Carro é arrastado pela correnteza no interior de Irati

Situação foi ocasionada pelo alagamento do Rio Preto, nas proximidades da rodovia PR 364. Mulher…

09 de outubro de 2023 às 16h45m

Situação foi ocasionada pelo alagamento do Rio Preto, nas proximidades da rodovia PR 364. Mulher conseguiu se salvar. Corpo da filha do casal, de 02 anos, foi encontrado dentro do veículo. Já o marido continua desaparecido/Paulo Sava

Bombeiros e um funcionário do DER trabalharam no resgate de Tatiane Furman, de 26 anos, na noite de domingo, 08. Buscas pelo marido dela e pela filha do casal, de apenas 02 anos, continuam nesta segunda-feira, 09. Foto: Corpo de Bombeiros

Um veículo foi arrastado pela correnteza do Rio Preto, que alagou e invadiu uma estrada rural nas proximidades da PR 364, em Irati, na noite de ontem.

Tatiane Furman, de 26 anos, foi resgatada a uma distância de 70 metros do local onde o incidente aconteceu. Ela estava enroscada em alguns galhos e foi retirada do local pelo Corpo de Bombeiros. Os outros ocupantes do carro eram o marido de Tatiane, Cleomar Elton Van Ryn, de 35 anos, e a filha do casal, de 2 anos. O corpo da menina foi encontrado dentro do veículo por volta das 17h de hoje. Já o marido continua desaparecido. O veículo foi encontrado submerso a 80 metros da ponte de onde caiu no rio. A remoção será feita com uma retroescavadeira da Prefeitura de Irati ou com um trator oferecido por moradores próximos. A equipe que está no local deve definir a melhor forma.

Bombeiros continuam realizando buscas no local para encontrar Cleomar. O comandante do Corpo de Bombeiros de Irati, Major Jorge Augusto Ramos esteve no local hoje pela manhã. Ele constatou que o nível de água no Rio já baixou bastante, estando em seu leito normal, mas ainda bem cheio. O local é de mata fechada nas margens do rio. O Grupo de Operações e Socorro Tático (GOST) foi acionado para dar apoio nas buscas com um cachorro e um drone. “Temos que considerar que as vítimas podem ter sido arrastadas e estarem nas margens, mesmo na parte superior de árvores que estiveram totalmente submersas, parcialmente soterradas em sedimentos ou mesmo ainda submersas na água”, frisou, em comunicado enviado à imprensa. O tenente Aleixo coordena as ações no local.

Estrada onde foi registrada a ocorrência na noite de domingo, 08. Foto: Corpo de Bombeiros

Em entrevista à Najuá, Ramos solicitou que as pessoas evitem passar por locais onde a água esteja sobre a pista, em situações como esta. “É um comportamento que pedimos para não ser feito porque não conseguimos medir a velocidade da água. Temos uma visão e, principalmente à noite, ela é pior, mas a correnteza normalmente é pior nestas áreas de enxurrada e leva um carro e uma moto com muita facilidade. Foi o que aconteceu, infelizmente três pessoas estavam no veículo, um casal e mais uma menina de 2 anos. A esposa conseguiu sair do carro e ficou presa em cima de uma árvore. Os bombeiros tiveram que acessar por copas de árvores submersas para chegar onde ela estava para resgatá-la ainda na noite de ontem. Infelizmente, nas buscas pelo carro, pelo marido e pela criança não houve êxito. As buscas já foram retomadas hoje, assim que clareou o dia, mas infelizmente não temos previsão de encontrá-los com vida. Trata-se de uma busca por pessoas em óbito no nosso trabalho de bombeiros”, lamentou.

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Rio das Antas, na região da Vila Nova, na manhã de hoje, 09. Foto: Paulo Sava

Em Irati, apesar do volume de chuva, a dragagem feita recentemente ajudou a minimizar os efeitos da enxurrada, de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros. Esta também é a avaliação do secretário de Obras e Serviços Urbanos, Wilson Pedroso (Buzina).

“Graças a Deus só deu um pouquinho de alagamento na Vila Nova, nas partes mais baixas, atingindo pouca coisa ali, e mais no Nhapindazal, devido ao rio que vem do Conjunto Fragatas e afunila no Rio das Antas. Por este motivo, a água vai se represando. Por isto, deu esta situação no bairro Nhapindazal. A dragagem que foi feita ajudou quase 100% a respeito da enchente. Por isso, não deu enchente na cidade de Irati”, pontuou.

As localidades do interior também foram vistoriadas na manhã de hoje, pelo secretário de Viação e Serviços Rurais, Amarildo Polo (Becão).

Segundo Ramos, foram registradas poucas ocorrências graves, com risco à vida. “Este é o grande saldo desta fase, e observamos um volume de chuva muito grande em toda a nossa região, principalmente no pé da serra, indo para Inácio Martins, pegando um pouco de Irati, Rebouças e Rio Azul até chegar no Rio Iguaçu. Nesta área, tivemos praticamente 100mm de chuva só ontem. Eu tenho um mapa que mostra um ponto que chegou a 96,6 mm de chuva no acumulado somente ontem durante o dia. É bem este ponto que pegou ali no Rio Preto, que é entre Irati e Inácio Martins e pega grande parte do município de Rebouças, uma parte de Rio Azul, possivelmente no interior de Cruz Machado, neste cantinho onde não circulamos muito, mas foi uma das regiões que sofreu o maior volume (de chuvas) ”, frisou.

Sábado – Ainda em Irati, no sábado, cerca de 100 pessoas foram afetadas por uma tempestade que atingiu 25 edificações, entre casas e barracões, na localidade do Pinho de Baixo, de acordo com informações da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros de Irati esteve no Pinho de Baixo, onde foram encontrados barracões bastante danificados. Alguns deles tiveram parte das coberturas arrancadas pelo vento e apresentavam problemas nas estruturas. Diversas árvores de grande porte também foram arrancadas ou quebradas com a força dos ventos. As equipes entregaram lonas para que as famílias com as residências mais afetadas pudessem cobrir móveis e outros equipamentos. Ninguém ficou ferido.

Média de chuvas – Em média, as chuvas na região ficaram entre 60 a 70 milímetros. O maior volume foi registrado na região da localidade de Rio Preto, em Irati. O Rio das Antas acabou saindo da caixa nos locais mais baixos da cidade, nos bairros Nhapindazal e Vila Nova. No Nhapindazal, um morador com dificuldades de locomoção teve que ser retirado de casa com ajuda dos bombeiros. Outras três famílias saíram do bairro e foram para casas de parentes.

Subcomandante do 10º SGBI, Carla Adriana Spak Sobol, e o comandante, Major Jorge Augusto Ramos. Foto: Paulo Sava

Outros municípios – Além de Irati, houve problemas também em Rebouças, São Mateus do Sul, Rio Azul, Mallet, enxurradas em Paulo Frontin, Paula Freitas e União da Vitória. Na BR-476, entre União da Vitória e Paula Freitas, o asfalto cedeu após uma queda de barreira e provocou a interdição da rodovia nas proximidades do acesso à localidade de Rio Vermelho, em União da Vitória. Com isso, o trecho foi interditado. Motoristas que precisarem se deslocar para Paula Freitas devem passar por dentro da cidade para seguir viagem.

Em Rio Azul, três famílias tiveram que ser retiradas de suas casas na área urbana do município.

Ramos deu mais detalhes a respeito dos atendimentos realizados na região. “Nós tivemos famílias realocadas em Rebouças, tivemos necessidade de retiradas em Rio Azul, aqui em Irati tivemos uma necessidade ontem e fizemos uma retirada com urgência. Tivemos notícia da secretária Sybil [Dietrich, responsável pelas pastas da Assistência Social e da Mulher, Idoso e Criança] de que houve uma necessidade de intervenção do município. Em São Mateus do Sul, tivemos a necessidade de retirar cinco famílias ontem, seis a sete famílias em Rebouças e três a quatro famílias em Rio Azul. Com a evolução, tem gente que vai para a casa de parentes e sai da área de risco, hoje, possivelmente, com a baixa das águas, se não houve nenhum prejuízo, estas pessoas já voltam para casa sem problemas adicionais”, frisou.

Em União da Vitória, 40 famílias foram realocadas por conta das chuvas. No sábado, alguns prédios públicos próximos a áreas de alagamentos, como escolas, tiveram todo o mobiliário retirado por questão de segurança. O Rio Iguaçu já está com uma profundidade de 6 metros, e até a próxima quarta-feira, o nível deve ultrapassar os 7 metros e atingir cerca de 1.800 famílias que ainda estão nas áreas de inundação. Ramos detalhou quais serão os próximos passos a partir de agora.

“Vamos fazer contato com as prefeituras, com os coordenadores de Defesa Civil para que se atentem aos prejuízos, à medida que a água vai baixando, para observar se é caso de registro, de intervenção do Governo do Estado ou de alguma medida fora do município. Este é o trabalho de hoje para todos os municípios da nossa região, muito trabalho para as equipes de planejamento, de obras e da Defesa Civil de todos os municípios da nossa área”, comentou.

Assim que forem concluídos os trabalhos em Irati, os bombeiros devem prestar auxílio à população de União da Vitória. “Agora, vai piorando a situação por lá. Fica no radar também São Mateus do Sul, que tem uma área de transbordamento do Rio Iguaçu na área urbana. O nosso maior foco, a partir de hoje à tarde, é o município de União da Vitória, que já está bem atendido, é muito organizado, eles são resilientes quando se trata de enchente. Todo cuidado é pouco e braços dispostos a trabalhar nunca são demais nestas horas”, afirmou.

Prudentópolis – A região de Prudentópolis não teve tantos problemas em relação às chuvas por conta de um lago construído pela Prefeitura na área central do município, o que ajudou a evitar alagamentos, segundo a subcomandante do 10º Subgrupamento, Capitã Carla Adriana Spak Sobol. “No início da semana, já com estas orientações do SIMEPAR, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil nivelou e deu vazão para que o lago estivesse preparado para receber o volume de chuvas, então não tivemos muitas ocorrências na parte central justamente por conta desta preparação. No interior, tivemos algumas situações de bueiros, mas sem nenhum morador retirado e nenhuma localidade ficou isolada por conta destas situações”, comentou.

Integração – A integração entre todos os coordenadores municipais da Defesa Civil da região auxiliou no atendimento rápido às ocorrências, de acordo com Spak. “Hoje, vimos dentro deste cenário, todos os coordenadores municipais muito integrados com a gente, principalmente porque no mês passado tivemos um treinamento com a Defesa Civil do Estado. Dois técnicos vieram ministrar cursos para todos os nossos coordenadores. Quando acontece esta preparação, o pessoal já vai tomando todos os cuidados, e esta integração junto com a Coordenadoria, que sou eu e o subtenente Prado, estamos conseguindo obter esta resposta dos municípios. Eles, em contrapartida, conseguem toda a documentação e os recursos que são disponibilizados pela Defesa Civil do estado para atender as famílias atingidas”, comentou.

Ramos afirmou que a mobilização feita antecipadamente por meio da imprensa fez com que a própria população se preparasse para o grande volume de chuvas. “Muitas vezes não confiamos nos modelos climatológicos, mas, por algum motivo, desta vez nós confiamos porque eles estavam muito claros para nós. Tinha, de um lado, as previsões do Simepar e outras empresas que fazem este tipo de monitoramento, algumas particulares. Cito a Copel, que tem um sistema do Simepar, com modelos principalmente na questão do nível dos rios, e modelos muito precisos. Isto foi dando uma força para que interpretássemos bem a previsão deste evento”, pontuou.

Falha no 193 – O telefone de emergência do Corpo de Bombeiros, 193, apresentou falhas novamente. A empresa responsável pela linha foi acionada para resolver o problema o mais rápido possível. Até que o sistema esteja normalizado, o registro de ocorrências deve ser feito pelo WhatsApp (42) 3423-2181.

Rio das Antas, na ponte que passa pela Rua XV de Novembro, na manhã de hoje, 09. Foto: Paulo Sava
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