Projetos da Secretaria de Defesa Animal de Irati terminam neste dia 31

Nova gestão terá que contratar um novo veterinário para que projetos continuem/ Texto de Karin…

31 de dezembro de 2024 às 18h35m

Nova gestão terá que contratar um novo veterinário para que projetos continuem/ Texto de Karin Franco, com entrevista de Rodrigo Zub e Anderson Harmuch

Wagner Beda e Carla Mosle. Foto: João Geraldo Mitz/ Najuá

Os projetos realizados pela Secretaria de Defesa Animal de Irati terminam nesta terça-feira (31). Um dos motivos é a saída do secretário Wagner Beida da pasta, com o fim do mandato do prefeito Jorge Derbli.
A interrupção dos projetos acontece porque o secretário, que é médico-veterinário, estava como responsável técnico nos projetos. “Todos os projetos envolvendo a Secretaria, eu, como veterinário, estou RT [responsável técnico]. Estou como RT de todos esses projetos. A partir do dia 31, eu tiro o meu RT. Para todos esses projetos até a nova gestão contratar um veterinário e organizar essa parte desses projetos novamente”, explica o secretário.

Entre os projetos estão a Feira de Doação de Animais e o recolhimento dos cavalos, que é feito por uma terceirizada, mas precisa de um responsável técnico no contrato. Para que os projetos continuem, é preciso a contratação de um novo médico-veterinário. “Alguns podem ser mantidos os convênios. A única coisa é que você tem que fazer o projeto novamente para o CRMV [Conselho de Medicina Veterinária]. Tem que ter um RT [responsável técnico] para assinar. Esse da [universidade] Campo Real está vigente. Tem alguns ali que estão vigentes. Só que para dar início, tem que ter o RT. Questão burocrática do CRMV. Exigência deles”, conta.

Confira a entrevista completa de Wagner e de Carla abaixo

O secretário destaca que os projetos podem incluir outras empresas. “A partir que você vai fazer o RT, você tem que elaborar o projeto e estar em mãos do projeto. Alguns projetos eu vou deixar tudo impresso para eles, que fica no sistema do CRMV, mas eles têm que dar início para começar todo o projeto de volta novamente. Igual esse projeto que fizemos com a Campo Real, das castrações, é um credenciamento. Nada impede de outra faculdade entrar também. Eu deixei bem aberto para não ficar exclusivo só para um. Até das clínicas veterinárias, qualquer clínica de Irati pode se cadastrar. Qualquer uma pode prestar serviço para a prefeitura. É só ir lá e se cadastrar”, destaca.

Atualmente, é a faculdade Campo Real que tem uma parceria de castração de animais com a prefeitura de Irati. “O município dá todo o insumo para fazer a castração. A faculdade dá só mão de obra. Está funcionando bem com a parceria com a Campo Real. A Campo Real entrou porque tem veterinária aqui em Irati. Nada impede que outras faculdades entrem. Só que já dificulta um pouquinho mais, porque a faculdade é de outra cidade. Mas nada impede que outra clínica aqui de Irati também queira se cadastrar e fazer as castrações dentro do Castramóvel”, explica o secretário.
Criada em 2022, a Secretaria realizou vários atendimentos a animais feridos, castrações, feiras de adoção de cães e gatos, entre outras atividades. O novo prefeito de Irati, Emiliano Gomes, anunciou que deve juntar a Secretaria de Defesa Animal à Secretaria de Meio Ambiente, que será comandada por Jaqueline Caetano.

Para a presidente do Conselho Municipal de Bem-Estar Animal (COMBEA), Carla do Rocio Mosele Ragugneti, há preocupação devido ao volume de demandas que a pasta terá que trabalhar. “São duas secretarias muito difíceis de trabalhar. É muita demanda de pessoas denunciando na questão ambiental, na questão de proteção animal, tudo isso. É uma muita burocracia. Quando a Magda [Lozinski] era responsável, nós já víamos que a demanda, tinha coisas que ela não conseguia, não dava conta. Nós esperamos e torcemos por essa nova gestão. Espero que faça um grande trabalho na cidade de Irati, porque precisamos de uma inovação e espero que o novo faça diferença. Mas, infelizmente, nessa questão da proteção animal, nós estamos com muito medo, porque vai parar. Tomara que as pessoas entendam que o secretário Wagner fez a sua parte, só que por uma burocracia, ele vai ter que tirar o RT dele nesse momento, porque ele vai ser desligado da secretaria, então ele não pode ficar com o RT”, disse.

A presidente do COMBEA destaca que a nova gestão deverá contratar um médico-veterinário. “Nós, que fazemos parte do Conselho, nós vemos que precisa de um veterinário porque são muitos serviços e tem uma questão de uma ficha que o veterinário vai ter que analisar a questão dos animais, ver o atendimento, o que é prioridade”, explica.

O atual secretário conta que não deve assumir como veterinário. “Já pensei bem, quero dar uma tranquilizada, ficar na minha clínica, ficar mais tranquilo. O que eu queria fazer eram os projetos, fazer andar todos os projetos que eu tinha interesse em implantar aqui na cidade. Eu consegui implantar todos os projetos que eu queria. Ficou alguma coisa ou outra. Lógico que cada projeto é novo, tem que melhorar. Cada vez que vai renovando, vai dando uma melhorada. Mas eu acredito que vou ficar na minha clínica lá. O que eu queria, já consegui implantar os projetos”, disse.

Wagner destaca que está saindo da pasta com toda a Secretaria estruturada “Eu saindo, ficou bem estruturada a secretaria. A questão é que temos uma caminhonete para puxar o Castramóvel. Nós tínhamos o Castramóvel, mas não tinha todos os equipamentos internos. Hoje está todo equipado. Apesar de demorar um pouco mais de tempo para aprovar os projetos, para concretizarmos o início das castrações no Castramóvel, que tem capacidade para fazer 100 castrações por mês. Está tudo equipado, tudo certinho”, conta.

Além do Castramóvel, a pasta ainda possui um veículo que auxilia nos atendimentos. “Nós conseguimos uma caminhonete por meio do Conselho do Meio Ambiente. Uma caminhonete para puxar o Castramóvel. Nós temos uma Kangoo para fazer os atendimentos veterinários. Temos uma sala, uma sede da secretaria. Hoje, nós temos vários projetos que estão em andamento, estão funcionando. Projetos que talvez eram alguma coisa, eu tirei alguma coisa de outras cidades e nós melhoramos na nossa região”, explica o secretário.

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Um dos projetos que foi colocado em prática é a do recolhimento de cavalos ou animais de grande porte. Foram 42 animais de grande porte apreendidos. Desses, 20 animais foram doados. O restante, os proprietários foram buscar os animais. O projeto é feito em conjunto com a Guarda Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil. “Nós temos uns projetos em questão dos animais de porte grande. Já tínhamos esse projeto, nós melhoramos o projeto. Hoje, quase não temos problemas com acidente de animais de porte grande. Nós conseguimos cessar com esse projeto, esse problema”, disse o secretário.

Outro projeto foram as feiras de adoção de animais. Foram 35 feiras, onde 359 animais foram doados. Outra ação foi a castração de animais por meio do Castramóvel. “Nós castramos, em média, uns 70 animais. É pouco porque demorou muito tempo para darmos início. A intenção é fazer 100 por mês. Mas esses animais que foram castrados pelo Castromóvel do município, nós demos preferência para os animais que estão em situação de rua, que seria a primeira etapa. Eu acho que é a prioridade. Os cães que estão na rua porque é só castrando os animais de rua que vai diminuindo. Lógico que, ao longo, vai ter cachorro na rua, mas ao longo do tempo, a longo do prazo, vai diminuindo os cães da rua, castrando os da rua. A primeira etapa foi isso. Nós castramos os animais de rua. A segunda etapa começa a pegar os animais de pessoas que não têm condição”, conta.

O Castramóvel é um veículo de propriedade da prefeitura de Irati. O secretário garantiu que há equipamentos para a próxima gestão realizar castrações. “Algumas coisas eu comprei já há pouco para não ter esse caso de vencer. Pode ser que alguma coisinha outra vença, mas não vai gerar um custo, um gasto elevado. Porque tem coisas que você acaba comprando que a validade é muito curta mesmo. Mas assim, é pouca coisa. Tem material para fazer as castrações. Eu acredito que o material que tem dentro do Castramóvel daria para fazer mais umas 500 castrações”, disse.

O município ainda recebeu o CastraPet, projeto do Governo do Estado para a castração de animais. Foram 259 animais castrados pelo programa. “Ano que vem já está contemplado também para vir o CastraPet do Estado novamente para Irati. A partir de janeiro, do dia 15, a população tem que se dirigir até a Secretaria para fazer as inscrições. A partir do dia 15 de janeiro, que as castrações serão efetuadas dia 17 de fevereiro. Vai ser feita em média de 150 a 250 animais castrados. O pessoal tem que começar a se dirigir à Secretaria, a partir do dia 15, para fazer as inscrições”, conta.

O secretário conta que a inscrição é uma exigência do programa “É uma exigência do Estado, que é 30 dias antes que tem que começar essas inscrições, não pode começar antes. Vai ser castrado, em média, de 150 a 250 animais. Já tem que começar lá. E deixamos uma lista, deixou bem organizada a Secretaria, para a próxima pessoa que entrar e assumir a pasta. Esses projetos estão todos em andamento”, explica.
Como haverá mudanças na próxima gestão, que inicia no dia 1º de janeiro, a inscrição para a castração no CastraPet deve ser realizada na Secretaria de Meio Ambiente. O secretário destaca que todo o recurso está garantido e dependerá de a nova gestão organizar os critérios do programa. “Esse do Estado já está tudo certo. Tem as contrapartidas que fizemos. Cartilha trabalhada em escola, vacina de raiva que foi feita. Essas contrapartidas eu já fiz todas. Já mandei relatório, já deixei tudo organizado. É só a realização das castrações mesmo. Eu estou como gestor do Estado lá. Em janeiro, é só eles mandar um ofício para o Estado e mudar o gestor. Isso aí continua na data certinho. Não tem perigo de perder”, conta.

O programa estadual de castrações foi renovado este ano no município em virtude do trabalho realizado pela pasta no ano passado. “Como o ano passado foi liberado 150 castrações, nós conseguimos castrar 259 [animais], porque fizemos de uma maneira bem correta, que deu certo as inscrições, até com umas inscrições de reserva. Nós conseguimos ligar para todos de reserva e fazer as reservas. Esse ano, se não for bem organizado nas inscrições, nós perdemos. Daí, ano que vem, não vem. Eles cortam o município que não fizer corretamente todo o protocolo, eles acabam cortando e não vem mais. Como fizemos tudo certinho ano passado, esse ano já está tudo alinhado para fazer”, explica.

Outro serviço feito pela pasta foram os atendimentos veterinários. Foram 2.980 procedimentos pagos pela prefeitura. “Isso é exclusivo para pessoas que não podem pagar e cachorros em situação de rua. Esses animais foram atendidos, que antes não tinha esse atendimento. Já temos esse atendimento. Foi gastado média de R$ 250 mil nesses atendimentos que a prefeitura gastou”, conta o secretário.

Como médico veterinário, o secretário acabou realizando alguns procedimentos, mas a Secretaria contou com serviços feitos por clínicas credenciadas. “Nós efetuávamos uma média de 10 a 15 atendimentos por dia. Às vezes, nós não conseguíamos as clínicas. Quando não conseguia, eu mesmo ia e atendia. Pode contar mais uns 700 atendimentos que fui eu mesmo que fiz. Fora esses que foram pagos pela prefeitura para as clínicas mesmo. A questão foi de ter essas quatro clínicas trabalhando, porque dependemos do horário deles, da agenda deles. Nós ligávamos para uma, uma não podia, mas a outra poderia atender. As clínicas cooperaram”, conta.

Um dos serviços usados foi o internamento de animais em hotéis das clínicas. “As clínicas credenciadas, tem algumas clínicas que tinha hotel. Nós credenciamos esse serviço do hotel. Nós castrávamos, precisava pelo menos, de uns dois, três dias. Nós deixávamos internado nesse hotel, nas clínicas, para poder se recuperar melhor e para daí soltar. Porque, de maneira nenhuma, nós íamos acabar largando um animal na rua sem ele estar apto a estar solto. Nós tínhamos esse serviço. Nós temos bastante, tem mais que 30 procedimentos credenciados para fazer nessas clínicas. Nós procuramos acertar todos os atendimentos necessários”, explica o secretário.

Um dos únicos atendimentos quer não foram feitos pelas clínicas foram os atendimentos ortopédicos. “A única coisa, eu acho que não conseguimos incluir seria a ortopedia. Cachorro atropelado, a questão ortopédica, nós não conseguimos incluir porque é um serviço um pouco mais caro. As nossas clínicas de Irati, nenhuma faz ortopedia. Nós não conseguimos incluir esse atendimento. Mas o resto dos atendimentos, eu acredito que deu para suprir bem a demanda da cidade”, conta.


O secretário reconhece que a pasta tem muitas demandas e que algumas não foram atendidas. No entanto, ele acredita que a Secretaria conseguiu realizar o que foi possível. “Nós não conseguimos atender todo mundo. Nós dávamos prioridade. As pessoas que tinham um pouquinho de condição, deixavam um pouquinho de lado e acabava atendendo o cachorro de rua que não tem ninguém por ele. Nós demos uma selecionada. Nós não conseguimos agradar todo mundo, mas eu acredito que a maioria conseguiu atender bem”, disse.

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