Tema deste ano terá como foco principal a fraternidade e as políticas públicas. Programa Espaço Cidadão fará uma série de entrevistas sobre o assunto
Paulo Henrique Sava
Começa nesta quarta-feira, 06, a Campanha da Fraternidade 2019 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que neste ano chega à sua 57ª edição. Nesta edição, a Campanha terá como tema “Fraternidade e Políticas Públicas”, e o lema coloca a Igreja Católica frente a frente com o futuro da sociedade: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27).
Em artigo publicado no portal da CNBB, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, ressalta que “a Igreja pode ser um lugar do anúncio e denúncia de tudo que pode ferir a dignidade das pessoas, especialmente daquelas que são privadas de seus direitos. É preciso conquistar políticas sociais (públicas) que garantam uma vida digna aos pobres, ou seja, formas de construir a vida dos cidadãos”. Ele completa dizendo que “A Igreja segue firme sua missão em favor das Políticas Públicas que promovam a cidadania e o direito da pessoa”.
O programa Espaço Cidadão da Super Najuá iniciou nesta segunda-feira, 04, uma série de entrevistas sobre o tema. O diácono Renato Marochi comenta que a Igreja escolhe a Quaresma para fazer a Campanha da Fraternidade porque considera que este é um período de penitência, e que os temas abordados representam o jejum pregado pelo cristianismo e devem produzir mudanças no ser humano. O tema das políticas públicas também se encaixa neste perfil.
Embora a base do conceito de Políticas Públicas seja o Evangelho, existem também muitos documentos produzidos há mais de 200 anos pela Igreja Católica que tratam do assunto. Conforme o diácono, estes materiais foram utilizados para justificar medidas públicas que harmonizassem a grande diferença entre ricos e pobres. Ele diz que dois dos principais objetivos das políticas públicas são os de suprir as necessidades básicas do ser humano e fazer a partilha de bens. “Para fazer uma boa política pública, você não pode ficar sentado em seu gabinete, esperando que o povo venha bater na sua porta: você precisa ir ao encontro do necessitado tal como se faz no tempo de pedir o voto”, comentou.
Marochi acredita que o Cristão, que ele classifica como “tesouro” e “pérola preciosa”, precisa participar diretamente da política, pois ele, sendo consciente e atuante, faz com que as coisas sejam feitas da forma correta, em favor do bem comum da sociedade. O diácono opina que a falta de conhecimento das pessoas sobre o que significa de fato a expressão “fazer o bem” leva aos desequilíbrios “quase incontroláveis” da sociedade.
“Precisamos nos envolver na política, que é o bem comum de todos para a solução dos problemas, e não para causá-los. O cristão é aquele que traz na mente e no coração a solução dos problemas, que vem de Deus pela Palavra e pela prática da sua fé. Tirar ele destas discussões é ampliar toda esta ‘lama’ de corrupção que vemos hoje praticamente dominando as relações em casa, na família, nas relações profissionais e principalmente na Política Pública. Faltam princípios, valores cristãos, critérios mais sérios de procedimentos que levem à solução dos problemas”, pontuou.
Para Renato, a participação do cristão na execução das políticas públicas é fundamental para possibilitar a realização de projetos e programas que garantam direitos e deveres dos cidadãos, o que na opinião dele, não vem ocorrendo. “Quem faz e julga as leis são pessoas que não querem que as leis sejam aplicadas contra si mesmas. São pessoas que, quando tem um ‘calo’ destes, um cristão insistente do lado querendo corrigir e aperfeiçoar, ele logo diz “religião é uma coisa e política é outra, a Igreja não deve se meter na política”. Isto porque a Igreja vai sempre trazer uma posição de correção”, frisou.
Escola de Fé e Política
Neste período, a Diocese de Ponta Grossa está promovendo a “Escola de Fé e Política”, que começa no próximo sábado, dia 09, a partir das 14 horas, na Paróquia São Miguel. O curso irá abordar questões ligadas ao dia-a-dia da sociedade, e que são desconhecidas pela maioria da população.
“Tem muitos assuntos que nós desconhecemos e deixamos de lado, como, por exemplo, a forma como tramita uma lei. Quem tem esta informação, tem o domínio da lei para o campo favorável ou contrário, em todo o sistema de poder. Eu aprovo uma lei que me traga benefícios, e aí você vê salários de vereadores, prefeitos, deputados, senadores, eles fazendo o seu salário que sai do nosso bolso. Quem diz que não gosta de política, paga pelos políticos que fazem esta ‘tramoia’ com vocês. O Judiciário também tem um poder que sai do nosso bolso para custear coisas que não funcionam. Todos estes sistemas, que deveriam ser de serviço mas erroneamente são chamados de ‘poder’, pois todos são empregados do povo que paga seu salário, devem uma responsabilidade muito séria para com aquele que paga porque este dinheiro sai do ‘sangue’ do pobre”, finalizou.
As inscrições podem ser feitas na hora e são gratuitas. Interessados podem comparecer no próximo sábado, a partir das 14 horas, na Paróquia São Miguel, na Rua 19 de dezembro, centro de Irati.