2º Festival Estadual da Agricultura Familiar aconteceu em Rebouças

Festival contou com programação cultural e venda de produtos da agricultura familiar; Texto de Karin…

14 de dezembro de 2024 às 12h36m

Festival contou com programação cultural e venda de produtos da agricultura familiar; Texto de Karin Franco, com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

A programação contou com festival de música, concurso de culinária, concurso de fotografia e uma feira da agricultura familiar. Foto: Divulgação

Em torno de 700 agricultores familiares de todo o estado se reuniram no Centro Cultural Flórido Cabral, em Rebouças, para participar do 2º Festival Estadual da Agricultura Familiar, ocorrido no dia 6 de dezembro. A programação contou com festival de música, concurso de culinária, concurso de fotografia e uma feira da agricultura familiar.

O dia iniciou com a acolhida aos participantes e um café da manhã. Logo após, aconteceu a abertura oficial do evento que contou com a presença de autoridades e representantes do Governo Estadual e Federal. Entre os presentes estavam os deputados estaduais Luciana Rafagnin e Professor Lemos (ambos do PT).

Durante a abertura, os representantes dos agricultores familiares apresentaram demandas por políticas públicas, como habitação rural, melhor crédito para os agricultores familiares no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e assistência técnica aos agricultores. Segundo o responsável pela comunicação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF-PR), Eder Ribeiro Borba, a intenção é aproveitar o evento para debater a realidade do agricultor. “O objetivo é estarmos debatendo as políticas públicas que precisam estar avançando para a nossa agricultura familiar. Por exemplo, as tecnologias, até foi muito cobrado durante a manhã de hoje [06/12], pelo nosso coordenador [Elizandro] Krajczyk, juntamente com ao MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar]. Nós precisamos de uma tecnologia para avançar na produção, facilitar o trabalho e gerar renda para as famílias que estão no campo”, disse.


O representante da FETRAF destaca que é preciso disponibilizar mais acesso à tecnologia para agricultores familiares. “Tanto na questão da industrialização, como também os maquinários acessíveis para a agricultura familiar. Se nós tivermos um maquinário mais acessível, nas pequenas produções, isso facilita muito. Também como a própria comunicação, que é uma certa tecnologia que hoje já é uma necessidade dos agricultores familiares. Chegar a internet, chegar também o sinal de telefone adequado, tudo isso é uma tecnologia. Ou também tecnologia para a produção de produtos, que facilita o trabalho do dia a dia. Seja uma tecnologia para a produção de hortaliças, de tomate, por exemplo. Tecnologia para a produção diversificada. Enfim, uma tecnologia que possa estar acompanhada também em uma assistência técnica. Venha lá um técnico que manda orientações para os agricultores, fazendo intercâmbios também entre as regiões”, conta.

Eder ainda destaca experiências positivas na região. “Aqui em Rebouças, por exemplo, nós temos a experiência da cooperativa com a produção de ovo. E tem outras experiências no estado. O intercâmbio, por exemplo, pode facilitar o acesso dessa tecnologia para os demais agricultores. Nesse sentido, nós falamos em tecnologia. Mas, principalmente, relacionando com a questão do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], é uma tecnologia de pequenas máquinas, que possa estar auxiliando as pequenas produções, as pequenas parcelas de terra. Nós temos agricultores familiares, que tem uma média, no máximo, de 20 hectares. Então, para essas famílias, nós estamos falando de uma tecnologia acessível que facilita o trabalho, porque a mão de obra está escassa. Nós temos famílias hoje de duas, três pessoas, quatro, no máximo. Então, é baixa mão de obra. E a agricultura é uma diversificação de alimentos”, explica.

Após a abertura oficial, o festival iniciou as programações culturais com o Concurso de Fotografia e o Concurso de Culinária. “Tem pratos doces e pratos salgados. Eram 14 pratos doces e também mais de 10 pratos salgados. Também tem torta, tem bolo de mandioca. Uma diversidade muito grande de alimentos. Foi feito o concurso nos municípios, houve a classificação local e hoje é aqui a etapa final”, disse Eder.
O Concurso de Fotografia também reuniu grande número de participantes. “Mais de 280 fotos foram expostas, mostrando a realidade de quem trabalha com a terra, de quem produz a comida. E essa interação entre homem, natureza, mulher, jovens, crianças na agricultura familiar”, explica Eder.

Ainda pela manhã, deu-se início ao Concurso de Música. “O festival teve a etapa municipal e regional. Agora nós estamos na última etapa. É só a nata da agricultura familiar hoje. São agricultores que têm como, quase uma segunda profissão, as músicas. Eles levam bem a sério a questão da música. São todos os agricultores que têm essa ligação diretamente com a música”, conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rebouças, Vanderson de Andrade de Souza.

Clique aqui e receba as notícias da Najuá

A programação do festival terminou à tarde com sorteio de prêmios e a entrega das premiações dos concursos. Segundo o representante da FETRAF, a intenção da programação cultural é mostrar este outro lado do agricultor. “Nós estamos mostrando que a agricultura familiar produz comida, mas também tem uma cultura, tem um modo de vida, tem biodiversidade. E isso que nós queremos estar trazendo, resgatando essa identidade. Que quem trabalha na roça, trabalha com a terra, cuida do meio ambiente e também produz a comida que chega na mesa de todo um cidadão brasileiro”, disse Eder

Durante o festival, houve a venda de produtos da agricultura familiar como erva-mate e queijos, além da floricultura.
A primeira edição do Festival Estadual da Agricultura Familiar aconteceu no ano passado, em Nova Prata de Iguaçu. Na época, a reinvindicação foi a continuidade de um programa de habitação rural. Eder conta que reivindicações feitas no festival chegaram a ser atendidas pelo Governo Federal. “Nós, da FETRAF do Paraná, somos referência na Habitação Rural, por exemplo. Já foram feitas milhares de casas, mais de 30 mil casas na região do sul do Brasil, através da nossa cooperativa Cooperhaf [Cooperativa de Habitação da Agricultura Familiar]. Aqui em Rebouças também foram muitos agricultores beneficiados pelo acesso à moradia, mas era um programa que estava paralisado no governo anterior”, disse.

Na sexta-feira (06), a reinvindicação deu resultado e agricultores familiares assinaram um termo de compromisso para a construção de suas casas próprias. Serão R$ 75 mil subsidiados pelo programa. A assinatura foi acompanhada por representantes da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Agricultura Familiar. “Ano passado foi feita essa cobrança e hoje aqui nós temos a grata satisfação de estar assinando o termo de compromisso de famílias que vão estar acessando o direito à moradia agora nos próximos dias”, conta.

Agricultura familiar em Rebouças
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rebouças, Vanderson de Andrade de Souza, destaca que o objetivo em Rebouças é auxiliar os agricultores familiares a vender seus produtos para outros estados. “Hoje nós estamos buscando a questão da agroindustrialização e a questão da produção orgânica. São esses caminhos. Hoje temos o ovo. Nós podemos comercializar no Brasil todo. Graças à parceria que temos com Golden Ovos, nós conseguimos levar em qualquer estado do Brasil, os ovos dos nossos produtores aqui. O feijão, nós estamos com um potencial enorme no nosso feijão preto. É um produto histórico aqui da nossa região. Nós estamos fazendo a parte de processamento para levar esse nosso produto também para outros estados. Nós, no ano passado, comercializamos mais de 100 toneladas de feijão empacotado. Esse ano a previsão é que aumente esse volume. E outras produções em geral. A questão de fubá, panificados em geral dos nossos agricultores. Hoje, por exemplo, o café da manhã só foi dos nossos agricultores aqui do município de Rebouças. O nosso foco é a agroindustrialização”, disse.

Em Rebouças, cerca de 40 agricultores familiares produzem agricultura orgânica. “Nós estamos em torno de 150 agricultores nessa linha de dar uma padronização na produção e, juntamente, a questão da produção orgânica, que é o futuro na agricultura familiar. Nós temos em torno de 40 produtores, também entre esses 150, que são da área dos orgânicos que produzem um alimento mais saudável para a população”, conta.

O presidente do sindicato ainda destacou que a entidade deve seguir cobrando autoridades para auxiliar os agricultores familiares, incluindo o prefeito eleito de Rebouças, Laércio Cipriano. O novo prefeito tem relacionamento próximo aos agricultores e já foi presidente do sindicato. “Ele sabe que ele se elegeu com compromisso com a agricultura familiar. Ele já tem um bom trabalho, que ele era o secretário da Agricultura por sete anos. Ele já vem aí com o trabalho na agricultura familiar. O planejamento agora é que ele continue e seja um trabalho mais especificado, um trabalho de continuidade e desenvolvimento. A nossa meta é que a nossa agricultura familiar vire uma referência na região e no estado. Nós estamos buscando esse tipo de trabalho”, explica.

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.