Feitas pelo artista Marcos Pedroso (Passarinho), miniaturas reproduzem igrejas e lugares de Irati, como a Paróquia São Miguel e o Palácio do Pinho, além de réplicas de caminhões. Exposição termina na segunda-feira (5)/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Paulo Sava e Juarez Oliveira
Os iratienses têm até segunda-feira (5) para conferir a exposição “Sonho de Menino”, na Casa de Cultura de Irati. A exposição traz os trabalhos artísticos do artista Marcos Aurélio Pedroso, mais conhecido como Passarinho. Quem visita o espaço poderá conhecer desde miniaturas de igrejas e prédios históricos do município, como também as réplicas detalhadas de caminhões e outros veículos.
Entre os destaques da exposição está a reprodução da Casa Sede da Fazenda Florestal, conhecida pelo grande público como “Palácio do Pinho” ou “Casarão do IAPAR”. A réplica da casa é um dos principais trabalhos do artista, que possui uma relação muito próxima com o local. “Desde que eu comecei com essas maquetes, o meu sonho era fazer essa casa porque meu sogro foi jardineiro nessa casa. Eu até me emociono um pouco. O meu sogro foi jardineiro e trabalhou muito tempo”, disse Passarinho durante entrevista à Najuá.
A relação do Palácio do Pinho com Passarinho se estende até a sua esposa, que visitou o espaço durante a infância. “Minha esposa, a infância dela foi lá, a juventude foi lá. Ela saiu de lá com 15 e 16 anos. Ela conheceu tudo isso, como era bonita e nós temos a boa notícia que ela vai ser restaurada. Ela foi tombada como patrimônio histórico e ela vai ser restaurada. Meu sonho era fazer essa obra aqui, que na minha opinião, acho que foi uma das melhores que eu fiz até hoje”, conta.
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Além das miniaturas de locais de Irati, como a Santa, a exposição traz réplicas detalhadas de caminhões. Cada réplica mostra um trabalho minucioso do artista que busca reproduzir detalhes de bancos e carrocerias em veículos dos mais diversos, como caminhões grandes a veículos do Corpo de Bombeiros. Os trabalhos expostos na Casa da Cultura pertencem a pessoas que encomendaram as réplicas com o artista.
O interesse em fazer miniaturas de caminhões nasceu ainda na infância, quando Passarinho acompanhava o trabalho de seu pai, que era marceneiro. Natural de Mamborê/PR, o artista se mudou para Irati aos 14 anos e sonhava em ser caminhoneiro, assim como muitos membros da família, que seguiam esta profissão. Aliando a experiência com o trabalho com a madeira na infância e o sonho de ser caminhoneiro, Passarinho começou a trabalhar com réplicas de caminhões.
Já adulto, Passarinho concretizou o seu sonho de ser caminhoneiro e acabou não dando continuidade com as réplicas. A produção só recomeçou depois do nascimento do seu filho. “Eu fiz uma quando o meu filho era pequeno, mas eu só fazia para ele. Depois que eu me aposentei, daí eu comecei a fazer para os amigos, por brincadeira. Um falou: ‘Você fazia uma para mim?’. Mostrava a foto e eu dizia: ‘Sim, eu faço’. E começou ali”, explica.
A exposição também traz fotos que relembram a trajetória do artista, desde o convívio com a família até as experiências como caminhoneiro. Uma das experiências retratadas na exposição foi de um transporte feito até a Bolívia. “Eu carreguei uma colheitadeira, com destino para Bolívia. Mas você só vai até na divisa. Da divisa para lá, quem leva são os outros caminhões. Nós estávamos indo, era estrada de chão e tinha passado um caminhão com óleo vegetal. Ele quebrou a ponte. Nós tivemos que passar por dentro do rio”, conta.
As memórias de sua vida como caminhoneiro incluem os diplomas recebidos em competições pelo Brasil. Em 1992 e 1993, Passarinho participou de gincanas de caminhões em Ponta Grossa (PR) e Rio Grande (RS), além de ganhar competições em São Paulo. “É uma prova de Slalom, que é feita entre cones de borracha. Você vai e faz a volta, quem fechar o tempo melhor se classificava. Eles faziam seis festas no Brasil inteiro. E fazia uma final num determinado posto. Aqui [apontando para uma foto] é uma final no Grande Parada, em Apucarana. Eu fiquei em terceiro lugar, ganhei uma moto. Aqui [apontando para outra foto] também é uma final. Ganhei outra moto no posto em São Roque, em São Paulo”, explica.
O mundo dos caminhoneiros está gravado também em seu apelido, Passarinho. Em uma das fotos expostas, ele tinha cinco anos e aparece em frente ao caminhão que era de seu pai. “O motivo do apelido é que está escrito no para-choque ‘Canarinho do Mamborê’. Eu era lá de Mamborê, nascido lá e daí ficou o apelido do Passarinho”, conta.
O trabalho de réplica dos caminhões é conhecido na região. Somente durante a Festa de São Cristóvão realizada no último fim de semana, Passarinho recebeu cinco encomendas de réplicas de pessoas interessadas. Cada réplica, com seus detalhes, demora de 15 a 20 dias para ficar pronta. Todos os trabalhos são feitos com MDF e cola de MDF, além de receber ornamentações com outros materiais.
A exposição na Casa de Cultura ainda traz um setor com diversas réplicas de igrejas de Irati. Estão nesta exposição réplicas da igreja Assunção de Nossa Senhora, na localidade do Itapará; a paróquia São João Batista, na Vila São João; a igreja ucraniana Imaculado Coração de Maria; a paróquia Nossa Senhora da Luz; a paróquia Perpétuo Socorro, no bairroo Rio Bonito; a paróquia São Miguel e a igreja Assembleia de Deus, que foi uma das últimas a ser reproduzidas. “De todas elas, a que tem mais detalhes é a paróquia São Miguel. A Nossa Senhora da Luz tem também, mas a igreja São Miguel é a que eu calculo que foi uma das mais difíceis de fazer porque são muito detalhes”, conta.
Outra miniatura de destaque é a reprodução do projeto da nova sede da 8ª Cia da PM. O prédio ainda será construído, porém, a convite do engenheiro civil Dagoberto Waydzik, Passarinho reproduziu a maquete da futura construção em detalhes. “Ele fez o projeto, eu fiz a maquete e foi doado para a 8ª Companhia”, disse.
Entre outros trabalhos realizados pelo artista está uma das duas réplicas do Morro da Santa, com a reprodução da estátua de Nossa Senhora das Graças, além de uma reprodução da própria Casa da Cultura, que tem detalhes arquitetônicos reproduzidos em versão miniatura.
A exposição de miniaturas tem sido uma das mais visitadas, segundo a secretária de Cultura e Turismo, Samanta Regina dos Santos Ferreira. “Toda a exposição, nós temos um livro de registro. Nós temos um livro registro dos visitantes. Nós sempre pedimos, na medida do possível que todos assinem esse livro para termos esse registro de quantos vieram para a exposição, de onde eram as pessoas. A do Passarinho, nós estamos surpresos porque nós estamos fazendo páginas e páginas do livro. Nós fazemos sempre uma capa, com o nome, a cidade, a data. Nós estamos nos surpreendendo da quantidade de pessoas que estão vindo”, conta.
Apenas em uma tarde, a exposição recebeu a visitação de aproximadamente 60 pessoas. “Estamos tendo pessoas de fora, principalmente, que estão passando pela cidade e estão chegando. Mas no período da tarde, que é o maior movimento na Casa. Até na semana passada, nós recebemos o Colégio Duque de Caxias, onde nós recebemos em torno de uns 60 a 70 alunos, mais com os professores e tudo mais”, disse.
A secretária destaca que a Casa de Cultura tem recebido diversas exposições e está com a agenda lotada para novas amostras. “Esse ano, nós não temos mais data na Casa da Cultura. Já temos programado até o final de ano as exposições. Nós ficamos felizes de ver que essa Casa está tendo vida porque com essa movimentação de arte, de cultura, de exposições e de pessoas, nós damos vida para esse espaço. É esse nosso objetivo maior”, afirma.
A exposição na Casa de Cultura é aberta ao público. O horário de atendimento é das 8 às 12h e das 13 às 17 h. Os interessados em encomendar uma réplica com o artista Passarinho, pode entrar em contato pelo telefone (42) 9-9997-6776. Nas redes sociais, o artista pode ser encontrado no Facebook, no perfil Marcos Zeza Pedroso, e no Instagram, no perfil @marcos_passarinho__.
Veja outras miniaturas em exposição. fotos de Paulo Sava e Leonardo S. Barroso