Helio de Mello chega ao sétimo mandato consecutivo na Câmara de Irati

Na Câmara de Irati desde 2001, o professor, que já ocupou a Presidência da Mesa…

30 de outubro de 2024 às 19h40m

Na Câmara de Irati desde 2001, o professor, que já ocupou a Presidência da Mesa Diretora em duas oportunidades, traz como principais bandeiras as demandas da Educação e do interior do município, especialmente do Rio do Couro/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Juarez Oliveira e Rodrigo Zub

Hélio de Mello foi eleito para o 7º mandato na Câmara de Irati com 707 votos. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

Reeleito com 707 votos, o professor Helio de Mello (PL) será diplomado em dezembro para exercer o sétimo mandato consecutivo na Câmara de Irati, a partir de 2025. No Legislativo desde 2001, o vereador, que completa 55 anos em novembro, já ocupou a Presidência da Mesa Diretora em duas oportunidades: nos biênios 2017-2018 e 2021-2022.

Entre suas principais bandeiras ao longo dos últimos 24 anos, estão a defesa dos profissionais da Educação e da comunidade escolar, como um todo, e a indicação ao Executivo das demandas do interior do município, especialmente do Rio do Couro, seu principal reduto eleitoral.

“É o momento de vir aos órgãos de imprensa para agradecer às pessoas que confiaram, mais uma vez, o voto ao professor Helio de Mello, àquele menino que nasceu e se criou brincando na poça d’água lá na comunidade do Rio do Couro. E continua morando lá, buscando atender aos anseios daquela comunidade”, ressalta.

Logo em sua primeira participação em um pleito, no ano 2000, quando concorreu pelo PMDB, conquistou 601 votos e foi eleito aos 30 anos. Concorreu outras quatro eleições pela mesma sigla: em 2004, quando obteve 786 votos; em 2008, com 1.195 votos – a maior votação em todas as participações; em 2012, com 978 votos e em 2016, com 1.086 votos. Em 2020, concorreu pelo PV e recebeu 918 votos. Tanto em 2016 quanto em 2020, foi o terceiro mais votado.

Mello é um dos cinco vereadores atuais que foram reeleitos. Somente nas últimas três legislaturas, entre 2013 e 2024, apresentou 60 Projetos de Lei como primeiro autor e dez como coautor. Considerando as moções, requerimentos, indicações, Projetos de Decreto Legislativo e Projetos de Resolução, o parlamentar soma 401 peças legislativas como autor e outras 52 como coautor apenas nas três últimas legislaturas.

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O vereador avalia que a campanha eleitoral e as eleições de 2024 foram “atípicas”. “Desde as questões burocráticas, as questões, diferente para os cálculos, diferente para a formação de grupos. Iniciei minha vida pública quando dois ou três partidos podiam se reunir e montarem os grupos para a disputa. Hoje, vemos que é por partido”, afirma.

Na verdade, desde as eleições municipais de 2020 já não havia mais as coligações para as eleições proporcionais, apenas para as majoritárias. Com a reforma eleitoral de 2021, os partidos puderam formar federações para apoiar tanto candidaturas nas eleições proporcionais quanto nas majoritárias. No caso das federações, as legendas devem ter afinidade programática e durar, pelo menos, os quatro anos do mandato. A definição dos eleitos permanece feita pelo quociente eleitoral (soma de todos os votos válidos para vereador, dividida pelo número de cadeiras em disputa) e pelo quociente partidário (número de votos válidos do partido, dividido pelo quociente eleitoral). É o QP que define quantas cadeiras cada partido ocupa. No caso de Irati, PP, Podemos, PL e PSDB ficaram, cada um, com 20% das cadeiras – dois vereadores para cada sigla – e o PSD e o União, com 10%, ou um vereador para cada partido.

Outra diferença que Mello aponta nas eleições de 2024 em relação às anteriores é o número de candidatos por partido, que diminuiu. “Até a eleição anterior, tínhamos o número de cadeiras da Câmara, mais 50%. Ou seja, Irati tem dez cadeiras de vereadores, então, poderia mais cinco candidatos: 15, sendo ou 30% masculino ou 30% feminino. Nesta eleição, o diferencial foi que é o número de cadeiras, mais um. Então, ao invés de 15, baixou para 11. Onze para 15 são quatro candidatos, o que diminui consideravelmente a possibilidade de fazer ‘legenda’ dentro do grupo, dentro do partido político, o que é bastante preocupante”, analisa.

Nas últimas eleições, o período de campanha também tem sido mais curto, o que reduz o tempo para “ir a campo” pleitear votos. “Acredito que o trabalho realizado e a seriedade que sempre transmitimos para as pessoas credenciaram e deram condição para que eu pudesse continuar trabalhando pelo nosso município, pela nossa comunidade, tanto como vereador, como legislador no Poder Legislativo Municipal, quanto como uma liderança dentro da comunidade, para buscar recursos, para poder atender às necessidades da nossa coletividade”, avalia o vereador.

Quanto à evolução da cidade de Irati ao longo dos 24 anos que ele atua como vereador, Helio de Mello enfatiza que a vinda da Unicentro para o município foi um divisor de águas, com uma Irati antes da instituição e outra depois. Segundo ele, a vinda de estudantes de fora do município, atraídos pela abertura de novos cursos, gerou a demanda por novos serviços, o que também contribuiu para uma mudança no perfil econômico da cidade. Mello acrescenta que, com o tempo, vieram outras instituições, a exemplo do Instituto Federal (IFPR) e de cursos superiores de instituições privadas, trazendo possibilidades de formação para os jovens iratienses, que já não precisam recorrer a grandes centros para estudar.

“As redes sociais têm interferido e auxiliado para que haja maior desenvolvimento e maior cobrança para que aquelas pessoas que estão à frente do poder público, para que quem está à frente para responder, gastar, gerir os recursos arrecadados através dos impostos possam ser cobradas em tempo real para devolver em serviço para nossa comunidade”, observa.

Recorde: As sete legislaturas consecutivas atribuem a Helio de Mello um feito inédito no Legislativo iratiense. “O vereador com mais mandatos teve quatro mandatos, se não me falha a memória. Quem poderia ir para o quinto mandato, se não me engano, era o Nei Cabral”, diz. O mais votado em 2020, Nei Cabral faleceu em 2022, aos 48 anos, e cumpria seu quarto mandato, o terceiro seguido. Ele foi vereador entre 2005 e 2008 e só voltaria a se eleger em 2012. Os vereadores que exerceram, de fato, quatro mandatos seguidos foram François Abib, entre 1960 e 1976, e Estanislau Stefaniak, entre 1969 e 1988.

José Anciutti Pessoa exerceu cinco mandatos, mas não foram consecutivos: ele foi vereador entre 1948 e 1976, cumprindo três legislaturas seguidas (1948-1955; 1956-1959 e 1960-1963); depois, ficou fora da Câmara por uma legislatura (1963-1968) e voltou ao Legislativo para mais duas: 1969-1972 e 1973-1976.
“Nunca foi minha pretensão, não foi e não é minha intenção fazer uma carreira política. Mas dentro do que foi acontecendo, dentro do trabalho realizado, dentro do crédito, dentro do incentivo recebido dos amigos, dos familiares, dos vizinhos, dos alunos, de pais de alunos, dos compadres e de vínculos que temos, a coisa foi acontecendo. Tanto que, no ano de 2000, quando fui candidato pela primeira vez, fiz 601 votos, cinco ou seis urnas da minha região, da minha comunidade, que deram condição de eu estar como vereador. Na segunda, fiz 786; depois, fiz 978; na quarta eleição, fiz 1.195; na quinta eleição, 1.086; na eleição passada, 918 e, agora, 707 votos, que deram condição para que eu pudesse exercer este sétimo mandato no Legislativo Municipal”, argumenta.

Prioridades: Questionado sobre quais demandas os eleitores levaram até ele durante a campanha, o vereador destacou que a saúde é “a dor maior das pessoas de uma cidade”. “A Saúde, tanto em Irati quanto em outros municípios, sempre tem o que melhorar”, frisa.

Helio de Mello opina que os próximos gestores precisam estar abertos a ouvir as sugestões da população e ver que, dentro do número de profissionais, da realidade e do orçamento do município, o que pode ser feito para que a saúde fique mais perto dos munícipes e funcione adequadamente. O parlamentar critica o funcionamento de postos de saúde apenas com agentes comunitários de saúde, o que, segundo ele, traz mais pacientes para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Conforme o vereador, a população tem pedido que haja maior agilidade nos atendimentos e na realização de exames. Segundo ele, a espera por uma ressonância magnética, por exemplo, pode chegar a dois anos.

“A segunda [prioridade], como morador do interior, sou o vereador que mais apresentou indicações nesse quesito, é a manutenção das estradas rurais. Tem espaço, tem atendimento na saúde, mas é preciso que a população chegue [até ela], que a população saia de casa e venha ao posto de saúde, que a população saia de casa e possa chegar ao Centro da cidade, que possa se deslocar. Que a criança, o aluno, saia de casa e possa chegar na escola. Percebemos que, em outros momentos, já tivemos situações muito piores, mas ainda tem muito a ser feito dentro do nosso município”, reitera.

Na saúde, o vereador reconhece que nem todos os problemas são resolvidos em nível municipal. “Não é só do Município essa questão. São questões que, às vezes, vai para fora de domicílio, precisa entrar numa fila do Estado. Mas precisamos que alguém faça alguma coisa. E quem tem que fazer isso? Quem está à frente do poder público, gerindo essa situação, gerindo esta pasta. Quando chegamos na fila da oncologia, que chegamos num período a termos quase 90 pacientes na fila de espera. Imagina você chegar numa consulta médica e no seu diagnóstico colocarem que você precisa procurar um oncologista, procurar o Hospital Erasto [Gaertner], que é o caso da nossa região, e você chegar e parar na burocracia e seu familiar, seu vizinho, ficar vindo, duas, três, quatro vezes por semana com o SAMU para a Santa Casa ou para o Pronto Atendimento, voltando para casa e não tendo essa agilidade. Dá um desespero. Tendo uma unidade do Erasto em Irati, meu sonho – e eu achava que deveria ser – é que fosse parecido como é na Clínica Renal: o paciente que é diagnosticado com câncer deveria ser encaminhado diretamente para o Erasto, ao menos para dar entrada, esse primeiro atendimento”, comenta. Essa mudança, porém, na visão de Mello, depende de articulação do Município com o Estado.

Presidência da Câmara e maioria na oposição: A cada dois anos, a Câmara de Irati escolhe sua Mesa Diretora: presidente, vice e 1º e 2º secretários. Hélio de Mello já presidiu a Câmara de Irati em duas ocasiões: nos biênios 2017-2018 e 2021-2022. “Não descarto a possibilidade, mas já tive essa experiência. Temos um grupo tranquilo, que eu acredito que possamos conversar bastante, para eleger uma Mesa Diretora para o próximo biênio no nosso município”, comenta. A nova Mesa Diretora é definida a partir da posse dos vereadores eleitos.

O PL, sigla à qual Mello está filiado, apoiou a candidatura de Rafael Felipe Lucas (Podemos), em 2024. Oito dos dez vereadores eleitos apoiavam o candidato que ficou em segundo lugar e somente dois – um do PSD e um do União – apoiavam o prefeito eleito Emiliano Gomes (PSD). “São dois poderes distintos. A Câmara e a Prefeitura são diferentes. Às vezes, as pessoas confundem e acham que vereador é camarada, empregado do prefeito e não é. Vereador é fiscal, vereador faz a lei, vereador trabalha em outra Casa. São funções diferentes. Dentro do desenho que deu nesse último pleito eleitoral, no Legislativo Municipal, a composição ficou com oito vereadores do lado do candidato a prefeito Rafael Lucas e dois vereadores eleitos do lado do prefeito eleito Emiliano [Gomes]. Acredito que os vereadores vão fazer o trabalho do Legislativo. Essa aproximação acredito que deva ser bastante importante, mas em todo o meu tempo [como vereador] ela partiu do Executivo. Esperamos que haja essa aproximação, haja essa possibilidade. Tenho a absoluta certeza de que a Câmara fará o seu trabalho”, avalia.

Projetos para a próxima Legislatura: Para a Legislatura 2025-2028, Helio de Mello espera que seja dada continuidade à pavimentação da estrada que liga Gonçalves Junior a Itapará. “Tenho um sonho, um trabalho iniciado, com possibilidade de continuar, que não é [só] meu, mas é um sonho de 30 comunidades, mais de 500 famílias, quase dez igrejas, quatro, cinco postos de saúde, quatro escolas e de um grande número de pessoas que transitam, que é a continuidade da pavimentação asfáltica de Gonçalves Júnior [trecho que faz ligação com a comunidade de Itapará]. Nesse meu tempo de vereador, nunca tive contato com deputado ou com alguém que tivesse recurso e dissesse que existia a possibilidade de emenda ou projeto para fazer pavimentação asfáltica em estrada rural. Não tinha, até que surgiu um cidadão chamado Evandro Roman [ex-deputado federal], que colocou na luz que isso poderia ser feito, tanto é que fez para o Pinho de Baixo”, cita.

“Baseado nisso, procuramos o deputado, corremos atrás, conseguimos pouco recurso, mas é o que veio e o que deu para fazer na época. Levamos azar que o deputado não conseguiu se reeleger [em 2022]. Porém, não foi culpa de Irati. Ele tinha, na eleição anterior, 1.800 votos e conseguimos, com o trabalho realizado 4.200 votos para o deputado [em 2022]. Estamos atrás de novos parceiros, novos deputados que queiram, conosco, agarrar essa bandeira, que é essa condição mais digna dessa pavimentação asfáltica nas comunidades”, acrescenta.

Mello avalia que, ao longo dos últimos oito anos, o prefeito Jorge Derbli desempenhou um grande esforço, com investimentos significativos nesse setor, com pavimentação asfáltica dentro de quase todas as comunidades que têm uma estrada principal, no interior do município. “Quinhentos metros, 600 metros, 700 metros, um quilômetro dentro de cada comunidade, conforme a extensão de cada comunidade. Já teve um início, já teve uma luz. Precisamos fazer com que, de pedaço em pedaço, de trecho em trecho, possamos chegar até a parte mais distante do nosso município e devolver de forma mais digna ao nosso agricultor e às pessoas que residem no interior a condição de acesso mais fácil para a cidade”, diz.

Questionado se tem contato com algum parlamentar estadual ou federal que possa contribuir com emendas para possibilitar realizar essas e outras obras no município, Mello pontua que permaneceu 20 anos filiado ao MDB (antigo PMDB); depois, passou quatro anos no PV e, agora, está filiado ao PL. “Sou novo nesse partido, sou novo nesse grupo. Os candidatos a deputado que eu apoiei, neste momento, estou praticamente procurando deputado, porque o Roman não se elegeu e acredito que agora, com sete mandatos, representando uma comunidade dentro do Legislativo Municipal, deputado que tenha recurso e queira investir em Irati vamos ter que trabalhar, vamos ter que estar juntos e apoiar”, comenta.

Mello aponta que buscou contato com vários deputados, inclusive com o ponta-grossense Aliel Machado (PV-PR), deputado federal da sigla à qual o vereador esteve filiado nos últimos quatro anos. “Há uma briga muito grande entre direita e esquerda e eu acho que a dor da população e a necessidade tem que esquecer [a dicotomia entre] direita e esquerda. O que precisamos é atender o que tem que ser feito pela nossa comunidade, para a nossa coletividade. Temos agora este resto de ano para poder manter alguns contatos e buscar algumas emendas e garantir até o final do ano, para que no ano que vem possa já ter algum investimento e auxiliar. Além de saber se há interesse do Executivo, porque toda emenda precisa de uma contrapartida, se há recurso dentro do cofre do Município para dar essa contrapartida para que a obra possa acontecer”, afirma.

“A responsabilidade aumenta. O número de votos que fazemos numa eleição nos dá uma responsabilidade para representarmos aquela população. Mas o número de mandatos dá uma responsabilidade muito maior. Independentemente do número de votos que você fez, você está lá dentro igual. É igual a um vestibular: quem passou por último tem que estudar igual a quem passou em primeiro para pegar seu diploma”, compara.

Em todas as legislaturas de que fez parte, o interior contava com pelo menos três ou quatro vereadores residentes no interior do município e que traziam suas indicações e requerimentos. Para a próxima, ele destaca que é o único vereador eleito que mora no interior e que, por isso, considera que sua responsabilidade aumenta.

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