Aciai e Corpo de Bombeiros demonstram interesse no Selo de Boas Práticas contra a violência de gênero

14 de outubro de 2025 às 09h00m

Secretária Leandre Dal Ponte apresentou selo na Aciai; entidade e Corpo de Bombeiros anunciaram interesse em aderir ao programa que reconhece empresas comprometidas com a prevenção à violência contra mulheres/ Reportagem de Diego Gauron

Em destaque na imagem, a secretária de Estado da Mulher, Leandre Dal Ponte; e a presidente da Aciai, Samara Coelho. Foto: Diego Gauron

Resumo
•Secretária de Estado da Mulher, Leandre Dal Ponte, apresentou em Irati o Selo de Boas Práticas no Combate à Violência Contra Mulheres.
•A Aciai e o Corpo de Bombeiros de Irati manifestaram interesse em participar da certificação reconhecida pela ABNT e validada pela ISO.
•Iniciativa busca engajar empresas e instituições na criação de ambientes mais seguros e na mudança cultural contra a violência de gênero.

A secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, esteve em Irati na manhã de segunda-feira (13) para apresentar o Selo de Boas Práticas no Combate à Violência Contra Mulheres, iniciativa do Governo do Paraná que busca envolver empresas públicas e privadas no enfrentamento à violência de gênero.

O encontro foi realizado na sede da Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai) e contou com a presença de empresárias, empresários e autoridades locais. A presidente da entidade, Samara Coelho, manifestou o interesse de adesão ao programa.

“É preciso mudar uma cultura”

Durante sua fala, Leandre destacou que a violência contra a mulher “é uma ferida social” e que o combate a esse tipo de crime exige o envolvimento de toda a sociedade, incluindo o setor produtivo.

“Para que a gente possa combater esses crimes, que são evitáveis e custam caro não só para o poder público, mas também para a sociedade e para as empresas, estamos buscando o engajamento da iniciativa privada. Quando o ambiente corporativo se engaja numa causa, o silêncio se rompe e se muda uma cultura — e é isso que a gente precisa para combater a violência contra a mulher”, afirmou a secretária.

Ela reforçou que o objetivo é promover uma mudança cultural dentro das organizações, criando ambientes seguros e conscientes.

“Muitas mulheres vítimas estão dentro das empresas, mas mais importante que isso, muitos agressores também estão dentro das empresas. É justamente para virar essa chave, criar um aculturamento de não violência, que estamos buscando essa oportunidade de trabalhar junto com as associações comerciais”, explicou.

Certificação reconhecida pela ABNT e validada pela ISO

O selo foi lançado em 2024 em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pela certificação. Segundo Leandre, o projeto foi recentemente aprovado pela Organização Internacional de Normalização (ISSO), o que amplia o reconhecimento das empresas certificadas.

“Empresas que aderirem à certificação terão uma ISO que vai melhorar a sua marca, o posicionamento no mercado e a responsabilidade social, além de reter mais talentos, porque cria um ambiente cada vez mais seguro para as mulheres”, destacou.

A secretária explicou que o selo é dividido em quatro categorias — bronze, prata, ouro e platina — e que a progressão depende do cumprimento de requisitos estabelecidos pela ABNT.

“As ações não são complexas, mas exigem uma cultura de valorização da mulher e de combate à violência de gênero. Precisamos falar também com os homens, para que homens de bem se levantem contra essa chaga que infelizmente ainda tira a vida de muitas mulheres”, disse.

A primeira associação comercial do Brasil a receber o selo foi a Associação Comercial de Pato Branco (PR), enquanto a primeira empresa pública certificada foi a Ceasa Paraná, em agosto deste ano.

Leandre também destacou que o selo poderá futuramente ser usado como critério de desempate em processos licitatórios, o que deve aumentar o interesse das empresas.

Aciai vai aderir à iniciativa

A presidente da Aciai, Samara Coelho, destacou a importância do projeto e confirmou a intenção da entidade de participar da certificação.

“A gente vai estar à disposição, vamos fazer sim essa questão do selo, até mesmo para passar para as outras empresas que queiram aderir. É muito importante a gente dar esse incentivo”, afirmou. “Não adianta só repassar a ideia se a gente não fizer. Temos que estar dentro do projeto para poder replicar”, completou.

Samara também falou sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres em posições de liderança, relatando que já sofreu comentários machistas ao assumir a presidência da associação, em dezembro do ano passado.

“Eu mesma já sofri enquanto me coloquei como presidente da associação comercial, mas enfrentei com coragem e apoio de um grupo que acreditou em mim. É importante ter esse fortalecimento para seguir fazendo diferente e acreditar no que a gente pode mudar.”

Bombeiros de Irati também vão aderir

A capitã Carla Adriana Prado Spak Sobol, comandante da 6ª Companhia Independente de Bombeiro Militar de Irati, também anunciou durante o evento que a corporação pretende aderir ao selo, fortalecendo a rede de instituições comprometidas com o enfrentamento à violência contra as mulheres.

Certificação será auditada pela ABNT

Leandre explicou ainda que a Secretaria da Mulher atua na mobilização e sensibilização das empresas, mas a avaliação técnica e a certificação são realizadas pela ABNT, que é responsável pela auditoria e validação dos critérios.

“A certificação toda é realizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, que vai validar se realmente a empresa atende aos critérios recomendados dentro da norma que preconiza a certificação”, explicou.

Paraná vive uma ‘epidemia’ de violência contra mulheres

Leandre alertou que o Paraná enfrenta uma onda de violência contra mulheres, com mais de 250 mil boletins de ocorrência registrados apenas no último ano.

“Isso traz ônus não só para a vítima, mas para a sua família, para as empresas e para a sociedade como um todo”, ressaltou.

Ela reforçou que iniciativas como o selo são fundamentais para romper o ciclo da violência:

“Mais do que certificar empresas, queremos criar um movimento. Precisamos fazer uma grande força-tarefa para evitar o que é evitável.”

Assista às entrevistas:

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