A psicopedagoga Loriane Fleischer e o professor Edélcio Stroparo debateram o tema no programa Espaço Cidadão da Super Najuá
Paulo Henrique Sava
Na última semana, as escolas das redes estadual e municipal de ensino retomaram as aulas em todo o Paraná. Algumas escolas, como o Novo Colégio São Vicente de Irati, irão utilizar celulares e tablets como ferramentas pedagógicas. Porém, será que professores e instituições da rede pública de ensino estão preparados para utilizar estes equipamentos? Como está a preparação dos alunos para utilizar a tecnologia e a internet para as atividades pedagógicas? A psicopedagoga Loriane Fleischer e o assessor do Novo Colégio São Vicente, Edélcio José Stroparo, debateram o assunto durante o programa Espaço Cidadão da Super Najuá.
O colégio é o primeiro a utilizar as tecnologias durante as aulas em Irati. Stroparo ressalta que o projeto visa mudar o perfil da sala de aula, fazendo com que as aulas se tornem mais atrativas e produtivas.
“Nós entendemos que a sala de aula deve acompanhar esta mudança tecnológica que vem ocorrendo nos últimos tempos: as nossas casas, os espaços públicos, as empresas se modificaram e nós nos modificamos; a sala de aula em vários momentos continua tal e qual há muitos anos. Precisamos fazer com que esta tecnologia chegue à sala de aula e facilite a aprendizagem, mas que chegue como um mecanismo pedagógico e não como plataforma de rede social. O mais importante é que a tecnologia se apresente como uma ferramenta educativa”, pontuou.
O professor diz que, assim como o aluno tem as tecnologias em casa, ele deve tê-las também na sala de aula. Porém, há a necessidade de adaptação da infraestrutura das escolas e de preparação dos professores para que isto ocorra, o que, para Stroparo, é um grande desafio. A psicopedagoga Loriane Fleischer concorda com o pensamento do professor, dizendo que, no início, a adaptação dos professores não será fácil. Ela espera que os resultados no aprendizado dos alunos sejam positivos.
“Como hoje tudo está girando em torno da tecnologia e os jovens e crianças estão muito ligados às redes sociais, à informática, eu penso que para eles vai ser mais fácil iniciar que para os professores, por que eles têm um domínio muito grande disto. Eu penso que os resultados serão satisfatórios porque vai se tornar atrativo, é algo mais, pois somente o quadro negro com o giz lá na frente não é tão atrativo para o jovem no mundo de hoje”, declarou.
A sala de aula não pode ser vista como um “castigo” para o aluno. Por este motivo, Stroparo acredita que as tecnologias devem estar presentes no ambiente escolar, desde que sejam corretamente utilizadas. “O aluno não vai ficar na sala de aula com WhatsApp e Facebook mandando mensagens para os coleguinhas: vai ter momentos apropriados para isto. Estes instrumentos serão utilizados de forma pedagógica, com os diversos aplicativos que existem no mercado e facilitam a aprendizagem. Neste aspecto, o material que adotamos já pode ser acessado de forma remota e já é adaptado para este tipo de atividade”, comentou.
Em tempos de internet, o que se vê em sala de aula é a troca de informações entre professores e alunos, ou seja, mudou aquela visão de que o professor era autoridade máxima e detentor exclusivo do conhecimento a ser repassado, na opinião de Loriane. “Eles (professores e alunos) podem dividir as informações. O jovem vai atrás de fontes e terá um diálogo melhor com o professor com base nas suas pesquisas”, frisou.
“A quantidade de informações e o nível de conhecimento de um aluno hoje nem se compara ao que tivemos no passado devido a esta modernidade. Penso que isto será bem bacana e legal mesmo”, completou, comparando a atualidade com a época em que os alunos precisavam frequentar bibliotecas para pesquisar sobre determinados temas tratados em sala de aula.
Novas tecnologias nas escolas públicas
No entanto, o maior desafio é fazer com que as tecnologias cheguem até as escolas públicas, o que é uma tarefa bastante difícil. Loriane acredita que as escolas da periferia terão que se adaptar às mídias o mais rápido possível. Atualmente, estes alunos não têm acesso à internet nas escolas, mas se mantém conectados às redes sociais através do celular. “Eu penso que realmente isto faz parte da vida atual e cada vez mais vai ser assim, a modernidade estará nas escolas e em todos os lugares que frequentamos. É difícil para os professores que não têm esta opção e para aqueles que já têm e vão iniciar a maioria do material dos estudos, como no Colégio. Eu acho que será uma adaptação legal e bacana”, comentou.
Opinião dos pais
A psicopedagoga opina que os pais deveriam aceitar as novas tecnologias nas salas de aula; no entanto, conforme resultado parcial da enquete publicada no site da Najuá, a grande maioria ainda tem resistência ao uso do celular na hora da aula.
Loriane pede que os pais prestem atenção nas dificuldades de desempenho que os filhos possam apresentar no decorrer do ano letivo. “O que acontece é que acaba passando o ano todo e lá no final ele está com dificuldade, não está indo bem e não vai passar de ano. Iniciando as atividades escolares, se você sentir que seu filho está com dificuldade mesmo, procure a escola e profissionais que possam ajudá-lo, mas não deixe para o fim do ano, pois isto pode se tornar pesado para o aluno e a família. Dê uma atenção especial já desde o 1º dia de aula para que o filho fique tranquilo e a família fique bem a par da situação. Este diálogo com a coordenação da escola ajuda bastante o desempenho do aluno durante o ano”, finalizou.
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