Conheça casal que ajudou a fundar a Cidade da Criança

Casal Eva e Oswald Linsky acompanha o crescimento da instituição iratiense nos últimos 30 anos….

20 de outubro de 2022 às 18h46m

Casal Eva e Oswald Linsky acompanha o crescimento da instituição iratiense nos últimos 30 anos. eles administram a associação Kinderdorf, que, em alemão, significa “Cidade da Criança”/Paulo Henrique Sava

Eva e Oswald Linsky acompanham o trabalho da Cidade da Criança há 30 anos. Foto: Paulo Henrique Sava

Em seus 30 anos de atuação, a Cidade da Criança de Irati vem contando com uma contribuição internacional. Os alemães Eva e Oswald Linsky administram a Associação Kinderdorf (palavra que, em alemão, significa Cidade da Criança) e ajudaram a fundar a instituição iratiense em 1992, junto com o padre diocesano Isaías Becher, que na época trabalhava como missionário na Alemanha. Eles acompanham o trabalho da entidade há 30 anos. A Cidade da Criança já atendeu mais de 7 mil pessoas durante este período.
Natural de Brochterbeck, Eva contou à nossa reportagem que ela e o marido conheceram o padre em 1989, durante a passagem dele pela Europa. O jeito de ser e de trabalhar do sacerdote cativou muito as pessoas de lá. Entretanto, ele decidiu voltar para o Brasil e solicitou ajuda do casal para criar um projeto em prol de crianças carentes. Foi aí que teve início o trabalho para construção da Cidade da Criança. “Este foi o objetivo, e ele perguntou se nós iríamos ajudá-lo. Fomos a outras paróquias, onde ele encontrou muitas pessoas que foram preparadas para ajudar. Ele voltou para o Brasil no começo de 1991 e depois começou (a construção) em julho do mesmo ano, quando foi lançada a primeira pedra”, pontuou.

Inicialmente, a prefeitura de Irati, na época comandada por Alfredo Van Der Neut, doou o terreno para a construção da entidade, localizado no bairro Alto da Lagoa. Em seguida, as obras tiveram início. No começo, a Diocese de Brochterbeck recebia as doações que eram destinadas para o projeto. Alguns anos depois, as paróquias locais tiveram dificuldades financeiras e falta de sacerdotes, tendo que se juntar para resolver os problemas. Diante disso, o casal fundou a Associação Kinderdorf, que ficou responsável por administrar as doações e atuar junto à Cidade da Criança.

“Uma pessoa da administração falou que era melhor sair da igreja e criar a própria associação. Se as paróquias têm que se juntar, tem outras pessoas que podem ajudar, sobra dinheiro e outras coisas. Então, em 2003, fundamos a nossa associação com nove pessoas. Hoje, temos 100 membros”, contou.

O trabalho junto à Cidade da Criança caracteriza a associação como beneficente, uma vez que ela possui documentos para sustentar a filantropia da entidade e abater os valores investidos diretamente dos impostos dos contribuintes alemães.

Uma parte da população iratiense faz contribuições mensais para a Cidade da Criança. Além disso, a entidade promove outras atividades para obter lucro, como bazar e a Feirinha da Cidade da Criança, que acontece sempre na segunda quarta-feira do mês, a partir das 14 horas, no pavilhão da Paróquia Perpétuo Socorro.

Outra ação promovida pela associação em prol da Cidade da Criança é o grupo de trabalho denominado “Um mundo – comércio justo”. Trata-se de um sistema internacional que tem como objetivo pagar salários justos e lutar por condições de trabalho para todos. Eva relatou quais produtos são vendidos por este grupo. “Nós vendemos café, chá, mel, artesanatos de todo o mundo. Sempre é garantido que os funcionários e trabalhadores ganhem bastante para sobreviver e manter a família. Nós sempre fomos interessados neste tipo de coisa, que é bem conhecido na Alemanha e na Europa”, comentou.

Parte do lucro deste trabalho também é enviado para a Cidade da Criança. “As pessoas de lá sabem que nós fazemos assim, e, muitas vezes dispensam o troco para um lucro muito bom”, destacou

O casal está em Irati há três semanas. Entretanto, eles já estiveram outras 16 vezes visitando o projeto. Mesmo com a dificuldade do idioma, Eva e Oswaldo fizeram questão de acompanhar o crescimento da Cidade da Criança nos últimos 30 anos. Para Eva, se cada um continuar fazendo a sua parte, o trabalho atingirá o resultado esperado. “Aqui, os brasileiros trabalham e fazem sua parte, e nós podemos fazer o que conseguirmos lá na Alemanha. Eu acho este trabalho muito importante para dar às crianças um estímulo, uma dignidade. Elas devem saber que são pessoas com dignidade e membros importantes da sociedade também”, comentou.

Trabalho espiritual – O trabalho espiritual feito pelas irmãs que comandam a Cidade da Criança é fundamental para a formação dos jovens, segundo Eva. “É muito importante, nós temos uma grande amizade com as irmãs, duas já faleceram e a irmã Anice é minha amiga desde 1994, quando nos encontramos pela 1ª vez em Ponta Grossa. É uma amizade muito preciosa”, comentou.

Segundo Eva, existe uma grande diferença entre a pobreza na Alemanha e no Brasil, uma vez que a realidade de vida nos dois países é bem diferente. “Lá tem muitas pessoas pobres, mas aqui é uma outra pobreza, e também tem uma pobreza da alma, ou seja, as pessoas não se esforçam para mudar a vida. Por isto, eu acho importante começar com crianças, para dar a elas uma outra visão e possibilidade de organizar a própria vida. Tantas crianças já passaram por aqui e conseguiram organizar a própria vida, têm família e filhos. O trabalho vale a pena”, destacou.

Programação – Para encerrar a programação alusiva aos 30 anos da instituição, será realizado no próximo sábado, 22, o Café Colonial para a Família, a partir das 15 horas. O encontro será na sede da Cidade da Criança, no Alto da Lagoa. Haverá bingo, sorteio de prêmios e música ao vivo com Luan de Góes e Alex Gaiteiro. Os cartões estão sendo vendidos ao preço de R$ 30 por pessoa e podem ser adquiridos através do telefone ou WhatsApp (42) 99974-2975, falar com Tatiane Maria Horst.


Fotos: Tatiane Maria Horst 
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