Alunos do Colégio Florestal produzem treliças de madeira com software de engenharia

Materiais para produção das treliças, testadas durante o programa Espaço Cidadão, foram doados pelo Colégio…

02 de junho de 2025 às 21h44m

Materiais para produção das treliças, testadas durante o programa Espaço Cidadão, foram doados pelo Colégio para os alunos realizarem o projeto/Paulo Sava

Estudantes do Colégio Florestal produziram, de forma interdisciplinar, treliças de madeira através da utilização de um software de engenharia. Os materiais produzidos foram testados durante o programa Espaço Cidadão, da Super Najuá, transmitido direto do Centro Florestal de Educação Profissional Presidente Costa e Silva. A madeira utilizada na produção das treliças (conhecidas popularmente como “tesouras”, estruturas que sustentam os telhados de casas e barracões) foi doada pelo Colégio Florestal.

O Colégio conseguiu adquirir alguns equipamentos em parceria com o Governo Federal para serem utilizados pelos alunos durante as aulas práticas. Entre eles, está uma prensa, que foi utilizada durante os testes das treliças, conforme a diretora do colégio, Mariane Pierin Gemin. “Os nossos estudantes de 3ª série estão finalizando o currículo do Novo Ensino Médio, e dentro disso conseguimos adquirir alguns equipamentos em parceria com o Governo Federal, o que nos proporcionou um avanço muito grande através destes testes, com os novos trabalhos feitos pelo professor Everton, junto à disciplina de Tecnologia de Produtos Florestais”, comentou.

O professor Igor Zampier, um dos diretores do Colégio Florestal, afirma que os alunos estudaram bastante para fazerem o teste de resistência das treliças. “Hoje é o dia em que a gente prova que toda a teoria de sala de aula foi bem aplicada. O teste de resistência das treliças, os alunos estudaram bastante e envolve mais componentes curriculares, como a Física e a Tecnologia de Produtos Florestais. A coordenação de curso apoia todo este processo. Para nós, é muito gratificante ter este trabalho sendo desenvolvido aqui e a participação de professores e alunos nestas práticas para nós é fundamental. São estudantes que concluem neste ano o curso Técnico em Florestas, ficaram conosco durante os três anos, e hoje é um dia de prova prática para eles”, destacou Igor.

O professor Gilcinei Linhares é um dos responsáveis pela criação do projeto, que é um componente curricular do curso Técnico em Florestas. Ele conta como a atividade foi idealizada. “Nós temos várias atividades parecidas com esta, mas esta é uma atividade normal da disciplina de Tecnologia de Produtos Florestais. Conversando com o professor Everton, ele falou que a primeira atividade já foi surpreendente e esta foi mais ainda pela qualidade das treliças produzidas. Vamos elevar o nível e fazer um evento de rompimento. O que para nós é natural, a sociedade acaba não vendo e não sabendo o que fazemos aqui. Então, isto é o dia a dia do aluno do Técnico em Florestas: trabalhar com a floresta, com madeira e produzir estruturas que fogem um pouco ao natural das outras escolas”, pontuou.

Onde as treliças podem ser utilizadas?

Gilcinei contou em que tipos de construções as treliças podem ser utilizadas. “Isto são estruturas para coberturas de barracões, casas e outras situações. São como se fossem as vigas, estruturas para realizar a cobertura em si. Quando fazemos a projeção de uma cobertura, temos que fazer vários cálculos, e dentro da engenharia é bem complexo. Não é simplesmente pegar a madeira e fazer uma estrutura do jeito que eu achar melhor. Pela espessura, pela qualidade da madeira e pelo modo de elasticidade, rompimento e movimento de inércia, são variáveis que os alunos acabam aprendendo aqui e conseguem definir qual vão eu posso fazer, quanta carga eu consigo aguentar, quanto comprimento e força esta treliça vai aguentar. De maneira mais leiga, são as tesouras que temos em casa, que fazem a cobertura, mas cada tesoura tem vários nós, jeitos e modelos de montar, eles precisam ser testados e é isto que estamos fazendo hoje aqui”, afirmou.

O professor Everton Tavares, que coordenou as ações, elogiou os alunos pela realização do projeto e contou que os estudantes decidiram fazer as treliças depois de ganharem destaque ao fazerem projetos de pontes com palitos de picolé. “Nossos alunos do 3º ano fizeram um projeto muito bom que se destacou. O 1º projeto deles foi de pontes com palitos de picolé, com o qual eles superaram algumas turmas de Engenharia nos resultados. Com isso, eles provocaram e queriam uma coisa com maior potencial. Acabamos indo para as treliças, o colégio cedeu o material, então todos tinham a mesma quantidade de material e eles desenvolveram modelos que eles buscaram, procuraram, por parte deles até a construção e tudo o mais. Os alunos queriam entender mais a prática da disciplina, trazer mais para a realidade deles, e provocaram a situação”, pontuou.

No momento do teste, os professores avaliaram os métodos construtivos utilizados pelos alunos e como eles fizeram as travas dos pedaços de madeira. Uma das treliças foi colocada em uma prensa com manômetro, objeto utilizado para medir a força que o objeto construído conseguiria suportar.

Técnicas utilizadas nos projetos

O estudante Marcos, do curso Técnico em Florestas integrado ao Ensino Médio, utilizou um software para fazer o projeto de uma das treliças. Ele conta como foi esta experiência. “Eu usei o FTool, que é um software mais básico, para aprender. Eu não sabia mexer, mas o professor foi me ajudando e saiu este projeto”, contou.

EPIs

Enquanto os testes das treliças eram feitos, todos os envolvidos utilizavam equipamentos de proteção individual (EPI). O professor Gilcinei destacou a importância da utilização destes equipamentos. “Isto é muito importante, em toda situação de teste e de trabalho você tem que proteger o operador. Em toda situação, usar o equipamento de proteção individual é o mínimo, precisamos estar protegidos contra qualquer coisa que possa vir a ocorrer fora do previsto”, afirmou.

Avaliação

Depois do teste feito, o professor Everton contou qual foi a avaliação da força suportada pelo material produzido pelos alunos. “Ela rompeu bem no centro, depois vamos conferir o quanto de força que foi aplicado, mas pode ver que ela foi bem projetada, distribuindo todo o peso na estrutura, rompendo exatamente no meio, onde já era esperado. Passamos possivelmente de 100 a 150 kg”, frisou.

O estudante Orlando ajudou a montar a treliça que foi testada. Ele conta como surgiu a ideia do projeto. “Nos reunimos na minha casa, produzimos a treliça. Eu comprei os equipamentos para fazer, tive que ver uns vídeos e projetos diferentes, fomos fazendo todos os componentes e finalizamos ela usando pregos, madeira e parafusos. Fizemos o projeto no caderno, não utilizamos software, fizemos na base do desenho e deu certo”, contou o estudante.

Everton conta que todos os alunos tiveram a oportunidade de aprender a fazer projetos no caderno e no computador. “Todos tiveram a mesma condição: eles fizeram no caderno e alguns grupos se destacaram indo para o software. A ideia é que eles saibam fazer manualmente, pois na vida profissional às vezes eles não vão ter tempo ou acesso a algumas ferramentas mais avançadas. Por isso, eles têm que saber o básico”, comentou o professor.

Material utilizado

Todas as treliças foram feitas com madeira de pinus de reflorestamento do próprio colégio, todas padronizadas com uma polegada de espessura e 16 metros lineares de comprimento. Elas foram produzidas em escala reduzida. Segundo Gilcinei, este conhecimento é importante para que os estudantes possam, futuramente, saber produzi-las em tamanho real.

“Eles, sabendo fazer em escala reduzida, vão conseguir fazer na realidade, pois o cálculo em si, o desenho e a estruturação, o projeto são os mesmos. Em escala reduzida, fica mais fácil de testarmos. Ficaria muito grande para usarmos elas em escala real, mas quem sabe no ano que vem talvez façamos isto, este foi só o primeiro”, comentou.

Os estudantes participaram de todas as etapas do processo de produção, desde a coleta dos materiais no campo, passando pelo processamento das madeiras na serraria e chegando à montagem. Segundo Gilcinei, o público em geral também pode conhecer os trabalhos realizados pela instituição. “Tudo o que fazemos aqui é aberto ao público, trabalhamos nos três turnos, manhã, tarde e noite. Sempre que a população tiver alguma dúvida ou pergunta, pode nos chamar pelas redes sociais ou vir pessoalmente aqui, sempre estamos disponíveis. Um pouco do que fazemos, vamos colocando lá no dia a dia”, finalizou.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre os trabalhos realizados pelos alunos do Colégio Florestal pode acessar as redes sociais da instituição ou então visitar o Colégio, na Avenida Paraná, 1000.

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