Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros, mais de 10 pessoas ficaram desalojadas; Cerca de 100 residências e pontos comerciais foram afetados em Irati/Texto de Karin Franco, com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira
As chuvas de quinta-feira deixaram mais dez pessoas desalojadas e causaram alagamentos em ruas da área urbana e estradas rurais. Pessoas ficaram ilhadas e precisaram ser resgatadas pelos bombeiros, que ainda prestaram atendimentos a animais e veículos arrastados nas vias públicas. A estimativa é que a quantidade de chuva chegou a 100 milímetros em apenas 30 minutos. Um pluviômetro no Colégio Florestal de Irati registrou que choveu 143 milímetros em quatro horas.
Além do centro, os alagamentos também atingiram os bairros Fósforo, Rio Bonito, Vila Nossa Senhora da Luz, Camacuã, Vila Matilde, Stroparo, Vila São João e Nhapindazal, segundo o Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil registrou problemas nas ruas Munhoz da Rocha, Coronel Emílio Gomes, Coronel Pires, 7 de setembro, Rua da Liberdade, 15 de Julho, Padre Delile Ribeiro Pinto (próximo à rua Coronel Sabóia, na região das Canisianas), na Avenida Perimetral João Stoklos e a rua Cesário Fortes.
“Já são pontos conhecidos nossos, que são as partes mais baixas e que vão necessitar sempre do apoio nosso. No caso, o pessoal da área social já assistiu a eles, até que a água baixe, volte, faça-se a limpeza e possam utilizar o lugar novamente”, disse a coordenadora da Defesa Civil Municipal, Rosenilda Romaniw Barbara, que foi entrevistada no programa “Meio Dia em Notícias” da Super Najuá na quinta-feira.
O Corpo de Bombeiros registrou 17 pessoas que foram vítimas dos alagamentos na quinta-feira. Uma pessoa foi vítima de queda e dez pessoas tiveram que sair de suas casas, ficando em imóveis de amigos e familiares. Outras seis vítimas ficaram ilhadas em suas residências e tiveram que ser resgatadas pelos bombeiros. Cerca de 100 residências e pontos comerciais foram afetados pela água, conforme o Corpo de Bombeiros.
O transporte escolar chegou a ser interrompido por causa dos alagamentos, principalmente, por causa das estradas rurais. Nesta sexta-feira, o transporte escolar foi retomado. “Nós temos 6 mil alunos e temos 2.400 alunos que dependem do transporte escolar. Na quinta-feira foi parado o transporte devido às estradas rurais, principalmente, esses pontos que não passam, que estão alagados ainda. Tem alguns pontos, o secretário de Obras Rurais, Jair Bispo, passou para mim toda a informação. São vários pontos de Irati, Itapará, de Gonçalves Júnior, até o Rio Preto. Vários pontos no interior que a água passou por cima. Nós resolvemos não fazer o transporte escolar dos alunos para evitar qualquer acidente, por questão de segurança. As aulas continuaram, só que o transporte escolar foi suspenso”, explicou o prefeito de Irati, Jorge Derbli.
De acordo com o prefeito, os alagamentos aconteceram porque houve uma grande quantidade de chuva em pouco tempo. “Quando vem uma quantidade de água dessa aí, em um pequeno espaço de tempo, é muito complicado. Lá no Colégio Florestal, por exemplo, nós tivemos uma informação do pluviômetro de 143 milímetros. Na Estação Florestal, 129 milímetros. Nós já estamos, há muito tempo, fazendo muitas obras para que nessas ocasiões não dê o alagamento ou a enchente, como o canal hídrico, como a limpeza do Rio das Antas. Hoje, eu vi que a Munhoz da Rocha, tem um ponto, perto do MercadoMóveis, chegou até a entrar água, porque a água é muito que vem lá de cima, que desce, porque a topografia da de Irati é complicada. A água desce tudo na parte baixa. Isso é normal, óbvio, mas, com aquelas canaletas que fizemos, que fizemos em pouco tempo, já abaixou a água, já conseguiu secar”, disse.
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Derbli conta que a prefeitura monitorou os pontos de alagamentos e buscou alertar as pessoas sobre a possibilidade de mais chuva na região. “Às 9 horas da manhã, o Rio das Antas estava saindo da caixa. Vários pontos na cidade e no interior estavam com alagamento. A previsão que nós tínhamos de dois institutos de meteorologia é que, entre 11 e 14 horas, tivéssemos uma chuva torrencial de 40 milímetros. Do jeito que estava encharcado e tudo, com mais essa chuva, com certeza o problema se agravaria muito mais. Mas, felizmente, foi só uma previsão. As previsões nunca são 100%. Está esse sol agora e, graças a Deus, baixou água”, conta.
Os bombeiros foram os primeiros a serem acionados pela população que ficou ilhada. As ligações pedindo ajuda começaram às 5 h da madrugada, conforme conta o tenente do Corpo de Bombeiros, Murilo Maltaca. “Nós tivemos muitos casos de pessoas que estavam ilhadas. Não conseguiam sair das suas casas, e em alguns casos, que a água estava entrando na residência também. Muitas vezes, nem precisou do apoio do barco, foi apenas em uma situação que teve a necessidade do barco. Nas outras, as pessoas conseguiam sair andando ou carregadas, dependendo da situação, mas com a água na altura da canela e do joelho. As pessoas conseguiam sair, mas para não se expor tanto ao risco, e até pela velocidade da água em alguns pontos, por causa da enxurrada, propriamente dita, pediram certo apoio”, explica.
O tenente conta que em um dos casos houve o resgate de pessoas junto com seus animais domésticos. “Foram seis vítimas retiradas. Até a situação de alguns animais, foram dois cachorros que estavam junto com o proprietário, com o tutor, que foi também retirado e levado à vizinhos, às pessoas que acolheram essas vítimas, até o momento de tranquilizar e aquela água abaixar”, conta.
Os atendimentos da Defesa Civil começaram às 6 h da manhã, conforme conta a coordenadora da Defesa Civil. “O primeiro grupo que foi acionado dentro da Prefeitura de Irati foi a Guarda Municipal para que ela percorresse todos os lugares e já fosse fazendo o trabalho de sinalização para que o trânsito fosse impedido, porque na passagem da água, vai espalhando água para os comércios e, como, de fato, aconteceu em todas as ruas centrais, não dava mais passagem nem para os veículos naquele determinado momento”, explica.
A área social também foi acionada para atender as famílias que precisaram de ajuda. “Já se acionou a área social em que as famílias que, por ventura, necessitavam ser resgatadas, alguma coisa, alguma assistência, se precisava de um abrigo, já entrou o pessoal da área social dentro dessa possibilidade. E, depois, a Secretaria de Serviços Urbanos, por onde nós fomos passando e vendo o que aconteceu, para que eles já pudessem se preparar para fazer a limpeza, porque tem muito arrasto de material perto das rotatórias, as vias que foram inundadas estão cheias de barro, vão precisar de lavagem, então, toda essa parte nós, procuramos fazer”, detalha a coordenadora.
No interior, os atendimentos também foram realizados. “No interior, próximo à Polícia [Rodoviária] Federal, uma senhora ligou dizendo que ela mora bem no alto. É impressionante, mas do lado de dois tanques, que esses tanques extravasaram. O proprietário desses tanques, que deveria fazer com que a água passasse pelo sistema que ele tem de controle de vazão, ele não fez isso. Essa água extravasou, foi para o lado da casa dela e inundou a casa dela. Acho que pelo menos uns 15 centímetros. Inclusive, essa água vai parar na BR-277. É uma situação isolada que recebemos, que as pessoas nos solicitaram, que queriam que verificasse porque tem sido recorrente essa situação para eles lá”, disse Rosenilda.
O dono dos tanques deve ser notificado. “Foi a única ocorrência de necessidade que recebemos e foi vistoriar. Agora vamos pedir para que o proprietário desses tanques de peixe tome uma providência, para não prejudicar o seu vizinho que é morador e se sente prejudicado, com toda a razão. Com certeza, tem que ser visto por nós para que tenha uma solução e ele não atrapalhe mais a vida do vizinho”, conta.
A coordenadora da Defesa Civil explica que o problema no interior foi passageiro e resolvido depois que o nível da água baixou. “No caso do interior, o que temos como realidade sempre é que os rios enchem. De repente, aquela estrada rural fica durante um período alagada. Para a nossa sorte, são bacias curtas, em pouco período de tempo, a água baixa e já permite a passagem”, explica.
Obras: Nos últimos anos, a Prefeitura de Irati tem realizado obras na área central para diminuir os alagamentos que ocorrem na região. Contudo, o município ainda registra alagamentos mesmo após as obras.
Segundo o prefeito de Irati, o projeto ainda não está finalizado. “Nós estamos com a segunda fase do canal hídrico, que está parado na Moageira. Tem que fazer mais uma obra ali, necessária, que não estava no projeto, porque as galerias, nós queríamos afundar mais, mas tinha muita pedra, muita rocha. Elas ficaram muito sobrepostas, quase no nível da rua. Vai ter que fazer uma camada, tipo uma travessia elevada de concreto em cima porque as galerias não suportam o peso dos caminhões. Elas deveriam ter ficado num nível mais baixo, mas o projeto nós fazemos, mas quando se vai executar a obra, acontece isso. Estamos acertando essa questão, de um aditivo da obra, para fazer mais esse piso em concreto em cima, para dar o suporte necessário. Mas a galeria já está totalmente fluindo bem”, disse.
Uma das dificuldades de conseguir evitar os alagamentos na região central é por causa da tipografia de Irati, conforme Derbli. “No Pesque Pague, na Vila dos Coelhos, nós abrimos aquele riacho que passa ali. Alargamos, limpamos, para dar uma vazão boa de água, e, assim mesmo, ainda hoje, entrou água nas casas de manhã. Eu estive vendo, estava complicado. Muita água. Esses pontos de Irati, essa nossa bacia, que eu falo que começa na Vila São João, eu sempre cito lá, que é a parte mais alta. A água começa a vir desde lá, do Florestal, do Parque da Vila, do Fernando Gomes, do Joaquim Zarpellon. A água vem toda para a parte baixa da cidade. Ela passa pelo parque, vai pela Companhia de Fósforo, vem vindo pelo Rio das Antas, e, quando chega aqui embaixo, a vazão de água é muito grande, o rio não vence. O Rio das Antas não vence”, conta.
O prefeito conta que as obras tem sido feitas, mas ainda não solucionaram todos os casos do Rio das Antas. “A capacidade de alargamos, nós baixamos. Não dá para afundar mais o rio porque é tudo laje de pedra. Só pode alargar ele, então nós alargamos, limpamos. Deu uma vazão boa de água. Ele estava na ponte do Gontarz, a água estava chegando na ponte. Eu estive com a Rosenilda, cedo lá. Mas a vazão estava boa, estava correndo bem o rio. Só que o volume de água, isso é uma coisa impossível de dizermos, que vai chover tantos milímetros por hora. Tanques de contenção, como o Parque da Vila São João, que serviu hoje de manhã. Você não enxergava o parque, estava todo embaixo de água, mas ali é um tanque de contenção, que quando chega, na BR-153, tem uma manilha com o diâmetro, que só sai aquele volume de água. Então, segura a água, com esse volume grande e vai soltando devagar. Mesma coisa, eu estava falando, quando tem um tanque de lavar roupa: você enche e quando você abre o ralo, a água sai devagar. Só aquele diâmetro do ralo. É isso, os tanques de contenção. Tem que ser feito”, disse.
A coordenadora da Defesa Civil Municipal explica que os parques são planejados para reter a água e evitar de alagar casas próximas. “O Parque Aquático e o parque da Vila São João exatamente fazem essa função de serem lugares onde pode alagar porque não tem estrago. Imagina se estivesse alagando e tivesse casas. Esses parques lineares próximos aos rios, eles têm essa função”, explica.
Outra situação que deixa difícil o combate dos alagamentos é a quantidade de lixo na cidade. “Este lixo, que vem, que as pessoas não se incomodam, que ninguém se incomoda, que acha que não vai dar problema. Quando o tempo está bem seco, não dá. Mas quando vem a enchente, carrega tudo para dentro do rio, carrega para o bueiro, tranca manilha, tranca tudo e dá essas enchentes. Eu tenho vídeos, que você fica impressionado, a quantidade de lixo que a água trouxe para dentro dos rios, dos riachos. Isso é complicado”, conta o prefeito.
Uma das soluções propostas para evitar alagamentos são as lagoas de contenção. “Seriam pontos em que você identifica dentro das suas áreas e você vai preparar essas lagoas que em tempo de seca, elas estão secas, em tempos de chuva, como no dia de hoje [na quinta-feira], que elas estariam praticamente preenchidas de água e fariam aquilo que o Jorge comentou alguma coisa sobre o tanque de lavar roupa, em que a água está acumulada e à medida que acumulou, vai ter uma pequena saída controlando, então, esse fluxo da vazão das águas que como foi hoje”, explica a coordenadora.
Rosenilda aponta que essa seria a solução em alguns pontos da cidade para evitar os alagamentos. “Se nós dentro de algumas áreas ao longo do Arroio dos Pereiras até lá no Colégio Florestal tivéssemos lagoas de contenção, certamente teríamos muito menos problemas de saída desse rio, desse córrego em direção às ruas como aconteceu. Inclusive, galerias podem ser secas por baixo de ruas em que quando chove também elas se preenchem. O subsolo está segurando toda essa água e não vai para as ruas, não vai para as casas. São elementos que, com certeza, depois de uma terceira fase, principalmente aqui, sobre o Arroio dos Pereiras, há de se pensar em projetos, em que você tenha essas lagoas, com essa questão de pensar sempre numa situação mais ruim que possa acontecer como aconteceu hoje. Porque estaremos sujeitos e cada vez mais de acontecer isso”, disse.
O prefeito de Irati destaca que há dificuldades de fazer esse tipo de obra nesses locais porque não há terreno disponível. “Não temos terreno suficiente. É tudo construído aqui no centro da cidade. Eu não sou engenheiro civil, mas talvez uns tanques de contenção subterrâneo, que seriam grandes caixas de concreto, que fosse construindo assim, porque não tem o terreno pra fazer uma lagoa ou um tanque grande. Esse tanque vai ficar a maior parte do tempo seco. Ele só vai encher quando chove bastante e a função dele justamente é essa. É manter ele seco, com baixo nível de água. Ele só vai encher quando vem aquela tormenta, como a que veio essa noite. Os antigos que dizem que vem aquela que não tem o que segura essa água, como aconteceu hoje, das 5 horas da manhã até às 7 horas. Seguraria essa água, ia soltando devagar, evitaria o alagamento”, explica.
O custo desse tipo de obra subterrânea é alto, mas Derbli conta que locais como o parque da Vila São João, demonstram que essas ideias funcionam. “Lá na Vila São João foi feito dois a três tanques e o próprio parque já é, tem aquele tubo que cruza a BR-153 no mercado do New. Aquela vazão é só o que passa naquele tubo. E se ele não vencer, ele passa por cima do asfalto. Mas hoje eu estive lá acompanhando de manhã, ele passava só a vazão do tubo. Um tubo de dois metros só passava um diâmetro de dois metros de água. Isso dá tempo de, na sequência, a água vir se dispersando e não dá esse alagamento”, conta.
Os loteamentos novos já são obrigados pelo Plano Diretor a prever a construção de bacias de contenção. “Isso é consequência de uma legislação, que foi aprovada em 2016, com o novo Plano Diretor, em que tratou com muita propriedade essa temática da parte de drenagem, fazendo com que os novos loteamentos comecem a pensar em estruturas que eles não afetem tanto o quadro urbano. Lá aconteceu isso [Loteamento Margarida], no Professor Lico saiu a lagoa de contenção, então todos os loteamentos, desde que o Jorge assumiu como prefeito, passaram a ter uma tratativa assim de realmente ter mecanismos que protejam a cidade”, disse Rosenilda.
Uma das ideias para a área central é a compra do terreno do Kominski para conseguir fazer uma bacia de contenção. Contudo, o prefeito disse que há dificuldades na compra do terreno. “O problema é conseguirmos comprar aquele terreno. Com esse novo plano, esse novo canal hídrico, na terceira fase, ele vai passar pela Carlos Thoms, vai passar pelo Gomes, por dentro, onde é do Thoms, do frigorífico do Oscar”, conta.
Derbli conta que por causa da terceira fase das obras do canal hídrico, já foram feitas algumas mudanças. “O Oscar até se propôs e desmanchou um imóvel que tinha edificado para justamente nós irmos. Vem pela feira, por trás da feira. Sai do Gomes, que já está sendo feita uma etapa, através deles mesmo, com a iniciativa privada, uma etapa desse canal hídrico, que pega do tanque e vem até à rua da Matriz Nossa Senhora da Luz. Na sequência, passa por dentro do pátio do que era do Gomes e aqui no Thoms. Até ele cedeu e desmanchou, inclusive, para ceder para fazermos esse trajeto desse canal hídrico, que por trás da feira, ele corta por dentro daquele córrego e sai quase na esquina aqui da Carlos Thoms. Depois, vem por dentro da Carlos Thoms e encaixa aqui, aonde parou aqui perto da Irabox, que eu falo, na Munhoz da Rocha”, explica.
O local poderia conter uma bacia de contenção para conter os alagamentos, mas segundo o prefeito, a dificuldade é o custo que isso teria para o município. “Nós teríamos que desapropriar aquela área. Até que não é difícil desapropriar, mas se sabe que é um terreno nobre do Toninho Kominski, que é no coração do centro da cidade, um terreno com um valor alto. Com certeza, teríamos muitos problemas judiciais em questão de valores. Mas pode ser feito isso sim. Pode ser feita uma desapropriação para o bem comum da cidade, que é de utilidade pública e fazer. Mas até mais pra trás, lá no Gomes, lá atrás no tanque do Gomes, dava para fazer também uma grande represa para segurar”, conta o prefeito.
Derbli ainda alerta que a construção de uma bacia de contenção no local pode ser mais cara. “Porém, teria que fazer uma obra muito bem feita e caríssima pra que tivesse a segurança absoluta de que não ia estourar porque se faz uma grande represa, você represa uma grande quantidade, milhões e milhões de metros cúbicos de água. E se uma obra não é muito bem feita e há um rompimento de uma barragem desta também, você imagina o transtorno que traria na cidade. É uma obra mais cara ainda do que fazer um tanque de contenção aqui nesse terreno vazio do Toninho Kominski”, explica.
O prefeito revela que Antonio Kominski auxiliou a prefeitura para dar continuidade às obras. “O próprio Toninho Kominski que conseguiu para nós, junto à interferência dele ao deputado Alexandre Curi e ao Eduardo Pimentel, que estava na Secretaria das Cidades, ele conseguiu, com a sua ajuda, a liberação desses R$ 6 milhões que o governo autorizou, está em fase de projeto, dessa fase do canal hídrico. Que justamente ia passar por dentro da Carlos Thoms e ia ligar lá o Gomes. Eu quero fazer um agradecimento, em público, ao Toninho Kominski. Ele tem até um parentesco, o Alexandre Cury é sobrinho dele, isso facilita para nós. Você sabe que a questão política, quanto mais contato, mais amizade, isso também facilita. É um caso de extrema necessidade esse canal hídrico”, disse o prefeito.
Na Vila São João, a prefeitura planeja refazer um muro que caiu no cemitério. “Temos que fazer a recuperação, até eu vou dar uma olhada depois, porque as capelas que estavam em torno, a água desbarrancou. É uma situação que nós precisamos ter um cuidado e uma urgência em refazer esse muro, porque a erosão está comendo as capelas por baixo. Daqui a pouco fica até aparecendo alguns caixões, algumas coisas. Ainda antigamente era enterrado muitas pessoas na terra. Agora não pode mais, mas antigamente não. A erosão comeu e o muro caiu inteiro do cemitério da Vila, próximo à Capela Mortuária. Nós vamos ter que dar uma olhada lá para refazer esse muro”, conta o prefeito.
Um local que ainda necessita de obras é a região do CT Willy Laars. A população chegou a fazer um abaixo-assinado com 100 assinaturas pedindo resolução para os problemas de alagamentos. Segundo o prefeito, a área está sendo estudada, mas a previsão é que as obras para solucionar o problema sejam muito caras. “Nós temos uma situação de uma galeria que passa por dentro de vários terrenos particulares. Tem que fazer uma galeria com um tamanho muito grande, que dê vazão a essa água. Realmente essa obra, nós estamos devendo na região do CT, para atender aquelas famílias também. Mas é uma situação, uma obra que está sendo estudada e eu não vou fazer mais esse ano, porque já está terminando o meu mandato. Eu espero que, na sequência, isso aconteça, mas realmente há uma necessidade de fazer. Só que tem terrenos que precisamos passar por dentro para fazer essa galeria. Não adianta só fazer a galeria na travessia, onde a rua é pública e eu posso mexer. Às vezes, tem que dar uma sequência até chegar no rio e tem que fazer alguma desapropriação. Mas é uma obra necessária e, com certeza, vai ser feita na sequência”, explica.
Para o prefeito, a obra acontecerá apenas com recursos de outras esferas. “A bacia é muito grande, a água desce lá de cima, que vem de cima, do Alto da Lagoa, desce toda e quando chega, afunila perto do portão do CTG, um pouquinho para frente e alaga todas aquelas casas. É uma obra também complexa, um projeto a ser feito e para dispor de um recurso, que nós dependemos do Governo do Estado. Dizer que vai fazer com o dinheiro da prefeitura, com recurso livre, é história para boi dormir. Não adianta. A prefeitura tem o dinheiro dela, é o básico. Precisamos de recurso, através de emendas de deputados, Governo Estadual e Federal, para conseguir um valor alto para poder fazer uma obra que dê a resolução do problema”, disse.
Outro local que sempre tinha problemas de alagamento era o terreno próximo à perimetral. O terreno chegou a ser recusado pelo Tribunal de Justiça que disse que o local não tinha condições de receber a nova sede do Fórum da Comarca. Nas chuvas de quinta-feira, o terreno não teve problemas de alagamento. “Não teve porque o rio está fluindo bem”, conta Derbli.
O prefeito de Irati explica que o município deve pedir o terreno de volta. “Nós já reivindicamos junto ao Tribunal de Justiça à devolução desse terreno, que eles não iam construir mais ali, depois queriam construir atrás do teatro. Acabou dando toda aquela polêmica e não saiu nada. Nós queríamos que o terreno de volta. É um terreno de 11 mil metros quadrados, onde nós teríamos e temos ainda, projetos para ampliação do sistema da Secretaria de Educação. Uma grande garagem para os ônibus, os transportes escolares. Um barracão para armazenar a merenda escolar. Fazer um núcleo da educação. Secretaria, garagem, merenda escolar, tudo junto. Vai sair uma creche, inclusive, na frente da Secretaria de Educação, na João Stoklos, e um posto de saúde que vai sair também, entre o Fórum Eleitoral e o colégio. Do lado tem uma cancha que foi feita de esporte e vai sair também um posto de saúde, mas não está tendo problema mais de alagamento”, disse.
A previsão para a região é que se tenham mais chuvas em dezembro desse ano e janeiro de 2025. A coordenadora da Defesa Civil destaca que essa é uma preocupação e alerta para que se pense em projetos que diminuam os alagamentos na cidade. “Nós temos que pensar que, futuramente, as próximas administrações sempre terão que estar investindo em drenagem e sistemas de contenção de águas porque isso vai ser a nossa realidade. A nossa cidade, para a nossa sorte, foi uma chuva que veio e logo foi embora. Nós temos esse estrago grande, mas que logo temos condição de se recuperar. Vejo que propostas dessa natureza de drenagem vão ter que fazer parte muito grande. Alargar pontes também. Tem várias pontes que precisam também ser revistas e remodeladas”, alerta a coordenadora.
Orientações: O Corpo de Bombeiros possui algumas orientações para a população em casos de alagamentos.
Nos casos de pessoas que estão em lugares que não conhecem, como ruas e estradas rurais, a orientação é evitar esses espaços de alagamento. “Vamos falar daquele local não conhecemos, que a pessoa tenta atravessar de carro. A orientação é para não tentar. Evitar se expor ao risco. Nós tivemos situações hoje [quinta-feira] aqui na cidade que o motorista passou. Na primeira vez ele conseguiu ir até certo local, retirar a família dele e, na volta, como o rio subiu um pouco mais, ele acabou ficando ali. Ele se pôs ao risco, teve o prejuízo do carro que foi alagado. A orientação que fica aqui é não arriscar. Não fazer essa travessia porque não conhecemos a profundidade que está aquela rua naquele momento. Ele pode encontrar uma galeria aberta, um bueiro aberto, um tronco, algum material que vai enroscar o carro e acabar prejudicando”, disse o tenente.
Para os pedestres, a orientação é a mesma. “Evitar atravessar, aguardar um local seco, um lugar um pouco mais alto. Essa água também está contaminada. Ela passa pelas galerias, passa pelo esgoto, lixo. Nós orientamos para que evite ter contato com essa água”, conta.
Quem estiver em algum veículo durante o início do alagamento, a orientação é que permaneça nele até o resgate. “Nós orientamos para que a pessoa fique no carro e abra as janelas. Conforme essa água vá subindo, essa pessoa suba no teto, no capô do veículo e, claro, ligue 193, para que o socorro vá o mais rápido possível retirar ela com os materiais, com as técnicas corretas”, explica.
As pessoas que moram em um local de risco precisam estar atentas. “Eu acredito que muitas vezes as pessoas que residem nas áreas de risco, elas têm o conhecimento e sabem que estão numa área de risco, que pode acontecer isso. A orientação que temos é que a pessoa monitore, mantenha o conhecimento de como está aquela situação e saia antes da água chegar. Por exemplo, ela já viu que está chovendo, então ela vai ter precaução um pouco antes, do que deixar chegar na atual situação e saia. Porque realmente, no momento da chuva, no momento da enxurrada, do deslizamento, não tem muito o que ser feito. São ações emergenciais de resgate, de socorro somente”, conta.
Em todos os casos, a orientação é que as pessoas busquem um lugar seguro o mais rápido possível. “A orientação que fica é para que, na dúvida, saia de casa. Procure um local seguro, seja de familiares, seja de amigos, ou até dependendo da situação, a própria prefeitura dispõe de locais, mas que ela saia e quando ficar tranquilo, volte pra residência. As pessoas ficam muito naquela dúvida: ‘mas já está parando a chuva, agora vai começar a baixar’. Mas se na sequência vem uma nova chuva? A chuva de hoje foi uma surpresa. Não tínhamos toda essa dimensão, que cairia nesse curto período de tempo. Vale a pena sair de casa, de forma segura, com o apoio do Corpo de Bombeiros, se for o caso, e depois retornar, de maneira segura, evitar maiores transtornos”, disse.