Eleição da presidente do Conselho de Políticas Públicas para Mulheres de Irati, Marli Traple, como uma das 105 representantes paranaenses aconteceu na Conferência Estadual de Políticas Públicas para Mulheres, que ocorreu em Foz do Iguaçu, no fim de julho/Texto de Karin Franco, com entrevista de Juarez Oliveira e Rodrigo Zub

Resumo
- A presidente do Conselho de Políticas Públicas para Mulheres, Marli Traple, será a representante de Irati na Conferência Nacional, que acontece em setembro.
- Marli foi eleita na Conferência Estadual, que aconteceu em Foz do Iguaçu, no fim de julho.
- Conferência estadual teve a participação de quatro representantes de Irati, sendo a coordenadora da Política para as Mulheres, Maria do Rocio da Silva Rosa, a vereadora Teresinha Miranda Veres, a assistente social do Conselho da Comunidade de Irati, Kelly Mikaldo, e a presidente do Conselho de Políticas Públicas para Mulheres, Marli Traple.
A presidente do Conselho de Políticas Públicas para Mulheres de Irati, Marli Traple, será a representante do município na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres em Brasília (DF), em setembro. Marli foi eleita para representar a região da Associação dos Municípios do Centro Sul do Paraná (Amcespar) durante a 5ª edição da Conferência Estadual de Políticas Públicas para Mulheres, que aconteceu em Foz do Iguaçu, no fim de julho.
Ao todo, 105 representantes paranaenses estarão participando da Conferência Nacional das Mulheres. Em entrevista à Najuá, Marli destacou a importância de defender as propostas de Irati. “A proposta não é só brigar pra ir para Brasília, porque talvez as pessoas pensam isso. Mas, principalmente, defender as propostas que vieram de Irati e da região. Fazer com que essas políticas cheguem até a nossa cidade e até a nossa região”, destaca.
Na Conferência Estadual, a região contou com quatro representantes escolhidas na Conferência Municipal: Marli Traple, a coordenadora da Política para as Mulheres, Maria do Rocio da Silva Rosa, a vereadora Teresinha Miranda Veres e a assistente social do Conselho da Comunidade, Kelly Mikaldo. As delegadas discutiram com demais representantes das regiões do Paraná diversos eixos temáticos, como segurança, educação, saúde e política.
Marli disse que participou do eixo que discutiu a representatividade política das mulheres em cargos oficiais. Entre as propostas defendidas estava o fundo partidário. “Até brincamos durante a discussão, porque eu falei, nós cansamos de sair candidata. A maior parte do recurso vai para as candidaturas masculinas. A mulher fica ganhando 100 coxinhas, pastelzinho e duas garrafas Cini [de refrigerante] para fazer a sua campanha política. O que nós queremos é igualdade. O que vai para a campanha masculina, nós também queremos em recursos para poder investir em nossas campanhas”, afirma.
A presidente do Conselho de Políticas Públicas para Mulheres de Irati afirmou que outra questão defendida foi a reserva de vagas para mulheres na política. “Nós temos a obrigatoriedade dos 30% dos partidos lançarem como candidatas, mas não temos a obrigatoriedade de reservar essas cadeiras para mulheres. O que acontece? A mulher acaba sendo sempre aquela candidatura laranja, aquela candidatura fictícia. Eu acho que a hora que tiver obrigatoriedade, que já foi aprovada no Senado. Nós sabemos disso, mas está rolando dentro da Câmara dos Deputados e não há aprovação. Nós estamos brigando por essas duas propostas que aprovamos no meu eixo [na Conferência Estadual]”, conta Marli.
A coordenadora da Política para as Mulheres, Maria do Rocio da Silva Rosa, participou do eixo sobre violência e protagonismo feminino. Na ocasião, as mulheres discutiram como a segurança da mulher está sendo debatida nas cidades paranaenses.
Maria do Rocio destaca que as mulheres têm autonomia para discutir melhorias em vários setores.
“Há um grande embate porque esse embate vai ter que sair essa proposta para levar depois para a proposta maior. Todas participaram e eu senti que as mulheres têm mais autonomia para discutir o que elas querem, o que é melhor para elas, para sua família. Questão de emprego, de saúde, a parte política. Todas as mulheres que estavam presentes tiveram voz para colocar, expor as suas ideias e levar tudo aquilo que elas trouxeram dos municípios que foi através da Conferência Municipal”, afirma.
A assistente social do Conselho da Comunidade, Kelly Mikaldo, trabalhou no eixo que discutiu a violência, no entanto, seu trabalho foi focado em mulheres que estão nas penitenciárias. “O público principal são as pessoas que estão em privação de liberdade. O Conselho da Comunidade é coordenado pela FECOMPAR, que é a Federação Estadual dos Conselhos da Comunidade, que tem como presidente a Maria Helena Orreda [de Irati]. Nós tivemos a oportunidade também de fazer a Conferência Livre para as Mulheres dentro de três unidades prisionais, que foi o Centro Integrado Social, que é o CIS [Centro Integrado de Polícia], a Penitenciária de Piraquara e a Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu, a unidade de progressão”, conta.
A Conferência Estadual em Foz do Iguaçu teve a participação de 39 mulheres que estão presas, conforme Kelly. “Foi dado voz para essas mulheres que estão em privação de liberdade. Elas também participaram do eixo nosso, debateram junto com os eixos. Dessa proposta da Penitenciária, foram duas representantes dando voz para todas, mais de 2 mil mulheres que estão presas hoje no Paraná, para falar na conferência”, destacou a representante do Conselho da Comunidade.
No eixo que discutiu a saúde, foi apresentada uma proposta voltada para as mulheres privadas de liberdade, segundo a assistente social. “Para que elas possam também ter direito ao atendimento médico dentro da unidade, ontológico, de saúde mental. Além de trabalhamos a parte da população que está aqui fora, que está em liberdade, nós conseguimos pleitear para as mulheres que estão em privação de liberdade”, conta Kelly.
A vereadora Teresinha Miranda Veres também participou da Conferência Estadual representando a Câmara Municipal. A vereadora participou do eixo, que discutiu a área de saúde. “Nesse eixo, nós tivemos uma das propostas mais votadas que foi o eixo que fala sobre o climatério da mulher. Teve um eixo que foi quase 100%, então essa proposta, com certeza, vai passar também na Conferência Nacional”, revela a vereadora.
A discussão da representatividade política da mulher e a realização de políticas públicas que impactam os municípios foram dois destaques da Conferência Estadual, segundo Teresinha. Ela defende que as Conferências têm o objetivo de discutir a participação igualitária das mulheres na sociedade. “Nós sempre temos que andar ao lado do homem, como eu sempre falo. Não à frente, nem atrás. Nós precisamos dessa igualdade porque temos um olhar. O olhar da mulher, sempre vamos falar que nós temos um olhar mais com sensibilidade nas coisas, por nós termos esse dom de ser mãe. Por isso que nós devemos lutar. Lá foi questionado isso. As meninas podem me corrigir se eu estiver errada, mas foi pleiteado uma das propostas é 50%, que hoje é 30%, então foi exigido. Mas que nós tenhamos, não só para concorrer nas eleições e para a gente completar aquela chapa. Mas sim, para nós termos essa garantia desse 50% de cadeiras lá dentro da Câmara, da Câmara Municipal, Estadual e Federal”, comentou.
Cada eixo temático aprovou suas propostas, que foram votadas na Conferência Estadual. Cada estado possui direito a escolher apenas três propostas para levar à Conferência Nacional, conforme Marli. “Agora muda a figura. Agora vamos para Brasília para aprovar aquelas que foram para o Estado. Essas duas da representatividade [política], elas tiveram mais de 97% de aprovação da plenária. Eu acredito que essas duas estejam em Brasília também, pela qual vamos discutir”, diz a presidente do Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres.
A presença da mulher no mercado de trabalho também foi discutida durante a conferência. Mário do Rocio destaca que soluções discutidas em âmbito estadual, já são implementadas em Irati. “Hoje, nós já estamos caminhando para isso dentro do CIAMI [Centro de Atendimento Integrado à Mulher de Irati]. Nós temos cursos para que as nossas mulheres possam estar inseridas no mercado de trabalho. Aonde temos vários relatos e parceiros que estão junto conosco, fazendo com que essas mulheres possam estar trabalhando dentro de sua própria casa, como confeiteira, costureira, manicure. Isso é uma proposta muito grande que foi levada para ampliar esses cursos. Isso já está acontecendo aqui dentro da nossa cidade”, explica Maria.
Outro tema debatido entre as participantes foi o trabalho da mulher do campo. Maria do Rocio relembra que muitos problemas encontrados em outros municípios, também ocorrem em Irati. “Teve uma lavradora que ela vai para Conferência Nacional. Eu conversando com ela, no momento do cafezinho, ela relatou as dificuldades da zona rural, das mulheres estarem participando, de estarem indo para eventos, porque muitas moram distantes. Mas que possam propostas dessa nacional ser voltadas para ela. Isso também foi colocado em votação e está dentro dessas propostas que vão ser trabalhadas na Conferência Nacional em Brasília”, comenta.
A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres acontece do dia 29 de setembro a 1º de outubro e terá como tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”. No primeiro dia, serão divididos os eixos temáticos. No segundo dia, a previsão é que as propostas de cada estado sejam discutidas nos eixos temáticos, tendo votação ao final do dia para escolher quais propostas serão levadas para a plenária nacional. No último dia, haverá a plenária nacional que escolherá quais propostas serão apresentadas para o Governo Federal.