Josenei Greczyczyn participou do Trisome Games, em Florença, na Itália, entre os dias 15 e 22 de julho, e foi recebido com festa em Prudentópolis
Edilson Kernicki, com reportagem de Élio Kohut
Trisome Games 2016
O Trisome Games é uma competição paralímpica voltada especialmente a portadores de trissomia – uma condição genética que consiste na presença de três cromossomos de um tipo específico, em vez de dois, como é o caso da síndrome de Down.
Realizado entre os dias 15 e 22 de julho, o evento reuniu em Florença, na Itália, 1.000 atletas de 36 diferentes países, em competições de atletismo, natação, nado sincronizado, ginástica rítmica, ginástica artística, judô, tênis de mesa, tênis e futsal.
O Trisome Games é uma competição paralímpica voltada especialmente a portadores de trissomia – uma condição genética que consiste na presença de três cromossomos de um tipo específico, em vez de dois, como é o caso da síndrome de Down.
Realizado entre os dias 15 e 22 de julho, o evento reuniu em Florença, na Itália, 1.000 atletas de 36 diferentes países, em competições de atletismo, natação, nado sincronizado, ginástica rítmica, ginástica artística, judô, tênis de mesa, tênis e futsal.
O paratleta Josenei Greczyczyn foi recebido com festa em seu retorno a Prudentópolis, no sábado (23), depois de ter representado o Brasil durante os Trisome Games, em Florença, na Itália.
Josenei, que é aluno da APAE de Prudentópolis, foi escolhido em maio, pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para representar o Brasil na competição. Hexacampeão do Campeonato Brasileiro de Atletismo da ABDEM (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais), Josenei é considerado hoje como o atleta com síndrome de Down mais veloz do País.
Clique aqui e confira as fotos da competição e da chegada de Josenei em Prudentópolis
Josenei e o professor Júnior Bini, que o treina há 14 anos, foram acolhidos em Prudentópolis com uma recepção calorosa, numa carreata desde o Trevo do Ditzel até a sede da APAE. Bini, que foi técnico da seleção brasileira de atletismo durante o Trisome Games, conta que, durante a competição, as pessoas enviaram, através das redes sociais, muitas mensagens de carinho e de motivação para o atleta, o que o incentivou ainda mais na disputa pelas medalhas que ele conquistou durante as provas. Desde a convocação para os Trisome Games, que reuniu atletas de 30 países, os treinos de Josenei foram reforçados: de dois treinos semanais, ele passou a fazer três.
“Ele se saiu muito bem, acima das expectativas, para nós, que estávamos esperando uma medalha, ele conseguiu cinco. Se antes o Josenei era considerado o atleta com Down mais veloz do Brasil, hoje ele pode ser considerado um dos três mais velozes do mundo e o segundo melhor saltador do mundo”, exalta o treinador.
Josenei foi desclassificado na prova dos 100 metros
Na prova dos 100 metros, a primeira de que participou na competição, Josenei “queimou a largada” e foi desclassificado. O atleta acabou se confundindo com as linhas das raias da pista. Em vez de sair em linha reta, ele saiu em curva e invadiu duas raias da pista de 400 metros. Bini explica que, pela falta de uma pista de atletismo em Prudentópolis, o treino acaba sendo improvisado. “Como em nossa cidade não temos uma pista de atletismo, tenho que fazer os treinamentos ao lado da quadra da APAE. Devido a essa falta de estrutura na cidade quanto ao atletismo, isso ocasionou essa falha dele na saída, pois ele se confundiu com as raias, onde cruzam as raias dos 100 metros com as dos 400”, conta.
Prata nos 200 e 400 metros e no salto em distância
Já nos 400 metros, Josenei teve bom desempenho e garantiu a segunda colocação em sua bateria, ficando atrás apenas do costarriquenho Héctor Arce, medalha de ouro tanto nos 100 quanto nos 400 metros. Na soma dos tempos, Josenei ficou com o 3º lugar. Héctor Arce impôs um novo recorde na prova dos 400 metros: 1 minuto 08 segundos e 69 centésimos.
Na classificatória dos 200 metros, especialidade de Josenei, o prudentopolitano ficou em 1º na bateria, com o tempo de 29’30”. Em outra bateria, Hector Arce, da Costa Rica, fez um tempo menor: 29’11”. No segundo dia de corrida, na prova dos 200 metros, ambos conseguiram baixar seus próprios tempos. Josenei conseguiu reduzir sua marca para 28’87” e ficou com a prata. Héctor estabeleceu um novo recorde mundial na prova: 28’30”.
Josenei conquistou outra prata no salto em distância, apesar de não conseguir reproduzir o salto de mais de 4 metros que chegou a fazer durante os treinos aqui no Brasil. A marca de Josenei na prova de salto em distância foi de 3,83m e ficou com a prata, empatado com o italiano Gabriele Rondi, recordista mundial da modalidade, com um salto de 4,28m, realizado em 2014, em Grosseto (Itália).
O francês Nicolas Virapin conseguiu um salto de 3,99m. Tanto o brasileiro quanto o italiano fizeram apenas dois saltos, o primeiro e o terceiro, pois foram chamados para concorrer na prova dos 400 metros. O francês conseguiu o maior salto já na primeira tentativa. Na mesma prova, outro brasileiro, Paulo Alexandre Tozzi, ficou em 8º, com 3,30m, na classificação final.
Dois bronzes no revezamento
Tanto no revezamento 4×100 quanto no 4×400, os brasileiros ficaram com o bronze.
Bini destaca que, na primeira metade da prova dos 400 metros, Josenei chegou a ultrapassar o costarriquenho Héctor Arce, que é o mais veloz do mundo.
“Conversando com o pai do Hector – que também é treinador do atleta – ele disse que nunca ninguém tinha ultrapassado o filho dele e o Josenei foi o primeiro. O Héctor se assustou com o Josenei e se superou, tanto que até bateu o recorde mundial. Isso é para vermos que o Josenei tem, sim, um grande potencial de ser campeão mundial. O que nos falta é uma pista de atletismo. Na nossa cidade, faz falta uma pista para treinarmos, não só ao Josenei como aos outros atletas, de outras escolas, seria muito interessante”, comenta o treinador de Josenei.
O treinador agradeceu à diretora da APAE de Prudentópolis, Miriam dos Santos Marconato, e ao presidente da APAE, Júlio César Kotsko, pelo apoio prestado desde a convocação do atleta pelo Comite Paralímpico Brasileiro (CPB), pois, a princípio, Júnior Bini teria que arcar com as despesas para acompanhar Josenei até a Itália, e ambos correram atrás de recursos para tal. Também agradeceu ao apoio financeiro da Federação das APAEs e a toda a torcida de Prudentópolis e da região, pelas mensagens de incentivo e pela recepção na volta da viagem.
Nelson Greczyczyn, pai de Josenei, falou que jamais esperava que o filho pudesse ir tão longe. Por outro lado, ficou muito feliz com o desempenho e com as conquistas alcançadas por Josenei.