Atendimento de casos de Covid-19 em Irati continua em ginásio

Em entrevista à Najuá, coordenador do Centro de Operações Especiais e Fiscalização (COEF), Agostinho Basso,…

21 de novembro de 2020 às 16h23m

Em entrevista à Najuá, coordenador do Centro de Operações Especiais e Fiscalização (COEF), Agostinho Basso, falou sobre locais de atendimento da Covid-19 e repassou orientações sobre prevenção da doença

Coordenador do COEF, Agostinho Basso. Foto: Jussara Harmuch

O atendimento em Irati para pessoas com sintomas ou diagnosticadas com Covid-19 continua sendo realizado no ginásio Fortunato Colaço Vaz ao lado da Paróquia Perpétuo Socorro. Anteriormente, havia sido divulgado de que o atendimento mudaria para o Centro da Juventude.

Segundo o coordenador do Centro de Operações Especiais e Fiscalização (COEF), Agostinho Basso, a possibilidade foi pensada, mas a equipe constatou que seria difícil fazer a higienização do local. “Nós tivemos um problema lá porque algumas paredes têm forração, como se fosse um carpê. Então, seria inadmissível levar pessoas contaminadas ou para consultas médicas porque não tem como fazer uma limpeza ideal. O espaço para a população sentada esperar é pequeno”, explicou. 

Apenas a equipe de monitoramento será deslocada para o local. Atualmente, são 15 profissionais que realizam o monitoramento, por telefone, de mais de 900 pessoas contaminadas ou suspeitas de ter a Covid-19. 

A Unidade Básica de Saúde (UBS) François Abib, no bairro Joaquim Zarpellon, ainda continua fechada já que funcionários foram contaminados e ainda estão em período de isolamento. Já a UBS Adhemar Vieira de Araújo voltou ao atendimento normal de outras consultas, já que poderia haver dificuldade para atender os casos suspeitos de Covid-19 de forma segura.

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Desse modo, as consultas, exames e a unidade sentinela continuam no ginásio Fortunato Colaço Vaz, que atende das 7 às 19h, de segunda-feira à sábado. “O Pronto Atendimento [UPA da Vila São João] deve ser usado somente para urgência e emergência, isso o próprio nome já diz, e se for o caso, eles até fazem a coleta à noite e aos finais de semana, mas pedimos que em horário comercial, das 7h da manhã às 19h, se dirija ao ginásio. Lá tem 230 lugares sentados na cadeira, com distanciamento. Colocamos agora um ar-condicionado para dar um conforto melhor, e lá já tem consulta, remédio e tudo mais”, explica Agostinho. 

Sem vagas

Com o aumento de casos, a Santa Casa de Irati não possui mais leitos vagos para atendimento da Covid-19. A falta de leitos já fez com que iratienses sejam transferidos, como um caso de paciente internado em Guarapuava.

No mapa da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), Irati faz parte da Macrorregião Leste, que reúne desde Laranjeiras do Sul, à Grande Curitiba, chegando a São Mateus do Sul. Esta região possui apenas 95 leitos livres. “Nós atingimos ontem 82% de lotação”, conta o enfermeiro. 

A preocupação é que o aumento possa colapsar o sistema. “Nossa preocupação maior é (Deus nos livre) que entre em colapso os equipamentos de saúde. O que são os equipamentos de saúde? São as UTIs e os leitos de enfermaria, mas na UTI é o respirador”, disse. 

Agostinho explica que em Irati, esse aumento ainda é devido ao primeiro feriadão de novembro, mas que a perspectiva é que os números podem aumentar. “Estamos colhendo os frutos do Finados. Até o final do mês e começo de dezembro vamos colher todo o fruto da campanha eleitoral mais acirrada que foi os últimos 15 dias e também o dia 15, que foi a eleição. E como se não bastasse isso, temos toda uma saída do pessoal para o comércio, por causa do Natal. A própria festa do natal, que pega o fim de semana e mais alguns dias. E mais o Ano Novo”, alerta. 

Denúncias

Além disso, os órgãos de saúde receberam denúncias de pessoas que foram diagnosticadas com Covid-19, mas que não respeitam o isolamento social. “Muitas pessoas não estão obedecendo essa orientação e estão indo para o local de trabalho, levando risco tanto para sua empresa, quanto para colegas de trabalho, quanto para clientes”, conta. 

Ele ainda informa que os casos denunciados já estão sendo analisados. “Nós estamos com nossas linhas de telefone congestionadas na epidemiologia [Vigilância Epidemiológica] de tantas denúncias que recebemos de nomes dessas pessoas. Estão sendo encaminhadas todas ao Ministério Público, que também está fazendo seu trabalho, porém, sabemos que o Fórum continua fechado”, relata Agostinho. 

O enfermeiro destaca que mesmo pessoas que tiveram contato com alguém diagnosticado com Covid-19, mas estejam esperando o resultado do exame e não tenham sintomas, precisam cumprir o período de isolamento. Isso também vale para pessoas que realizaram teste na Secretaria de Saúde, mas acabou também fazendo testes em farmácias ou estabelecimentos particulares porque o resultado demorou.

O coordenador explica que isso tem acontecido por causa da sobrecarga do sistema. Com apenas 15 profissionais tendo que acompanhar mais de 900 casos, o atendimento por telefone pode demorar. “A epidemiologia está entrando quase em colapso nas suas linhas telefônicas, isso traz um transtorno para nós. O que pedimos para todos: você que fez o exame, já é positivo, mas ainda o monitoramento não entrou em contato, fique em casa. Se você não tem sintomas ou tem sintomas leves não precisa sair, não precisa ir na farmácia, o monitoramento vai entrar em contato com você. Isso tem demorado de fato de dois a três dias porque não estamos conseguindo dar conta dessas 900 pessoas”, disse. 

Com atrasos de dois a três dias na comunicação dos resultados, muitas pessoas procuram realizar os testes de forma particular, mas Agostinho alerta que é preciso estar atento ao dia da realização do teste. Isso porque cada exame e cada situação exige um protocolo. Se não for obedecido, o resultado pode dar errado. É o caso do RT-PCR que para dar um exame confiável precisa ser feito entre o terceiro e o quinto do dia, após a aparição dos sintomas.

O coordenador do COEG exemplifica o que pode acontecer caso os protocolos não sejam obedecidos. “O patrão mesmo resolve pagar o exame lá do laboratório. Só que em vez de fazer o PCR, faz o exame de antígeno. O exame de antígeno também não pode ser feito no dia que a pessoa quer, tem todo um protocolo para ser feito se não vai dar um falso negativo. Aí ela volta trabalhar, o patrão pede que ela volte, mas ela estava no período de incubação, que é entrar em contrato com o vírus e apresentar os primeiros sintomas – no Covid é 12 dias. Ela tem um exame negativo, mas não é verdadeiro porque estava num período de incubação e ela acaba voltando. Quando começam os sintomas, acaba transmitindo para a empresa inteira”, explica. 

A pessoa que for diagnosticada com Covid-19 só pode sair de casa quando os sintomas se agravarem, como no caso de dificuldade de respiração. Quem possui sintomas leves ou nenhum sintoma precisa também estar atento aos cuidados básicos como evitar contato com outras pessoas, manter o isolamento social e ter o ambiente arejado. Quem compartilha casa com outras pessoas, como familiares, precisa evitar utilizar louças, talheres e outros utensílios compartilhados. 

Quem precisa apresentar atestado na empresa, pode enviá-lo por WhatsApp ou pedir para algum conhecido levar o documento. O documento emitido já possui nomes de outros familiares que moram na mesma habitação e pode servir de atestado, caso os exames não tenham chegado ainda. 

Fechamento de comércio

Com a alta no número de casos e a falta de vagas na Santa Casa de Irati, o coordenador comentou que o fechamento do comércio chegou a ser discutido, mas que a decisão foi de manter aberto, com as medidas preventivas, para não agravar a crise econômica. “O ideal claro seria o fechamento, seria de repente suspender vários segmentos. Mas tendo em vista a situação de crise que enfrentamos, o Brasil atingiu 14 milhões de desempregados, fora os desalentados, ou seja, aqueles que já nem saem há mais de dois anos para procurar emprego, nós sabemos que apesar de a saúde ser o principal objetivo, temos que pensar na manutenção da renda quanto a manutenção do emprego”, avalia Agostinho.  

Na próxima semana, uma equipe fará uma operação em estabelecimentos comerciais, bares e restaurantes, orientando sobre as medidas que devem ser respeitadas. “Vamos fazer nesse primeiro momento essa questão orientativa novamente. Hoje começou carro de som a falar na cidade, com a voz do próprio prefeito, colocando para a população essa necessidade”, disse. 

Espaços como Parque Aquático ainda estão abertos, apenas os brinquedos e equipamentos de ginástica não podem ser utilizados. Os ambulantes continuam trabalhando no parque, mas devem seguir as recomendações, como uso de máscara e distanciamento social. A equipe também deverá percorrer pontos como esse orientando os vendedores.

As multas para quem não obedecer às medidas de prevenção ainda continuam valendo, mas segundo o coordenador, o objetivo da equipe neste primeiro momento é de orientação. “Apesar de nove meses depois, você ter que fazer de novo uma orientação quando o povo sabe se cuidar, mas de fato nossa função não é autuar, não é multar, é muito mais conscientizar e sensibilizar”, disse. 

Celebrações religiosas

As celebrações religiosas continuam ocorrendo em Irati, mas eventos, como a Crisma na igreja católica, podem ser suspensos. Segundo Agostinho Basso, que também é diácono, a diocese de Ponta Grossa está avaliando a questão. “A gente definiu que vai esperar agora esse final de semana e daí os padres do Setor 7 que contempla Irati, Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares, eles devem reunir-se e conversar ao menos, via WhatsApp, para definir a partir de segunda. Mas pelos números que estão aqui, tudo indica que serão suspensos, deverá ser feito em outro momento. Mas ainda não é definição 100%”, disse. 

A expectativa é que até quarta-feira (25) se tenha uma decisão.

Ginásio Fortunato Colaço Vaz funciona como unidade referência no atendimento da Covid-19. Foto: Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Irati 
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