Márcio Thomaz cultiva oliveiras desde 2016. Ele foi eleito presidente da Associação dos Produtores de Oliveiras do Paraná (Olivapar), lançada durante a 3ª ExpoIrati/Paulo Sava
O agricultor iratiense Márcio Thomaz vem se destacando no cultivo de oliveiras desde 2016. Ele tem uma propriedade no bairro Nhapindazal. Com oito anos de experiência na área, o produtor foi eleito para presidir a Associação dos Produtores de Oliveiras do Paraná (Olivapar).
Márcio esteve na Europa em 2016 e observou que o solo do continente é muito pedregoso e o clima bastante frio. O que chamou a atenção do produtor foi a quantidade de oliveiras que ele encontrou na Espanha, na Itália e em Portugal.
“Havia uma imensidão de oliveiras plantadas na Europa, tanto na Itália quanto na Espanha e em Portugal. Aquilo me chamou a atenção porque aqui no Nhapindazal, onde tenho propriedade, é um terreno de saibro pedregoso e o clima é frio, que é o que a oliveira gosta”, comentou, em entrevista durante o programa Espaço Cidadão da Super Najuá.
De volta ao Brasil, Márcio procurou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Pelotas, no Rio Grande do Sul, para saber se seria possível cultivar oliveiras na sua propriedade. Técnicos explicaram que, para isso, seria necessário apresentar algumas coordenadas e fazer análise do solo e do clima. Inicialmente, o agricultor fez a correção do solo e plantou mil pés da planta, que, segundo ele, se desenvolveram bem. Depois, Márcio cultivou 2 mil pés e atualmente tem 6 mil oliveiras plantadas na propriedade dele em Irati e outros 6 mil em Prudentópolis.
Espaçamento – No início, o espaçamento entre os pés de oliveira era de 5x5m, porém, com o crescimento das plantas, o espaço para a pulverização com trator ficou pequeno. Por isso, a distância entre um pé e outro foi aumentada para 6x5m e depois para 6×7 metros, metragem muito utilizada pelos produtores gaúchos.
O fruto das oliveiras é a azeitona, utilizada principalmente para a fabricação de azeite de oliva. Márcio contou quais são as características que o solo precisa ter para o cultivo das oliveiras. “Ela gosta de terreno mais alcalino. Na Europa, o terreno é mais alcalino, ao contrário do Brasil, que é mais ácido. O que é necessário aqui é a correção com calcário, boro e magnésio. São os três principais produtos que você tem que jogar nas covas e fazer a correção frequentemente”, pontuou.
Apoio – O produtor conta com apoio de uma equipe de funcionários e do filho, que é engenheiro agrônomo, para a realização de análises do solo e manuseio dos insumos.
Clima – As plantas precisam de atenção constante para se manterem saudáveis. Porém, alguns problemas com a geada, por exemplo, podem ocorrer. Neste ano, a lavoura teve poucas perdas, segundo Márcio.
“A geada aqui queimou pouquinha coisa, quase nada, nas folhinhas bem novas, nos brotinhos, deu uma sapecada na parte externa da planta, mas no interior não aconteceu nada. Sentiu muito pouquinho, quase nada”, frisou.
As ondas de calor que afetaram a região também afetaram as plantas, conforme o produtor. “Isto afeta, este calor intenso que tivemos afeta um pouco, mas tivemos um inverno bem acentuado, e algumas espécies de oliveiras precisam de pelo menos 400 horas de inverno por ano. Outras precisam de 500 horas, conforme a variedade que você planta, é o tipo de frio que ela vai necessitar”, destacou.
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Variedades – O agricultor cultiva oito variedades de oliveiras: arbequina, bozana, picual, grappolo, frantoio, manzanila, koroneiki e Maria da Fé. Algumas delas servem tanto para produção de azeite quanto para conservas.
“No caso, essas seriam a gordal, que eu não tenho, mas tenho a manzanilla, que é de dupla finalidade. O azeite vai variar de acordo com a variedade de azeitona, seno mais intenso, mais amargo, picante ou mais suave. Por exemplo, a arbequina faz um azeite bem suave e a picual, como o nome já diz, é picante, chegando a ser quase uma pimentinha o gosto do azeite. É interessante que cada variedade produz um sabor diferente de azeite”, comentou Márcio.
Depois de ter o azeite pronto, o produtor pode fazer o chamado “blend”, que é uma mistura de azeites de diversas variedades. Márcio detalhou como este procedimento pode ser feito. “Depois que você mói a azeitona e tem o azeite pronto, pode fazer uma mistura. Por exemplo, se o azeite estiver muito acentuado, picante ou amargo, pode misturar um azeite mais suave. Eles acabam fazendo blends com três ou quatro variedades, e fica um azeite varietal”, comentou.
As plantas começam a produzir a partir dos 4 anos de idade. Agora, elas estão produzindo as gemas florais, que irão florescer nos próximos dias.
Importação – O Brasil importa aproximadamente 98% do azeite de oliva consumido no país, especialmente da Espanha, da Grécia e de Portugal. Existe um grande mercado a ser explorado pelos produtores, segundo Márcio. “Nós imaginamos sempre expandir mais, e eu quero ver se aumento mais um pouco estas variedades porque vejo que, futuramente, vai ser um mercado muito bom e está em crescimento no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo”, destacou.
História – O cultivo das oliveiras vem desde antes do cristianismo. Naquela época, a planta já era cultivada no Oriente Médio, especialmente no local chamado na Bíblia de “Monte das Oliveiras”, local onde, segundo o cristianismo, Jesus passou a última noite em vigília com os discípulos antes de sua crucificação. Por conta dessa ligação histórica, Márcio decidiu chamar um dos pontos de sua propriedade com o mesmo nome.
“As oliveiras têm esta história muito antiga. Aqui no Brasil, no comecinho de 1800, os portugueses trouxeram as olivas para cá e plantaram, porque eles não tinham como ficar trazendo azeite de Portugal na época. O que aconteceu foi que, depois que Dom Pedro II foi embora, eles viram que aqui estava produzindo, principalmente na Serra da Mantiqueira, que é um lugar mais frio. Eles começaram a aumentar a produção e nisso os portugueses viram que a produção de azeite estava indo muito bem e mandaram erradicar todas as azeitonas que tinham aqui para não fazer competição com o pessoal de Portugal”, comentou.
Olivapar – No mês de agosto, durante a realização da 3ª ExpoIrati, foi oficializada a criação da Associação dos Produtores de Oliveira do Paraná (Olivapar). Márcio foi escolhido como presidente da entidade, e conta que ela foi criada para facilitar a comunicação entre os produtores de oliveiras no estado.
“Nós tínhamos uma dificuldade de nos comunicar com os outros produtores de oliveira, então resolvemos nos organizar para que houvesse mais união entre o pessoal que planta oliveiras. Desta forma, temos um contato melhor e podemos discutir mais sobre a olevicultura do Paraná e talvez conseguir, através do governo, algum fundo ou projeto com o qual possamos desenvolver a olevicultura aqui na nossa região do Paraná”, destacou.
O Paraná tem aproximadamente 15 produtores de oliveiras em 15 municípios. Com isso, a Olivapar busca unir os agricultores e incentivar o plantio da oliveira para que o estado seja um grande produtor.
No total, o produtor pretende atingir a marca de 30 mil pés plantados. No entanto, ele ainda não conseguiu extrair o primeiro azeite para a comercialização, o que deve acontecer em março de 2025. Até lá, Márcio pretende concluir a obra de uma pequena indústria, que ele está construindo em sua propriedade. “Eu estou providenciando o lagar, vou montar uma indústria aqui, que em breve estará pronta”, pontuou.
Quem tiver interesse em saber mais sobre o plantio e os cuidados com as oliveiras, pode entrar em contato pelo WhatsApp (42) 99135-8555.