Durante entrevista à Rede AERP de Notícias, secretário de Estado da Saúde alertou sobre importância da vacinação e de não promover aglomerações no Carnaval/Karin Franco, com reportagem de Juliana Sartori/AERP
Beto Preto concedeu entrevista à Rede AERP de Notícias na quarta-feira, 23. Foto: AERP/Divulgação |
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, alerta que boa parte das pessoas internadas com Covid-19 no Paraná não completou o esquema vacinal. A declaração foi realizada durante uma entrevista à Rede Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) de Notícias. “Quase 90% não tomou vacina nenhuma, tomou a primeira dose, não tomou segunda ou tomou duas doses de coronavac e não fez reforço, ou de um modo geral não fez reforço. 90%. E dos casos que evoluem mal, esse número aumenta ainda mais”, conta o secretário.
Durante a entrevista, o secretário Beto Preto pediu aos paranaenses para utilizarem o feriado de Carnaval como uma época de descanso ao invés de participar de aglomerações. “Aproveitar o carnaval não como festa, mas como um feriado prolongado. Eu acho que isso é muito cabível. Em primeiro lugar, deixar as vacinas em dia. Quem não tomou vacina, tome vacina. Temos vacinas nos municípios, as equipes municipais de saúde estão preparadas para isso. Mas o carnaval é mais um feriado. Evitar grandes aglomerações, evitar os festejos de rua evitar. Eu vou insistir nisso, evitar as grandes aglomerações porque aglomerar, todo mundo se aglomera familiarmente, mas todos os cuidados são importantes”, disse.
Uma das preocupações é que a situação do final do ano se repita. Antes dos feriados de Natal e Ano Novo, os casos de pessoas infectadas e internadas com Covid-19 estavam baixando drasticamente. Contudo, no início de janeiro os casos voltaram a aumentar. “Nós tivemos um janeiro de 2022 com o dobro do número de casos de janeiro de 2021. A diferença foi que, em 2022, nós tivemos 10% dos óbitos de janeiro de 2021. Ou seja, o vírus continua circulando. É importante dizer a pandemia não acabou”, explica.
A vacinação das pessoas contra a Covid-19 é o foco do estado para evitar que isso aconteça. “A vacina é o nosso salvo-conduto para poder continuar tendo algo próximo da vida normal de 2019, do início de 2020. Sem a vacina, nós estaríamos em uma situação muito ruim”, analisa o secretário.
Quer receber conteúdo local da Najuá? Confira a descrição do grupo
Outra preocupação é a variante Ômicron que contamina mais rapidamente. O primeiro caso de Ômicron no Paraná aconteceu em dezembro, mas foi confirmado por exames apenas em janeiro. Desde então, a variante se espalhou pelo estado. “É tão rápida e tão transmissível a variante Ômicron que hoje de cada 100 paranaenses diagnosticados positivos para o Covid-19, 98 [casos] são pelas pela variante Ômicron. Ela se alastrou rapidamente”, explicou Beto Preto.
O secretário chamou a atenção que a variante não é mais leve, mas sim mais transmissível. “A variante Ômicron não é mais leve. É importante falar isso. Ela não se trata de ser mais leve, muito pelo contrário. Ela é mais dura até do que as outras. Só temos hoje uma condição de ultrapassar esse momento todo porque nós temos vacinação em massa no Paraná e isso tem nos dados segurança”, conta.
As vacinas tem conseguido combater as variantes e o secretário enfatiza a necessidade de completar o esquema vacinal para ter maior proteção. “Nós estamos em uma maneira ainda muito eficaz com as vacinas. Quem não se vacinou por completo corre riscos e esse é um dos grandes recados que queria deixar aqui. Quem não tomou duas vacinas, quem tomou a primeira dose e não tomou a segunda, quem tomou as duas doses e não foi tomar o reforço – que hoje no Paraná temos quase 2 milhões paranaenses que não tomaram reforço – eles estão em vulnerabilidade, correm risco sérios de adoecer e ter uma doença mais grave”, disse.
O apelo ocorre porque os casos voltaram a aumentar. “Número de internamento começou a crescer de novo. Não tá assustador, mas começou a crescer de novo. E nós estamos convivendo com óbitos. Novamente, voltamos a perder paranaense. Isso é muito duro porque enquanto não tivermos óbito zero, nós vamos continuar sofrendo, as famílias sofrem, o luto coletivo continua e por isso que a gente pede muito foco na vacina”, explica.
A vacinação contra a Covid-19 está sendo realizada em todos os postos de saúde com salas de vacina no estado. O secretário reforça que o Estado já enviou doses, especialmente para crianças de 5 anos a 11 anos, mas que ainda há doses não aplicadas. “Nós já enviamos para todo estado, 760 mil doses pediátricas. 570 mil foram aplicadas. Nós temos 190 mil à disposição que não foram aplicadas ainda”, disse.
Beto Preto destaca que os municípios já avançaram na vacinação de crianças, mas ainda é preciso aumentar a imunização.“A maioria dos municípios já chegou cinco anos. Uma preocupação muito grande que nós tenhamos dificuldade de atingir nossa meta. Temos 1 milhão e 75 mil paranaenses entre 5 e 11 anos que devem receber a vacina. Só conseguimos vacinar até agora, depois de 35 dias, 570 mil crianças. Temos pela frente, até agora, dá uma vacinação em 53% do público-alvo de 1 milhão e 75 mil doses. Das vacinas que nós distribuímos, já vacinamos 75% do público, mas assim, temos que continuar o trabalho, tem que continuar vacinando”, explica.
Ao mesmo tempo em que a vacinação está sendo feita, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) também precisa lidar com as sequelas que a Covid-19 deixou. Entre os desafios está a de recuperar a normalidade da fila de pessoas que precisam fazer cirurgias eletivas.
O plano do Governo do Estado é conseguir fazer as cirurgias por meio de um mutirão intitulado “Opera Paraná Cirurgias Eletivas” que ainda deve ser lançado. Por meio do programa, serão investidos R$ 150 milhões para a realização das cirurgias.
De acordo com o secretário, esse é um dos maiores programas lançados nesta área. “É um poderoso instrumento para poder fazer, trazer para mais perto o atendimento cirurgias eletivas”, disse.
Outro desafio da SESA é retomar o atendimento com pessoas que possuem doenças crônicas e conseguir recuperar o hábito do acompanhamento da saúde. “Temos que retomar o atendimento das doenças crônicas porque também essas pessoas acabaram se afastando um pouco das unidades de saúde. Seja da hipertensão, na diabetes, na asma brônquica, doenças que são consideradas crônicas, nós precisamos voltar atender”, conta.
O secretário ainda destaca que esse trabalho de retomar à normalização da saúde será feito ao mesmo tempo em que se tenta recuperar quem ainda possui sequelas da Covid-19. São 80 mil pessoas no estado que possuem alguma sequela deixada pela doença. “É muita gente que ficou entubado, praticamente com sedativos, com bloqueadores neuromusculares e que depois tem um período para se recuperar. Alguns de caráter ósseo muscular, caráter cardiorrespiratório”, explica.
Outro ponto que também deve ser visto é a saúde mental das pessoas que foram afetadas pela pandemia. Beto Preto explica que a saúde estadual tem tentado planejar como atenderá essa demanda. “Temos feito cursos de capacitação para Atenção Primária em Saúde, para que não fique só Atenção Especializada. Até porque não temos psiquiatras para todos, não temos psicólogos para todos. Precisamos montar uma estratégia já no Sistema Único de Saúde na Atenção Primária em Saúde está presente em todos os municípios”, conta.