Decisão de fechar o colégio foi tomada pela Secretaria de Estado da Educação e anunciada nesta terça-feira. Diretora fala sobre o assunto
Paulo Sava
As notícias da transferência para o Alto da Lagoa e posteriormente do fechamento do Colégio São Vicente a partir de 2019 vem causando surpresa desde o final do mês de outubro, quando a secretária de estado da Educação, Lúcia Côrtes, visitou o município. Na ocasião, ela anunciou a mudança da instituição para o prédio onde funciona a Escola Municipal Mercedes Braga, descartada posteriormente. Desde então foram feitas várias reuniões numa tentativa de que a Secretaria de Estado da Educação (SEED) voltasse atrás na sua decisão. A Sociedade Educacional Irati, proprietária do prédio que abriga o São Vicente, tentou negociar o valor do aluguel , que atualmente é de R$ 34 mil, mas pode chegar a R$ 38 mil devido ao reajuste anual.
Mas as negociações não surtiram o efeito desejado e a SEED anunciou na terça-feira, 20, na página oficial do órgão no facebook, o fechamento gradativo do colégio. Para 2019, serão fechadas apenas as turmas de 6º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio, permanecendo as turmas de 7º, 8º e 9º ano (Fundamental) e 2º e 3º ano (Médio), até a extinção em 2021.
A diretora do São Vicente, Margareth Piazzetta Antunes, recebeu nossa reportagem na manhã de quinta-feira e falou do esforço da comunidade escolar junto ao Governo do Estado ao longo dos últimos anos para manter a escola aberta. Ela lembra que desde 2015 este assunto vem sendo cogitado e vários pedidos foram encaminhados para manter o prédio em funcionamento. Foram gastos mais de R$ 1 milhão em reformas.
Todo final de ano é esta angústia, esta ansiedade, o desgaste emocional por parte dos professores, dos pais, dos alunos. Tudo isto que está sendo exposto aqui não veio em documento para nós,
diz a diretora , lembrando, no entanto, que até a manhã desta quinta-feira, 22, nenhum comunicado oficial sobre a decisão havia sido emitido.
Ela também contou que soube pelos proprietários do prédio que eles se propuseram, até mesmo, ceder o espaço sem recebimento de aluguel.
O anúncio abalou a professora Maria do Carmo Rezende que leciona há 18 anos e também estudou no colégio. “É uma notícia que veio de forma avassaladora, que abalou a todos que aqui trabalham. Eu tenho certeza que todos têm amor e dedicação a este estabelecimento, não por nós, mas pelo que ele representa para as famílias iratienses. São 93 anos dedicados a uma educação de qualidade, e nós primamos por isto. É inadmissível acabar com esta história da maneira que está sendo proposta”.
[publicidade id=”42″ align=”center” ]
Um clima de tristeza foi descrito pela aluna do 3º ano, Giovana Filus, de 16 anos, que falou com nossa reportagem.
Dá para sentir um clima de ‘funeral’, é a nossa história que está morrendo, e não só o colégio. A gente se sente em casa aqui.
Mais escola
Existe uma demanda formalizada para abrir mais uma escola na região central de Irati, foi o que nos informou esta semana o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati, Cleto Castagnolli. “Um documento foi protocolado em 2008 no qual se aponta a necessidade da construção de mais uma escola estadual em Irati, mais precisamente no bairro Canisianas, o que até agora não ocorreu”. Mas nem mesmo as tratativas de permuta com o prefeito, para ceção de terreno em troca de imóvel estadual de uso municipal, foi iniciada, aponta o chefe do Núcleo.
Pais, alunos, professores e funcionários se mobilizam para pressionar a SEED e evitar o fechamento do São Vicente. Está marcada para a próxima segunda-feira, dia 26, um manifesto em frente ao colégio. O ato está marcado para as 09 horas.