Laboratório Sékula recebe prêmio de gestão de qualidade da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas

Menos de 10% dos laboratórios do País possui essa certificação. Empresa atua há mais de…

01 de agosto de 2022 às 19h31m

Menos de 10% dos laboratórios do País possui essa certificação. Empresa atua há mais de 70 anos em Irati/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava


Maria Helena Sékula Smolka atua no laboratório de sua família há 52 anos. Ela seguiu os passos do seu pai Boyomir Sékula. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

O laboratório Sékula de Irati recebeu um prêmio de gestão de qualidade da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. “Estamos envolvidos com essa busca dessa acreditação desde 2013. É um processo bastante longo, que exige muito investimento em melhorias do laboratório, treinamento, ter uma equipe muito bem formada”, disse a farmacêutica bioquímica com especialização em Análises Clínicas, Maria Helena Sékula Smolka.

Para receber essa conquista, o laboratório passou por avaliações externas durante quase dez anos. “Recebemos todos os anos um auditor, que vem de várias cidades do Paraná, às vezes, de fora do Paraná. Eles vêm passar um pente fino no laboratório e tudo aquilo que eles encontram que pode ter um acréscimo de melhoria, eles nos passam e nós fazemos”, explica.

Com quatro biomédicas na equipe de cerca de dez funcionários, o laboratório investe no treinamento de pessoal para manter a atualização na empresa. Para a proprietária, o prêmio representa esse trabalho feito ao longo dos mais de 70 anos de existência em Irati. “É muito importante para uma empresa de saúde conseguir essas qualificações que permitam que ela seja acreditada por uma sociedade como a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, no nosso caso. Para nós, foi uma vitória muito grande e eu devo, principalmente, a uma equipe muito boa que trabalha comigo e sempre agradeço a elas”, conta.

Menos de 10% dos laboratórios do País possui essa certificação, segundo Maria Helena. “Porque é muito caro também. É um investimento alto para o laboratório. Eu acho que tem que ter um compromisso de quem está à frente de um laboratório, tem que ter um compromisso com a saúde muito profundo. Isso já vem do tempo que meu pai estava à frente do laboratório, ele me passou esses conceitos. Eu acho que a primeira coisa que uma empresa de saúde tem a fazer é se preocupar com os seus clientes, os pacientes que nos buscam, porque a pessoa buscando um serviço de saúde é porque ela necessita”, disse a farmacêutica bioquímica.

Para alcançar o reconhecimento, o laboratório precisa se comprometer a fazer cursos e investir em formação de pessoal. “Essa acreditação nos obriga a fazermos pelo menos dois cursos novos de especialização nas áreas de hematologia, microbiologia, bioquímica, que são áreas bastante importantes dentro do laboratório”, explica.

O laboratório ainda teve que investir em novos equipamentos. “Os equipamentos têm que ser muito precisos e nós investimos bastante no setor de hematologia, de microbiologia, bioquímica e imunologia também, mas principalmente os três primeiros que eu citei, que são os equipamentos mais pesados que o laboratório tem, são maiores, e eles são equipamentos que passam por manutenção semestral, às vezes, anual, mas sempre estão sendo revisados. Vem técnicos de Curitiba e de Belo Horizonte, que nós recebemos também, eles vêm para fazer uma manutenção dos equipamentos”, conta.

A certificação possibilita também que o laboratório estabeleça parcerias. “Nós qualificamos com muito critério nossos fornecedores e os laboratórios agora trabalham com laboratórios maiores que são laboratórios chamados de apoio ou parceiros do laboratório. Esses laboratórios também tem que ser olhado com bastante cuidado porque eles são laboratórios imensos que chegam a fazer um, dois milhões de exames por mês. E eles tem também essa mesma qualificação que nós temos. É uma das nossas exigências e outras qualificações a nível internacional, para que nós façamos qualquer tipo de contrato ou convênio com eles. Nós testamos os nossos laboratórios parceiros, se eles não dão feedback bom, o resultado esperado, nós mudamos”, conta.

Laboratório Sékula investe na compra de equipamentos e qualificação dos profissionais para manter a gestão de qualidade dos serviços ofertados. Foto: Divulgação

 Atualmente, o laboratório Sékula é parceiro de dois laboratórios. “Trabalhamos já há mais de 15 anos, nós trabalhamos com dois grandes laboratórios nacionais que é o Laboratório Hermes Pardini, que agora se juntou com a Fleury de São Paulo. É uma empresa enorme dentro do Brasil. Trabalhamos também com uma empresa chamada Dasa, diagnósticos da América, que também é muito grande e que nós estamos inseridos dentro deles com uma assessoria técnica e científica muito robusta”, disse.

Com mais de 70 anos de existência, o laboratório Sékula se tornou parte da história de Irati. Há 52 anos no laboratório, Maria Helena conta que lembra do seu início na empresa que herdou do pai Boyomir Sékula. “Eu quando cheguei aqui no começo dos anos 70, Irati tinha dois médicos só. Logo em seguida, chegou o Dr. Ruva que foi o terceiro médico, que era um cardiologista, e o hospital era minúsculo. Pouca gente lembra. Depois que foi construída a Santa Casa, com bastante sacrifício. E quem estava à frente do laboratório era meu pai. E meu pai, nós dois tivemos alguns choques porque eu vinha com algumas novidades”, conta.

Uma situação foi relacionada aos exames de colesterol, muito comum nos dias atuais. “Então imaginem vocês que a novidade era dosagem de colesterol. O Dr. Ruva, que tinha vindo de São Paulo, de uma formação de uma faculdade de medicina importante de São Paulo, ele foi no nosso laboratório e perguntou: ‘Vocês podem fazer a dosagem de colesterol?’. Mas foi um… meu pai tinha o equipamento, mas ele não rodava o equipamento. Foi assim uma coisa enorme que aconteceu. Imagina que agora o colesterol é um exame corriqueiro, qualquer um chega no laboratório: ‘Quero dosar meu colesterol’. Mas naquela época, foi assim uma grande novidade, um grande avanço, dentro das análises clínicas em Irati”, relata.

Outro exame comum nos dias atuais, era feito completamente diferente antigamente e entrou na história de muitos moradores antigos de Irati. O exame de gravidez precisava ser feito em sapos, o que levou o laboratório Sékula a ser um dos principais compradores de sapos de Irati. “O teste de gravidez não era realizado nos moldes de agora, que nós fazemos por metodologias ultra sofisticadas, como imunofluorescência, que é um teste super seguro e preciso, naquela época era feito um teste no sapo macho. Então, o meu pai era o grande empresário que comprava sapo”, conta.

 Laboratório Sékula de Irati recebeu prêmio de gestão de qualidade da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Foto: Divulgação

Os jovens que precisavam de algum dinheiro, caçavam os sapos e vendiam ao empresário. “Os jovens, a piazada, iam lá vender sapo e o meu pai comprava deles. Nós tínhamos um pequeno biotério onde esses sapos eram conservados. O teste é um teste científico que se chamava Galli-Mainin e era feito no mundo inteiro. O pai fazia esse teste e eu cheguei com um outro teste bem mais, bem mais assim científico. E o pai dizia: ‘Não, não. O único que vai dar certo é o sapo’”, disse.

A situação ainda é lembrada por muitas pessoas em Irati. “Era engraçado porque as pessoas não sabem para que o Seu Sékula queria o sapo. Muita gente, às vezes, me encontra: ‘Eu vendia sapo para o teu pai. Era tão legal porque a gente ia lá, vendia e ia correndo comprar picolé, dolé’. Era muito interessante essa história”, conta Maria Helena.

Um dos recentes desafios foi a pandemia, onde o laboratório teve que modificar totalmente a rotina para realizar os exames. “A primeira coisa que nós fizemos com os nossos colaboradores foi um treinamento de biossegurança e eles tiveram que usar novos tipos de aventais, novos tipos de proteções, se adaptar o tempo todo estarem com luvas, máscaras, proteção facial. Tivemos que fazer uma sala específica para coleta de Covid. A higienização era constante”, disse.

O trabalho foi desafiador, conforme a farmacêutica bioquímica. “Foi um trabalho novo para nós. Assustador no começo porque sabíamos que era uma doença letal e queria evitar que qualquer um dos nossos colaboradores contraísse a doença. Como de fato, nós lá no laboratório, na primeira leva da pandemia, ninguém foi contaminado. Mas foi assim um trabalho bem duro mesmo na época da pandemia”, explica.

Com a diminuição da mortalidade de casos, a situação ficou mais segura. Mas Maria Helena alerta que a pandemia não acabou. “Eu diria que a Covid não foi embora e não vai embora. Só que o vírus está mais atenuado por conta da vacinação. O vírus sofreu algumas modificações, que transformou o vírus em uma doença que não é tão letal. Eu creio que as pessoas assim, de cada 100, uma pessoa contrai Covid que vá levá-la à óbito. Mas ainda é uma doença que causa alguns transtornos, principalmente, na parte circulatória, que tem que ser observada. Mas está bem mais atenuado”, conta.

Em Irati, o laboratório chegou a ter um aumento dos testes entre maio e junho, mas atualmente, mesmo com pedidos de testes diários, há poucos resultados positivos. “Tivemos alguma coisa, uma pequena crise, um pequeno aumento de Covid no mês de junho, final de maio, segunda metade de maio e junho inteiro, mas agora está bastante atenuado. São poucos casos positivos que nós recebemos lá no laboratório”, disse.

Hoje, o laboratório Sékula possui duas unidades em Irati e uma em Rebouças, atendendo cerca de 45 a 50 pessoas todos os dias. “Não é um fluxo enorme porque o laboratório Sékula abdicou de atender pelo Sistema SUS e pelo Sistema Unimed. Nós nos descredenciamos porque são convênios muito grandes e a parte financeira que esses convênios estão habilitados a repassar para o laboratório é muito baixa. Então, o laboratório não consegue manter um nível de qualidade de comprar os reagentes do nível que nós estamos acostumados a comprar. Nós tivemos que abdicar de atender esses convênios como também não atendemos mais o Consórcio Municipal de Saúde”, explica Maria Helena.

Há planos de expandir para mais uma unidade em Irati, mas ainda não há um endereço escolhido para o novo espaço.

O laboratório Sékula possui dois endereços em Irati. Uma unidade fica na rua XV de Novembro, nº 795, e a outra na rua Zeferino Bittencourt, nº 1297, em frente a uma Unidade de Saúde Municipal. Em Rebouças, o laboratório fica na rua Alexandre Skrovonski, nº 288, na Sala 03.

Uma das unidades do laboratório Sékula fica na rua XV de Novembro, em Irati. Foto: Divulgação
Laboratório Sékula recebe entre 45 e 50 pessoas diariamente. Foto: Divulgação
Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.