Na primeira etapa, estudantes iratienses obtiveram percentuais de 87% e 90% de acertos nas questões das provas/Paulo Sava

Estudantes do curso Técnico em Agroecologia participaram na última quinta-feira, 23, da primeira fase da 14ª Olimpíada Brasileira de Agropecuária de forma virtual. Nesta fase, três equipes de Irati obtiveram 90% de acertos nas questões e uma conseguiu acertar 87% da prova.
O resultado da classificação para a segunda etapa, que será realizada em Juazeiro, na Bahia, entre os dias 12 e 16 de agosto, será divulgado no dia 02 de junho. Na segunda fase, os estudantes farão uma prova individual, com questões discursivas e de múltipla escolha. Também serão realizadas três provas práticas, de mecanização agrícola, produção vegetal e produção animal, que envolve a inseminação artificial.
O evento vem sendo realizado desde 2010 e foi desenvolvido pelo Instituto Federal do Sul de Minas Gerais. Apenas em 2020 a competição não foi realizada por conta da pandemia de Covid-19. A primeira participação do campus Irati do IFPR aconteceu em 2012, na cidade de Muzambinho- MG, quando a equipe iratiense ficou na 6ª colocação. Depois disso, o IFPR voltou a participar da Olimpíada em 2019, representada pela professora Ana Radis, que ajudou na organização do evento, realizado em Foz do Iguaçu. Em 2023, a equipe iratiense conquistou uma medalha na fase presencial, realizada em Brasília.
Em entrevista à Najuá, Ana, que é uma das responsáveis pela orientação dos alunos que estão participando da competição, contou como foram as primeiras participações dos estudantes iratienses na olimpíada. “Foi uma experiência riquíssima, fomos com os estudantes que eram do subsequente, curso que acontecia no pós-médio, e que nem tem mais no IFPR, e se transformou no Ensino Médio. Esta olimpíada foi criada internamente no Instituto Federal do sul de Minas, para estimular os estudantes a entenderem o universo do agro, como funcionam os diferentes eixos, para que eles se estimulassem a manter o contato com a área de formação. Com o tempo, ela foi se expandindo, em 2012, abriu-se a primeira edição externa, então estudantes de outros campi poderiam participar. Entramos nessa e gostamos muito da experiência, que é rica, de conhecer uma outra unidade do Instituto Federal e expandir os conhecimentos”, pontuou.
Como funciona a Olimpíada
Ana contou como funciona a dinâmica da Olimpíada. “Os alunos montam equipes, se organizam com três estudantes e convidam os professores para orientá-los durante este período. A primeira fase é virtual, com 30 questões e uma hora para realizar a prova. As equipes escolhem o horário que vão fazer. Nós optamos por fazer ontem de manhã (quinta-feira) porque a ansiedade estava grande e já conseguimos vencer esta primeira barreira”, comentou.
Apenas 40 equipes se classificam para a segunda etapa, que é presencial. Caso os estudantes de Irati consigam a classificação, a organização garante a hospedagem e a alimentação. As passagens serão adquiridas com recursos de um fundo criado pelo IFPR para atividades extras.
Incentivo aos alunos e conteúdo das provas
Ana ministra aulas para a turma do 2º ano do curso Técnico em Agroecologia integrado ao Ensino Médio. Ela conta que todos os professores incentivaram os estudantes a formarem equipes e se inscreverem na Olimpíada. “Não só eu, mas toda a equipe de professores e técnicos do campo trabalhamos para que estas equipes fossem organizadas e que os estudantes se sentissem próprios neste processo e convidassem os professores para orientá-los. Cada equipe tem uma trajetória, eles têm momentos distintos, e fazemos preparação, conversas, montamos grupos de estudos para que eles estejam aptos para esta prova virtual, que é pesada”, destacou Ana.
O conteúdo programático da prova da Olimpíada está ligado diretamente aos assuntos abordados durante o curso, segundo Ana. “Caiu questão de Código Florestal, conta de topografia, questão sobre produção vegetal e animal, que é a minha área. Então, é bem diversificado, é muito conteúdo e eles precisam estar atentos e preparados”, comentou.
Representantes de Irati

Quatro equipes de estudantes representam o campus Irati do IFPR na competição: Os Xucros, Os Bichos do Mato, Ebuínos e Gralha Azul. O estudante Bruno Budziak, que criou a equipe “Os Xucros”, avalia que o conhecimento adquirido dentro de sala de aula é essencial para uma competição a nível nacional como esta. Ele também contou que decidiu fazer o curso por influência da irmã, que estudou no IFPR há alguns anos. “Muitas coisas nós aprendemos com a professora Ana e os outros professores que nos levam a campo. Muito do que trabalhamos em aula, as contas principalmente de topografia que usamos na prova, vemos na aula, no conteúdo. Eu vim principalmente por influência da minha irmã, que estudou aqui há alguns anos, para fazer o curso de agroecologia”, afirmou.

O estudante Victor Edmann, também integrante da equipe “Os Xucros”, avalia que as questões ligadas ao meio vegetal abordadas na prova foram bem interessantes. “Foi uma parte que acho que teve maior peso na prova porque tinha muitas questões da parte vegetal, sobre vegetais e árvores. A professora chegou para o nosso grupo, falou que ia ter a olimpíada, e perguntou se queríamos nos inscrever. Montamos nosso grupo, ela nos inscreveu e fizemos a prova”, comentou.
Futuro na agronomia
A existência do curso de graduação em Agronomia dentro do IFPR faz com que os estudantes do Ensino Médio sintam vontade de seguir carreira na área, de acordo com Ana. “Eles entram no Ensino Médio e já temos a verticalização, que sempre falamos, com o curso de Agronomia do IFPR. Eles não precisam se mudar, podem fazer aqui mesmo, no conforto, muitas vezes, dos lares, e têm esta oportunidade. Muitos estudantes se identificam com o curso, que é para a vida, com a alimentação saudável e produção de alimentos. Temos aí uma temática muito importante para o ser humano e que eles vão levar para a vida particular. A gente gostaria muito que eles levassem para a vida profissional também”, frisou a professora.
A Olimpíada representa uma forma de devolução do conhecimento obtido pelos alunos dentro da sala de aula para a comunidade, de acordo com Ana. “Nós não somos um núcleo fechado, o IFPR é uma instituição pública, e por isso tem esta obrigação de devolver para a sociedade. O fato deles participarem já é um grande resultado para a sociedade. É o resultado de uma instituição pública que motiva os estudantes a estarem aqui, falamos muito sobre os estudantes que passam o dia inteiro aqui estudando, vão à biblioteca, vão atrás de professores e se dedicam. É este o nosso papel: mostrar o quanto o ensino de qualidade, bem referenciado e que o investimento do Governo Federal traz para toda a sociedade, que é este orgulho que temos deles”, comemorou.
Estudantes falam sobre participação na Olimpíada
David Gabriel Ferreira, integrante da equipe “Os Bichos do Mato”, conta que viveu boa parte da infância na agricultura junto com os pais. Ele enalteceu o entrosamento entre os integrantes da equipe na hora de fazer a prova. “Conseguimos ter um entrosamento muito bom na hora de fazer a prova, tanto que a fizemos bem rápido, deu tempo de revisar algumas questões e corrigir outras que precisavam de mais atenção, que eram mais difíceis. Questões de cálculo ficaram com o Thomas, que teve um bom desempenho durante a prova. No geral, conseguimos fazer as questões muito rapidamente, e acho que temos potencial para ir até Juazeiro, no Nordeste. Possivelmente conseguiremos ir e fazer algo muito bom lá”, pontuou.
David enfatiza que a prova teve muitas questões ligadas à família e ao social, temas frequentemente abordados durante o curso. “O curso trabalha muito bem a agricultura familiar dentro da agroecologia, pois a agroecologia vai puxar mais para o âmbito ecológico. Vamos tentar ter aquela redução no uso de químicos, dar mais atenção ao pequeno produtor, às coisas que são mais orgânicas, tanto que caíram questões sobre tipos de químicos, o que diferencia o convencional da agroecologia, e coisas neste aspecto. Como já estamos naturalizados com isto dentro do curso técnico em Agroecologia, acabamos nos familiarizando muito bem e conseguimos fazer as questões da prova com uma certa facilidade. Eu acho que, por termos interesse na área da agronomia, conseguimos fazer a prova e ter um bom desempenho”, afirmou David.
Já o estudante Pedro Konoval tem interesse em se formar como engenheiro agrônomo. Ele acredita que o fato de gostar da área facilita no aprendizado. “Por eu gostar muito desta área, tenho uma prática e um entendimento maior sobre o conteúdo que é aplicado. Na prova, caiu bastante conteúdo que a gente aprendeu dentro de sala de aula. Foi uma coisa bem importante termos aprendido com a professora Ana Radis sobre os animais, como a conicultura e a avicultura, pois foram questões que caíram na nossa prova e estavam um pouco mais complicadas, mas foi tranquilo de resolver”, frisou.

