Capitã Gisleia assume presidência do Conselho de Segurança de Irati

11 de agosto de 2025 às 22h09m

Policial da reserva da PM atuou durante 28 anos na corporação e foi secretária de Segurança Pública de Irati nos seis primeiros meses da gestão municipal/Marina Bendhack com entrevista de Juarez Oliveira e Rodrigo Zub

Imagem da posse de Gisleia no dia 29 de julho. Prefeito Emiliano Gomes e outros integrantes das forças de segurança participaram da solenidade.
Imagem da posse de Gisleia no dia 29 de julho. Prefeito Emiliano Gomes e outros integrantes das forças de segurança participaram da solenidade. Foto: Nilton Pabis/Folha de Irati

Resumo

  • A capitã da reserva da PM, Gisleia Ferreira assumiu a presidência do Conselho Comunitário de Segurança de Irati (Conseg) no fim de julho.
  • Neste ano, ela havia comandado a secretaria de Segurança Pública de Irati nos seis primeiros meses da gestão do prefeito Emiliano Gomes.
  • Gisleia defende uma maior participação popular nas reuniões do conselho e pretende implantar projetos para coibir violência doméstica e vizinhança segura

A capitã da reserva da Polícia Militar, Gisleia Ferreira, assumiu a presidência do Conselho Comunitário de Segurança de Irati (Conseg) e foi empossada no dia 29 de julho. Segundo ela, o principal objetivo de sua gestão é fomentar a articulação do Conselho com a população.

Gisleia é policial da reserva e completou 28 anos de serviço na Polícia Militar em 2024. A nova presidente do Conselho também é ex-Secretária de Segurança Pública de Irati. Segundo ela, seu currículo é só uma coincidência, pois seu cargo na presidência é enquanto civil e não por ser policial. A capitã relembra que o nome do Conseg é Conselho Comunitário de Segurança, enfatizando a importância da presença da população nos assuntos debatidos. “Esse Conselho, ele já é formado por, digamos assim, duas frentes. Uma são os membros natos, que seriam a polícia: o comandante da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Bombeiro, da Guarda Municipal e da Polícia Penal aqui também. Esses membros sempre existem. Então, quem assume o comando de cada uma dessas entidades já faz parte naturalmente do CONSEG. E aí, [os outros integrantes] são membros eleitos, que são da comunidade. Então, esses membros eleitos, eles não são militares da ativa, não são policiais, são pessoas da comunidade.”, explica a capitã.

O Conselho foi criado por uma lei estadual e não possui verba própria. Além de Gisleia, a diretoria é formada pelo vice-presidente, o empresário Nelson Zanoni, o Sargento Bira como tesoureiro e Louise, que atua na Patrulha Maria da Penha, como secretária. Gisleia diz que já participou de outras composições do conselho. “Mas eu participo do Conselho faz muitos anos. Então, desde quando eu era ainda da Polícia Militar, sempre que tinha reuniões no Conselho, eu fazia parte tanto daqui como dos outros nove municípios aqui da 8ª Cia. Então, desses dez municípios nossos aqui, eu acho que tinha três ou quatro só que não tinham o CONSEG. Os restantes todos tinham e a sempre participei das reuniões. Mas a gente vê que a população não participa muito, poucas pessoas participam. Ficava atrelado aos membros mesmo, aos natos e aos eleitos”, relata a presidente.

Nova presidente defende participação de associações de moradores

Por perceber a falta de participação da população, um dos principais objetivos de Gisleia em sua gestão é conectar o Conselho com a comunidade. “Eu quero ter contato principalmente com as associações de bairro, que eu sei que estão sendo reformuladas também aqui na cidade, que eu acho muito importante. Vamos fazer essas reuniões com eles e no dia da reunião grande mesmo, que é a reunião com todos os membros, gostaríamos de ter essa participação deles e também da comunidade. Como vai ser esse chamamento? Pela imprensa”, enfatiza Gisleia.

Uma outra medida que a nova presidente do Conseg já está tomando para aumentar a articulação com a população é reativar a página de Instagram do Conselho, para facilitar a divulgação de notícias, informações e datas.

O contato com a população é crucial para uma atuação efetiva do Conselho, reitera Gisleia. “Trazerem [a população] informações para a gente. Uma discussão sobre segurança pública é importante, cada um sabe o que precisa, o que tem necessidade lá na sua região. Uma região é diferente da outra, interior é diferente daqui da área central. Então, seria um espaço de discussão mesmo. Então, nessas reuniões, vamos chamar a população e eu espero que a população atenda esse nosso chamado e venha ali, traga todas as suas opiniões ali, o que que pode contribuir, a sua contribuição para a segurança pública de Irati.”, convida.

A presidente convida que os representantes das associações de bairros participem das reuniões do Conselho de Segurança. As reuniões do Conseg devem acontecer mensalmente ou bimestralmente.

Em entrevista à Najuá, Gisleia Ferreira falou sobre os projetos que pretende implantar no Conselho Comunitário de Segurança (Conseg)
Em entrevista à Najuá, Gisleia Ferreira falou sobre os projetos que pretende implantar no Conselho Comunitário de Segurança (Conseg). Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

Prevenção da violência doméstica

Outro foco da gestão de Gisleia é contribuir para a prevenção da violência doméstica. A capitã relata que essa causa está presente em sua vida desde o início da carreira militar. “Acho que foi uma das primeiras ocorrências que eu atendi lá em Guarapuava, quando eu me formei soldado e eu nunca mais esqueci. Foi um feminicídio, que naquela época não era chamado feminicídio ainda, foi uma mulher que foi morta pelo companheiro dela, com 17, 20 facadas, foi muita facada que aquele cara tinha dado nela, e aquilo me marcou bastante. Fico feliz de ver a evolução da lei de proteção à mulher. Então, eu entrei [na PM], foi em 1996, então possivelmente essa ocorrência aí foi em 97, 98 por aí, que me marcou bastante. Em 2006, que saiu a lei Maria da Penha foi quase dez anos depois que teve essa proteção efetiva mesmo, específica para a mulher, não só para os casos de feminicídio, mas com essas medidas protetivas que ajudam bastante”, diz Gisleia.

A capitã reitera que ainda é preciso realizar mais ações para prevenir a violência doméstica. A presidente do Conseg possui mestrado em Desenvolvimento Comunitário na Unicentro. O título de seu trabalho é “Sou Mulher e Policial Militar: Problematizações acerca da Presença de mulheres em meio à Corporação Policial Militar no Estado do Paraná” ou “O Paradoxo entre Ser Mulher e Ser Policial: Estado da Arte e Reflexões”. Um dos assuntos que a Capitã destaca é a psicoeducação nas escolas, como dinâmicas e palestras para trabalhar as formas de prevenção da violência. “Desmistificar aquela cultura machista de que tem que ser o fortão, de que tem que sempre prevalecer à vontade dele. Então, acho que isso daí é importante e a gente pode estar contribuindo com isso, através de palestras, através de seminários, através de panfletos. O que a gente puder fazer, a gente vai estar fazendo aí, para estar tentando levar essas informações a esse público”, planeja a presidente.

Projeto Vizinhança Segura

O Projeto Vizinhança Segura é um dos que Gisleia quer implementar em Irati. A capitã ressalta que uma das opções é criar um grupo WhatsApp para troca de informações e dicas de prevenção de furtos e roubos, por exemplo. “São grupos de WhatsApp, especificamente grupos de WhatsApp, mas tem que ser coordenados, tem que saber o que fazer, o que o que colocar ali. Porque às vezes faz grupos de vizinhos, mas eles ficam falando outras coisas. Esse daí é um grupo específico para área de segurança. Na área de segurança, vamos ver o que a gente pode estar auxiliando, principalmente nesses grupos a gente joga dicas, informações, o que fazer com as residências quando vão viajar… A gente sempre tá falando isso daí, mas se tiver no grupo, assim, eu acho que é bem mais pessoal, uma coisa assim mais entre eles, entre eles que se conhecem. Uma casa que teve furto, às vezes tem uma imagem, alguém tem uma câmera ali, já joga no grupo”, afirma.

Gisleia foi Secretária Municipal de Segurança Pública

Sobre sua experiência na Secretaria Municipal de Segurança Pública, a capitã disse que é um trabalho bem diferente da carreira militar, principalmente em relação à burocracia para realização de licitações. “É completamente diferente da polícia. Por causa que é uma coisa mais local, os recursos são locais, tudo através de licitação. Oito a nove meses pra sair uma licitação, não tem como sair antes, e a população, às vezes, não entende isso e cobra, e cobra, e cobra. Eu sei que, lógico, tem que cobrar, mas também tem que entender que não é de hoje para amanhã que vai sair. Então eu tinha muito pedido de lombada [na secretaria de Segurança]”, relembra Gisleia, que permaneceu seis meses no cargo antes de solicitar a exoneração por motivos pessoais.

Reuniões do Conseg

Até o momento, não há data marcada para a primeira reunião do Conseg. Gisleia diz que sua finalidade é realizar um primeiro contato para que todos os integrantes da diretoria se conheçam antes de abrir uma reunião para a comunidade. “A hora que for marcar essa primeira reunião, a gente vai fazer inicialmente só com os membros natos e os eleitos e dali no máximo 15 dias, daí a gente faz um grande [reunião] para a população inteira. Então, esse primeiro aqui é só pra gente se conhecer entre nós, que nem todo mundo se conhece ali, às vezes tem gestor novo da militar, da guarda civil, ainda que não participou, porque o CONSEG existe aqui em Irati há muitos anos, mas o ano passado, ele foi nulo, não teve nenhuma reunião”, revela a nova presidente.

A primeira reunião do Conseg será realizada na Casa dos Conselhos Municipais , que fica em um imóvel administrativo dos bombeiros ao lado do quartel da corporação. Porém, a expectativa é de dar oportunidade para um número maior de pessoas participarem dos encontros em locais como a Câmara Municipal ou a Faculdade São Vicente, caso a adesão seja grande.

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