Aumento de roubos e furtos em Irati tem preocupado a comunidade/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub
Delegado Paulo César Eugênio Ribeiro e secretário de Segurança, Edson Elias, falaram sobre ações que estão sendo realizadas para coibir furtos e roubos em Irati. Foto: Divulgação |
De acordo com o delegado da Polícia Civil, Paulo César Eugênio Ribeiro, os crimes estão sendo investigados e ações efetivas para coibir furtos e roubos no município serão realizadas nos próximos dias. Os furtos de cabos de energia são o principal alvo da investigação. “A Polícia Civil tem algumas investigações em andamento envolvendo esses receptadores. São investigações que estão em fase avançadas, visando identificar e coletar provas materiais de que eles estariam receptando esses materiais, esses objetos furtados”, disse.
O delegado ainda destaca que o efetivo aumentou no ano passado, ajudando a solucionar alguns crimes. “Nós tivemos no ano passado um aumento pequeno de efetivo, mas é um aumento que nós tivemos e isso vem contribuindo para o trabalho das investigações. Tanto que fizemos algumas alterações no ano passado, alguns casos emblemáticos de furtos que estavam ocorrendo, inclusive, os autores que nós prendemos no ano passado continuam presos. Mas posso afirmar que tivemos um aumento para poder atender essa demanda que chegou para nós”, conta.
Outra situação é o furto em colégios e cemitérios. O secretário de Segurança de Irati, Edson Luis Elias, explica que a Guarda Municipal está trabalhando em conjunto com a Polícia Militar e Polícia Civil para combater esse tipo de crime. “Esse trabalho de patrulhamento diuturnamente está acontecendo. Estamos tentando se chegar também aonde é a entrega desse produto. Se eles estão furtando, tem uma pessoa que está, infelizmente, recebendo e sabendo que é um material de furto. Teria que estancar os dois sistemas”, explica.
O secretário destaca que algumas ações já foram realizadas. “Já tem pessoas recolhidas à delegacia e continua a investigação por parte lá da delegacia para tentar chegar a outras pessoas que são mais pessoas envolvidas e fazer aquele trabalho incansável de tentar resolver essa lamentável situação que esses furtos estão acontecendo”, disse.
O município deverá instalar câmeras de monitoramento para prevenir ações e ajudar nas investigações. “Já vai estourar agora esse mês, no começo do mês que vem, uma licitação para câmeras de monitoramento em vários locais da cidade, em locais como parques, o cemitério, prefeitura, ruas, enfim. Essas câmeras vão auxiliar e muito. Já está em fase bastante avançada”, conta Elias.
Ainda não há valor para a aquisição das câmeras, pois o orçamento ainda está sendo feito. “Estamos aguardando o orçamento. Já posso antecipar que é que a concorrência. Estamos tentando chegar dentro de uma concorrência com uma qualidade boa de monitoramento”, explicou.
O secretário de Segurança ressalta que não será possível monitorar 100% da cidade porque os equipamentos são caros. Mas, que as câmeras devem ser colocadas em locais estratégicos. “São caros monitorar 100% da cidade, mas principalmente, nos órgãos onde mais está acontecendo. E também fazer um monitoramento das entradas e saídas da cidade”, explica.
O delegado destaca que a participação da população é importante para o esclarecimento dos crimes. Por isso, é importante que a vítima do furto registre o boletim de ocorrência para que a investigação seja feita. “A primeira providência que a pessoa tem que tomar é o registro do boletim de ocorrência ou acionamento da própria Polícia Militar assim que tomar conhecimento do fato. A partir do registro dessa ocorrência, nós tomamos conhecimento do furto, do crime patrimonial que a gente tem, e o quanto antes essa pessoa fizer o registro dessa ocorrência, será o quanto antes nós começaremos a gente poder tentar recuperar o bem e prender a pessoa, solicitar a prisão da pessoa que tem realizado esses furtos, esses crimes patrimoniais”, disse.
Caso a vítima tenha câmeras de monitoramento em sua casa, as imagens devem ser levadas no momento do registro do boletim de ocorrência. “Se ela tiver conhecimento, se na casa dela tiver câmeras – o que hoje em dia é muito comum em várias residências localizar essas câmeras – que traga essas imagens para nós. Para conseguirmos passar para o setor de investigação. Ou mesmo de algum vizinho, alguma coisa nesse sentido, que ela traga junto para poder fazer o registro do boletim de ocorrência”, explica o Delegado.
Uma das reclamações dos moradores de Irati é em relação ao processo de investigação. Uma das situações que as pessoas apontam é a falta de recolhimento de digitais no local do furto ou roubo.
O delegado explica que esse procedimento não é realizado em todos os casos, mas apenas nos mais específicos. Ele ainda destaca que muitas pessoas têm desconhecimento sobre o procedimento correto. “Existe esse tipo de linha de investigação, mas é uma linha muito específica. São poucos os casos em que se é possível obter as digitais. Às vezes, a pessoa assiste algum seriado, enfim, algum filme e acaba achando que todo o procedimento se inicia dessa forma. Acaba se tornando um expert naquela situação, tendo em vista a série que ela assistiu, o filme que ela assistiu. Não é bem assim que acontecem as coisas”, disse Ribeiro.
Há situações em que não é possível fazer a coleta de digitais, mas quando há a possibilidade, quem faz esse trabalho são peritos de União da Vitória. “Nos casos, eventualmente, em que foram identificados que existe essa possibilidade, são casos muitos pontuais que são investigadas pelo Instituto de Criminalística de União da Vitória”, explica.
Contudo, a falta de efetivo faz com que a Polícia Civil possa realizar esse tipo de trabalho. “Nos casos em que há o que chamamos de furto qualificado que são casos como a escalada, como o arrombamento, a destruição de uma porta, nesses casos necessariamente a Polícia Civil vai até o local, para poder realizar um trabalho, que deveria ser realizado pela Polícia Científica e a elaboração de um laudo constatando aquela situação”, conta.
O delegado explica que a perícia é feita pelos policiais civis porque não há uma quantidade de profissionais suficientes na Polícia Científica. “Nós acabamos indo porque sabemos da dificuldade também da Polícia Científica, assim como a nossa, mas sabemos do quadro ainda mais deficitária da Polícia Científica para realizar esse tipo de perícia”, explica.
Outra situação que ocorre devido a isso, é o uso de fotos tiradas pelos próprios policiais militares na hora da ocorrência. “Os próprios policiais militares que atenderam a ocorrência, eles possuem fotos daquela porta arrombada, daquele teto que foi danificado, daquela telha que foi destruída e eles acabam encaminhando para gente. A partir dessas fotografias é elaborado esse laudo pericial a partir da nomeação do delegado de Polícia”, detalha.
Ribeiro aponta que a falta de profissionais é uma das dificuldades da perícia na região. “Sabemos o déficit que tem na Polícia Científica, que tem a própria Polícia Civil, que os papiloscopistas integram o quadro da Polícia Civil na realização desse tipo de perícia. A necessidade da vinda do Instituto de Criminalística, do aumento do efetivo da Polícia Civil, com a inserção de um papiloscopista, na medida em que há um aumento desses furtos em que exijam a presença de um papiloscopista”, conta.
A expectativa é que o concurso da Polícia Civil que deve ser finalizado até o fim do ano possa ajudar a reforçar o efetivo. Em 2021, o efetivo aumentou, mas ainda é necessário mais policiais. “O que eu posso afirmar é que tivemos um aumento de efetivo no nosso quadro policial de Irati. Não é um aumento desejável, a gente está caminhando, acredito eu, seja alcançado um número maior de policiais atuando”, destacou.
O delegado reforça ainda que o trabalho da investigação da Polícia Civil é velado. “O trabalho da Polícia Civil é um trabalho velado, justamente para poder sucesso da investigação. Muitas das vezes nós não podemos aparecer na rua como sendo polícia, senão acaba afastando as provas e evidencias. Esse é um trabalho velado, típico da investigação da Polícia Civil”, disse.
Por isso, nem sempre as pessoas vão ver os policiais nos locais dos crimes. “Às vezes, pelo fato de a pessoa não ver o carro da Polícia Civil passando, não significa que a Polícia Civil não esteve no local, mas tem estado de forma velada com o carro descaracterizado, com pessoas que não estão fardadas, mas com pessoas que estão executando seu trabalho”, explica.
Ribeiro ainda ressalta que os furtos de cabos de energia e telefone ocorrem porque há alguém que compra esses produtos. “A consequência do furto é ter alguém para vender. Ninguém vai furtar, principalmente cabos de energia elétrica, de fiação telefônica, ninguém vai furtar isso para alguém guardar. Querem fazer que isso vire dinheiro para poder gastar da maneira que assim lhes convier”, conta.
Por isso é importante que as pessoas estejam atentas para não comprar material roubado. Adquirir um objeto de furto ou roubo também pode ser um crime. “A pena da pessoa que recebe esses objetos de maneira criminosa, que recebe esses objetos sabendo que são objetos criminosos, são objeto de furto e roubo, ela é idêntica da pena de quem furta. Ou seja, a pessoa que recebe tem uma mesma pena da pessoa que furta. Às vezes, a pessoa não tem conhecimento, acha que está recebendo aquele objeto lá, pensando que não vai dar nada, quando na verdade existe sim uma punição, existe cadeia e tudo isso vai ser cumprido”, comentou.
A punição também pode acontecer em casos em que a pessoa não sabe que o objeto é furtado, mas desconfia e mesmo assim, compra o objeto. Isso pode acontecer em casos onde o preço é muito abaixo do valor de mercado. Por exemplo, uma moto que custa R$ 10 mil, ser vendida a R$ 1 mil. “Essa pessoa que está querendo passar essa moto não é de idoneidade moral, mas ela sabe que, às vezes, essa pessoa está envolvida com alguns outros crimes. Nesse caso, existe ainda a figura da receptação culposa, que chamamos, existe uma pena menor, mas ela vai ser punida. Ou seja, aquele espertinho que acha está pagando muito barato numa situação, num objeto que pode ser punido da mesma forma”, conta.
Em situações que a vítima descobre a localização do objeto roubado, o fato precisa ser comunicado para a Polícia Militar. “Caso a pessoa reconheça que viu algum objeto seu em outro local ou com outra pessoa, e reconhece aquele objeto, é importante que a pessoa faça o boletim de ocorrência dessa situação e chame a Polícia Militar imediatamente”, explica.
A Polícia Civil tem o Disque-Denúncia que as pessoas podem denunciar anonimamente. “O anonimato é garantido. A pessoa pode fazer a denúncia que nós vamos investigar. Só não vai ser exposta. Além do que ela facilita e agiliza o trabalho da Polícia Civil”, conta. O Disque-Denúncia funciona no número (42) 3422-5176. Esse número também pode ser usado pelo WhatsApp.
Em casos de prejuízos em patrimônios públicos, como no cemitério, a denúncia pode ser feita na Guarda Municipal pelo telefone 153 ou pelo número (42) 3423-2833. O patrulhamento da Guarda Municipal é 24 horas.