Com 35 focos, Irati está em alerta contra a dengue

Secretaria Municipal de Saúde e 4ª Regional intensificaram ações de combate à proliferação de focos…

25 de maio de 2015 às 12h14m

Secretaria Municipal de Saúde e 4ª Regional intensificaram ações de combate à proliferação de focos e reforçam treinamento de profissionais para identificar casos suspeitos

Edilson Kernicki, com reportagem de Paulo Henrique Sava e Rodrigo Zub

Devido às características climáticas da região, não tão favoráveis ao desenvolvimento e proliferação do mosquito Aedes aegypti, por muito tempo a região de Irati se considerou com menor risco de ocorrência de dengue.

Segundo o chefe da 4ª Regional de Saúde, João Almeida Júnior, a situação agora mudou e a dengue passa a preocupar as autoridades de saúde do município.

A secretária Municipal de Saúde, Emanuelly Pinheiro informa que, em menos de uma semana, o número de focos de mosquito da dengue encontrados em Irati, que era 24, o que já causava apreensão, saltou para 35. De acordo com ela, o município registrou dois casos importados de dengue, ou seja, a doença foi diagnosticada em Irati, mas não foi contraída dentro dos limites do município. Os dois casos envolvem iratienses que foram infectados durante viagens: um para São Paulo e outro para Minas Gerais.

Emanuelly explica que, como existem os focos de Aedes aegypti e pessoas infectadas com o vírus da dengue na cidade, há o risco de que o mosquito pique uma dessas pessoas e, assim, possa carregar o vírus a outras. Cabe ressaltar que o mosquito não nasce com o vírus, é apenas o agente transmissor: para ter o vírus, ele necessita picar uma pessoa já doente. Diante da situação, o temor da Secretaria de Saúde é o surgimento de um potencial surto de dengue. A Secretaria já colocou em ação mecanismos para impedir essa possibilidade.

A secretária de Saúde comenta que foram espalhadas 117 armadilhas para detectar presença de larvas e de mosquitos da dengue, na maioria dos bairros iratienses. De acordo com Emanuelly, não há como precisar um único local como sendo o de maior incidência de focos na cidade, pois os focos não estão concentrados num bairro e, sim, espalhados por toda a cidade. Até a semana passada, a maior parte desses focos foi registrada no Centro, nas imediações do Clube Olímpico e no Alto da Glória.

Desde o início do ano, a 4ª Regional de Saúde tem atuado no monitoramento das equipes do município de Irati e no treinamento dos agentes. “Quando começamos a identificar esses focos e iniciamos a pesquisa com essas armadilhas, trouxemos uma equipe de entomologia, de Londrina, que tem uma expertise [perícia] muito grande nessa área, porque eles sofrem com epidemias de dengue todo ano. Essa equipe está fazendo pesquisa com essas armadilhas em toda a região, não só em Irati. Nós temos focos também em outros municípios da nossa região”, detalha João Almeida.

Treinamento

Na próxima quarta (27), a 4ª Regional realiza uma reunião com médicos, enfermeiros e com equipes de epidemiologia dos municípios a fim de treiná-los para a identificação de suspeitas de casos de dengue entre pacientes que forem se consultar em unidades de saúde, pronto atendimento ou mesmo em clínicas particulares. A ideia é se precaver do risco de que haja pacientes contaminados com o vírus e que não tenham sido identificados. “Como a dengue não é rotineira em nossa região e no sul do Paraná, pode ser que chegue algum paciente com sintomas parecidos aos de dengue ou gripe e seja diagnosticado como dengue e dado o remédio para virose e seja tratada essa doença sem se ater à possibilidade de ser dengue”, comenta o chefe da 4ª RS.

A Regional também tem prestado apoio no combate à dengue ao emprestar aos municípios onde foram identificados focos de larvas e do mosquito os veículos e os equipamentos, as bombas costais para pulverização do veneno que combate a proliferação do mosquito e de larvas. Segundo João Almeida, Mallet e Imbituva também já estão preparando mutirões de limpeza em toda a cidade a fim de conter essa proliferação.

As Secretarias de Saúde e a 4ª RS contam com a colaboração da população, a fim de que permita a entrada dos agentes da dengue nos quintais das casas, pois eles vão buscar locais que possam estar acumulando água e, assim, favorecendo a proliferação do mosquito, a fim de eliminar esses focos. Os agentes também vão orientar a conduta dos moradores sobre como evitar que surjam esses criadouros. É necessário redobrar o cuidado com a presença de qualquer recipiente nos quintais que possam acumular água, desde baldes, garrafas (e tampinhas), vasos de plantas e, também, recipientes onde se deixa água para os animais beberem.

Município conta com oito agentes de dengue

O município de Irati conta atualmente com oito agentes de dengue, segundo Emanuelly. A Prefeitura abriu processo seletivo para a contratação de mais agentes de dengue e de agentes comunitários de saúde (ACS). “O trabalho dos agentes é contínuo e vem sendo desenvolvido há anos. Contudo, de um mês para cá temos estado mais alertas a isso. Tivemos uma reunião com nossa equipe da Secretaria com a Regional e, em seguida, com o prefeito Odilon, que está bem alertado e disposto para colocar toda a equipe para nos ajudar. Os ACS e agentes de endemia também estão indo até essas casas, principalmente onde foram encontrados esses focos. É realmente um trabalho conjunto de toda a população com o poder público”, diz.

Depois da notificação de 19 casos suspeitos de dengue e do aparecimento de outros dois desde quarta (20), tanto a Regional quanto a Secretaria de Saúde de Irati pretendem reforçar as orientações aos profissionais de saúde para encaminhamento dos pacientes a exames que confirmem ou não as suspeitas.

Tratamento de dengue

João Almeida explica que o tratamento da dengue não é específico. Os remédios ministrados aos pacientes servem apenas para amenizar os sintomas. E dependem de prescrição médica, vale reforçar: nenhum medicamento deve ser tomado em caso de suspeita de dengue sem consultar um médico. “O tratamento é sintomático. Se a pessoa tem dor, é receitado um analgésico; se a pessoa tem dor articular, um anti-inflamatório; se tem sudorese, é reidratada essa pessoa. O que nos preocupa é uma recidiva dessa doença, pois cada vez que ela adquire dengue, é outro vírus, cada vez mais grave”, observa o chefe da Regional, que também alerta: “Por mais que nunca tenhamos tido casos de dengue na nossa região, não ser uma doença do nosso dia a dia, a dengue mata. Temos que nos preocupar e estarmos preparados para enfrentar essa doença”.

Limpeza de prédios e vias públicas

Após reclamações de vizinhos da Biblioteca Municipal, que acusam o depósito de entulhos de reformas num terreno baldio ao lado, coberto de mato, o que pode ampliar riscos de focos de dengue, a secretária de Saúde de Irati comentou que, depois de três reuniões com o prefeito, todos os secretários do município se comprometeram a contribuir com o combate à proliferação do mosquito, atentando para a manutenção da limpeza também nos prédios e vias públicas. Uma das medidas é também o manilhamento de ruas com acúmulo de água em valetas, por exemplo. A Vigilância Sanitária vai intensificar a fiscalização às condições de limpeza de terrenos baldios.

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