Dia 27 de setembro é o dia do doador de órgãos. Nesse dia, será realizada a primeira caminhada em prol da doação de órgãos em Irati, promovida pela Santa Casa/ Marina Bendhack com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Resumo
- A campanha “Setembro Verde” busca incentivar a doação de órgãos. Por isso, a Santa Casa de Irati realizará uma caminhada e passeio ciclístico para conscientizar a população sobre o tema.
- O evento será no dia 27 de setembro, com início às 15h no Parque Aquático.
- Somente os familiares de primeiro grau podem autorizar a doação de órgãos.
- A Santa Casa de Irati realiza a coleta de córneas. Desde 2010, já foram 152 córneas coletadas.
O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Verde, que busca incentivar a doação de órgãos. Em Irati, a coleta de córneas é realizada na Santa Casa de Irati, que realizará uma caminhada e passeio ciclístico no sábado, dia 27 de setembro, às 15h, com início no Parque Aquático, a fim de promover a conscientização sobre o assunto.
A enfermeira e coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Karine de Oliveira, e a assistente social, Ana Claudia Andrade contaram detalhes de como é realizado o processo de doação de órgãos e a importância dessa iniciativa durante entrevista à Najuá.
Karine disse que a intenção de ser um doador de órgãos deve ser manifestada entre a família, sem a necessidade de deixar escrito. O transplante de córnea possui uma idade mais limitada para doação, diferente de outros órgãos. “Para a doação de córnea, que é na verdade feito pela Santa Casa, é a idade de 3 anos a 70 anos, 11 meses e 29 dias. Essa é a idade limite para a doação de córneas, que é o que a gente faz na Santa Casa. Para outros órgãos, tem uma idade mais avançada, até 95 anos pode doar os outros órgãos”, informa a enfermeira.
Como a Santa Casa de Irati só realiza a doação de córnea, para outros órgãos, os médicos do hospital avaliam o paciente com morte encefálica e em caso de aprovação, transferem para unidades maiores, diz Karine. Ana Claudia declara que é difícil encontrar um potencial doador de córnea. “O potencial doador geralmente é uma pessoa jovem e relativamente saudável, ele não tem uma comorbidade ou algo, porque daí ele já não é um doador. Então, é muito difícil ter esse potencial doador, porque geralmente é uma morte traumática, é uma morte trágica, é um acidente, um infarto, uma morte relativamente rápida. A gente, neste momento mais difícil e mais crítico para os familiares, temos que dar a notícia do óbito e, em seguida, ofertar que aquela determinada pessoa seja o potencial doador. É um momento muito crítico e somente a família, parentes de primeiro grau, que podem autorizar e aceitar que a gente aborde e acolha a família dessa maneira”, afirma a assistente social.
Por isso, é de extrema importância a conscientização e a conversa entre os familiares para facilitar todo o processo da doação. Somente parentes de primeiro grau podem autorizar uma doação, informou a assistente social. “Eles têm que estar devidamente identificados com seus documentos, tanto o potencial doador quanto o familiar. É um processo bem burocrático, ele não é tão simples assim. Primeiro que o potencial tem que entrar dentro dos critérios de coleta. Após isso, temos que estar com a família junto e, mesmo assim, duas testemunhas, então é muito difícil para que tudo isso se concretize. E o Paraná está em primeiro lugar do Brasil para doação de órgãos e tem a menor taxa de recusa familiar”, relata Ana Cláudia.

Karine esclarece que a coleta da córnea pode ser feita até seis horas após a morte. Depois que a família autoriza é necessário assinar e preencher a documentação. A captação da córnea em si demora de cerca de 20 minutos. Depois de feita a coleta, o órgão é encaminhado ao Banco de Olhos de Curitiba. “Faz todo o processo. A gente começa com eles [Banco de Olhos de Curitiba], porque a gente tem que ter autorização deles, entra em contato com eles, mesmo que a gente tenha certeza que pode ser coletado, entramos em contato para passar todo o caso do paciente. Passamos exames laboratoriais, evolução médica, tudo o que aconteceu com o paciente naquele momento enquanto ele internou, mesmo que tenha sido só alguns minutos. Entramos em contato e mandamos tudo para eles. Depois disso, realizamos a entrevista, a coleta e encaminhamos para o Banco de Olhos de Curitiba”, informa a enfermeira.
Ana Cláudia diz que a divulgação de como o processo ocorre é importante para aumentar o número de doações. “A Santa Casa é credenciada pelo Ministério da Saúde desde 2010. Desde 2010, existe uma equipe 24 horas, com assistente social, psicólogos, enfermeiros, para que seja feita a entrevista e a coleta. A gente já fez, acredito que, aproximadamente 230 entrevistas. Passaram 230 potenciais doadores e nós tivemos, desses 230, 152, em média, positivos e 80 negativos. Então, a gente mesmo assim tem uma porcentagem bem grande de aceite e tudo se deve à divulgação da importância e da conscientização”, declara a assistente social.
Um dos principais diagnósticos que levam alguém a precisar de um transplante de córnea é o ceratocone, condição que pode ocasionar a perda de visão, além de outras doenças como a catarata. A cada doação de córnea, é possível ajudar quatro pessoas. “São duas córneas, mas pode ajudar até quatro pessoas. O transplante da visão mesmo, da parte da íris e do globo ocular, que é usado também como de forma curativa, como se fosse uma prótese mesmo”, explica Karine.
A doação, apesar de ocorrer num momento difícil para os familiares, é um gesto muito importante de ajuda ao próximo, salienta a enfermeira. “A partir do momento que você detecta um potencial doador, é laboratório, é médico, é a equipe, são vários contatos com a central de transplante, tudo para que otimize e seja um serviço eficaz e com qualidade para quem vai receber essa córnea. Então a gente sempre coloca que é um mix de sentimentos. A gente entende a família, que está ali naquele momento mais difícil. Então acolhemos essa família da melhor maneira possível, mas ao mesmo tempo já estamos comunicando a central que daqui alguns instantes vai estar saindo a córnea para alguém poder estar enxergando, então realmente é um mix de sentimentos”, diz Karine.
“Vai muito além de uma técnica, vai muito além. É um compromisso com o cuidado, com o ser humano. Porque a gente sabe que é o ato mais perfeito que existe, é doar um pedacinho de você.”, continua a enfermeira.
Caminhada e Passeio Ciclístico dedicados a doação de órgãos
Dia 27 de setembro será realizada uma caminhada e passeio ciclístico para incentivar a população a realizar a doação de órgãos. “O mês de setembro é o mês do doador de órgãos, é considerado o mês do Setembro Verde. No dia 27 de setembro, inclusive, é o dia do doador de órgãos. A gente conversou, fez reuniões, fomos lá, sofremos para tentarmos achar um meio de expor isso para fora. Além da rádio, além das mídias, a gente conversou em acordo, junto com a Acordei Irati [grupo de caminhadas], então eles estão ajudando a gente nessa caminhada, junto com o pessoal da Secretaria de Esportes, com a Secretaria de Segurança Pública também, a gente decidiu fazer essa caminhada. Então seria a primeira caminhada e queremos que tenha todos os anos e que cresça mais ainda essa caminhada em prol da doação de órgãos”, relata Karine.
A caminhada começará às 15h, no Parque Aquático. “Vai sair de lá do Parque Aquático, vai até a Santa Casa. Na frente da Santa Casa vai ter uma homenagem. Eu fui buscando famílias, como a Ana falou, a gente tem famílias desde o dia 28 de agosto de 2010. Então eu fiz uma pesquisa, procurei todos, todos os que tinham o número lá registrado, porque tem alguns que nem existe mais o número, procurei as famílias e acho que foram cerca de 50 ou 60 famílias que eu consegui resposta para que sejam homenageados”, informa a enfermeira.
Foram organizados dois trajetos para o evento, segundo Karine. “Foi montado dois tipos de circuitos, então vai ter o circuito da bike, que vai ser um pouquinho mais longo e vai ter o circuito da caminhada, que é mais reto um pouco. Então o pessoal que não vai de bike vai andar um pouquinho menos ali, mas vai dar uns cerca de uns três, quatro quilômetros de ida e volta. Mas lá na Santa Casa a gente vai parar um pouquinho, estabilizar, tomar uma água, vai ter uma barraca com um pouquinho de água lá, servindo água, servindo uma fruta, alguma coisa para gente conseguir acolher essas pessoas também lá”, esclarece.
Para fazer a inscrição, é possível acessar esse link ou fazer na hora. Mais informações nos números (42) 9-8837-1905 e (42) 9-9947-5277.