A Conferência tem como tema “Mulheres, Territórios e Cidades” e trabalhará questões que embasam as políticas públicas para as mulheres da região/ Marina Bendhack com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

A 2ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres será realizada no auditório da Unicentro, em Irati, nesta sexta-feira, das 8 às 17h. A Conferência tem como tema “Mulheres, Territórios e Cidades” e trabalhará questões que embasam as políticas públicas para as mulheres da região. A programação conta com palestras e seis eixos que serão discutidos entre os participantes. Acesse o formulário para inscrição no final da matéria.
Em entrevista à Najuá, a presidente do Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres, Marli Traple, disse que a conferência tem o objetivo de discutir ações para melhorar as políticas públicas em áreas como educação, saúde e segurança, por exemplo. “A conferência é um momento muito importante para se discutir as propostas das políticas públicas existentes no município, essas propostas mais tarde, futuramente, serão discutidas com certeza em nível estadual e também em nível federal. O que a gente quer dizer nesse momento, enquanto presidente do Conselho da Mulher, é a importância das mulheres participarem de um evento como esse”, salienta Marli.
A conferência trabalhará sobre as desigualdades e as conquistas das mulheres no município. A coordenadora da política para mulheres da prefeitura de Irati, Maria do Rocio da Silva Rosa, ressalta que a conferência abrange as pessoas que atuam em várias áreas. “A inscrição pode ser feita antecipada, já está sendo divulgada nas mídias e também na data poderá ser feita lá na Unicentro. O nosso tema das conferências é ‘As mulheres, os territórios e as cidades’. Por que esse tema? Esse tema pretende atingir não somente as mulheres, mas sim as ribeirinhas, as mulheres da floresta, mulheres indígenas, mulheres do campo, mulheres moradoras da rua, as quilombolas… Esse tema vai abranger várias demandas que as mulheres buscam”, afirma Maria.
Além de mulheres, também é possível que homens e pessoas LGBTQIA+ participem da conferência. Será disponibilizado um ônibus para realizar o transporte para o evento, que ocorrerá na Unicentro, em Irati. A rota do ônibus será o seguinte:
7:30 Opata
7:35 Pracinha da Yazaki
7:40 Jardim Virgínia Guga
7:45 Panificadora Italiano
7:50 Vó Tereza
7:55 São Francisco
8:00 Colégio Xavier
8:05 Campo Municipal
8:10 Loja Suzana (Rio Bonito)
8:15 Iarema
8:20 Ponto do Parque Aquático
8:30 Colina Nossa Senhora das Graças
8:35 Winkler Elétrica
8:40 Praça Dona Noca (Ponto Árvore)
8:45 Praça da Estação
8:50 Anselmo Pneus
8:55 Floricultura Art Viva
9:00 Fósforo
A programação começa com o pronunciamento das autoridades e duas palestras sobre os temas de violência contra mulheres e formas de prevenção. Serão trabalhados seis eixos no período da tarde, diz a advogada Thays Christina de Brito. “O primeiro eixo aborda democracia, participação e governança das mulheres. O segundo eixo vai ser sobre trabalho, equidade salarial e autonomia econômica. O terceiro eixo vai ser sobre territórios livres de violência e qualificação das redes de atenção à mulher. O quarto, direito ao território e sustentabilidade. O cinco, educação não sexista e cultura para a igualdade. E o sexto, saúde integral e bem-estar da mulher”, relata Thays.

Maria do Rocio explica que as propostas discutidas na conferência serão levadas para outros encontros. “Ali, no momento dessa discussão, vai sair novas propostas, que no final vai ter um documento com todas os seis [eixos] e mais as demandas e será encaminhado para o Estado, para fazer a conferência estadual, que não reúne só as propostas de Irati, mas de todo o Estado do Paraná”, afirma Maria.
“Conferência vem de conferir. Conferir significa debater, verificar, dialogar com temas importantes em conjunto, para se chegar a um denominador comum, onde vai sair propostas para a rede estadual, para a conferência estadual, e depois, a conferência nacional, que será realizada em Brasília. A estadual em Curitiba e a nacional em Brasília”, continua a coordenadora.
Thays entende que as mulheres já foram atendidas com algumas ações importantes. Ela destaca que uma das demandas atuais é a instalação de uma delegacia para a mulher na cidade. “O que eu vejo hoje como uma demanda bem relevante é, por exemplo, trazer a delegacia da mulher para Irati. Mas isso a partir da minha realidade, do que eu pesquiso, do que eu convivo. Por isso que é tão importante que todas as mulheres venham, porque eu não sei quais são as demandas das mulheres do campo, eu não conheço as demandas de outras mulheres. Então eu vejo a partir disso, mas quando a gente pensa, por exemplo, na primeira conferência, saíram de lá manifestações onde começaram a conversar sobre a possibilidade de ter um botão do pânico em Irati, que hoje, neste momento, está passando por uma alteração, como todo sistema, sendo atualizado, mas que foi uma vitória que se começou a conversar na conferência”, enaltece a advogada.
Marli está no conselho desde sua criação. Ela ressalta que várias reivindicações já foram atendidas. “Foi o botão do pânico, uma conquista, a casa que abriga hoje as mulheres em situação de vulnerabilidade, violência, essas coisas. Essa casa, a Maria da Penha, ela foi uma construção, claro, do município, dos órgãos responsáveis, mas o Conselho da Mulher, ele teve um peso muito grande na montagem dessa casa, então, nesse período, a gente teve muitas conquistas do conselho, tivemos muitos casos resolvidos, gravíssimos, de denúncias que recebemos dentro do conselho e que tentamos resolver e conseguimos”, cita a presidente do Conselho.
Maria do Rocio diz que na gestão do prefeito Emiliano Gomes, as ações da pasta da mulher estão buscando envolver as mulheres que atuam em todos os meios. “Hoje nós envolvemos todas as mulheres, tanto a parte empresarial, a melhoria até do atendimento no CIAMI [Centro Integrado de Atendimento à Mulher Iratiense], que tem o CRAM [Centro de Referência de Atendimento à Mulher], com os atendimentos jurídicos, a parceria com as universidades, a Unicentro, que é pública e as universidades particulares, contamos com o NEDIJ [Núcleos de Estudo e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude], com o NUMAPE [Núcleo Maria da Penha], a Patrulha Maria da Penha, atendimento psicológico, atendimento social, então, cada dia é uma conquista”, relata Maria.
A coordenadora ainda afirma que o CIAMI não é um local que oferece ajuda somente para as mulheres vítimas de violência. “O CIAMI não é só para a mulher ir buscar ajuda no sentido de buscar medida protetiva, a questão de atendimento psicológico, social. Bom, nós temos espaços lá que têm cursos de formação. Então, a mulher que tem interesse, pode chegar até lá. E a gente sempre, durante o mês, tem dois, três cursos. Todas as quartas-feiras, nós temos um grupo de artesanato. Então, quem quiser conhecer, as portas estão abertas”, complementa.
O trâmite para realizar uma denúncia sobre violência mudou, segundo Marli. “Hoje a mulher vai necessitando de ajuda lá no CIAMI, onde a patrulha atende lá, faz o boletim de ocorrência lá, não precisa ir até a delegacia, tem uma salinha Kids lá para as crianças, com brinquedoteca, com livros, para que a criança possa ser também apoiada nesse momento.”, diz Marli.
“A Secretaria de Assistência Social, que é a secretaria que abriga hoje toda a política das mulheres ali, essa rede que existe da faculdade, essa rede, dos CRAS, dos CREAS, essa rede que beneficia a mulher também, é muito competente hoje, então a gente vê um trabalho muito acolhedor e muito humanizado também”, continua a presidente do Conselho.
Maria do Rocio destaca a importância do município ter recebido apoio de mulheres empresárias, que estão ajudando e melhorando o espaço da brinquedoteca e o acolhimento da mulher, além do trabalho psicológico e jurídico, para que a mulher se sinta protegida.
Fruto da primeira conferência, Thays diz que está sendo realizado um trabalho para melhorar a forma de atender e abordar as situações de violência contra a mulher. “Algo que foi abordado na primeira conferência já, enquanto uma demanda, enquanto uma sugestão, era a atualização, capacitação, formação constante dos profissionais específico para as demandas das mulheres, e isso é algo que vem sendo feito desde então e recentemente, por exemplo, algo que surgiu a partir do conselho, de uma parceria da rede ali do conselho para que fôssemos, eu, a professora Kátia e a Joana, que é psicóloga lá do laboratório, fazer um momento de formação com os guardas municipais que atendem a partir da Patrulha Maria da Penha para atendimentos não revitimizadores com as mulheres”.
Thays reforça que o Conselho de Políticas para as mulheres está aberto para receber sugestões de melhorias. “O Conselho é a oportunidade, é o local. O Conselho tem, inclusive, um e-mail. Se você pretende levar alguma demanda, inserir na pauta da nossa reunião, é completamente possível. Estamos abertas, inclusive. Sempre estivemos. E aí, a gente precisa saber das demandas do coletivo para que a gente saia da nossa bolha mesmo. Para que a gente enxergue. E nós estamos dispostas até a ouvir se estivermos erradas. Estamos abertas às sugestões, elogios e críticas”.
Marli destaca a importância da participação das mulheres e da sociedade em geral. “Fazer política não é só ser candidata a vereadora, candidata a prefeita. Fazer política é você fazer parte das instituições. É você fazer parte dos conselhos. É você ir atrás daquilo que é melhor para a sua comunidade. Através da associação de bairros, através da associação de moradores, você estar participando. Isso é a verdadeira política. Então, a mulher para fazer política não precisa ser candidata. Participe da nossa conferência, já estará fazendo política. Estamos esperando todas as mulheres lá”, convida a presidente do Conselho.
O CIAMI está localizado no Parque Aquático de Irati e funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h, de segunda à sexta-feira.
A reunião mensal do conselho acontece toda terceira quarta feira do mês, das 9 às 10h. Para participar da reunião, não é necessário fazer inscrição. A casa dos Conselhos Municipais de Irati fica em frente à prefeitura, na Rua Coronel Emílio Gomes, número 13.
A inscrição para a 2ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres pode ser feita através deste formulário, divulgado também no site da prefeitura.