Iniciativa partiu de estudantes do 3º ano do curso Técnico em Florestas integrado ao Ensino Médio da instituição, com orientação dos professores. Na primeira etapa, foram produzidas 50 camas/Paulo Sava
Um gesto de solidariedade mexeu com alunos e professores do Centro Florestal de Educação Profissional Presidente Costa e Silva. Eles decidiram produzir camas para as famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul nos últimos dias.
A iniciativa partiu dos alunos do 3º ano do curso Técnico em Florestas integrado ao Ensino Médio e tem coordenação dos professores Gilcinei Linhares e Elisson Girardi. Em entrevista à Najuá, a diretora geral da instituição, Mariane Pierin Gemin, destacou que os estudantes já fazem diversos trabalhos com madeira e decidiram fazer um trabalho solidário utilizando seus conhecimentos.
“Eles tiveram a ideia de montar estas camas para serem doadas a quem está precisando neste momento. Confesso que, inicialmente, tivemos uma surpresa quando eles vieram com a ideia das camas. Os nossos coordenadores e o Igor (Zampier, diretor da Unidade Didático-Produtiva do colégio) rapidamente foram verificar a quantidade de madeira seca que tínhamos para isto. O projeto correu para cálculo, medidas, identificação de peças, parafusos e tempo de produção. No dia seguinte, que foi na quinta-feira da semana passada, a produção já começou”, contou.
Nesta primeira etapa, foram produzidas 50 camas com o estoque de madeira que havia na serraria do colégio. Os móveis foram transportados na tarde desta quinta-feira, 23. Além disso, alguns armários antigos da instituição estão sendo utilizados como bancadas de trabalho pelos alunos, professores e funcionários durante a produção, segundo Mariane.
“A gente tinha uma quantidade de toras disponível para alguns trabalhos, que foram redirecionados para as camas, e também houve o reaproveitamento de alguns armários de madeira, que também eram árvores produzidas pelo colégio em aula prática. Eles foram desmontados, lixados e cortados novamente para serem produzidas peças para o mesmo objetivo”, afirmou a diretora.
Protótipo – O coordenador da Unidade Didático-Produtiva do Colégio Florestal, Igor Zampier, conta que a iniciativa dos alunos começou com a criação de um protótipo, que pudesse ser montado rapidamente com o menor número de ferramentas possível, com resistência boa. A madeira disponibilizada pelo colégio é de pinus.
“Os nossos coordenadores, o Gilcinei e o Elisson, prontamente desenvolveram o protótipo, fizeram lá na marcenaria um exemplo de como ficaria a cama para ver os encaixes, quantos furos, quantos parafusos, enfim, um somatório de tempo de montagem para ver quanto demoraria para fazer estas camas. Surpreendentemente os alunos trabalharam muito, todos muito emocionados e sensibilizados com a situação do Rio Grande do Sul. Nós já tivemos muitos alunos e professores gaúchos, e eu particularmente já morei lá. Toda esta calamidade fez com que todos se sensibilizassem e tivessem um trabalho extraordinário”, pontuou.
O professor Elisson Girardi é um dos coordenadores da marcenaria do Colégio Florestal. Ele ficou satisfeito ao verificar que os alunos estão colocando em prática as teorias vistas em sala de aula, especialmente fazendo o bem ao próximo. “Nós estamos trabalhando muito com nossos alunos em sala de aula, nas aulas práticas e teóricas, e agora estamos colocando em prática aqui na nossa serraria, com auxílio de nossos funcionários, que estão conosco desde o início e estamos finalizando esta primeira etapa. Também não podemos deixar de agradecer aos empresários da cidade, que estão colaborando, um doou parafuso, outro plástico para embalar, outro deu cola, cada um ajudou do jeito que pode. Nós, da escola, entramos com a madeira, a mão-de-obra e nossos alunos, que estão ajudando e fazendo as camas para mandar lá para o pessoal que está precisando neste momento difícil”, ressaltou.
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Parceiros – O contato com outros parceiros, além do trabalho de professores, alunos e funcionários, foi essencial para o sucesso do projeto. “Contatamos alguns parceiros nossos, e graças a Deus deu muito certo, melhor do que esperávamos. Parceiros que nem achávamos estão contribuindo conosco, os funcionários e alunos ficam até perguntando se vão de novo fazer camas, pois compraram a ideia e não abrem mão de fazer estas camas. Até terminar, eles não saem daqui da serraria”, enfatizou Elisson.
Meta – A meta é de produzir 500 camas ao todo. Entretanto, Elisson conta que o Colégio não dispõe de estoque de madeira seca e preparada para a produção dos móveis. “Não temos estoque de madeira seca para estas 500 camas, então teremos que derrubar a nossa madeira em pé, mas isto não seria ideal. Vamos sentar com a direção para ver como vamos proceder este próximo passo. Estamos trabalhando com pinus de reflorestamento, nada de [árvores] nativas. Cada aluno participou da cadeia produtiva completa”, afirmou.
Elias Vasco, funcionário terceirizado do Colégio Florestal, atua no apoio dos estudantes e professores dentro da serraria. Ele ressaltou que o desafio de produzir 500 camas para o projeto será grande. “É bem grande o propósito que temos para terminar esta etapa e contribuirmos com este pessoal que está sofrendo tanto”, comentou.
Maquinário – Para produzir as camas, é utilizada uma máquina que beneficia os quatro cantos da madeira, uma serra utilizada para cortar a madeira, além de uma furadeira e uma parafusadeira. “O máximo é isso, para a montagem você usa a furadeira e a parafusadeira, a quatro faces e a outra serra, daí fechou. Ela sai com os quatro cantos beneficiados”, afirmou Elias.
Estudantes – O estudante Fabiano Olenik disse que está sendo gratificante participar do projeto. “É interessante poder utilizar os recursos que temos no colégio para ajudar os outros que estão precisando desta ajuda”, frisou.
Já a aluna Fernanda Alves de Lima, de Imbituva, destacou que, com o processo produtivo, os estudantes aprendem como funciona todo o ciclo da madeira. “Aplicamos o que vemos desde o primeiro ano, no caso, desde o plantio até o produto final”, contou.