Empresa emitiu nota a respeito da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que envolve as concessionárias do pedágio do Anel de Integração do Paraná
Da Redação
A Construtora Derbli encaminhou uma nota à reportagem da Najuá com seu posicionamento a respeito da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que envolve as concessionárias do pedágio do Anel de Integração do Paraná.
A empresa refuta a suspeita de emitir notas fiscais sem prestar serviços de engenharia e manutenção das rodovias. “A Construtora Derbli LTDA vem a público informar que há mais de 15 anos mantém relação comercial com a Construtora Campos Gerais, prestando serviços de engenharia e manutenção das rodovias. Os documentos apreendidos pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal na sede da empresa, quando da deflagração da 2ª etapa da Operação Integração, são aptos a atestar que a Construtora Derbli LTDA de fato prestou, ao longo deste significativo período tempo, os serviços contratados e devidamente pagos pela empresa contratante. Refuta-se, portanto, qualquer insinuação de que a Construtora Derbli LTDA emitiu notas fiscais sem que houvesse de sua parte a devida contraprestação, fato que certamente será observado pelos entes da administração pública quando se debruçarem sobre o farto material documental apreendido. Por derradeiro, a Construtora Derbli LTDA esclarece que está cooperando com os órgãos públicos de controle, entregando todos os documentos que lhe foram requisitados”, diz a nota assinada pelo Procurador da Derbli, Walter Alexsandro Silva.
Confira a nota da empresa abaixo
A Caminhos do Paraná também negou que tenha firmado contratos fictícios com a empresa iratiense. Clique aqui e confira o posicionamento da concessionária.
Denúncia
Conforme denúncia do MPF, a Construtora Derbli figura como a principal fonte de dinheiro em espécie do esquema de corrupção envolvendo a concessão de rodovias no Estado. O MPF descreve que a empresa sacou, no período de vigência do esquema, ao menos R$ 41.021.661,01 para entregar a Ruy Giublin, Carlos Lobato e José Julião Terbai Junior, que representavam interesses da concessionária e repassavam os valores a João Chiminazzo Neto (ex-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias- ABCR), para abastecimento do esquema de propinas.
Na documentação apresentada pelo MPF consta que a empresa Derbli também recebeu valores vultosos da Caminhos do Paraná e de outras empresas integrantes do grupo econômico controlador da concessionária, entre elas a Construtora dos Campos Gerais Ltda, com endereço registrado em Irati, Rua Coronel Grácia, 154, da qual recebeu a quantia de R$ 26.453.455,51. O local indicado pela Campos Gerais, até pouco tempo era um terreno baldio e hoje existe um prédio residencial no endereço. Logo após a conta da Derbli receber créditos, inúmeros cheques foram descontados na “boca do caixa”, além de terem “saques em dinheiro”.
Em setembro de 2018, quando foi deflagrada a “Operação Integração II” houve busca e apreensão de documentos em Irati, na Concessionária Caminhos do Paraná e na empresa Derbli. Na época, em nota, a empresa disse não estava sendo alvo de investigação e que apenas forneceu documentos referentes às contratações com a Caminhos do Paraná.
Posicionamento do MPF
Já o MPF-PR informa que na ocasião da busca “constatou-se que a empresa Derbli lançava altos valores ‘disponibilidade em caixa’, quando, na prática, não existia no caixa da empresa equivalente disponibilidade de recursos. A discrepância demonstra que os vultosos saques da empresa foram contabilizados falsamente”.
Ex-governador virou réu na ação
No dia 10 de fevereiro, a Justiça federal aceitou duas denúncias sobre corrupção e pagamento de propinas por parte de empresas de pedágio a agentes políticos do Paraná. Com isso, 33 pessoas viraram rés, entre elas o ex-governador Beto Richa e os ex-secretários estaduais, Deonilson Roldo, Ezequias Moreira, Pepe Richa (irmão de Beto) e Nelson Leal Junior (ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná- DER/PR). As denúncias fazem parte do âmbito da Operação Integração.
Segundo informações do jornal Gazeta do Povo, as investigações têm como base a delação de Leal Junior e os aditivos contratuais assinados por Richa e que teriam beneficiado as concessionárias, além de documentos relacionados a aquisições suspeitas de imóveis, operações supostamente realizadas com dinheiro de vantagem indevida, segundo a investigação. Conforme o Ministério Público Federal, Beto Richa teria recebido R$ 2,7 milhões em propina, valor composto por dinheiro pago ao tucano em espécie e “por fora”, na compra de três imóveis.
Uma segunda denúncia trato do chamado grupo empresarial, tornando rés mais 23 pessoas por organização criminosa e corrupção passiva. A prática de lavagem de dinheiro foi descartada. Entre os nomes citados constam três ligados a concessionária Caminhos do Paraná: o Diretor- Presidente Julião Terbai Junior (corrupção ativa e organização criminosa), Ruy Sergio Giublin (corrupção ativa e organização criminosa, que é citado como suposto articulador e negociador de propinas pagas pela empresa) e Carlos Roberto Nunes Lobato (corrupção ativa e organização criminosa, que é proprietário de uma das empresas que é acionista da Caminhos do Paraná).