4ª Regional de Saúde registra média de 90 novos casos de câncer por mês

Antes da liberação dos novos códigos de transação com o Hospital Erasto Gaertner para a…

13 de novembro de 2023 às 16h17m

Antes da liberação dos novos códigos de transação com o Hospital Erasto Gaertner para a região, novos casos de câncer foram encaminhados para outras unidades hospitalares/Paulo Sava

Centro de Saúde Erasto Gaertner, no bairro Canisianas, em Irati. Foto: Paulo Sava/Arquivo Najuá

A 4ª Regional de Saúde teve uma média de 90 novos casos de câncer mensais registrados nos últimos 6 meses. A informação foi confirmada à nossa reportagem pela 4ª Regional de Saúde de Irati.

O levantamento da entidade aponta que, antes da liberação dos novos códigos de transação do Hospital Erasto Gaertner para a região, o que aconteceu no dia 16 de outubro, novos pacientes da 4ª Regional vinham sendo encaminhados também para outros hospitais, como o Angelina Caron, em Almirante Tamandaré, São Vicente, Evangélico Mackenzie, Hospital das Clinicas e Santa Casa de Curitiba, e Hospital do Rocio, em Campo Largo. Porém, a chefe da 4ª Regional de Saúde de Irati, Larissa Mazepa, destacou que nem sempre estes hospitais fazem todo o tratamento oferecido pelo Erasto.

“Porém, estes hospitais nem sempre fazem toda a tratativa do Erasto, como a radioterapia e o Pet Scan, que é um tipo de exame diferenciado para verificar se ainda existem células cancerígenas no corpo do paciente. Por isso, retomamos toda esta luta junto com os prefeitos da região, os secretários e os nossos deputados que estiveram nesta luta diária, até que se conseguisse que o Erasto Irati entrasse nesses códigos para todo o Estado, porém que fosse destinado um número para Irati”, frisou.

Desde 2021 os pacientes da 4ª Regional tinham que dividir os atendimentos do Erasto com os demais municípios do interior e do litoral do Paraná. Isto diminuiu consideravelmente o número de novos códigos para a 4ª Regional, que recebia cerca de 2 a 3 novas vagas para toda a região. Entretanto, Larissa afirmou que os pacientes que já haviam iniciado tratamento continuaram sendo atendidos normalmente em Irati, com quimioterapia, cirurgias e atendimentos multidisciplinares.

“Como nós competíamos mais ou menos entre 30% dos códigos com todo o estado do Paraná, e 70% eram destinados para Curitiba e região metropolitana, nós tivemos uma diminuição grande de pacientes novos. O Erasto continuou atendendo aos seus pacientes que já estavam em atendimento com quimioterapia, cirurgias e atendimentos multidisciplinares que são feitos dentro do Erasto, porém não geravam muitos códigos novos”, comentou.

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Repasse do Governo Estadual – Há cerca de duas semanas, o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, esteve em Irati e anunciou o repasse de R$ 4,8 milhões por ano para custear os atendimentos a serem feitos pelo Erasto. O anúncio foi feito durante o evento Assembleia Itinerante, da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), realizado durante a 2ª ExpoIrati, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de outubro. Estes recursos, segundo Larissa, também garantirão a continuidade dos atendimentos do hospital em Irati.

“Ele garantiu que todos os anos vão ser repassados aditivos de R$ 400 mil por mês, o que dá R$ 4,8 milhões por ano. Este aditivo vem a se somar aos R$ 200 mil mensais que já eram repassados, ou seja, o Erasto vai ter agora R$ 600 mil por mês para as primeiras consultas, as quimioterapias, a avaliação da equipe multidisciplinar aqui em Irati. Também será garantido o acesso ao Erasto em Curitiba, pois ainda não temos todas as especialidades e cirurgias aqui”, comentou.

Códigos – Os códigos de atendimento são adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) a partir da Prefeitura de Curitiba e são direcionados especificamente para a 4ª Regional. Larissa lamenta o fato de a região registrar 100 novos casos de câncer todos os meses. “Todo mundo me pergunta: nós temos 100 pacientes novos todos os meses? Infelizmente sim, temos 100 pacientes novos todos os meses. A partir do dia 16 de outubro de 2023, terminamos todas as papeladas para que fossem destinadas estas vagas exclusivas para a 4ª Regional”, contou.

Em março, o vereador Hélio de Mello apresentou um requerimento solicitando informações sobre os atendimentos prestados pelo Hospital Erasto Gaertner em Irati e sobre a fila de espera de pacientes com câncer para receber tratamento.

Inauguração – A unidade iratiense do hospital foi inaugurada em 2017, no prédio onde atualmente está funcionando a Associação do Núcleo de Apoio ao Portador de Câncer de Irati (ANAPCI). Em participação durante a Tribuna Popular da Câmara de Irati na última terça-feira, 07, Larissa afirmou que a inauguração do hospital na época se deu por uma ordem política.

“O Erasto Irati foi inaugurado através de uma ordem política, e enquanto estes políticos estiveram nos mandatos, nunca tivemos problemas de fila de espera para os pacientes oncológicos aqui no Erasto. Em 2019, houve a mudança de sistema da regulação estadual, passando do MV para o QUER Paraná. Nestes momentos, os códigos passaram a vir somente pelo sistema E-Saúde, já que o Erasto está vinculado a Curitiba, que possui uma gestão plena”, comentou.

Novos equipamentos e reforma – Em breve, o Centro de Saúde Erasto Gaertner de Irati receberá novos equipamentos e será reformado. O hospital deve receber aparelhos para biópsia e pequenas cirurgias através de uma emenda parlamentar do deputado federal licenciado e secretário de infraestrutura e logística, Sandro Alex no valor de R$2,5 milhões.

Já a reforma da unidade vai abranger o térreo do prédio, localizado no bairro Canisianas, nas antigas instalações do Hospital Agnus Dei. Os recursos, na ordem de R$ 2 milhões, foram destinados pela Assembleia Legislativa do Paraná, através dos deputados Alexandre Curi (PSD) e Hussein Bakri (PSD), líder do governo na ALEP.

Com estes recursos, segundo Larissa, será possível aumentar a capacidade de atendimento do Erasto em Irati. “Com os equipamentos, estaremos fazendo biópsias, um atendimento diferenciado, e através do subsídio da ALEP, vamos ter uma modernização da parte de baixo do Erasto Gaertner, onde os pacientes poderão fazer quimioterapias em um ambiente mais sociável e onde eles se sintam bem, já que o próprio tratamento oncológico é muito complicado”, comentou.

Durante a reforma, um ou dois centros cirúrgicos serão adaptados para receber os equipamentos de biópsia e para retiradas de tumores menores. O hospital conta com mais um centro cirúrgico, que vem sendo utilizado para cirurgias gastrointestinais, ortopédicas e estéticas.

“Um ou dois centros cirúrgicos serão remodelados para receber estes novos equipamentos, de última geração, para que, pelo menos, se iniciem as biópsias aqui e a retirada dos cânceres menores. Como temos um cirurgião oncológico aqui, dentro em breve, além das quimioterapias, serão feitas também as cirurgias”, frisou.

Com as reformas e a ampliação do número de atendimentos do Erasto, que passou a fazer 100 códigos de transação exclusivamente para a 4ª Regional, o fluxo de pacientes deve aumentar, segundo Larissa.
“Todos os municípios da 4ª Regional, através das suas secretarias de saúde, vão cadastrar estes pacientes. A 4ª Regional de Saúde vai fazer o código de transação, do qual vai ser gerada uma primeira consulta com o oncologista clínico e as orientações do profissional de enfermagem oncológica no Erasto Irati. O paciente vai passar pela avaliação médica e de enfermagem para solicitação de exames complementares e diagnóstico. Assim, a partir deste momento, o oncologista clínico vai definir qual especialidade ele vai precisar, se vai ser necessário agendar especialidade para uma conduta final, seja cirúrgica, quimioterápica ou radioterápica, ou aí vai se definir se ele tem ou não diagnóstico de câncer. Se ele não tiver o diagnóstico da doença, vai voltar para a Unidade Básica de Saúde para fazer o acompanhamento”, frisou.

As biópsias serão feitas assim que os equipamentos forem comprados e instalados. Já as quimioterapias e consultas continuam sendo feitas normalmente. Casos mais graves que necessitem de radioterapia ou cirurgia oncológica são encaminhados para Curitiba. Dentro do Erasto de Irati, os pacientes também contam com atendimento de uma equipe multidisciplinar, segundo Larissa.

“Também tem o acompanhamento da equipe multidisciplinar, que é composta por nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e assistente social. Estes pacientes precisam de acompanhamento principalmente nutricional e dos outros profissionais. Então, não só a primeira consulta, mas o pós-operatório e as quimioterapias vão ser feitos aqui. Se o paciente precisar de acompanhamento nutricional como, por exemplo, num câncer de estômago, vamos ter a nutricionista aqui. Já temos um cirurgião que faz toda semana o acompanhamento dos pacientes aqui em Irati. Queremos ter um oncologista clínico para fazer o acompanhamento aqui e também de mais alguma outra especialidade que possa acompanhar os pacientes”, frisou.

Casos de câncer – Na região de Irati, estão sendo registrados muitos casos de câncer de mama, de próstata e câncer gastrointestinal. De acordo com a chefe da 4ª Regional, a nova superintendência do Erasto está fazendo um estudo para direcionar mais um médico para a região semanalmente, de acordo com a maior necessidade. “O ideal é que tenhamos três profissionais oncológicos toda semana e as enfermeiras oncológicas, que estarão lá todos os dias”, frisou.

Uma das maiores preocupações da região está relacionada ao câncer de pele, que está em quarto lugar entre as neoplasias mais incidentes nos municípios da 4ª Regional. “Isto são estatísticas que temos aqui, mas talvez o Erasto tenha uma estatística um pouco diferente, a partir do momento em que se iniciam os atendimentos. De acordo com isto, eles vão determinar quais profissionais teremos aqui na nossa região, atendendo durante toda a semana, dependendo daquilo que eles consigam determinar em uma série histórica de uns 6 meses. Aí, teremos cada vez mais profissionais atuando nesta área”, frisou.

Em nota, o Centro de Saúde Erasto Gaertner de Irati informou que “está atuando junto às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde para garantir o atendimento de novos casos oncológicos no município, sem necessidade de encaminhamento à capital, Curitiba”. O hospital reforça que, desde a inauguração da unidade, em 2017, procura atender o paciente com qualidade, buscando a garantia da saúde e da humanização no cuidado.

Fusão com o Hospital Agnus Dei – Desde novembro de 2021, o Centro de Saúde Erasto Gaertner está funcionando no bairro Canisianas, através de uma fusão com o Hospital Agnus Dei, oficializada naquela oportunidade. O contrato de fusão prevê uma parceria de 15 anos entre as duas instituições. Nossa reportagem questionou a assessoria de imprensa do Erasto sobre os valores pagos mensalmente ao Agnus Dei neste período, mas até o fechamento desta reportagem não obtivemos resposta.

Secretário de Saúde, Beto Preto, o prefeito Jorge Derbli, o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, a chefe da 4ª Regional de Saúde, Larissa Mazepa e deputados presentes na entrega do documento que autoriza o repasse de R$ 4,8 milhões para atendimento de pacientes com câncer no Erasto Gaertner. Foto: Paulo Sava/Arquivo Najuá
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