Prefeito reeleito de Inácio Martins, Junior Benato, revelou que criará a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo para ajudar na geração de emprego e renda do município. Ângela Macarroni sairá da secretaria de Saúde e assumirá a nova pasta
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Junior Benato deve manter boa parte dos secretários no início da próxima gestão. Foto: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro-Sul |
Em entrevista no programa “Meio Dia em Notícias” de quinta-feira (17), o prefeito reeleito de Inácio Martins, Junior Benato, revelou que deverá fazer mudanças em seu secretariado na sua próxima gestão, com a criação de uma nova pasta. Ele ainda disse que pretende focar na geração de emprego para impulsionar o município.
Em novembro, Benato foi reeleito com 3.801 votos (57,13%), derrotando o candidato Padre Marcos (PSB) que alcançou 2.852 votos (42,87%). Este será o terceiro mandato de Benato que já foi prefeito de Inácio Martins entre 2009 e 2012.
A nova gestão iniciará com poucas mudanças no secretariado. Uma das novidades será a saída da secretária de Saúde, Angela Maria Macarroni, que deverá assumir a nova Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo. No lugar dela, ficará a atual vereadora Sandra Aparecida Daniel, que é assistente social e não conseguiu se reeleger na Câmara. Ela obteve 243 votos e ficou como primeira suplente do PV.
Benato explica que a criação da nova pasta vem de encontro com o projeto para conseguir gerar mais renda e emprego no município. “Na Indústria e Comércio, por mais que não tinha ninguém na pasta, eu absorvi a conversa com os empresários e com os industriais. Porque eu vim desta área. Eu tenho a linguagem do empresário. Eu tenho a linguagem do comerciante, do industrial. Mas agora como o foco é na geração de emprego, eu vou ter alguém diretamente ligado na pasta”, contou.
O prefeito revelou que a mudança também é um pedido da secretária de Saúde, que havia requisitado sua saída da pasta. “Nós fomos referência em alguns setores odontológicos, referência nos números elevados do Planifica SUS, numa série de requisitos da saúde. Mas a eficiência da secretária foi além disso. Só que ela está no esgotamento. Viver numa Secretaria, numa época de pandemia é para poucos e a pedido da minha secretária de Saúde, eu vou fazer a troca”, disse.
Outra mudança será na Secretaria de Agricultura que terá um novo nome, que ainda não foi divulgado. No restante das pastas, os secretários devem permanecer os mesmos. São eles: Professora Marinalda Fernandes (Educação), Cleuzi Nascimento (Assistência Social), Elcio Campos (Urbanismo, Serviços Urbanos e Estradas Rurais), Eder Lopes (Meio Ambiente), Marcos Garcia Junior (Finanças), Gilmar Komar (Departamento Tributário) e Thaís Gonçalves (Planejamento, que coordena toda a área de Infraestrutura do município).
Sobre a geração de emprego e renda, Benato explica que as principais vagas devem estar ligadas à indústria madeireira. Atualmente, o município já tem a confirmação da instalação de uma fábrica de compensado e já possui perspectiva de instalação de uma indústria de móveis. Ele explica que o interesse ocorre porque Inácio Martins já possui um fornecimento de matéria-prima. “Nós temos a matéria-prima que sai in natura para fora do nosso município distribuindo florestas para a região inteira, inclusive para outros estados. Sai matéria-prima que são as toras tanto de pinus quanto de eucalipto para outros estados”, explica.
Outra área que o prefeito também quer impulsionar é o turismo. Ele conta que o planejamento é tornar Inácio Martins uma cidade serrana, atraindo turistas que apreciam o clima frio e a natureza verde. Um dos projetos que está nesse planejamento é a construção de um mirante. Em 2009, o município adquiriu um terreno na chamada Pedreira do Cerro do Leão. O local proporciona uma vista atrativa da região e à noite é possível observar até as luzes de Prudentópolis.
O município conseguiu uma emenda parlamentar de R$ 1 milhão, por meio do deputado federal Evandro Rogério Roman, para a construção do mirante. O projeto está desde 2017 em análise no Ministério de Desenvolvimento Regional (antigos Ministérios das Cidades e Integração Nacional), que disponibilizará o valor do projeto.
De acordo com o prefeito, a expectativa é que a partir do próximo ano o projeto tenha andamento. “Ali vai contemplar a construção de um mirante na parte de cima, externa, que é onde as pessoas podem fazer uma visitação em uma área aberta. É um projeto muito bacana que ele vai ter uma área de vidro onde as pessoas descem para baixo dessa área superior, numa área inferior, que é uma vitrine, que as pessoas vão se sentir que estão suspensas do solo. Nós vamos ter o chalé do produtor rural oferecendo produtos produzidos na nossa agricultura familiar e agricultura orgânica, de propriedade certificada. Nós vamos ter um horto-florestal de mudas de espécies nativas da nossa região, como pinheiro, imbuia, guabiroba e muitas espécies nesse horto”, conta.
Covid-19
O prefeito também falou sobre o atendimento dos casos de Covid-19. O município preparou um local separado para a coleta dos exames de casos suspeitos. O atendimento foi separado dos demais casos do Pronto Atendimento.
Para auxiliar nesse atendimento, o Governo Federal disponibilizou à Inácio Martins mais de R$ 1 milhão. Segundo Benato, o valor foi utilizado especialmente na folha de pagamento. “Foi flexibilizado esse recurso financeiro para pagar inclusive profissionais. Nós encorpamos a nossa equipe de saúde. Por mais que fosse temporário, através de PSS [Processo Seletivo Simplificado], ou até por empresa terceirizada, de médicos nas unidades de saúde, ou encorpando essa equipe, nós pudemos usar esse recurso, inclusive para nossas folhas de pagamento, além de não deixar faltar nada. Nossa equipe de Epidemiologia, com todo o suporte, compramos testes rápidos para que fizesse os testes nas pessoas, aquele teste rápido que seria o PCR, para que as linhas de frente não saíssem naquele período de quarentena e sim fosse testado imediatamente, não tendo positivado, estariam na linha de frente”, contou.
No entanto, a pandemia gerou impactos nos cofres públicos. Uma das situações foi em relação à educação. O município é obrigado por lei a gastar 25% do orçamento em educação, mas com a interrupção das aulas presenciais e a não utilização do transporte, o índice não foi alcançado. “Porque tivemos uma economia considerável do nosso transporte, que levava quase R$ 1 milhão e meio durante o período letivo. Estamos tendo dificuldade de gastar o recurso, que é constitucional, de cumprir os 25% de gasto na educação. A Educação reformou todas as escolas, tivemos dobra de turno, estamos adquirindo duas vans novas para a educação, até para cumprir o índice percentual de gastos”, disse.
Enquanto isso, houve diminuição nos recursos disponibilizados pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Nós já tivemos uma perda significativa no ano de 2020, tanto é que quando chegou a pandemia, os indicativos econômicos foram ladeira abaixo. Nós tivemos a reposição do FPM baseado no ano de 2019. Como uma gestão pública pode ser eficiente, tendo um orçamento de um ano anterior, se a oferta de serviços é sempre crescente? Esse é um desafio da gestão”, contou.
De acordo com Benato, o encerramento do auxílio emergencial e o aumento do desemprego, além de empresas diminuindo produção porque possuem empregados infectados trazem um cenário ruim para a economia local. Contudo, ele acredita que com a vacina, a economia pode melhorar um pouco. “A gente depende de um crescimento o mais rápido no Brasil, só que nós dependemos antecipado que essa vacina chegue realmente e fazer que as coisas se tornem numa normalidade. Enquanto tivermos a pandemia na nossa porta, acho que vamos sofrer um pouco”, disse.
SAMU
O município de Inácio Martins ainda não recebeu uma ambulância para o suporte básico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O município paga para o atendimento do SAMU um recurso de R$ 23 mil.
No momento, o Pronto Atendimento tem sido o meio pelo qual os munícipes acessam o SAMU. Quando o chamado é feito, a ambulância da prefeitura atende o chamado e leva o paciente para o Pronto Atendimento. Se o caso for um acidente ou outra situação emergencial, é o PA que aciona a regulação do SAMU, que buscará o paciente.
Segundo o prefeito, o município tem sido atendido pelo serviço. “Não é a falta desse equipamento da básica que tem deixado de ser atendido. Nós tivemos vários sobrevoos de helicópteros, salvando vidas aqui no município de Inácio Martins. Nós tivemos várias vezes a UTI Móvel do SAMU levando pessoas e salvando vidas no município de Inácio Martins”, disse.
Benato destaca que o município está sendo atendido com uma cobertura completa. “Mas estamos contemplados com uma cobertura de urgência e emergência já completa no município. Só está faltando a básica, que é aquela ambulância que é acionada pelo munícipe, pelo Pronto Atendimento. O SAMU é acionado através do 192, que é o SAMU, ou por qualquer unidade básica pelo cidadão do nosso município”, explica.
O motivo do atraso é que o governo federal ainda não repassou a ambulância para o município. O prefeito disse que agora a tentativa é conseguir por meio do governo estadual que recebe a verba federal. “A chegada das ambulâncias está sendo conciliada com o governo do Estado do Paraná. O governo do Estado do Paraná pode receber o recurso do governo Federal e agilizar a distribuição das ambulâncias básicas que serão cinco na nossa região. A princípio eram quatro, mas parece que serão cinco”, explica.
Segundo o projeto, Inácio Martins poderá receber um aporte financeiro do Governo Federal quando comprovar efetivamente a funcionalidade do SAMU. O recurso federal poderá cobrir até 80% dos gastos que o município tem com o serviço.
Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub