Caminhada pelo fim da violência contra as mulheres acontece nesta terça-feira em Irati

22 de julho de 2025 às 00h47m

Em Irati, a ação será realizada na Rua da Cidadania, com concentração a partir das 11h30. Hoje, dia 22 de julho, é o Dia Estadual do Combate ao Feminicídio/ Marina Bendhack com entrevista de Rodrigo Zub e Paulo Henrique Sava

É uma pauta que é humana, eu acho que o enfrentamento à violência […] é da existência humana em si, então todos temos que estar juntos para enfrentar isso”, diz Denis Cezar Musial. Foto: Prefeitura de Irati.

No Paraná, o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio (dia 22 de julho) é marcado por um ato simbólico e poderoso: a Caminhada do Meio-Dia. Esse dia foi instituído em referência à morte da advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava, vítima de feminicídio. A caminhada é um chamado à conscientização, um grito coletivo por justiça, uma pausa no dia para lembrar que nenhuma mulher deve morrer por sua condição de ser mulher.

Em Irati, a ação será realizada amanhã na Rua da Cidadania, com concentração a partir das 11h30. De lá, os participantes percorreram as ruas XV de Julho e Munhoz da Rocha até chegarem na prefeitura. Além de Irati, essa iniciativa acontece em todo o Paraná. No ano passado, mais de 100 cidades, de todas as regiões do Paraná, aderiram à segunda edição da Caminhada do Meio-Dia.

A orientação dos organizadores do movimento em Irati é utilizar roupa branca e produzir um cartaz, banner, faixa ou escrever na cartolina para expressar suas reivindicações.

A ação é organizada a nível estadual, em alusão à Lei Estadual que institui o Código da Mulher Paranaense. Em entrevista à nossa reportagem, o secretário de Assistência Social, Denis Cezar Musial, disse que várias pastas da administração municipal estão envolvidas com a causa. “Tem o envolvimento da Prefeitura de Irati, através da Secretaria de Ciência Social, da Secretaria da Mulher, da Criança e da Pessoa Idosa em conjunto com o Conselho e outras instituições também que abraçam e são sensíveis a essa pauta. Então, ela é uma ação coletiva, articulada também junto com o pessoal, principalmente quem tá à frente é o CIAMI, o Centro Integrado de Atendimento à Mulher, lá com a equipe que vem articulando isso”, relata Denis.

A presidente do Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres, Marli Traple, enfatiza que a lei estadual foi criada com objetivo de alertar a população sobre os diversos tipos de violência que as mulheres sofrem em seus relacionamentos. “Esse movimento é muito importante, até porque o que faz a diferença hoje no feminicídio, na violência contra a mulher […] é exatamente conscientizar, porque é melhor você prevenir do que remediar. Então, nós temos os canais de denúncia, nós temos os canais de atendimento, as mulheres muitas vezes não sabem o que é uma violência verbal, o que é uma violência física, o que é uma violência psicológica, então, é muito bonito esses movimentos no Paraná inteiro para conscientizar a mulher”, informa a presidente.

2ª caminhada do Meio-Dia, realizada em 2024 em Irati. Foto: Paulo Sava

Denis complementa que a prevenção ao feminicídio começa com a informação. “E a proposta é essa mesmo, é chamar a atenção da população para que ele se sensibilize em relação à pauta, o assunto, e a gente possa discutir, dialogar, porque são nesses instrumentos também que a gente busca o enfrentamento a esse tipo de violência. É uma pauta que realmente ela vem do Estado do Paraná, faz parte até do calendário oficial do Estado, mas é uma parada simbólica de reflexão mesmo e de prevenção”.

Em Irati, em 2018, mesmo ano da morte de Tatiane Spitzner, aconteceu o assassinato de Ivanilda Kanarski, também vítima de feminicídio. Marli cita que os dados mostram um aumento de casos de violência contra a mulher no município. “Depois da instituição desses movimentos, depois da instituição do próprio Conselho […] depois dessas conscientizações que são feitas através dessa rede que existe em Irati de atendimento à mulher, dobrou em 2024, quase que triplicou, o número de denúncias.  ‘Ai, que ruim, nossa, isso é ruim, Marli’, não, isso é bom. Isso é bom porque as mulheres estão buscando os seus direitos, estão sabendo onde procurar, estão sabendo onde se proteger. Mas diminuiu o número de feminicídios, ou seja, aumentam as denúncias, isso é uma prevenção”.

A presidente do Conselho reitera que as denúncias podem prevenir crimes e salienta que as mulheres agora têm um local específico para realizar esse procedimento no Centro Integrado de Atendimento à Mulher Iratiense (CIAMI), localizado no Parque Aquático. “Onde as mulheres podem ir lá, fazer o boletim de ocorrência lá já, não precisa entrar numa Delegacia. Vai entrar numa salinha separada, com uma salinha kids, com brinquedoteca pras crianças, pra que a criança não tenha esse problema de estar junto no momento da denúncia. Então, o atendimento à mulher, hoje, nessa parte de fazer um boletim de ocorrência, ou fazer uma denúncia, está mais humanizado ainda em Irati”, comunica.

A presidente do Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres, Marli Traple, e o secretário de Assistência Social, Denis Cezar Musial, concederam entrevista à nossa reportagem para falar sobre as ações que estão sendo realizadas no município para amparar as mulheres vítimas de violência. Foto: Najuá.

Denis reforça que a caminhada serve como alerta para que a sociedade reflita sobre o tema. “Isso é uma preocupação da gestão, em cada vez qualificar mais esses espaços, trazer formação continuada, refletir com os trabalhadores sobre essa temática. Porque é algo que acho que é sensível a todos, e eu acho que há necessidade de um envolvimento de todos, da sociedade em geral”, expressa o secretário.

Além da caminhada, Irati tem realizado ações para diminuir a violência de gênero em diversas áreas. O espaço do CIAMI oferece diversas atividades de inclusão produtiva, autonomia financeira e outras frentes, conforme Denis. “Um espaço exclusivo para o atendimento a essa mulher. Nesse espaço que é o CIAME, que é um espaço que é localizado lá no Rio Bonito, onde as pessoas podem buscar lá. Lá não é só para fazer a medida protetiva, mas podem buscar um atendimento, uma orientação, além do atendimento à mulher em situação de violência que ocorre lá e que é um foco, uma preocupação da gestão em fortalecer isso cada vez mais, lá também é desenvolvida outras ações. As ações de prevenção nas escolas, temos uma equipe lá no CIAME que é composta aí pelas assistentes sociais que fazem trabalhos de prevenção”, informa.

O secretário de Assistência Social destaca que a gestão municipal tem a finalidade de dar oportunidade para as mulheres se capacitarem. “Acho que é essa a proposta, que a gestão vem, que além do atendimento à mulher em situação de violência, que a gente possa ter outras diretrizes, outros caminhos lá também, que possa proporcionar e dar oportunidades a essa mulher lá”, reitera Denis.

Marli reforça a importância do trabalho em rede. “E a rede em Irati é muito forte. São os CRAS, que estão bem próximos da comunidade, CREAS, CRAS, o CIAME, como a gente falou, que virou um centro de atendimento ali, que as mulheres já conhecem ali no parque, o NUMAPE, que é da Unicentro, que é um núcleo de pesquisa de atendimento a mulher e outros gêneros também, a Maria da Penha, a patrulha que está ali no CIAME também para atender esses casos, as psicólogas, as assistentes sociais, então, é uma rede multiprofissional para atender essas mulheres”, continua.

A conscientização e o acolhimento são essenciais no combate a violência, diz Marli. “Muitas vezes essa mulher não tem condições financeiras de sair daquela situação, muitas vezes essa mulher tem uma dependência psicológica e que não consegue se libertar daquilo ali, então são vários motivos, e aí quando ela sofre uma violência, imagine você ter que entrar num ambiente que é considerado ainda quase que masculino, que a delegacia não é a delegacia da mulher, é uma delegacia que atende todos os tipos de atendimento. Então imagina essa mulher ter que chegar, enfrentar ela mesma, a vergonha de contar que ela sofreu uma violência ou que houve um caso de pedofilia. São casos muito graves pra ela se expor. Então eu acho que quando abre-se lá no CIAMI a patrulha com o atendimento que tem numa salinha separada um pouco mais discreta, a mulher se sente mais encorajada também a buscar aquilo que ela necessita.  É o atendimento humanizado”, expressa a presidente do Conselho.

Denis ainda contou quais são os canais de denúncia e atendimento para mulheres em situação de violência. “Temos hoje vários canais que a população pode buscar e de forma anônima. Tem o Disque 100, o 180, que é do estado do Paraná, então, as pessoas podem buscar. E tem o contato também do CRAM, do Centro de Referência de Atendimento à Mulher aqui de Irati”, cita o secretário.

As denúncias também podem ser feitas na Guarda Municipal nos telefones 3423-2833 ou 153 ou no WhatsApp do Centro Integrado de Atendimento à Mulher Iratiense (CRAM) no número 9-9147-3174.

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