Alunos de Irati, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Rebouças, Rio Azul e Mallet participaram do manifesto na última terça-feira, 02/Paulo Sava

Resumo: – Encontro teve como objetivo dar visibilidade às pautas prioritárias das APAEs e reforçar a luta pela continuidade dos trabalhos da entidade;
- Presença dos alunos das APAEs em escolas especiais é fundamental para o aprendizado deles, diz diretora da APAE de Irati;
- Alunos das APAEs não teriam condições de estudar em escolas regulares.
Alunos e professores das escolas especiais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Irati, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Rebouças, Mallet e Rio Azul se uniram em uma grande mobilização na Rua da Cidadania, em Irati., na manhã desta terça-feira, 02. De lá, os manifestantes saíram em passeata pelas ruas Coronel Emílio Gomes, 15 de Julho, Munhoz da Rocha e Coronel Gracia.
O encontro teve como objetivo dar visibilidade às pautas prioritárias das APAEs e reforçar a luta pela continuidade do trabalho das APAES, que estão sofrendo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), movida pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FAZD). A entidade contesta duas leis estaduais que garantem repasses financeiros do Governo do Estado para escolas de educação especial do Paraná.
A associação justifica que o objetivo é promover um modelo de inclusão, sem segregação e que as APAEs ofereçam atendimento Educacional Especializado de forma complementar e não substituam o direito à educação inclusiva. Como resultado, esta ação pode causar o fechamento das APAES em todo o estado.

Em entrevista à Najuá, a diretora da Escola Estadual José Duda Júnior, a APAE de Irati, Gislaine Gomes da Silva Bione, destacou que a presença dos alunos com deficiência em escolas especiais é fundamental para o aprendizado deles. “Nós não somos contra a inclusão, mas somos a favor da inclusão com responsabilidade. Não adianta os alunos estarem em sala de aula e não participarem da aula. A nossa inclusão são os alunos em sala de aula e participando, sendo o ensino especializado para eles, da maneira como eles merecem”, frisou.
Para Gislaine, os alunos da Apae não teriam condições de concluir os estudos em escolas regulares. “Temos alunos do Ensino Fundamental e do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Se todos forem para a escola regular, os do EJA vão para a 5ª série e os do Ensino Fundamental cada um para sua série. A escola não tem condições de absorver estes alunos, não tem espaço e nem pessoal especializado, e de que maneira seria esta inclusão? De repente, ele estaria em sala de aula aprendendo uma tabuada, sendo que muitos não conseguem escrever o nome deles por enquanto? Nós somos a favor da inclusão, mas que estes alunos estejam participando da sala de aula”, comentou.
Preparação dos professores
A diretora ressaltou que todos os professores que atuam na APAE precisam ter formação em Educação Especial. “Eles já são preparados para trabalhar com esses alunos que, de repente, o professor vai propor aquela atividade e naquele momento o aluno não quer fazê-la, as salas de aula são menores. Nas escolas regulares, vemos as salas com 30, 35 e até 40 alunos, e as nossas salas de aula são com 8 ou 10 alunos, de acordo com o nível que eles estão, então já estamos preparados para acolher estes estudantes”, afirmou.
Apoio do Governo do Estado
A luta pela continuidade do trabalho das APAES conta com apoio do Governo do Paraná, segundo Gislaine. “O Governo do Estado está a nosso favor, quer a continuidade, quer continuar a enviar verbas e a continuidade das APAEs. O nosso empecilho está com a Associação da Síndrome de Down, que entrou com uma ação no STF. O que vai acontecer? Temos que saber o que vai rolar na cabeça do juiz quando for julgar esta sentença. Não sabemos quando isto ocorrer, mas o Governo do Estado está a nosso favor”, pontuou.
A vereadora Sybil Dietrich acompanha os trabalhos da APAE desde antes de exercer o cargo de Secretária de Assistência Social na gestão do ex-prefeito Jorge Derbli. Para ela, a comunidade precisa se mobilizar em prol da continuidade dos trabalhos da APAE. “Fazendo esta manifestação, apoiando, principalmente quando tem deputados e pessoas de referência manifestando seu apoio para que, juntos, possamos mostrar a força e o quanto esta instituição é importante para a sociedade”, ressaltou.
É preciso também chamar a atenção das lideranças políticas do estado para as políticas públicas voltadas para as APAEs, segundo Sybil. “Neste momento, devemos buscar as lideranças políticas para que haja este manifesto. Irati, desde o início, quando houve este questionamento sobre a legislação aqui do Paraná, já veio unindo forças neste sentido, buscando lideranças e travando uma luta para que permaneçam estas leis, estes repasses e que o trabalho continue”, enfatizou.
O diretor social da APAE, Fernando Amaral, enalteceu a quantidade de participantes no manifesto, que ultrapassou 200 pessoas. “A mobilização está muito boa, com vários pais e o pessoal do Legislativo e do Núcleo de Educação presente, todas as escolas unidas em prol da mesma causa. Não podemos perder isto, foram tantos anos que levamos na luta para termos o que temos até hoje e não podemos perder. Estamos unidos nesta causa”, comentou.

