de sangue do Erasto, para tentarmos fazer alguma coisa para ajudar, e ela me disse que até ontem, já tinham quase que completado todas essas bolsas que eles tinham utilizado, e que, agora, eles só estavam fazendo para reposição mesmo. E que todas as reposições podem ser feitas a qualquer momento, não necessariamente agora, porque agora ele está estabilizado, mas eles podem estar repondo a qualquer momento, já seja essa semana, semana que vem. Se quiserem ir daqui a três meses, não tem problema. É só chegar lá doar e dizer que é para o Eduardo Teixeira”, disse.
Em Curitiba, quem precisa doar deve agendar previamente pelos telefones (41) 3165-4509 ou (41) 3165-4510, de acordo com o horário de funcionamento do hospital Erasto Gaertner. O banco de sangue do hospital fica localizado na rua Dr. Ovande do Amaral, 201, no Jardim das Américas, em Curitiba.
Em Irati, quem deseja doar precisa agendar um horário pelo telefone (42) 3422-6440, que também é o WhatsApp da unidade. O Hemepar de Irati faz a coleta do sangue nas segundas, quartas e sextas-feiras, à tarde, a partir das 13h, e terças e quintas-feiras, pela manhã, a partir das 8h.
Podem doar pessoas de 18 a 69 anos. Menores de idade a partir de 16 anos, precisa estar acompanhado dos pais. A pessoa precisa estar saudável, ter 50 quilos ou mais e não estar tomando medicamentos anticonvulsivantes ou hipoglicemiantes.