2º suplente do PSB na ALEP, Rafael Lucas avalia disputa eleitoral

Rafael Lucas foi o candidato a deputado estadual mais votado em Irati, mas não conseguiu…

16 de outubro de 2022 às 20h56m

Rafael Lucas foi o candidato a deputado estadual mais votado em Irati, mas não conseguiu se eleger. Em entrevista à Rádio Najuá, Rafael falou sobre a disputa eleitoral e possibilidades de uma candidatura única na região/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub

Com 14.849 votos, Rafael Lucas ficou na segunda suplência do PSB na Assembleia Legislativa do Paraná. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

O ex-vereador Rafael Lucas (PSB) foi o candidato mais votado em Irati para deputado estadual, mas não conseguiu se eleger. Ao todo, foram 14.849 votos, sendo 8.486 somente em Irati. Em entrevista à Rádio Najuá, Rafael fez uma avaliação da disputa eleitoral e comentou sobre as dificuldades de lançar uma candidatura única na região.

Para ele, a expressiva votação em Irati e região demonstrou que a população se identifica com sua proposta. “Só tenho a agradecer a população de Irati, a população dos municípios que estão aqui pertinho de Irati. Não tenho nem como falar outra coisa. Ser o mais votado na cidade onde que você mora, na cidade onde você cresceu, a minha cidade que eu vivi a minha vida toda aqui em Irati, a minha ligação está aqui, minha família está aqui, minha esposa está aqui minha filha, está aqui, estuda aqui na escola, eu moro aqui no mesmo lugar há 20 anos, na mesma casa no bairro Stroparo. A minha vida é Irati. Eu, cresci aqui, comendo pastel na Pastelaria do Castilho, jogando bola nos campos de futebol, andando de bicicleta na cidade de Irati. Fico feliz de ter sido reconhecido na cidade”, disse. 

Rafael comentou que a campanha trouxe desafios. “A grande dificuldade que hoje nós temos. Todos nós que somos candidatos e que não estamos na Assembleia, não estamos ocupando um cargo público, é uma dificuldade muito grande de você conseguir competir com pessoas que já estão estabelecidas. Óbvio que um deputado que já um deputado, ele tem o tempo livre para poder visitar todos os municípios, o tempo livre para fazer essa ponte entre o governo estadual e os municípios. Ele tem muitas cidades que ele pode atender, ele tem recursos do Governo do Estado para trazer para os municípios e isso, é claro, é uma dificuldade que nós não temos. Eu, na minha vida, tenho que trabalhar. Trabalho com carteira assinada, não tenho segredo, sou celetista e só pude tirar um período para disputar a eleição. Essa é a dificuldade que sentimos”, conta Rafael. 

Quer receber notícias locais?

Uma das situações discutidas na região antes das eleições foi a possibilidade de uma candidatura única. Os resultados das proporcionais, no 1º turno, mostraram que a região conseguiria eleger um deputado se houvesse a concentração da campanha em apenas um nome.

Para Rafael, uma das dificuldades de lançar uma candidatura única é a atual forma de eleição dos deputados. “Nós tivemos algumas mudanças na legislação nos últimos anos. Até alguns anos atrás, os partidos faziam coligações, eles lançavam candidatos para vereadores e a deputados, todo mundo ficava de olho nas coligações. Infelizmente, o Brasil é um País que tem muitos partidos políticos. É até um crime ter tanto partido político no Brasil, mas a gente é assim. E isso é fruto do nosso desenho eleitoral porque, na minha modesta opinião, nosso sistema tinha que ser distrital. Como distrital? Nós tínhamos que pegar e eleger um candidato da Amcespar ou dois, podemos fazer a conta. Divide o número de eleitores que o Paraná tem e dentro da Amcespar, dos nossos dez municípios, fazemos uma conta e diz: ‘Vamos disputar a eleição aqui dentro’. Isso daria para nós a garantia que nós íamos ter um deputado da nossa região”, explica. 

A proposta de voto distrital é uma discussão antiga que tem tramitado há muitos anos no Congresso Nacional. “Basicamente, o que seria? Dividir o Paraná em algumas regiões e ter um representante, ou dois, três ou quatro de cada região. Isso que precisaríamos. Isso faria uma diferença grande para nós. Alguns países adotam outro sistema. Eles dizem assim: ‘metade dos eleitos vão ser pela região e metade vão ser no estado inteiro’. Isso também pode ser uma discussão. Mas eu, particularmente, eu acredito que para sua região nunca deixar de ter representante, o importante seria isso, ter esse voto distrital. A pessoa disputar dentro da sua região e só”, conta. 

Em relação à candidatura única, Rafael Lucas conta que conversou com outros candidatos sobre a possibilidade. Um deles foi o vereador José Ronaldo Ferreira (Ronaldão do Povo), que foi candidato a deputado estadual. O objetivo era poder que Ronaldão se candidatasse a deputado federal, para que Rafael Lucas concorresse a uma vaga na ALEP, fazendo uma dobrada. “Eu procurei o Ronaldo. Ele já tinha saído candidato. Ele tinha se lançado candidato. Na época, o partido dele já tinha lançado candidato antes. Eu procurei ele, conversamos os dois e eu falei: “Ronaldo, veja minha situação, eu estou um pouquinho mais, meu partido está um pouco mais fácil, eu estou estruturado em alguns municípios’. Ele foi compreensivo comigo. Nós tentamos, fomos juntos até Curitiba, tentamos conversar com o partido dele, porque a chapa para federal do Ronaldo era muito boa. A chapa federal, ele tinha ficado numa suplência muito boa. Ele foi correto comigo. Nós fomos até Curitiba. Tentamos, mas o partido do Ronaldo não o deixou sair candidato. Impediu ele de sair candidato federal”, conta. 

Rafael disse que também conversou com Antônio Celso de Souza (Xoxolo) sobre a candidatura única. Xoxolo era pré-candidato a deputado estadual e desistiu de participar da disputa para se dedicar ao seu tratamento de saúde contra o câncer. “Conversei com ele, tivemos uma conversa e ele foi educadíssimo, veio, falou que queria um candidato aqui. Me ajudou na eleição. Eu fui tentando conversar. Nós fomos tentando, mas também alguns outros, não nos deram espaço para conversar. Alguns, por exemplo, eu nem sabia que iam sair candidato. Se vocês lembrarem, um pouquinho antes da eleição, isso até me atrapalhou um pouquinho, que eu queria ter lançado minha candidatura antes, mas eu não conseguia, pensando na conjuntura, em quantos candidatos vão ter e quantos votos vai precisar, essa coisa toda, chegou uma época que nós estávamos em sete candidatos, oito candidatos”, explica. 

O ex-vereador conta que esse problema também foi registrado em outros municípios. “Nós tínhamos candidatos em Imbituva, pela primeira vez. Nós tínhamos candidatos em Prudentópolis, três para estadual. Nas eleições geralmente tinha 500, 600 candidatos a estadual no Paraná. Nessa tivemos mais de 900, se não me engano [no total, foram 902 candidaturas a deputado estadual]. Os partidos sem coligação tentam forçar a barra para sair qualquer candidato e vão lá, enganam as pessoas. Eles dizem assim: ‘Veja bem, nossa chapa é muito fácil, você vai fazer muito voto aqui’. É claro que as pessoas acreditam. Tem candidatos que acreditam nisso. Vai hoje saindo muitos candidatos da nossa região, nunca teve tantos candidatos. Isso, claro, atrapalhou, mas essa é uma questão que ninguém pode impedir alguém de sair candidato”, conta. 

De 2016 a 2018, Rafael Lucas trabalhou na diretoria geral da Secretaria de Planejamento do Estado. Sobre a possibilidade de ocupar um novo cargo no governo estadual, Rafael disse que ainda não recebeu convites. “Eu, particularmente, não conversei ainda com o governador. Tive uma primeira conversa com o chefe da Casa-Civil, com [João Carlos] Ortega. Muita gente confunde, eu sempre explico isso. Eu não sou empregado do governo do Estado, sou empregado de uma empresa chamada Paranacidade. É uma empresa, ela presta serviço para o governo estadual, mas eu entrei ali por processo seletivo. Tenho carteira assinada. Não é do governo estadual. Agora, já entrei numa conversa com a Paranacidade, de volta, para pensarmos até para, pelo menos eu encerrar o meu trabalho com eles. Em relação ao governo do Estado, essa é uma questão que o governador vai conversar com o partido”, disse. 

Já sobre as eleições municipais de 2024, Rafael Lucas conta que acredita que é preciso que um grupo seja formado em Irati, antes que candidaturas sejam discutidas. “A eleição é daqui a dois anos. Primeiro de tudo é que temos que fazer um bom grupo de pessoas que querem ajudar a cidade. Estão dispostas a ajudar a cidade. Conversar todos entre nós e ter uma pessoa, duas – uma para sair candidato a prefeito, outro para sair candidato a vice, alguns que saiam candidatos a vereadores. Essas pessoas têm que estar juntas pensando em Irati. Não pode ser só por uma pessoa. Não pode ser o nome de uma pessoa, não pode ser vaidade. Nós não podemos ter vaidade. Agora, é algo que vamos começar a discutir”, conta. 

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.