Programa da Secretaria de Estado da Educação (SEED) visa alcançar até 17 mil alunos de todo o Paraná e objetiva reduzir o analfabetismo entre jovens, adultos e idosos, com a oferta de educação inclusiva. Em Irati, há pelo menos 1.400 adultos sem alfabetização/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista realizada por Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Estão abertas, até o dia 15 de maio, as inscrições para o programa Alfabetiza Paraná, que oferece aulas gratuitas para jovens, adultos e idosos que desejam aprender a ler e a escrever. O Alfabetiza Paraná deve alcançar até 17 mil alunos em todo o estado. As aulas devem se iniciar tão logo se encerrem as inscrições, entre o final de maio e o início de junho.
“Todas as pessoas acima de 15 anos, que não puderam se alfabetizar na idade certa, que não tiveram essa oportunidade, podem se inscrever. O programa é voltado para jovens, adultos e idosos que não se alfabetizaram na idade certa”, frisa a técnica pedagógica da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Valéria Caimi, coordenadora pedagógica estadual do Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação Profissional na EJA.
As inscrições podem ser feitas neste link (https://aluno.escoladigital.pr.gov.br/alfabetiza-parana), ao clicar no botão amarelo “Faça sua inscrição”. Porém, como as inscrições são para pessoas que não conseguem ler ou escrever, Valéria comenta que familiares, a comunidade e quem trabalha com essas pessoas que não tiveram oportunidade de se alfabetizar devem se mobilizar para ajudá-los a se inscrever. Também é possível fazer a inscrição em qualquer escola ou colégio da rede estadual de ensino mais próxima de sua casa.
“Dirija-se a uma escola da rede estadual com seus documentos pessoais – CPF, RG e um comprovante de residência – para que, ao chegar à escola, sua matrícula nesse programa possa ser feita”, orienta Valéria. A técnica pedagógica acrescenta que deve ser informado também um telefone de contato, para manter a comunicação com o aluno quando as aulas começarem.
Segundo a coordenadora pedagógica, o programa de alfabetização é preparado especialmente para adultos, com material didático elaborado para esse público, já com vivência. Além do letramento alfabético, serão realizadas aulas de matemática básica. “O programa é com pessoas preparadas, os alfabetizadores, que têm essa prática, esse conhecimento já para trabalhar com esse público”, afirma.
Duração das aulas
A previsão do programa é que as aulas sejam realizadas em todos os municípios paranaenses. “As aulas são duas noites por semana. Então, não é todo dia. Como é um público-alvo que é trabalhador, as aulas são no período noturno, com duração de quatro horas-aula. A hora-aula é menor, de 50 minutos. Como são duas vezes por semana, a pessoa não precisa ir todos os dias à escola. [O curso] tem duração de seis meses. Em seis meses, essa pessoa vai estar preparada já para ler, escrever, grafar o seu nome. É o início de um processo antes da escolarização formal, digamos assim”, explica Valéria.
Quem se inscrever no programa Paraná Alfabetizado vai receber gratuitamente todo o material didático e um kit escolar, com todo o material necessário para os seis meses de alfabetização. Além disso, vai receber alimentação no local, no dia das aulas, porque muitos alunos vão direto do trabalho para a escola.
Contratação dos alfabetizadores
O alfabetizador popular, que será quem vai ministrar as aulas, também receberá uma bolsa do governo do Estado, no valor de R$ 1.200 mensais. Os recursos são oriundos do saldo remanescente de R$ 17 milhões, repassados pelo Governo Federal no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado (PBA). A bolsa visa custear despesas com atualização e custeio das atividades, sendo paga pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR). Cada alfabetizador terá carga horária de 12 horas-aula semanais, sendo dez horas-aula para as atividades de alfabetização e outras duas para reuniões de formação. Cabe a esses profissionais identificar e cadastrar os alunos alfabetizandos, organizar as turmas, aplicar testes de desempenho e manter os registros de frequência dos alunos.
Esses profissionais foram convocados por meio de edital de chamamento público para seleção e classificação. “Tivemos um índice bem alto de inscrições, mais de 4 mil pessoas se inscreveram para esse processo seletivo. Já estamos indo para o quinto chamamento. Essas pessoas vão sendo chamadas, esses alfabetizadores. O programa tem uma peculiaridade bem interessante que o próprio alfabetizador pode montar sua turma. Então, essas pessoas geralmente já são conhecidas na comunidade, já são líderes nas comunidades e elas vão indicando essas pessoas que não foram alfabetizadas para se tornarem seus alunos nesse programa. É possível que tenha um alfabetizador no seu bairro, na sua comunidade, na sua igreja e você nem saiba”, comenta a coordenadora pedagógica. Em todo o Paraná, cerca de 1.200 mil alfabetizadores devem atuar no programa, distribuídos em todos os Núcleos Regionais de Educação (NREs), incluindo o de Irati.
Irati possui 1.400 pessoas sem alfabetização
Segundo Valéria, o Paraná é, atualmente, o 6º estado brasileiro no ranking de índice de alfabetização. “Mas ainda existe no Brasil uma população de mais de 340 mil pessoas, pelo Censo de 2022, que ainda são analfabetas. São dados preocupantes. Por trás de cada número, tem uma pessoa, uma mãe, um pai, uma avó, um avô”, enfatiza.
Em Irati, esse índice chega a 1.400 pessoas sem alfabetização. “É um número que pensamos ‘nossa, onde estão essas pessoas?’. Se você conhece alguém que não é alfabetizado ou se você mesmo não é alfabetizado, busque uma escola da rede estadual para que possa, ainda em 2025, sair desse quadro de não alfabetizado, para que você possa mudar sua vida ou mudar a vida de alguém que você conheça. Aprender a ler e a escrever é um direito e um direito básico de todos nós. Contamos também com o apoio da população de Irati”, ressalta Valéria.