Ações fazem parte da campanha Dezembro Verde, voltada para conscientizar a população contra o abandono de animais domésticos/Karin Franco

A Defesa Animal de Irati realiza neste mês ações voltadas à campanha Dezembro Verde, um movimento nacional de conscientização contra o abandono e os maus-tratos de animais. Uma das ações ocorre nas redes sociais com postagens informando a população sobre o tema.
Um dos objetivos da campanha é conscientizar sobre o abandono de animais em períodos de férias. Em entrevista à rádio Super Najuá FM, a coordenadora da Defesa Animal de Irati, Fabiana Godoy, explica sobre este tipo de abandono.
“As pessoas vão viajar, não tem com quem deixar o animal, optam em não utilizar os serviços dos hoteizinhos que chamamos. Aqui no município, temos várias pessoas que fazem esse trabalho de pet sitter. Nós temos várias pessoas que fazem esse trabalho, fora as clínicas veterinárias, que também fazem esse trabalho. Às vezes, a pessoa, porque não tem condições, não quer investir, não tem onde deixar o seu animalzinho, acaba deixando o animalzinho [em casa]. ‘Ah, eu vou deixar bastante água, bastante comida e ele vai ficar bem’. Não é assim. Todo ser vivo precisa de cuidados, ele precisa de atenção. O animal quando ele fica sozinho, ele fica desesperado”, explica.
A coordenadora conta que esse tipo de abandono não é bom para o animal. “Um animalzinho que fica esperando o seu tutor voltar, o seu tutor não volta porque resolveu tirar férias e deixar ele ali. Nós precisamos tomar muito cuidado e isso também é um abandono, isso também é crime e isso também deve ser denunciado”, conta.
A integrante da Defesa Animal de Irati, Karen Elisa Domingos, destaca que é preciso que os animais tenham acompanhamento todos os dias.
“Tem que se programar e não custa. Tem várias pessoas que gostam de ajudar, vizinhos, parentes, amigos e cuidados básicos: um lugar pra ele ficar na sombra, água sempre fresca. Até eu fui um dia numa denúncia, o rapaz falou: ‘Eu alimento. Segunda, quarta e domingo, eu vou ver ele’. Eu falei: ‘Nossa, mas o senhor também come segunda, quarta e domingo?’. A comida e a ração molham com o tempo, umedece. É uma ração que o animal perde a graça, por estar sozinho, fica triste, caidinho, então eu sempre comento, observe seus animais. Hoje ele não comeu, hoje ele está caidinho? Então, eles ficam tristes e eles sentem a falta do tutor”, disse.
Uma das dificuldades da conscientização é que muitos tutores não compreendem que este tipo de abandono pode ser um crime.
“Muitas situações que as pessoas não compreendem como crime, mas é crime. Você não pode abandonar o seu animalzinho para ir de férias e pensar: ‘Eu deixei água e deixei comida’. Não. É crime porque o animal tem outras necessidades. Não é só a água e a comida. Ele precisa de cuidados. Nós falamos que hoje em dia tem muitos discursos de que é exagero, mas não, o animal precisa de cuidados sim, o emocional. Nós não podemos esquecer. Eles são seres sencientes. Eles sentem, precisamos levar em consideração toda essa situação”, conta a coordenadora.
As pessoas que têm interesse em conhecer algum contato de pet sitter ou de clínicas que possuem hotéis para animais domésticos podem entrar em contato com a Defesa Animal de Irati.
“Quem quiser mandar está aberto. Nós mandamos sugestões, mas se você fizer uma busca nas redes sociais você vai encontrar bastante números. Hoje, em Irati, tem um número bem grande de pessoas que trabalham e eu sei que tem pessoas que trabalham com animais de porte grande, especificamente”, disse a coordenadora.
A coordenadora conta que para 2026, o projeto na pasta é poder visitar todos os locais com este tipo de serviço. Segundo Fabiana, não há denúncias no município com irregularidades nestes serviços.
“Nós nunca tivemos, é bom deixar isso bem claro. Nós nunca tivemos uma reclamação ou denúncia em relação a esse trabalho em Irati. Nós sabemos que é feito por pessoas que amam os animais. Eu conheço alguns pet sitters, algumas pessoas que são próximas que são amigas minhas e eu sei que são pessoas que amam os animais. Isso que é legal. Nós sabemos que as pessoas que fazem esse trabalho são pessoas que amam os animais”, conta.
Entre os cuidados desses serviços especializados estão o tipo de animal que o local recebe. “Não dá para você colocar um animal que tem uma agressividade mais aflorada com animais mais tranquilos, então eles tomam esse cuidado. Os pet sitters e as clínicas veterinárias, que eu sei que fazem esse trabalho de hotel, tomam esse cuidado de colocar animais com temperamentos parecidos. Você não vai colocar um animal de porte grande com um animal pequeno”, explica a coordenadora.
Outro problema do fim do ano são os fogos de artifício. Em Irati, a comercialização de fogos é proibida, mas há pessoas que vão a outras cidades para comprar.
A coordenadora destaca que os animais podem fugir das residências por causa dos fogos de artifício, podendo causar perigos, como atropelamento ou até zoonoses. “No dia do jogo, da final do Palmeiras e do Flamengo, nós tivemos uma cachorra que cuidamos na Secretaria. Ela foi adotada, ela tem uma casa, mas naquele dia, naquele momento a tutora não estava na casa e por conta dos fogos, a cadela, que hoje ela chama Marula, acabou se assustando e foi parar no restaurante Boheme. Eles acabaram entrando em contato comigo, quando chegou a foto eu vi. ‘Meu Deus, eu conheço ela’. Corri lá buscar ela, levei, nós a socorremos, mas foi por causa dos fogos de artifício. Nós sabemos que temos lei no município, nós não deveríamos nem estar passando por situações como essa, mas infelizmente isso depende das pessoas”, disse.
A coordenadora destaca que há fiscalização, mas que é preciso que as pessoas tenham consciência de que é proibido soltar fogos de artifício. “Nós temos lei, antes não tinha. Então, nós temos lei. Se você vai lá, compra fogos de artifício e solta fogos de artifício, você precisa saber que está infringindo a lei. Não precisa ninguém ficar te fiscalizando. Isso depende da consciência de cada um, da educação de cada um”, explica.
Para Fabiana, é preciso que a população auxilie fazendo denúncias de locais que comercializam fogos de artifício.
“Precisa de conscientização, precisa você se colocar no lugar do outro, no lugar do próximo. É como eu falei, nós não deveríamos estar criticando e pedindo fiscalização. Lógico, tem que haver fiscalização, principalmente do comércio. É proibido a comercialização de fogos de artifício no município da Irati. É proibido e acabou. Não pode vender. Se você sabe que naquele lugar, lá da esquina, do outro bairro, vende fogos de artifício, denuncia. Denuncia que vamos correr atrás. Nós vamos de alguma forma tentar impedir a comercialização. Se não temos a comercialização, nós não teremos a soltura”, disse a coordenadora.
Outro problema são os animais de rua abandonados. A coordenadora explica que muitos animais são abandonados por pessoas que se mudam de residências.
“Não existe um culpado daquele animal estar na rua. É uma consequência, justamente, do abandono. Se tem um animal na rua hoje é porque alguém abandonou. O que mais acontece aqui em Irati, nós atendemos muitos casos, a pessoa muda de lugar, ela está morando no bairro X, ela vai para o bairro Y. Ela não quer aquele animal, ela abandona lá. Ela simplesmente abandona”, explica.
Há dificuldade em provar que o animal é pertencente àquele morador. “Como que conseguimos provar que aquele animal foi abandonado por aquela pessoa? Vou te dizer que já tivemos muitas situações dessas aqui em Irati, infelizmente. Nós vamos atrás, nós conversamos, nós tentamos através do diálogo. Só que daí o que acontece: nos falta prova e nós não temos poder de polícia. A Defesa Animal não é polícia. Nós não temos como tomar atitudes mais radicais. As pessoas precisam entender isso também”, comenta Fabiana.
A coordenadora explica que muitas ações vistas nas redes sociais são realizadas por delegados, o que não é o caso dos agentes da Defesa Animal. “A grande maioria das pessoas que trabalham em redes sociais, com essas ações em relação aos animais, são delegados. São pessoas que são da polícia. Nós não. Nós não somos da polícia. Nós somos uma secretaria. Nós estamos aqui para trabalhar e desenvolver políticas públicas. Nós precisamos da comunidade”, explica.
Outro problema são tutores que soltam animais na rua. “Lembrando também que tem alguns cachorros que têm tutor. A maioria tem alguns cachorros que estão na rua, que saem dar uma voltinha com o tutor, passam o dia todo trabalhando e deixam para fora do portão. Isso também seria interessante que venham essas denúncias. Nós vamos, nós conversamos, orientamos os tutores que não pode, que é melhor para os animais ficarem fechados dentro do pátio que, às vezes, tem um pátio grande. Também tomar esse cuidado. Quando souber essas informações, repassar para nós”, disse a integrante da Defesa Animal.
No Paraná, há uma lei estadual que dá direito aos cães comunitários, que são cães que são cuidados por pessoas de uma rua, em conjunto, mesmo não sendo pertencentes a nenhum tutor.
A coordenadora conta que, em Irati, há um projeto que auxilia esses animais de rua. “Nós temos o projeto Vizinho de Patas, onde nós fornecemos o abrigo para aquele animal, com a casinha. Nós fornecemos a assistência veterinária para aquele animal de rua também, nós damos toda assistência para aquele animal. Se você tem um animal na tua rua hoje, que está ali o tempo todo, entra em contato com a Defesa Animal. Nós vamos mapear aquele animal. Vamos tentar levar um abrigo para aquele animal, nós vamos microchipar aquele animal, nós vamos castrar aquele animal. Nós vamos dar assistência”, conta.
A coordenadora destaca que é preciso colaboração da população para atender esses animais de rua. “Hoje nós temos alguns animais em Irati que já estão sendo acompanhados pela Defesa Animal, que são esses animais de rua. Só que assim, infelizmente vou dizer assim, não vou mentir. Nós não vamos resolver de um dia para o outro essa situação. Nós precisamos da ajuda e da colaboração da comunidade. Como? Precisamos de empatia, precisamos que vocês conversem conosco, precisamos dialogar a respeito, precisamos encontrar pessoas que sejam parceiros nossos”, destaca.
A integrante da Defesa Animal ressalta ainda que é preciso evitar escolher animais domésticos como presentes. “Principalmente, as crianças que gostam de cachorros bonitinhos e pequenos. Ensinem as crianças que os cachorros crescem, que os cachorros têm custo, que eles têm as necessidades deles que têm que ser limpas. Por que o fato dele não ser presente? Porque é só naquele momento que ele quer. Às vezes, ele ganha um brinquedo, brinca durante o dia do Natal, amanhã não quer mais. Tem que ter responsabilidade, principalmente dos adultos”, disse.
Casos de abandonos de animais podem ser denunciados para a Defesa Animal de Irati. Entre os dias 22 de dezembro de 2025 e o dia 4 de janeiro de 2026 haverá apenas atendimento interno, mas terá plantão para o recebimento de denúncias por meio do WhatsApp, no número (42) 99152-5923.