Com mais de 81 mil seguidores no TikTok, a moradora de Rebouças, Thaisy Paluski, mostra nas redes sociais como é a vida na roça/ Marina Bendhack com entrevista de Juarez Oliveira

Foi nas redes sociais que a moradora de Rebouças, Thaisy Paluski, encontrou uma nova forma de mostrar suas raízes: agora, no coração de milhares de seguidores. Conhecida como “A Menina da Fumicultura”, Thaisy viralizou na internet ao mostrar com bom humor e autenticidade, o dia a dia de quem vive na roça. Com 81 mil seguidores no TikTok, a “Menina da Fumicultura” contou em entrevista no programa “Espaço Cidadão”, da Super Najuá, como é trabalhar com redes sociais e sobre sua rotina como fumicultora.
Tudo começou quando há um ano e meio quando Thaisy decidiu começar a fazer vídeos para o TikTok mostrando a rotina da roça. “Então o primeiro vídeo, nunca vou me esquecer. O primeiro vídeo foi que eu tinha que falar sobre qual era a nossa adubação na lavoura, quanto que a gente usava de saco de adubo e tudo mais. E eu vi que nesse vídeo teve bastante visualização, né? Eu pensei, ‘Ué, o que será? Será que eu vou postar vídeo agora de roça?’. Eu pensei ‘vou postar outro’ e o outro vídeo também teve bastante visualizações. E foi aí que tudo começou, que um monte de gente começou a gostar de mim, pelo meu jeito de ser com humildade e simpatia. Então o povo foi gostando de mim a partir disso aí, dos vídeos de roça, o quanto representava os fumicultores. Isso pra eles, eu acho que é um orgulho, e pra mim, mais ainda. Porque quando o assunto é de roça, eu acho que meu olho chega a brilhar, de tanto orgulho que eu tenho”, contou Thaisy.
O ensinamento na lavoura vem do pai, José Vilmar Paluski, que já está há 35 anos plantando fumo. O pai ensinou Thaisy, que, com orgulho, mostra para os seguidores como é a lida com o tabaco.
Thaisy é de Rebouças e mora na localidade do Paredão, que fica a nove quilômetros da área urbana. Ela e o esposo, Luis Henrique dos Santos Jacomel, plantam 40 mil pés de tabaco e José Paluski planta a mesma quantidade. O pai de Thaisy tem orgulho da filha e incentiva o crescimento dela em outras atividades. A “Menina da Fumicultura” participa ativamente do trabalho na roça. “O nosso dia começa bem cedinho como enfardar fumo agora. Então, a gente vai, aí, até na hora do almoço, daí, depois, almoça. E vai sempre inventar algum serviço, porque nós da roça nunca paramos. Sempre tem algum serviço ou outro”, afirma a agricultora.
Thaisy contou que a lavoura é o lugar onde mais gosta de ficar. “Eu já coloquei nos meus stories lá, que é onde eu me sinto muito feliz, é na lavoura. Então, eu pego e vou fazer vídeo lá na lavoura. ‘Ah, a veia da preparação do solo cresceu’, vou lá fazer um vídeo, mostrar pro povo o que tá sendo cada dia a dia”.
A produção dos vídeos é feita pela própria Thaisy. “Fazer vídeo não é uma coisa fácil, mas a gente cedo lida agora com a parte de enfardar fumo e sempre nós estamos gravando vídeo. O intuito é mostrar pra pessoa a nossa lida. E eu não faço só vídeo sério. Faço vídeo dançando, vídeo que mostra para o povo o nosso jeito. Então quem grava os vídeos sou eu mesma”, afirma.
Thaisy revelou qual foi o vídeo que impulsionou seu crescimento nas redes sociais. “O processo dos seguidores no TikTok não é uma coisa fácil. Quando eu comecei a gravar os vídeos de roça, eu tinha, […] se eu não me engano, 1.200 seguidores. O primeiro vídeo. Aí, a partir de quando eu fui postando os vídeos, fui ganhando seguidores. Só que não foi assim, de uma hora pra outra, que explodiu. O vídeo que me fez crescer no TikTok, que passou mais de 10 mil seguidores, foi um vídeo que a minha irmã fez de mim, que eu estava dirigindo o trator, estava passando rastão nos fumo. Nesse vídeo, ela falou o quanto ela tinha orgulho de mim, o quanto eu gostava dessa lida, que eu mostrava para o povo como que era nossa lida. Então, esse vídeo, o povo gostou tanto, mas tanto, que eu consegui 17 mil seguidores. […] Só daquele vídeo”, revela a agricultora.

Desde então, a “Menina da Fumicultura” não parou de postar vídeos e está crescendo cada vez mais. Na entrevista à Najuá, ela contou como surgiu o apelido que virou sua marca registrada. “Eu tinha, se eu não me engano, uns 10 mil seguidores, […] eu pensei assim ‘eu vou dar um nome específico, eu não vou estar como Thaisy Paluski’, que estava como Thaisy Paluski. E daí, eu pensei assim ‘será que eu dou como Guria do Fumo?’, pensei, ‘não, vamos, um nome mais específico, um nome mais bonito’. E aí que surgiu, eu pensei assim ‘menina do fumo? Não também’. Foi aí que surgiu ‘Menina da Fumicultura’. Um nome bonito, que muita gente me conhece por ‘Menina da Fumicultura’”.
Pessoas do Brasil e até do exterior acompanham as postagens de Thaisy. A maioria dos seguidores são também fumicultores. Porém, estar na internet é lidar com críticas e Thaisy não passou ilesa dos “haters”. “No começo, não foi fácil. Teve bastante críticas, bastante gente desacreditou em mim, que eu não iria conseguir. O que eu mais recebo de crítica, de comentários maldosos, é que nós, produtores de tabaco, produzimos câncer. ‘E por que não produzem outra coisa? Vai produzir um alimento, uma coisa que faz bem pra saúde’. E, no começo, eu até pensei assim, ‘meu Deus, se eu vou lidar com tantas críticas, mas eu não vou desistir, não é essas críticas que vão me derrubar’. Então, eu sigo em frente, e mesmo olhando aquelas críticas, eu não ligo agora. Agora, já acostumei”.
Seu José diz que o trabalho na roça mudou muito com o avanço da tecnologia. Ele conta que antes era tudo manual, com cavalo, o trabalho de arar, gradear, passar a carpideira e agora é tudo com trator. Thaisy reforçou que o trabalho realizado por seus familiares foi difícil no passado. “A tecnologia avançou demais. E por isso que eu digo que eu não quero deixar dessa vida, porque antes era sofrido. Agora, você não sofre tanto. É um equipamento que judiou muito dos meus pais, dos tios”, reforça Thaisy.
O equipamento citado por Thaisy era o arado, que era utilizado no passado para preparar o solo. A agricultora de Rebouças também ressaltou que o produtor de fumo poderia ser mais valorizado. “Porque, veja, nós não temos colhedeira de fumo. Tudo é manual. Então, você vê o processo que a gente passa desde a parte de semear, de plantar, de cuidar. E eu acho assim que o produtor, ele tem muitos desafios. Porque você planta lá na tua lavoura e você não sabe se vai colher. Então, eu acho que eles deveriam valorizar mais nós fumicultores. Porque não é fácil a lida. Todo mundo sabe, quem planta fumo sabe que não é fácil assim.”
Na entrevista à Najuá, José contou como faz a seleção do fumo. “Na verdade, é, porque […] antigamente, dava muita classe no fumo, sabe? Porque você não tinha, tudo os tubo de cabinho. Hoje em dia está bem mais moderno, tudo automático, os aparelhos para você secar o fumo. Daí você só separa, tipo, o nosso lá dá umas duas, três classes só”, conta o pai de Thaisy.

Thaisy também mostra outras atividades realizadas na lavoura, além da fumicultura em seus vídeos. “Esses dias eu estava descascando milho, falei ‘mãe, vamos gravar e mostrar para o pessoal como era o tempo antigamente, tudo na mão’. Hoje em dia, colhedeira. Então, não é só a parte da lida do fumo. Sempre mostro outras coisas. As partes da preparação do solo, que tem ali agora. Então, quando dá um vídeo, que eu vejo que vai dar um vídeo, eu vou lá e gravo e posto”.
O vídeo que Thaisy tem fixado em seu perfil no TikTok gerou polêmicas, pois retrata o dia em que aconteceu seu casamento e o de sua irmã. “Nós decidimos casar juntas no mesmo dia. E aquele vídeo repercutiu muito por tantos comentários falando mal. Porque acharam que nós duas estávamos casando junto. No caso, é uma irmã, sabe? E teve bastante mesmo, bastante crítica. E aquele vídeo, pra nós, é uma emoção surreal, maravilhoso. Não tem nem o que falar desse vídeo. Então, pra nós, representa muito. Por isso que eu deixei fixado ali no meu perfil do TikTok”.
Thaisy reforça o apoio às mulheres fumicultoras e incentiva o trabalho feminino na roça. “Não tenha medo de seguir o caminho que você quiser. Você pode muito mais do que imagina. Essa frase é pra nós, mulheres fumicultoras, que somos guerreiras, batalhadoras. E que o que nós falamos, que vamos fazer, a gente vai lá e consegue dar por cima de tudo e fazer.”