Água de fonte no Pinho de Cima apresenta níveis altos de contaminação

Resultado da análise da água que serve as famílias do Pinho de Cima que vivem…

03 de novembro de 2011 às 09h03m

Resultado da análise da água que serve as famílias do Pinho de Cima que vivem ao redor do aterro sanitário sai e mostra alto nível de contaminação
Jussara Harmuch Bendhack

© Jordani Andrade

Fonte utilizada para o abastecimento das residências próximas ao aterro sanitário de Irati
A partir da série de reportagens sobre o lixo realizadas pela Rádio Najuá no decorrer do ano, a equipe de reportagem se deparou com a situação precária de abastecimento de água de cerca de 10 famílias que vivem ao redor do aterro sanitário de Irati, na comunidade de Pinho de Cima. Sensibilizada com a reivindicação dos moradores que esperam há 10 anos pela instalação de uma rede de abastecimento, a Najuá procurou informações adicionais e realizou entrevistas com representantes do município para tentar auxiliar as famílias e a situação fosse encaminhada de maneira satisfatória.

A Sanepar respondeu, através de nota de sua assessoria de comunicação, que as comunidades providas por sistemas de abastecimento rural são de responsabilidade dos municípios.

De acordo com o prefeito Sérgio Stoklos, existe previsão da construção de uma rede de abastecimento de água na região que ainda não foi feita porque o plano de governo está dando sequências a outras prioridades e a burocracia que envolve o processo licitatório estaria impedindo a concretização imediata. Mas ele garantiu que a rede será construída ainda no seu mandato.

Em contato com a Vigilância Sanitária Municipal, foi solicitado uma coleta de amostra da água utilizada por estes moradores que provém de uma fonte, pouco mais distante das residências que ficam ao redor do aterro sanitário. Desde que os poços que ficavam ao lado de suas casas foram lacrados devido à instalação do aterro, eles passaram a usar a água da fonte que nunca havia sido examinada. Passaram-se 10 anos e o sistema de encanamento provisório que leva a água dpara as residências continua o mesmo. Uma rede de canos de plástico estreitos foi instalada para evitar que o transporte da água fosse feito manualmente, com recipientes, durante todo este tempo.

Por conta própria, o setor de vigilância municipal providenciou outra coleta na região de Pinho de Baixo e em outros pontos das proximidades que já compunham o cadastro de monitoramento da Vigilância.

© Reprodução

Laudo da UEPG
Resultado

O exame da amostra coletada na região do Pinho de Cima mais próxima do aterro foi realizado pelo laboratório da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, que mantém convênio com a 4ª Regional de Saúde. O resultado apontou níveis elevadíssimos de Coliformes totais – 2.419,6/100 ml – e de Escherichia coli – 41,0/100 ml -, além da grande turbidez – 63,1 -e ausência de flúor, o que já era esperado, conforme pode ser atestado pelo laudo que obtivemos (ver figura ao lado).

A Escherichia coli é uma bactéria considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos.

Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano de acordo com a Portaria MS n° 518, de 25 de março de 2004:

Escherichia coli em 100 ml – Ausência total

Coliformes totais – Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês: Ausência em 100 ml em 95% das amostras examinadas no mês; Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês: Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100 ml.

Estes padrões se referem à água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras.

A normativa que especifica o assunto é a Portaria MS n° 518, de 25 de março de 2004. Nessa portaria, foram dispostos os procedimentos e as responsabilidades relativos ao controle e à vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.  De acordo com o Art. 3.º, é de responsabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal a adoção das medidas necessárias para o fiel cumprimento da normativa.

Enquanto o sistema definitivo não é instalado

Um termo de vistoria foi encaminhado pela direção do departamento municipal de Vigilância Sanitária atestando que a água é imprópria, mas com a indicação que “não é possível afirmar que o mesmo [aterro sanitário] está contaminando a água, pois pela forma de vedação e coleta da água nestes pontos eles estariam contaminados mesmo estando em uma localidade distante do aterro sanitário”. O mesmo documento sugere algumas medidas para a viabilização do consumo desta água que incluí fervura antes do consumo, o tratamento com o uso de hipoclorito de sódio e também a instrução para “abastecer suas residências com água proveniente do poço artesiano do Pinho de Cima através de galões de 200 litros, por exemplo, pois há famílias que possuem condições de fazer essa ação, pois possuem tratores e constantemente se deslocam até a localidade do Pinho de Cima”.

© Jordani Andrade

Uma rede provisória de canos de plástico foi instalada para facilitar o transporte da água até � s residências
Lembrando que o sistema de canos que conduz a água da fonte até as residências foi instalado há 10 anos com o objetivo de, maneira provisória, evitar que o transporte manual, mais penoso. Veja as fotos do local.

A orientação sobre o tratamento da água com hipoclorito de sódio e a fervura antes do consumo, garantem a potabilidade da água. Estes cuidados atendem a necessidade premente e resolvem a situação de maneira transitória, mas não devem ser os únicos.

Em contato com o Serviço Regional de Vigilância Sanitária Estadual, a reportagem da Najuá foi informada de que em situações como esta, o correto seria fazer um reservatório coletivo no local para armazenar a água da fonte com a instalação de um hidrogetor que garantisse a cloração desta água, tornando-a potável e também a rede de distribuição aos moradores.

Você pode conhecer as outras matérias da série de reportagens sobre o lixo logo abaixo, no saiba mais.

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