Agricultores bloqueiam trecho da BR 277

25 de julho de 2016 às 10h30m

Protesto foi realizado contra a reforma da Previdência Social e o fim do MDA, anunciados recentemente pelo presidente da república, Michel Temer

Paulo Henrique Sava
Agricultores familiares bloquearam os dois sentidos da rodovia BR-277 na manhã desta segunda-feira, 25, no distrito industrial de Irati. O protesto reuniu agricultores ligados à Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Paraná, à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e aos Sindicatos dos Produtores Rurais de Irati e outros municípios da região.
Os agricultores bloquearam a rodovia para protestar contra a reforma na Previdência Social, anunciada recentemente pelo Governo Federal. Uma das alterações na Previdência mudaria a idade mínima para aposentadoria das mulheres que trabalham na agricultura familiar de 55 para 60 anos, e dos homens de 60 para 65 anos. Foram realizadas diversas mobilizações em todo o Brasil contra a proposta.
Segundo Nei Everaldo, um dos coordenadores do movimento em Irati, a reforma da Previdência trará outro indexador para o reajuste do salário mínimo, o que poderá causar prejuízos para os agricultores. Além disso, os agricultores também protestaram contra o fim do Programa de Habitação Rural e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), anunciados recentemente pelo presidente em exercício da República, Michel Temer.
“Nós somos contra isso, e somos contra a extinção do MDA, pois isto trará grandes prejuízos para os agricultores e para a classe trabalhadora. Por isto, nós deixamos as nossas propriedades e viemos às ruas para protestar contra estas questões que nos excluem e nos tiram direitos”, pontuou.
Com o bloqueio, os dois sentidos da rodovia tiveram grandes filas de automóveis, ônibus e caminhões. Os manifestantes chegaram a queimar pneus no local.  
Edilson Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Irati, opina que o protesto é justo por conta dos direitos que, segundo ele, vem sendo tirados dos agricultores. “Todas as reivindicações foram conquistadas pela agricultura familiar. Hoje, a cada dia, nós estamos retrocedendo e diminuindo os nossos direitos. Por isto, esta manifestação aconteceu em Irati e no Brasil, para que os agricultores familiares, que produzem alimentos no dia a dia, não fiquem sem os seus direitos”, comentou. 

Outros municípios

Representantes de sindicatos de outros municípios também participaram do manifesto em Irati. Roselaine de Fátima Barausse, presidente do sindicato de Palmeira, comenta que o protesto serviu também para marcar o dia do Trabalhador Rural, comemorado hoje. “Por isto, estamos fazendo esta manifestação, e pedimos a compreensão de todos aqui. Todos os sindicatos da região estão unidos com os agricultores, requerendo os seus direitos”, frisou.

Nelson Dias da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São João do Triunfo, comenta que os direitos dos agricultores estão sendo ameaçados. “Nós estamos lutando. Junto, pedimos o apoio das pessoas da cidade, porque todos os trabalhadores, tanto quem vai se aposentar como quem já está aposentado, está com seus direitos ameaçados”, comentou. 

Opinião dos agricultores e motoristas

A reportagem da Najuá ouviu alguns agricultores e motoristas que participaram do movimento. Para Juraci Emival, de Rio Azul, os produtores querem impedir que seus direitos sejam retirados com a reforma da Previdência Social. “Isto é para nós, para os caminhoneiros, nós não queremos que aumente a idade para aposentadoria em cinco anos e estamos fazendo protesto contra”, opinou.

A agricultora Maria de Lourdes Paula, moradora de Rebouças, apoia o movimento por defender seus direitos. Já a aposentada Maria Túlio, diz que participou do movimento em nome de sua família. Ela conta que tem um filho com câncer e que perdeu o auxílio-doença que vinha recebendo. “Eu estou lutando por eles. São os nossos direitos como agricultores pelo futuro da agricultura”, destacou.
Iraci de Lima, moradora de Teixeira Soares, diz que é favorável ao movimento por conta do sofrimento pelo qual os agricultores vêm passando nos últimos anos. “A classe mais pobre, eles [Governo Federal] estão massacrando, e não está fácil de viver no campo do jeito que eles estão fazendo. Se o campo parar, a cidade vai morrer de fome”, resumiu.
O representante comercial Fábio Trindade, morador de Florianópolis/SC, que passava por Irati, disse ser favorável ao movimento. No entanto, ele opina que este tipo de protesto não pode interferir no direito de ir e vir das pessoas. “Isso complica porque, por exemplo, eu estou indo a trabalho para Cascavel e agora estou há mais ou menos uns 30 minutos parado aqui. Isto vai me atrasar para a reunião que eu tenho lá”, comentou. 
Tráfego liberado

A concessionária Caminhos do Paraná informou no fim da manhã que os dois sentidos da rodovia já haviam sido liberados para o tráfego.  
No período da tarde, os agricultores realizaram outro manifesto em frente ao INSS de Irati. 

Outro protesto

Outros movimentos foram registrados na Lapa, onde representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram bloqueios em rodovias próximas.
Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.