Schereda pede vista em projeto de concessão de título de Cidadão Benemérito

Projeto para entrega do título ao ex-secretário de Viação e Serviços Rurais, Anselmo Stadykoski, também…

22 de fevereiro de 2020 às 13h56m

Projeto para entrega do título ao ex-secretário de Viação e Serviços Rurais, Anselmo Stadykoski, também foi criticado por Marcelo Rodrigues  e Rogério Kuhn
Paulo Henrique Sava

Vereadores criticaram projeto de lei de concessão de título de Cidadão Benemérito ao ex-secretário Anselmo Stadykoski. Foto: Assessoria Câmara

A discussão em torno do projeto de lei nº 001/2020, de autoria do vereador Nivaldo Bartoski, que concede o título de Cidadão Benemérito de Irati ao ex-secretário de Viação e Serviços Rurais, Anselmo Stadykoski, causou rusgas entre parlamentares. O pedido de vista foi formalizado por Alberto Schereda (PSDB). Bartoski criticou duramente a decisão de Schereda.

O senhor não estava na sexta-feira? Precisou pedir vista? Não entendeu o projeto? Foi só para segurar, não tem problema,

reclamou o propositor.


Marcelo Rodrigues (PP) e Rogério Luis Kuhn (PV) afirmaram que Stadykoski, que pediu exoneração em 2018 por motivos pessoais, fora reconduzido ao cargo por pressão política e acabou pedindo exoneração, novamente. Conforme Rodrigues, o ex-secretário teria deixado de responder aos questionamentos feitos pelos parlamentares, o que foi considerado por Rodrigues como um “desrespeito a quem exerce cargo público e recebe dinheiro público”.

Retornou ao cargo devido a pressão política, deixou a pasta e não deu as respostas nem a esta casa, nem ao Executivo e nem à sociedade, gerando um desrespeito a quem exerce um cargo público, recebe dinheiro público e do dia para a noite deixa a pasta e diz que foi por assunto pessoal. Quando você exerce um cargo político ou função administrativa e recebe dinheiro público, tem a obrigação de trazer informações. Ninguém pode deixar o cargo sem dizer o porquê,

comentou Rodrigues. 


Rogério Kuhn ressalta que o próprio Bartoski teria dito nos corredores da Câmara por várias vezes que iria a Curitiba para intermediar junto ao Secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, o retorno de Stadykoski à pasta de Viação e Serviços Rurais. “Existiu uma interferência política grande e ladeada pelo vereador Nivaldo Bartoski, que volta e meia dizia que estava indo a Curitiba para resolver o problema do Anselmo Stadykoski, e conseguiu resolver, forçado ou não, com aceite ou não do poder público, ele foi reconduzido ao cargo e exonerado. O vereador mencionou que não importa o motivo, mas eu acho que interessa sim, pois não sabemos o motivo, e o Nivaldo disse que é irrelevante”, frisou. 

Segundo Rodrigues, se a concessão fosse aprovada, qualquer outro secretário deveria receber homenagem por cumprir com as obrigações da sua pasta. De acordo com dados publicados no Portal da Transparência, cada secretário recebe um salário mensal de R$ 7.446,96. Ele pediu cautela aos demais parlamentares ao escolher pessoas que mereçam receber homenagens da Câmara, dizendo que, desta forma, até mesmo pedras e animais poderiam ser homenageados. “Se fez algum trabalho, eu acredito que mais pessoas já desempenharam serviços voluntários para Irati e merecem receber um título. Logo acaba a essência das homenagens. Elas são tantas que em breve traremos uma pedra ou um animal de rua para homenagear porque está trafegando pelas vias públicas. Está se perdendo a valorização das pessoas que trabalham por Irati. Nada contra a pessoa do Anselmo, mas não podemos aprovar. Os outros secretários não merecem um título? Como faremos um comparativo sobre qual secretário desempenhou um melhor trabalho? Fica deselegante para esta casa”, comentou.

Contrariado, Bartoski lamentou o comentário de Rodrigues e garantiu que fará o convite para que o ex-secretário compareça à Câmara e explique os reais motivos de suas exonerações. No entendimento dele, Rodrigues comparou Stadykoski a um animal.

Este projeto não precisa ser votado, o Anselmo virá aqui. Agora, eu quero que o senhor traga o nome de um animal, já que o senhor (referindo-se a Marcelo Rodrigues) que temos que dar um título para um deles. O homem (Anselmo Stadykoski) saiu calado as duas vezes, foi obrigado a pedir exoneração, e virá se declarar para a casa de leis. O senhor vai colocar o nome de um animal, pois ele foi considerado como um animal! Eu nunca vi isto,

esbravejou o vereador.


Apesar de declarar voto favorável, Roni Surek (PROS) solicitou que os vereadores procurem saber quem, de fato, merece receber homenagens. “Eu sei que tem muitas pessoas que merecem as homenagens. Vamos buscá-las para seguirmos os exemplos, os passos destas pessoas. Não discordo dos pensamentos dos vereadores Marcelo e Rogério, votarei favorável a este projeto por ser a 1ª votação porque temos a 2ª para decidir”. 

Não quero ser Pilatos e lavar as mãos, mas vejo que o projeto veio antes para esta casa, é um constrangimento para a pessoa e para nós que estamos aqui porque poderia ter sido discutido antes de ser dada entrada neste projeto,

frisou Surek.


Kuhn acusa Bartoski de mentir


Rogério Kuhn acusou Bartoski de ter mentido ao supervalorizar as obras realizadas no período em que Stadykoski comandou a secretaria. Entre elas, o vereador citou que 174 pontes foram reconstruídas ou reformadas no interior.  No entanto, o número seria pelo menos dois terços menor. “O vereador Bartoski faltou com a verdade ao criar um superlativo das ações praticadas pelo ex-secretário, como o fato das 174 pontes que o público ouviu e talvez não escutou a justificativa de que foi menos de um terço disto. A omissão da verdade é um ponto negativo em relação às características do serviço prestado pelo homenageado”, pontuou.

Em tom de exaltação, Bartoski classificou a aprovação do pedido de vista como um “desrespeito à sociedade iratiense”. “Toda a nossa sociedade foi desrespeitada, mas não por este parlamentar que tem um sonho de ver o município crescer e avançar muito mais. Desculpem-me pelo desabafo povo de Irati, do Paraná e do Brasil, pois aqui está um parlamentar que chegou com sacrifício destes dedos tortos que respeitam o iratiense e o agricultor. Não é deste jeito que chegaremos a lugar algum”, desabafou.


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