Ele substitui Cícero Moreira Gomes, o Xiru, que solicitou afastamento do cargo por 60 dias
Edilson Kernicki, com reportagem de Tadeu Stefaniak
Com o pedido de Cícero Moreira Gomes, o Xirú, de licença do cargo pelo prazo de 60 dias, Antonio Martins de Albuquerque, o Toninho, assumiu interinamente a presidência do Iraty Sport Club. Ele afirma estar feliz com a aprovação do Conselho Deliberativo, animado com o desafio de presidir o clube nesse período e, mais ainda, com a participação do time na 2ª divisão do Campeonato Paranaense. O Azulão estreia na competição no dia 7 de abril, contra o União, no Estádio Anilado, em Francisco Beltrão.
O primeiro compromisso de Toninho à frente do cargo foi o de liderar a reunião do Conselho Deliberativo na terça-feira (26), quando apresentou aos demais conselheiros as condições críticas da situação financeira e administrativa do clube. “O assunto principal, que veio à tona há semanas, e estava sem solução, era a atual situação do contrato com o gestor, Virgílio Mendes. Nessa oportunidade, aproveitei para expor o caso e pedir a opinião deles”, expõe.
Nessa reunião, foi aprovada, por seis votos a dois, a parceria com o novo gestor do clube. A aprovação contraria o posicionamento do presidente do Conselho Deliberativo, Reinaldo Jorge Juliano, o Chocolatinho, que não assinou o documento que autoriza o time a celebrar a parceria. Entretanto, ele não compareceu às reuniões nem deu qualquer notícia, segundo Toninho. Diante dessa ausência, o estatuto do clube encarrega o vice, José Osmar Laroca, de tomar posse da presidência do Conselho Deliberativo.
“É automático: na ausência do presidente, assume o vice, por uma temporada, com a indicação do presidente. Fizemos a ata, tudo certinho, e tentamos o contato com o Reinaldo, não conseguimos mandar um ofício, um contato via WhatsApp ou um telefonema, para que ele comparecesse. Ele está ausente há bastante tempo. Colocamos em ata que assume previamente, até que formemos uma assembleia nos próximos 15 dias. Vai ter que ser destituído esse presidente ausente e ser dada a posse ao novo presidente do Conselho Deliberativo”, frisa.
A última eleição para o Conselho Deliberativo ocorreu em novembro de 2017, para o biênio 2018/2019. Portanto, uma nova eleição deveria ocorrer somente no final deste ano. A ausência de Chocolatinho antecipa esse processo.
Quanto à reunião de quarta (27), quando Virgílio Mendes foi oficialmente apresentado como gestor do Iraty, Toninho destaca a importância da presença dos integrantes do Conselho, por considerar que as reuniões deveriam ser mais frequentes e ocorrer a cada 45 dias; no máximo, a cada dois meses. “Apresentamos o novo gestor, o Virgílio, que já estava na cidade se preparando, mas ele não tinha total liberdade de atuar como gestor, pois ele não estava assinado e autorizado pelo Conselho”, diz.
Outro resultado positivo da reunião de apresentação do novo gestor, conforme Toninho, é que todos os participantes tiveram oportunidade de esclarecer as dúvidas sobre quem é Virgílio Mendes e qual sua proposta de gestão para o futebol profissional do Iraty.
A aprovação de um novo gestor– após Sérgio Malucelli desistir de investir no clube– trouxe alívio para a diretoria do Azulão, que temia não ter condições de participar da 2ª divisão do Campeonato Paranaense e, assim, ser automaticamente rebaixado para a 3ª Divisão. Além disso, o clube teria de arcar com uma multa à Federação Paranaense de Futebol (FPF) pela não-participação na competição.
“No Iraty, [o futebol profissional] é uma tradição. Eu não vejo o Iraty sem o futebol. Não tem como ver só a parte social. Está no sangue, está na camisa. Ele tem um título paranaense. Tem mais de 100 anos de história. E o deixarmos de fora, nessas circunstâncias, com o clube já inscrito na competição, e termos que solicitar uma carta de desligamento, o preço, no futuro, seria muito caro. O retorno ao futebol seria quase impossível, porque a penalização viria. Nosso moral, nosso status, do Iraty Sport Club junto às entidades, junto à Federação, à imprensa, à sociedade, à torcida”, analisa.
Contrato com o novo gestor
Segundo Toninho, o contrato prevê que todas as despesas da equipe serão de responsabilidade de Vírgilio. O presidente interino do Iraty salienta que nem teria como ser diferente, levando-se em consideração as finanças do clube e as pendências salariais frente a funcionários e, até mesmo, frequentes cortes de água e luz no Estádio Emílio Gomes por falta de pagamento das contas.
“Nos últimos anos, não se tomou o cuidado de uma matemática simples: não se gasta mais do que se arrecada. Nossa entrada hoje é bem menor que a saída. Todo mês, somamos um déficit e ficamos devendo a alguém. A dívida se acumulou de uma forma que, se não mudarmos a gestão e não fizermos um estancamento dessa dívida, ela só tende a aumentar”, diz.
O contrato estabelece, ainda, que 80% da receita líquida das bilheterias ficam para o gestor e 20% para o clube. Na mesma proporção de 80% para o gestor e 20% ao clube, o resultado de cotas publicitárias, pinturas (propagandas pintadas nos muros), patrocínios, vendar no bar e, inclusive, transações de jogadores. “Acho justo, pois o clube não estava ajudando com nada, na parte financeira, ao nosso gestor. Nada mais justo, pois ele vai ter que investir e arriscar dinheiro”, afirma.
Todas as despesas para o Campeonato Paranaense – viagens, acomodações, alimentação, entre outras – ficam por conta do gestor. “O Iraty, além de não pagar nada, não tem condições financeiras de pagar nada. Uma viagem a Cascavel, por exemplo, se a equipe viajar um dia antes, não custa menos do que R$ 6 mil”, ressalta o presidente interino.
Toninho confia no novo gestor e em sua capacidade de fazer o Iraty resgatar a credibilidade junto à torcida e espera que o Campeonato Paranaense – 2ª Divisão sirva para atrair novos investidores e patrocinadores.