2ª Caminhada do Meio Dia marca Dia de Combate ao Feminicídio no Paraná nesta segunda-feira

21 de julho de 2024 às 18h13m

Evento faz parte da campanha “Paraná Unido no Combate ao Feminicídio”. Em Irati, caminhada será feita pela Rua Dr. Munhoz da Rocha em direção à Prefeitura, onde será feita uma homenagem às vítimas de feminicídio no município. Secretária da Mulher, Criança e Pessoa Idosa e assistente social contam qual será a programação/Paulo Sava

Eliane Maria da Silva Carungaba, assistente social, e Márcia Mores, secretária da Mulher, Criança e Pessoa Idosa de Irati. Foto: Paulo Sava

A 2ª Caminhada do Meio Dia pelo fim da violência e pela vida da mulher será realizada nesta segunda-feira, 22, em todo o Paraná. O evento faz parte da campanha “Paraná Unido no Combate ao Feminicídio”, lançada em 2023 em alusão ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, instituído pelo Governo do Estado em 2019. A data foi escolhida em referência à morte da advogada Tatiana Spitzner, de Guarapuava, vítima do crime.

Em Irati, a concentração vai acontecer na Rua Carlos Thoms a partir das 11h30min. Os participantes sairão pontualmente às 12 horas e caminharão pela Rua Dr. Munhoz da Rocha em direção à Prefeitura, onde será feita uma homenagem às vítimas de feminicídio do município.

Casos em Irati – Em setembro de 2017, Sandra Mara Meira, na época com 35 anos, foi encontrada morta próximo à cachoeira do Fillus, em Irati. Seu ex-marido confessou o crime em Palmeira após tentar cometer suicídio.

Já no dia 26 de julho de 2018, cinco dias após a morte da advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava, Ivanilda Kanarski, de 30 anos, foi morta a tiros no Parque Aquático de Irati. Porém, neste caso, a Justiça não considerou a qualificadora de feminicídio. O réu, João Fernando Nedopetalski, foi condenado a 24 anos e 4 meses de prisão pela morte da esposa e pela tentativa de homicídio contra o cunhado, Romildo Kanarski. Ele foi considerado culpado por homicídio qualificado por ter dificultado a defesa da vítima e por ter cometido o crime na frente dos filhos.

Já no dia 08 de março de 2022 (Dia Internacional da Mulher), uma servidora da Unicentro foi alvo de tentativa de feminicídio por parte do ex-marido, que também trabalhava na universidade. Ela foi internada em estado grave, mas conseguiu se recuperar em alguns dias. O autor morreu após se envolver em um acidente na BR 153, no sentido Rebouças, logo após o crime. Ele colidiu frontalmente contra um caminhão.

Poucos dias depois, em 29 de março de 2022, Veridiana dos Anjos, de 37 anos, foi morta com seis golpes de faca pelo ex-namorado quando saía do trabalho, na Rua Dona Noca, centro de Irati. Um bombeiro que passava pelo local deteve o autor até a chegada da Polícia Militar. O homem foi detido em flagrante.

Já no dia 10 de junho de 2023, Mirela Maiara Ewerling Luís, de 26 anos, foi assassinada com golpes de faca na frente do filho, que na época tinha 02 anos. O crime ocorreu durante uma confraternização, após uma crise de ciúmes do companheiro da vítima, de 28 anos. O autor fugiu, mas foi preso pela Polícia Militar dias depois do ocorrido.

A secretária da Mulher, Criança e Pessoa Idosa de Irati, Márcia Mores, destacou que a caminhada é realizada sempre ao meio-dia por ser o horário em que, se elas estivessem vivas, provavelmente estariam junto aos seus familiares.

“Quando a mulher morre brutalmente, toda a sociedade é atingida pela interrupção precoce desta vida, que deixa vazios no presente e no futuro das pessoas que cercam esta vítima, que são os filhos, pais, irmãos, amigos e colegas de trabalho. No horário do meio-dia, estas mulheres estariam, se estivessem vivas, junto com seus familiares. Hoje elas não estão mais aqui, e esta ausência é sentida todos os dias e elas jamais serão esquecidas”, frisou.

Camisa branca – A organização do evento pede que os participantes compareçam com uma camisa ou peça de roupa branca, simbolizando a paz e a união de toda a sociedade.

Casos de feminicídio e medidas protetivas – Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que o número de casos de feminicídio cresceu 5,2% no Paraná, passando de 77 para 81 casos. Em Irati, pelo menos 10 pedidos de medida protetiva são solicitados por semana, de acordo com dados da Delegacia de Polícia Civil.

CRAM – A assistente social Eliane Maria da Silva Carungaba atua junto ao Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CRAM), no Parque Aquático. No local, é feito o atendimento das mulheres que sofrem com a violência doméstica e que registram Boletins de Ocorrência e solicitam medidas protetivas. Ela conta que as mulheres também sofrem com violência psicológica, emocional e patrimonial.

“Às vezes, o homem não toca nem em um fio de cabelo dela, mas quebra a casa inteira. Ele denigre a imagem, o psicológico e o caráter dela e a difama, além da violência física muitas vezes. Muitos casos eu acredito que nem chegam até o conhecimento da Justiça por causa do medo das mulheres, das vítimas. Buscamos apoiá-las neste sentido também, tanto aquelas que buscam a Justiça como aquelas que não têm coragem. Elas podem ir até o CRAM e buscar nosso apoio também”, frisou.

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Eliane garantiu que as mulheres podem contar com apoio e proteção da Justiça contra a violência doméstica. “Mulheres, nós queremos dizer que vocês não estão sozinhas nesta luta, que é de todos nós, inclusive da Justiça, podem confiar nela. Às vezes vocês ouvem na mídia que a Lei Maria da Penha não adianta, que a medida protetiva é só um papel e não adianta nada. A Justiça funciona, o agressor é penalizado e preso, e isto tudo vai constando a favor das mulheres. Então, mulheres, não se calem, pois o seu silêncio pode ser a forma de vocês se ferirem e causar mortes, no caso do feminicídio”, pontuou.

Denúncias – Em casos de violência, a mulher pode procurar ajuda na Delegacia de Polícia Civil, com a agente da Guarda Municipal Patrícia Isaura Bonato Pedroso dos Santos, através do WhatsApp (42) 3422-5176. A vítima também pode pedir auxílio à Polícia Militar pelo 190, à Guarda Municipal pelo 153 ou no WhatsApp (42) 3423-2833, pelos telefones do disque-denúncia 180 ou 181, e ainda no Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) da Unicentro pelo telefone (42) 99904-1423.

Os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) também têm profissionais especializados para o atendimento destas mulheres. Postos de saúde e a Patrulha Maria da Penha também funcionam como ponto de apoio às vítimas de violência doméstica. Márcia destacou a amplitude da rede de combate à violência doméstica em Irati.
“É uma rede bastante ampla, a cidade tem evoluído e então eu acredito que Irati está bem amparada na questão da lei e de orientação para estas mulheres”, comentou.

Há também a possibilidade de pedir ajuda no Centro Integrado de Atendimento à Mulher Iratiense (CIAMI), localizado no Parque Aquático. O telefone para contato é (42) 99147-3174.

Prisão do autor – Eliane destaca que, se o homem descumprir a medida protetiva, caso ela seja solicitada e deferida, ele será preso. “É para vocês, mulheres, verem que, realmente, a Justiça e a Lei Maria da Penha funcionam, e vocês podem contar com todo o nosso apoio da Secretaria da Mulher, Criança e Pessoa Idosa, do CRAM, do CRAS e do CREAS, inclusive da Justiça, principalmente. A luta não é só de vocês, não estão sozinhas e podem contar conosco, que a sua voz vai ser ouvida. Vocês vão ser amparadas e orientadas inclusive em relação às ferramentas que podem usar para se defender contra o agressor. Ele vai ser devidamente advertido em relação à medida protetiva e, se ele a desrespeitar, vai ser preso”, comentou.

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