Materiais para sepultamento e capelas têm sido roubados do cemitério. Sepultadora pede a instalação de câmeras de vigilância e muros maiores para evitar mais roubos/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rose Harmuch
O cemitério da Vila São João, em Irati, está sendo mais uma vez alvo de vandalismos e roubos. Materiais para sepultamentos, violação de capelas e até o roubo de portão foram registrados no local.
A sepultadora do cemitério da Vila São João, Rosa Boguchevski, comenta que os materiais para os sepultamentos tem sido alvo de roubos frequentemente. “Em dois meses foi roubado sete vezes os materiais lá do meu esposo, Pedro Covalski. Nós não sabemos o que fazer. Eu sou sepultadora, cansou de me chegar na vila para fazer um sepultamento, não ter carrinho, não ter cimento, porque eles quebram tudo. Abrem o Cruzeiro e levam tudo o que eles encontram pela frente”, conta.
Os roubos atingem os mausoléus e as capelas que são vandalizadas. “Quem tem capelas lá, as pessoas gastam um monte, elas querem deixar tudo bonito para fazer uma homenagem para os entes queridos falecidos. Gastam bastante, tiram muitas vezes até de um gasto que poderia fazer em casa, para arrumar lá. Para eles fazerem os roubos deles, para tirar o que está lá dentro, eles não estão nem aí se eles estão quebrando um vidro que a família pagou R$ 500, R$ 600, para eles poder tirar o material que eles precisam para vender”, explica.
Ela conta que representantes da Prefeitura de Irati já estiveram no local e constataram a situação do cemitério. No entanto, não foi realizada uma medida para solucionar os problemas de roubo no local.
Rosa destaca que é preciso uma solução mais eficaz que auxilie na diminuição de roubos. “Os muros de lá são muito baixos, muito portão. Não é necessário tanto portão e os portões ficam abertos. Então, as pessoas entram lá para aprontar. Infelizmente, os prejuízos que o meu esposo está tendo são muito grandes. Em dois meses foram cinco carrinho roubados”, disse.
A Prefeitura de Irati chegou a ter um local específico para guardar os materiais no cemitério, mas ele também foi roubado. “Foi até colocado num lugar específico da Prefeitura e há duas semanas foi roubado esse lugar. Eles quebraram do lado da porta, para arrebentar a porta e foram levadas coisas lá de dentro, de onde fica o depósito da prefeitura mesmo”, conta.
Para a sepultadora, uma solução eficaz seriam muros maiores e câmeras de vigilância. “Se eles erguerem um pouco o muro, colocar a câmera, fechar os portões desnecessários lá embaixo, não vai ter tanta circulação de pessoas”, disse.
Ela ainda pede colaboração da população caso veja algo suspeito. “Até os moradores, se ver uma movimentação estranha, puder filmar, de repente, encaminhar para a Guarda Municipal”, conta.
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Água parada e lixo – Nossa reportagem esteve no local na manhã de hoje, 23, e constatou que, além das situações relatadas pela moradora, havia muita água parada, possível foco de infestação do mosquito da dengue, e lixo nos fundos do cemitério. A situação foi comunicada à secretária de Ecologia e Meio Ambiente, Magda Lozinski, que disse que iria retirar o material do local e repassar a situação da água parada para a epidemiologia.
A secretária de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Jéssica Custódio, destaca que o roubo em cemitérios é um problema constante no município. “Infelizmente é um problema crônico no município, que não é só neste ponto. Temos no cemitério central alguns casos também que já aconteceram, que vem acontecendo. Vemos que isso seria um conjunto de ações que são necessárias fazer nesses pontos públicos do município”, disse.
Entre as ações, está a construção do muro mais alto. Contudo, a secretária explica que em alguns locais não é possível fazer isso. “Alguns pontos são possíveis de fazer esse aumento, mas em outros pontos, para quem tem o conhecimento do local, ele não suportaria tal ação. O muro que existe não suportaria essa carga. Nós, da secretaria, estamos fazendo um levantamento desses pontos, fazendo um projeto em relação a isso e quantificando qual o valor será necessário para esse investimento”, explica. O objetivo é buscar recursos com o Governo Federal e Estadual para a construção do muro.
A Secretaria também já tentou fechar alguns dos portões, no entanto, não foi possível porque os locais são passagens para as funerárias. “No ano passado, fizemos algumas benfeitorias, algumas calçadas na frente do cemitério e nós até mexemos no portão, demos uma arrumada. A ideia inicial era ter fechado com muro esses acessos também, mas devido a vários moradores virem e explicar que é necessário para os carros funerários entrar, não foram fechados esses pontos”, conta.
A secretária ainda destacou o processo licitatório que construirá uma nova capela no cemitério da Vila São João no valor de mais de R$ 600 mil. “Já está em processo licitatório. Estamos com várias empresas que estão fazendo as visitas técnicas, para ser construído. Após essa construção dessa nova capela, que vai ficar ali aos fundos do cemitério, provavelmente vão ter que fazer uma logística nova para acesso ao cemitério e já está sendo tudo planejado nesse projeto com os muros”, disse.
A Secretaria de Segurança Pública também deverá analisar o pedido de colocação de câmeras de vigilância no local.
Fotos: Paulo Henrique Sava