Jornalista, que disputou a eleição para a Prefeitura de Curitiba em 2024, esteve visitando municípios da região na última quinta-feira para divulgar a pré-candidatura pelo Podemos/Paulo Sava

Resumo: – Jornalista participou do Encontro das Lideranças da Associação das Câmaras do Sul (ASCAMSUL)
- Cristina contou por que decidiu trocar o PMB pelo Podemos para a disputa do Senado;
- Jornalista diz que condenação e prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro tem motivação extremamente política.
A jornalista Cristina Graeml visitou os municípios de Mallet, Rio Azul, Rebouças e Irati na última quinta-feira, 18, para divulgar sua pré-candidatura ao senado em 2026. Em Irati, ela participou do Encontro das Lideranças da Associação das Câmaras do Sul (ASCAMSUL), que reuniu vereadores de diversos municípios das regiões central, centro-sul e dos Campos Gerais do Paraná. Cristina disputou a Prefeitura de Curitiba em 2024, quando obteve 390.254 votos (42,36%) contra Eduardo Pimentel, que foi eleito no 2º turno com 531.029 votos (57,64% dos votos válidos).
Em entrevista à Najuá, Cristina contou que decidiu concorrer ao Senado logo após a eleição municipal, após ouvir os pedidos de alguns eleitores. “Aí eu já amanheci no dia seguinte com algumas pessoas demandando esta pré-candidatura ao Senado. O brasileiro que está acompanhando política está entendendo que as dificuldades que o Brasil enfrenta muito é por causa de um Senado omisso, que não cumpre o seu papel de fiscal dos demais poderes. Ele cumpre o seu papel de legislador, mas não o de fiscalizar. Então, eu entendi de novo a demanda, já tinha um capital político, com muitos partidos políticos me procurando, ao contrário do que tinha acontecido antes, e aí sim decidi que era o momento de me lançar em um desafio maior”, pontuou.
A jornalista visitou os hospitais de Mallet, Rio Azul e Rebouças para ouvir as demandas da área da saúde, uma das que mais precisa de atenção do setor político. Além disso, Cristina ressaltou que a questão da empregabilidade da população é um dos grandes problemas para a administração pública.
“Conversando com profissionais da área de saúde, eu sei que esta área é carente em qualquer lugar que você vá no Brasil hoje em dia. Todos reclamando muito de questões federais que não cabem ao senador necessariamente, mas é óbvio que ele pode pressionar ministros e o presidente da República, que são a defasagem nas tabelas do SUS, especificamente em relação à saúde, 20 anos sem corrigir as tabelas do SUS é óbvio que está tudo muito defasado e há carências nos hospitais por conta disso. Temos também questões de empregabilidade que são do Estado. O senador pode até certo ponto usar a influência para levar prefeitos e vereadores a terem um trânsito melhor com outras autoridades do Estado e do Governo Federal”, comentou.
Receptividade
Caso confirme a disputa da eleição e seja eleita, Cristina diz que vai manter as portas do Senado Federal abertas para as reivindicações dos municípios paranaenses. “O que é tenho dito é que eu pretendo ser uma senadora municipalista, no sentido de abrir portas, no que estiver ao meu alcance, para que prefeitos e vereadores consigam levar seus projetos e buscas recursos, e da mesma forma tentar buscar mais reconhecimento para o Paraná, que não tem a projeção nacional que merecia ter. Por outro lado, pensando em termos federais, até por conta do meu trabalho no jornalismo fazendo cobertura política nacional há quase 10 anos. Há plena consciência de que o Senado precisa cumprir seu papel de fiscal, escolher um bom presidente, que respeite a Constituição, mas que não abuse da sua prerrogativa e coloque em votação, por exemplo, pedidos de impeachment de ministros do STF que não respeitam a Constituição. Estamos vendo isto não acontecer no Senado e por isso o Brasil está com estas dificuldades todas que vivemos hoje. Me comprometo a ser esta senadora combativa que já sou no jornalismo, mas também pretendo levar para a política esta combatividade”, afirmou.
Reivindicações
Durante as conversas com vereadores de várias cidades, Cristina percebeu que algumas reclamações da população são recorrentes em todas as regiões. Uma delas é a falta de contato entre as autoridades municipais e federais.
“Quando temos esta oportunidade de conversar com vereadores de várias cidades ao mesmo tempo, percebemos que algumas mágoas e reclamações são recorrentes, independentemente da região do estado e da cidade em si. Uma delas é este isolamento que as autoridades públicas sentem de Brasília. Eles são as autoridades mais próximas das pessoas, o vereador e o prefeito, e ao mesmo tempo as que mais sentem dificuldade de acesso, especialmente aos nossos representantes em Brasília, menos aos deputados e mais aos senadores. Se eu estou me propondo a ser senadora e ouvindo esta reclamação, obviamente que isto reforça o meu desejo e a minha promessa de, estando em Brasília, ter as portas abertas para ouvir as demandas dos representantes de cada município e fazer o que estiver ao meu alcance para trazer os recursos e principalmente facilitar o acesso entre quem pode disponibilizar os recursos e o prefeito ou vereador”, enfatizou.

Troca de partido
Depois de disputar a prefeitura de Curitiba pelo recém-criado Partido da Mulher Brasileira (PMB), Cristina decidiu se filiar ao Podemos para concorrer ao Senado. Ela contou os motivos de ter aceitado o convite do senador Álvaro Dias para trocar de sigla. “Eu consegui me candidatar num partido que quase ninguém conhecia ou conhece, que é o PMB. Um partido que a fundadora e presidente nacional disse que foi criado para atrair mulheres para a política. Estava muito feliz com a minha presença, sabendo que entraria sem precisar dos recursos do partido, pois sou contra o Fundo Eleitoral, e já me propondo ali a combater e enfrentar o sistema. Na hora H, ela me abandonou, antes mesmo de começar a campanha ela disse que eu não teria legenda, fez de tudo para anular a convenção em que houve a homologação da minha candidatura. Enfrentamos uma batalha jurídica junto com a campanha eleitoral e vencemos, mas depois, no meio do período eleitoral, a uma semana do 1º turno, venceu o mandato do presidente estadual que me apoiava. A presidente nacional substitui o estadual, o novo presidente estadual nunca se apresentou para mim, a candidata do partido que disputava à prefeitura da capital sozinha, sem nenhum apoio do partido, sem nenhum tostão do partido, sem nenhum apoio de estrutura, nada. Eu entro para o 2º turno, fui a primeira mulher na história de Curitiba que consegue isto, e o presidente estadual chama a imprensa e diz que o partido ficaria neutro no 2º turno. Então, era óbvio que, não tendo apoio nem do meu partido, e tendo quase 400 mil votos, ou seja, construído um capital político, eu tinha que sair deste partido. Logo que eu saí, logo depois do 2º turno, eu começo a receber propostas de vários partidos. O Podemos foi o que mais me acolheu e foi o único que garantiu a vaga para o senado, que era o que a população estava pedindo. Então, este foi o motivo da minha escolha, estou na disputa pelo Podemos, o que não significa que não possa haver coligação com outros partidos e caminharmos juntos nas eleições de 2026”, afirmou.
Anistia aos envolvidos nos atos de 08 de janeiro e prisão de Jair Bolsonaro
Cristina acompanha a política nacional há mais de 10 anos. Ela falou sobre a aprovação da urgência na tramitação do Projeto de Lei que trata sobre a anistia aos envolvidos nos atos golpistas do dia 08 de janeiro de 2023 em Brasília. Cristina lembra que o projeto estava parado na Câmara desde fevereiro.
“Na verdade, isto já havia acontecido em fevereiro, tão logo Hugo Motta assumiu a presidência da Câmara com a promessa de que colocaria como prioridade a votação do PL da anistia, e não cumpriu. Naquela época também teve a votação da urgência, e ele ignorou. Então, na verdade, a Câmara está fazendo de novo, e não é que eu não tenha esperança, é óbvio que tenho, e trabalho por isto todos os dias. Eu fui uma das primeiras jornalistas do Brasil, já em janeiro de 2023, a apontar as ilegalidades daquelas prisões. Eu fui com certeza a primeira jornalista em vídeo que abri os meus espaços na época, tanto a coluna na Gazeta do Povo quanto nos meus canais independentes para ouvir advogados de presos políticos, sempre chamei assim, famílias de presos políticos, esposas, maridos e filhos de presos políticos. Depois, quando eles começaram a ser soltos, os próprios presos políticos. Ao longo de 2023 inteiro ocupei todo o meu espaço da Gazeta do Povo para ouvir e dar espaço para eles. Eu ouvi mais de 40 presos e escrevi um livro, no dia 08 de janeiro de 2024, publiquei um livro digital sobre as prisões políticas do 08 de janeiro, então eu sou uma das mais combativas nesta pauta. Realmente, com este presidente da Câmara, que sabemos que tem pendências de familiares dele no STF e já sofreu estas ameaças, é muito difícil que vá adiante”, comentou.
Para a jornalista, a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro tem uma motivação política. “Obviamente que a prisão do ex-presidente Bolsonaro, na minha visão, é extremamente política. Não vou entrar em detalhes do julgamento no foro errado, sem acesso aos autos, 70 terabytes de arquivos, o que o próprio ministro Luiz Fux disse naquele voto brilhante dele que daria bilhões de páginas para analisar, ninguém analisa isto em 15 dias, que foi o que os advogados tiveram, a defesa cerceada, tudo ilegal neste julgamento. Obviamente que eu acho que ele tem que ser beneficiado pelo PL da anistia, que, sem o nome dele, para mim, não é válido e eu acho que os deputados e senadores vão atrás disso”, afirmou.