Em um mês de aplicação dos questionários do Censo, 600 questionários já foram finalizados, com dados tabulados. Ainda há setores que os recenseadores já passaram, mas que questionários precisam ser finalizados. Censo 2022 durará três meses/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava
Mais de 19 mil pessoas foram recenseadas em Irati no primeiro mês de trabalho do Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os recenseadores estão desde o início de agosto visitando residências da área urbana e rural para realizar a contagem da população.
De acordo com a agente censitária municipal, Ana Paula Ansolim, ainda há setores que os recenseadores já passaram, mas que os números precisam ser finalizados. “A princípio, os setores que já foram finalizados, que conseguimos tabular bem certinho os dados, dá em torno de 600 pessoas que já foram recenseadas aqui em Irati, nos setores que já conseguimos finalizar e mandar para pagamento. Temos mais alguns setores em andamento, que estão sendo supervisionados, que também esse número a cada dia aumenta mais”, disse.
Ao todo, são 41 recenseadores que estão trabalhando com a pesquisa em Irati. “O andamento anda bem, já foi feito mais um terço dos setores daqui de Irati. Acredito que o nosso andamento está bom, a equipe está boa, os recenseadores estão pegando o jeito e estamos indo conforme planejado”, explica o agente censitário supervisor, Yuri Freitas Gonçalves.
Em outros locais do País, os recenseadores têm relatado dificuldades em realizar a pesquisa. Contudo, em Irati, a população tem respondido positivamente aos recenseadores. “Muitas pessoas estão sendo bem receptivas e estão recebendo os recenseadores, sendo bem atenciosos e também respondendo bem as perguntas. Temos algumas exceções, mas a grande maioria dos casos estão acontecendo de forma correta”, conta Yuri.
As exceções acontecem nos casos em que as pessoas precisam responder questões relacionadas à renda. “Algumas perguntas algumas pessoas se sentem meio constrangidas, principalmente da forma de renda, mas a grande maioria está respondendo e algumas pessoas respondem tranquilo”, disse.
A recenseadora Silvane da Silva já esteve em residências no Conjunto Santa Mônica e Joaquim Zarpellon e, agora, realiza a pesquisa no Jardim Aeroporto. “Na maioria das casas que vamos – porque, às vezes, não vamos poder encontrar a pessoa, mas voltamos –, estamos sendo muito bem recebido. Existem casos também que, às vezes, as pessoas não estão muito de bom humor, mas entendemos. Perguntamos se podemos voltar depois ou está saindo, voltamos depois e pergunta, conversa. Mas temos que entender o lado deles também”, conta.
Apesar da boa receptividade, houve desistências de recenseadores em Irati. “A grande maioria desistiu por conta de arrumar outro serviço fixo. São poucos que não gostaram muito serviço, mas só foi um caso e outro. Mas a maioria foi por causa do serviço fixo”, conta Yuri.
A desistências de recenseadores era algo previsto no processo seletivo. Por isso, em Irati, serão chamados cerca de cinco a oito pessoas que já participaram do processo e não foram selecionadas. “Temos uma lista de quem fez o segundo processo para recenseador. Temos uma lista de suplentes que vamos começar a chamar para fazer um novo treinamento. Vai ser um treinamento um pouco mais curto dessa vez para colocarmos eles a campo o quanto antes. Vamos estar entrando, provavelmente essa semana, em contato com eles para o quanto antes fazermos isso”, explica Ana Paula.
No Censo 2022, os recenseadores podem fazer seu próprio horário. Por isso, há a flexibilidade de realizar as visitas após às 18 h. Silvane conta que costuma fazer seu horário pela manhã e à tarde. “Eu vou, às vezes, de manhã, depois das 9h até ao meio-dia e das 13h às 17h, 18h, depende do horário que marcam, que, às vezes, deixamos um bilhetinho quando não encontramos a pessoa, para marcar. Pode ser até às 19 h, porque entendemos que todo mundo trabalha, cada um tem um horário. Às vezes, vai encontrar a pessoa de manhã, às vezes, à tarde ou, às vezes, à noite”, conta.
No bilhete deixado, o recenseador coloca o número da matrícula e um número de WhatsApp para contato.
Na pesquisa, dois tipos de questionários são aplicados: um básico e outro de amostra. “Nós temos o questionário básico que são poucas perguntas, ele é mais rápido para fazer. Temos também o questionário da amostra que é um pouco mais completo, que tem também sobre deficiências e algumas perguntas diferentes. O básico vai demorar de cinco a dez minutos para fazer, dependendo da quantidade de pessoas que moram na residência e o de amostra, pode ser que demore um pouco mais, por ser mais longo e dependendo da quantidade de pessoas”, afirma Ana Paula.
Os questionários que serão aplicados a cada morador são sorteados pelo sistema utilizado pelos recenseadores, que não possuem controle sobre o que será aplicado. Contudo, o questionário mais longo costuma ser aplicado a poucos moradores. “Dos 20 [questionários] que eu faço, às vezes, cai uns três de amostra”, conta Silvane.
O questionário de amostra é feito apenas com 10% da população. “Tem alguns bairros em Irati que o bairro inteiro vai ser só de amostra que já temos delimitados aqui que são quatro. Tem os outros, que ficam em torno de 10% da cidade, com o questionário de amostra. Então, toda vez que o recenseador chega lá no domicílio, ele vai bater a coordenada, tudo certo para delimitarmos aonde que fica essa residência. Na hora que o recenseador vai abrir o questionário é que ele vai saber se vai ser o de amostra ou básico”, relata a agente censitária municipal.
Entre os locais que devem receber questionários de amostra estão os bairros Nhapindazal e Alto da Lagoa.
Silvane explica que o tempo de resposta do questionário de amostra pode variar de acordo com o tamanho da família. “Já falamos que vai demorar, depende, se for umas quatro pessoas, vai perguntar a escolaridade, se está trabalhando, se as crianças estão indo para escola, então uma pergunta leva a outra. Nós nunca sabemos se vai demorar muito. Mas, em média, até uns 18 minutos”, conta.
Caso a pessoa não possa responder no momento, é possível que o morador responda o questionário pela internet. Entretanto, é preciso estar atento ao prazo. “Tem essa opção, só lembrando que o questionário pela internet, o entrevistado tem prazo de sete dias para responder. Ele não respondendo nesse tempo de sete dias, a coleta é só presencial. Ele não tem mais uma segunda chance de responder pela internet”, disse Ana Paula.
Na entrevista com o recenseador, não é preciso que todas as pessoas estejam na residência. “Pelo menos uma pessoa que consiga responder as questões que precisamos, principalmente, a questão – se quiserem deixar anotado em casa, que é um dos problemas que estamos tendo – é em relação à data de nascimento que perguntamos tanto dia, mês e ano. Também uma estimativa do valor da renda do responsável da casa que pede no questionário básico. Se o morador não quiser responder para o recenseador, o recenseador pode dar o DMC, que é o nosso aparelho que anotamos a coleta, pode dar esse DMC para o entrevistado e ele mesmo anota. Se ele não quiser expor o valor, ele não precisa”, explica a agente censitária municipal.
Os dados repassados para o recenseador não serão cruzados com outras bases de dados do governo. “Quem vai saber a renda é só o recenseador porque depois que você coloca o valor ali no DMC, ele fica com asterisco no valor e nem nós, enquanto supervisor, conseguimos ver qual foi o valor informado. É obrigatório responder essa questão, mas caso a pessoa não queira falar esse valor para o recenseador, ele mesmo pode escrever no DMC e dá um seguir ali, e nem o recenseador vai saber”, conta Ana Paula.
O pagamento ao recenseador é feito de acordo com o questionário respondido. “O pagamento vai variar entre questionários de amostra e questionário básico, que são valores diferentes, e também a questão da quantidade de pessoas e unidades visitadas. Tudo isso cada um tem um valor, juntando tudo isso, dá o valor de produção”, relata a agente censitária municipal.
Ana Paula destaca que responder o Censo 2022 é uma obrigatoriedade do cidadão, segundo a lei nº 5.534/68. “Que prevê o IBGE, a aplicação de multa. Eu nunca vi aplicando e esperamos que isso não aconteça. Mas esperamos também que o pessoal responda tudo isso de livre vontade porque precisamos que a resposta seja totalmente honesta. O principal é que nos deixe chegar nas casas, que eles nos recebam e possam responder todas as questões, porque isso vai também auxiliar a população toda, porque também respondemos, lá em casa também passaram. O quanto mais completo for, mais o 100% que conseguimos chegar, melhor vai ser para nós depois também”, conta.
Essa lei também prevê que a informação passada fique em sigilo. “Essa lei prevê o sigilo, que essas informações vão ser repassadas para o recenseador. No máximo, para o supervisor, que precisamos verificar se as informações estão corretas. Mas não vai pra frente. Não precisa ficar com medo de passar a informação, achando que vai cruzar com alguma outra rede, algum outro instituto, que acabe fazendo perca de bolsa ou aumento em alguma cobrança. Isso não acontece. De maneira alguma”, explica Ana Paula.
Além do recenseador, que visita as casas para fazer a pesquisa, o Censo 2022 é formado por outros cargos. Um deles é o agente censitário supervisor, que terá a tarefa de revisar o trabalho feito pelo recenseador. “Os supervisores tem o serviço de ficar fazendo a supervisão do recenseador. Em alguns casos, vamos ficar fazendo um trabalho de gabinete pelos sites que o IBGE disponibiliza para fazer a supervisão ou a campo. Nós também tiramos bastante dúvida dos recenseadores que pode haver”, conta Yuri.
Há ainda o agente censitário municipal que também supervisiona o trabalho. “Temos o municipal que cuida mais do geral de IBGE de Irati”, explica.
O território da área urbana de Irati está dividido em 86 setores que foram distribuídos entre os recenseadores, além dos setores da zona rural. “Essa divisão já foi feita previamente porque o Censo está sendo planejado desde 2020, atrasamos dois anos para ir a campo, mas o planejamento já começou naquela época. Foi feito em relação à quantidade de pessoas e também à divisão de bairros que a prefeitura que tem. Não vai ter setor que pegue dois bairros. Os setores são bem separados, às vezes, tem mais de um setor por bairro, mas não junta dois bairros em um setor só. Isso já é pré-determinado para nós e nós só vamos seguindo e completando com os questionários”, conta Ana Paula.
Com diversos setores, algumas localidades poderão ter dois recenseadores visitando a rua. “Às vezes, tem um recenseador que passa de um lado da rua, o vizinho está olhando de frente e falou: ‘Mas aqui ele não veio’. Mas é que os nossos setores são divididos normalmente pelas ruas, então pode ser que de um lado da rua seja um recenseador e do outro lado, vem outro recenseador diferente para fazer”, explica.
Mesmo com a recepção positiva da população iratiense quanto aos recenseadores, a recomendação é que as pessoas possam cuidar para que a visita seja feita de forma tranquila. “Às vezes, com os de casa, os cachorros são mais tranquilos. Quanto mais cuidado pudermos ter com os recenseadores, nós agradecemos. Cuidar em questão de cachorro, em questão de na hora que ver o recenseador ali na frente, já atender, porque, às vezes, é bem mais rápido você atender, perder cinco minutinhos e depois o recenseador não voltar mais. São pequenos cuidados que a população pode ter, que vai facilitar, tanto para eles e principalmente, para a gente”, disse Ana Paula.
Os recenseadores estão identificados com colete azul e um crachá com um QR Code que aponta para o site do IBGE, para conferir a identidade do recenseador. O crachá ainda possui o número do 0800 e um e-mail, caso o morador prefira identificar desse modo. Em Irati, os moradores também podem ligar para o número (42) 3422-2013 para conferir a identidade do recenseador.
Os questionários do Censo 2022 serão aplicados durante três meses, podendo se estender até novembro, caso haja necessidade de preencher a cobertura exigida.