Comandante da 8ª CIA fala sobre operação no Jardim das Américas

16 de fevereiro de 2016 às 11h08m

Ação resultou na morte de um morador em confronto com a polícia e na prisão de 11 pessoas, sendo oito delas por desacato

Paulo Henrique Sava

Uma ação da Polícia Militar de Irati, que contou com apoio do Choque e Canil do 16º Batalhão da PM de Guarapuava, foi realizada na manhã de sexta-feira, 12, no Jardim das Américas. A operação resultou na prisão de 11 pessoas, sendo oito delas por desacato, um morto em confronto com a polícia, além da apreensão de três armas, várias munições, um cinturão com coldre para armazenamento de armas, uma vareta utilizada para limpeza de armas e um rádio comunicador. 


O comandante da 8ª Companhia, Major Jean Rafael Puchetti Ferreira, contou detalhes da operação ao repórter Paulo Henrique Sava. De acordo com o Major, há algum tempo a PM já havia sido procurada por moradores, que estavam se sentindo amedrontados, sobre fatos que estavam ocorrendo no Jardim das Américas. Os moradores afirmavam aos policiais que vinham sofrendo com diversas ameaças e que algumas residências já haviam sido incendiadas. “Diante disto, nós fizemos o nosso trabalho preventivo, colocamos viaturas por 24 horas atendendo exclusivamente aquela região do Alto da Lagoa e do Jardim das Américas por conta destas questões. Paralelamente a isto, fizemos os levantamentos sobre os pontos mais contundentes, locais onde realmente havia indícios de pessoas que estavam cometendo algum tipo de crime e que tinham talvez algum elemento que comprovasse isso”, afirmou.

Posteriormente, o Major solicitou que o Poder Judiciário expedisse os cinco mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos na manhã da última sexta-feira, 12. “Estávamos aguardando o momento oportuno e de maneira legal, com mandados de busca para atuar naquela região”, comentou.

Homem morto em confronto com a PM

De acordo com Puchetti, ao entrar na residência onde estava André da Conceição Rodrigues, de 23 anos, para cumprir um mandado de busca, os policiais foram recebidos com violência. André estava armado com um revólver calibre 38. “Foram feitos todos os protocolos para que ele deixasse de agir daquela forma, mas o mesmo prosseguiu, e os policiais, dentro da técnica, acabaram por confrontar com o mesmo, que veio a óbito”, pontuou.

O Major afirma que o objetivo da ação era neutralizar André, não permitindo que ele viesse a cometer qualquer tipo de atentado contra a integridade física dos policiais. “Infelizmente, ele veio a óbito, e nós estamos querendo esclarecer os fatos, uma vez que os policiais agiram dentro da legalidade, dentro do estrito cumprimento do dever legal. Já está aberto um Inquérito Policial Militar [IPM], o qual vai dar esclarecimentos a todos estes fatos de maneira minuciosa”, comentou.

Puchetti confirmou que André possuía antecedentes criminais e respondia inquéritos desde 2012 por porte ilegal de arma e tentativa de homicídio. André também é acusado de cometer crimes de lesão corporal e tráfico de drogas. “Realmente era alguém que já tinha indicativos de crimes cometidos ao longo da sua vida. Ao par disso, foi que, já nos levantamentos, foi pedido um mandado de busca no local. A consequência é resultado daquilo que ele mesmo proporcionou no momento em que foi abordado”, frisou.

Investigações

Sobre as suspeitas de envolvimento de André com os incêndios ocorridos no Jardim das Américas, o Major afirmou que as investigações estão sendo realizadas pela Polícia Civil, que apreendeu os celulares que estavam com ele e com outras pessoas presas em flagrante durante a operação no Jardim das Américas. Além disso, também foram apreendidas três armas de fogo durante a operação, sendo que uma delas teria sido utilizada por André para investir contra os policiais militares. Três pessoas foram presas e oito foram conduzidas ao cartório da 8ª Companhia por desacato.

“Todo o material que foi apreendido pela Polícia Civil, que está fazendo a investigação, e mais à frente, poderá falar sobre o envolvimento direto ou indireto nesta questão dos incêndios. Vale ressaltar que a Polícia Militar cumpriu o seu papel, restabeleceu a ordem no local e vai permanecer por lá para que a população de bem possa continuar vivendo, trabalhando e tendo a sua vida social normal”, comentou.

Medo da população

Antes da operação, alguns moradores decidiram deixar o bairro para residir em outros lugares da cidade. Puchetti afirmou que esta é uma decisão de cada família e que deve ser comunicada aos órgãos responsáveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Em Irati, o setor de Habitação da Prefeitura de Irati e a Caixa Econômica Federal são responsáveis pelos financiamentos do programa habitacional. “O que nós podemos dizer é que a Polícia Militar vai continuar cumprindo o seu papel de manter a tranquilidade no local, tanto que no último final de semana, nós não tivemos nenhuma notícia de qualquer fato relativo a incêndios”, frisou.

Trote

De acordo com o Major, apenas uma ligação foi registrada pelo Corpo de Bombeiros neste final de semana, dando conta de que uma pessoa estava tentando incendiar mais uma casa no Jardim das Américas. A viatura da PM esteve no local e constatou que se tratava de um trote. “Isto prova que a PM está fazendo, além do trabalho ostensivo e repressivo, que foi esta questão pontual da operação de sexta-feira, 12, diuturnamente o trabalho preventivo. Nós vamos continuar lá e solicitamos a colaboração da população para que nos informe anonimamente de tudo o que está acontecendo lá, para que nós possamos agir e manter a tranquilidade que todos aqueles que são trabalhadores e pessoas de bem merecem”. 

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