Juventus FC esclarece desistência de doação de parte de terreno à Prefeitura

Diretores defendem que possuem autonomia para a decisão e que não havia expressas garantias de…

07 de março de 2019 às 10h25m

Diretores defendem que possuem autonomia para a decisão e que não havia expressas garantias de que as obras se concretizariam

Da Redação
O presidente do Juventus Futebol Clube, Fernando Pereira da Luz, emitiu uma nota de esclarecimento, no início desta semana, acerca da decisão do clube, que fica no bairro Engenheiro Gutierrez, em desistir da doação de parte de seu terreno para a Prefeitura. A diretoria informa que, há alguns meses, o município cogitava a construção de uma pista de caminhada no entorno do estádio do Juventus. 

Confira abaixo a nota de esclarecimento na íntegra

Segundo o presidente, um membro de um dos conselhos do clube teria iniciado conversas com o Município – sem o aval da Presidência – a fim de que fossem executadas outras benfeitorias numa área livre do terreno, ao lado do campo. Membros da Associação de Moradores do bairro teriam participado dessas conversas, que só chegaram ao conhecimento da cúpula do Juventus algum tempo depois, quando o assunto já estava bastante adiantado. 
Existia a perspectiva de que o município construísse, além da pista de caminhada, um campinho de futebol suíço, uma academia ao ar livre e outras benfeitorias. De acordo com a nota de esclarecimento, “a diretoria do clube, após tomar conhecimento da situação, apesar de ter autonomia e autoridade para cancelar tais negociações, optou em acompanhar esse contexto, considerando a possibilidade de poder colaborar, entendendo que isso poderia trazer benefícios à comunidade”. 
Entretanto, no desenrolar do processo, a diretoria do Juventus passou a ter algumas dúvidas. Uma delas seria quanto à fração de terreno que deveria ser cedida, pois o perímetro excedia a parte livre do imóvel e comprometeria parte do campo para compor a metragem mínima. Outra preocupação do clube era a falta de garantias de que o conjunto de obras prometida fosse, efetivamente, executado, devido à instabilidade do cenário político e econômico com as trocas de governos, tanto estadual quanto federal, e a eventual necessidade de o município precisar recorrer às esferas superiores da administração pública em busca de verba para as obras.
Em outro trecho, a diretoria justifica a desistência da doação. “O patrimônio do Juventus Futebol Clube foi conquistado com muita luta e, nesse primeiro cinquentenário de sua fundação, muitas batalhas foram travadas por nossos antepassados, muitos de saudosa memória e outros que ainda temos o prazer de tê-los em nossa convivência; inclusive, alguns participaram da fundação do clube, em 1968”, afirma o documento. 
A presidência do Juventus alega compreender a discordância quanto à sua decisão, mas considera a polêmica desnecessária. “Reiteramos que a posição do clube é a de colaborar em qualquer contexto que possa favorecer a comunidade. Sabemos que esse processo de doação, se consumado fosse, e, especialmente, se executado na íntegra o suposto projeto de benfeitorias naquele espaço, traria enormes ganhos à comunidade. No entanto, diante do contexto que se verificou, sob a ótica dos representantes legais do clube, não é possível o Município dar qualquer garantia de execução”, argumenta.
Além disso, a diretoria do clube indica que não haveria a possibilidade de reaver a parcela do terreno que seria cedida ao Município caso não fossem consolidadas as obras que se cogitava realizar. 
Na nota, o presidente destaca que a decisão de desistir da doação foi unânime, e não vertical, e resultou de votação nominal. “Considerando a soberania do clube em gerir as decisões em relação ao seu patrimônio, e após diversas discussões de sua diretoria e seus integrantes, a decisão do clube foi categórica pela não formalização da doação. Essa definição aconteceu numa reunião realizada no dia 13 de fevereiro do corrente ano, constando tal registro na Ata 20/2019, cujo evento contou com um representante da Associação de Moradores de Engenheiro Gutierrez, o qual teve a oportunidade de se manifestar, defendendo os interesses da comunidade em relação a essa questão”, diz.
A diretoria também se coloca à parte da polêmica suscitada a partir de sua decisão. “A diretoria do Juventus Futebol Clube lamenta tal situação, cujo desfecho não foi do agrado de todos, mas vem reiterar o seu direito de decisão sobre as questões que são consideradas de seu exclusivo interesse”, frisa. 
Em contraposição, os dirigentes do clube mencionam a longeva parceria do Juventus com a Prefeitura de Irati, através da secretaria de Esportes, no que diz respeito ao fato de o campo acolher muitas competições esportivas e se coloca à disposição para manter essa parceria. 

Posicionamento do município

Procurado por nossa reportagem, o secretário de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Adriano Batista, disse que o prefeito Jorge Derbli tem interesse de beneficiar a comunidade com uma área de lazer e esportes em um terreno ao lado do campo do Juventus, que é considerado um local estratégico. “Foi escolhido o local ao lado do Juventus visto que beneficiaria a população, pois estaria próximo a igreja, campo, etc. O projeto ‘Meu Campinho’, que tem além do campo sintético, área de lazer como quiosques, academia ao ar livre, foi escolhido junto à ParanaCidade e a princípio a municipalidade precisaria de pavimentação asfáltica nas esquinas para a aprovação. A prefeitura está com esta demanda a ser realizada. O grande porém foi de que em último momento a diretoria do clube recuou e não quis mais ceder o espaço. Portanto, a prefeitura está escolhendo outro local para beneficiar a população do bairro, visto a negação da diretoria do clube”, disse Adriano, que enaltece a importância da comunidade de Engenheiro Gutierrez receber benfeitorias e investimentos. 

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