Empresa C Brasil, responsável pela coleta de resíduos orgânicos no município desde 29 de julho, está iniciando os trabalhos às 6 h, tanto nos bairros quanto no Centro. Já o recolhimento na área central foi antecipado de 18 para 16 h/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Paulo Sava e Rodrigo Zub
Desde o dia 29 de julho, a empresa C Brasil passou a realizar a coleta do lixo orgânico no município de Irati. Desde semana passada a empresa alterou os horários de passagem dos caminhões que coletam o lixo, tanto no centro quanto nos bairros. A coleta nos bairros, que ocorria a partir das 7h, foi antecipada para as 6h. No centro, o recolhimento do lixo iniciava às 18h e começou a ser feito a partir das 16h.
Em entrevista à Najuá, a secretária municipal de Ecologia e Meio Ambiente, Magda Lozinski, relembra que, em abril de 2024, ocorreu uma licitação para a contratação de uma nova empresa para realizar a coleta de lixo orgânico em Irati. “Vínhamos de um contrato de alguns anos com a empresa Ecovale, porém, algumas condicionantes do contrato não vinham sendo seguidas pela empresa. Precisamos fazer uma nova licitação para empresas de coleta de resíduos orgânicos. A licitação ocorreu em abril, mas só em 29 de julho a empresa iniciou os trabalhos no município de Irati”, explicou.
Conforme Magda, nas duas primeiras semanas de serviço, a C Brasil foi se inteirando sobre a rotina da coleta de resíduos, a partir das características do município e dos costumes dos moradores quanto ao consumo e descarte. “Esses primeiros 15 dias foram em caráter experimental, para a empresa vir se estabelecer. A partir de 14 de agosto é que teve essa mudança de horário, mas não de itinerário”, justifica a secretária.
O contrato com a Ecovale Tratamento de Resíduos Urbanos, que foi renovado por mais 12 meses, se encerrava em janeiro de 2024. “Como já vínhamos tendo problemas e há uma série de reclamações em relação à prestação desse serviço, já tínhamos iniciado uma licitação, que ocorreu só em abril. Até essa nova empresa conseguir formalizar a contratação, a Ecovale continuou sendo a empresa que coletava o lixo, porque dentro da licitação existem vários prazos que temos de obedecer – recurso, contrarrecurso, edital de publicação. Isso levou de abril até o mês de julho”, argumenta.
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O contrato do município de Irati com a empresa C Brasil, de Curiúva (PR), se estende pelo prazo de 12 meses. Pela licitação, o município vai pagar, mensalmente, à empresa, R$ 199.575,46. A mudança de empresa não acarreta alteração no valor da taxa de coleta de lixo, cobrada na conta de água.
A quantidade de caminhões coletores também permanece a mesma. “As características do termo de referência da licitação são os mesmos, até porque foram utilizadas as informações de operação daquela prestação de serviço para a abertura de nova licitação. Não podemos reduzir número de coletas nem de caminhões porque os resíduos estão crescendo. A produção de lixo cresce. Em nenhum momento, reduzimos ou baixamos a capacidade da empresa em fazer esse serviço”, pontua.
O número de funcionários na coleta de lixo é o mesmo da Ecovale. Entretanto, a C Brasil faz outro tipo de trabalho. Ao passo que cada equipe da Ecovale tinha um funcionário fazia o chamado “bandeiramento” – passa antes recolhendo sacos nas casas e lojas e os amontoa em pontos estratégicos para outros dois depositarem no caminhão, na C Brasil dois fazem o bandeiramento e outros dois vão no caminhão, a fim de agilizar a coleta. “Estava ficando muito tempo aquelas ‘bandeiras’ (montes de lixo) na rua. Acontecia de o cachorro espalhar ou arrastar; se dava uma chuva, levava; se desse vento, espalhava. Como também era uma reclamação por parte da Secretaria do Meio Ambiente em relação à empresa anterior, que deixava muito tempo esse lixo parado no meio da rua, essa empresa eu já falei que não quero que isso aconteça”, diz.
Mudança de horários: Sobre a mudança de horários de coletas nos bairros e no centro, a secretária de Ecologia e Meio Ambiente frisa que a empresa vencedora da licitação precisa apresentar um plano de trabalho, com um prazo de 30 dias para entregá-lo, a partir de quando inicia as atividades. Portanto, o prazo se encerra em 29 de agosto. A C Brasil fez uma experiência nos primeiros 15 dias em operação atendendo à população mediante as mesmas características – itinerário e expediente – da empresa anterior. “Porém, ela tem direito de fazer uma nova análise, um novo estudo e tentar modificar, de acordo com o que fique melhor para ela, para a Prefeitura e para a população”, ressalta a secretária de Meio Ambiente.
Conforme Magda, a Ecovale iniciava a coleta nos bairros às 7h, mas o expediente costumava se estender até 1h do dia seguinte. Em alguns dias, chegava às 3h, em virtude de eventuais quebras dos caminhões ou outros problemas encontrados durante o itinerário. “Esses atendimentos que essa nova empresa está fazendo, além de tentar reduzir esse horário, para que os trabalhadores também tenham uma qualidade de vida melhor, não fiquem tanto tempo no trabalho, tem também a questão das horas-extras que a empresa tem que pagar. Também teve a emissão, no ano de 2023, da NR-38, que trata da limpeza urbana e sua aplicabilidade”, argumenta.
Confira mais fotos da coleta de lixo em Irati
A Norma Regulamentadora 38 (NR-38), do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata da segurança e saúde no trabalho nas atividades de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos é de 2020 e foi atualizada. “Várias empresas que tratam de limpeza urbana, inclusive, de coleta de lixo, tiveram que se adequar para trazer essa melhor condição para os trabalhadores. A empresa, visando atender à legislação, sugeriu esta mudança, vai fazer esse estudo e, se tudo der certo, ela vai aplicar no plano de trabalho e vamos colocar em execução esse horário”, acrescenta.
A rotina anterior de coleta de lixo orgânico no centro, a partir das 18h, levava em conta a redução do trânsito nas ruas em função do fechamento do comércio. Na avaliação de Magda, os caminhões passando desde às 16h pelo centro não vão chegar a disputar espaço com carros de passeio em horários mais movimentados. “Nosso mapa de coleta de lixo na área central não se delimita apenas às ruas centrais do município. Começa lá na Vila São João, na Trajano Grácia, que é uma via com vários comércios, tem um fluxo de comércio; algumas ruas da Fósforo; algumas ruas do Stroparo. Antes, a empresa Ecovale iniciava os trabalhos da coleta da região central às 18h e terminava 1h da manhã, 2h da manhã na Munhoz da Rocha e toda a parte central. Agora, tendo adiantado em duas horas, iniciando às 16h, eles vão começar na Vila São João a coleta, chegando na região da Munhoz às 21h, 21h30, 22h”, compara.
Apesar da mudança de horários, a frequência das passagens dos caminhões de coleta e o itinerário permanecem inalterados. Na região central, de segunda a sábado. Nos bairros, três vezes por semana. A única diferença é que o caminhão vai passar uma hora mais cedo que o habitual nos bairros. Na área que concentra maior fluxo de veículos no centro comercial de Irati, os caminhões não vão passar antes das 18h, assegura Magda.
Conforme a secretária, diariamente, a população de Irati gera aproximadamente de 33 a 35 toneladas de resíduos sólidos. Os dias que concentram as maiores coletas são segundas e terça-feira, devido ao acúmulo do final de semana. Vale lembrar que, em alguns bairros, a primeira coleta da semana ocorre às segundas e, em outros, às terças.
Materiais recicláveis: A Ecovale deixou de fazer a coleta do lixo orgânico, mas continua realizando a de materiais recicláveis, uma vez por semana, nos bairros. “Todos os resíduos passíveis de reciclagem, a população pode separar e deixar na frente da casa, que o caminhão vai pegar, normalmente. Alguns materiais não são comercializados pela Associação e a Cooperativa porque eles não acham compradores. Não existe, ainda, na nossa região, processos que reciclem, que reutilizem ou transformem alguns produtos, por exemplo, pacotes de salgadinhos e embalagens metalizadas. Eles são recicláveis, mas hoje, em Irati, a Associação e a Cooperativa não conseguem um comércio para isso. Infelizmente, ainda é tratado como rejeito, indo para o nosso transbordo”, explica Magda.
A secretária estima que 60% do material coletado como orgânico deveria ser descartado como reciclável. Conforme Magda, a Associação Malinoski e a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Irati (Cocaair) chegam a parar em alguns dias de semana, no período da tarde, pela falta de material para reciclagem. “Falta material para que o pessoal separe e tenha como meio de sobrevivência e meio de trabalho. Mais uma vez, peço para a população a colaboração em relação à separação dos resíduos. Na dúvida se é reciclável ou não, se está limpinho e higienizado, coloca como reciclável, que se tiver comércio para a Associação e para a Cooperativa, eles vão reciclar e vão revender”, orienta. Se não for reciclável, eles vão separar e destinar para o transbordo.
Coleta Verde: A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Irati disponibiliza também o serviço chamado de Coleta Verde, para a destinação do resíduo gerado pela limpeza de quintais e jardins, podas de árvores e corte de grama. Nesses casos, nem o caminhão de recicláveis nem o de orgânico vai recolher. “São materiais que se decompõem e temos um espaço próprio para destinar esse resíduo. Por pagarmos para destinar nosso lixo por tonelada, não tem por que o município pagar para destinar grama, galho ou algumas folhas que se decompõem. Então, temos um lugar específico. Porém, precisamos que o morador ligue para a Secretaria do Meio Ambiente e informe o endereço, porque temos um caminhão específico para fazer essa coleta”, enfatiza.
O telefone da Coleta Verde é o mesmo da Secretaria de Meio Ambiente: (42) 3132-6285.
Somente os funcionários da prefeitura tem acesso ao terreno onde é feito o descarte do material verde, no Complexo Gari, na Vila São João. Não é possível que a população leve esse resíduo por conta, em função do fato de que já ocorreu descarte de material irregular nessa área, como animais mortos e móveis usados.
A coleta de vidro, que chegou a ser anunciada, não se concretizou. Segundo Magda, foi feito um estudo para viabilizar a coleta. No entanto, não há um volume que justifique essa demanda em Irati, em comparação aos recicláveis e orgânicos. “Teria que disponibilizar um caminhão para passar nas ruas coletando ou não esse material. Seria uma despesa muito grande para uma coleta aleatória. Por se tratar de material 100% reciclável, ainda deve ser encaminhado para a coleta de recicláveis. Para caráter de informação, a Prefeitura adquiriu, através do Conselho do Meio Ambiente, luvas anticorte e forneceu para as pessoas que trabalham na Associação Cooperativa, porque o maior problema era quando descarregava o caminhão e elas iam abrir os recipientes de lixo reciclável e tinha copos e garrafas quebrados e elas se cortavam. O corte de mãos e braços ocorria bastante”, argumenta. As luvas contribuíram para a redução de acidentes de trabalho e, por isso, a população pode continuar a incluir o vidro junto dos materiais recicláveis.
O recolhimento de móveis deteriorados, por enquanto, não tem sido efetuado pelo município, que está construindo um novo barracão dentro do Complexo Gari, para em breve passar a receber esse tipo de material.
O município também efetua, além da coleta de resíduo orgânico, material reciclável e da coleta verde, o recolhimento de lixo eletrônico e a coleta de óleo usado, que é encaminhado para a produção de sabão. “Estamos tentando, na medida do possível, direcionar todos os tipos de resíduos para a destinação correta”, frisa. O lixo eletrônico é recolhido em campanhas trimestrais: a próxima ocorre em setembro; durante uma semana inteira, a população pode levar esse tipo de material para uma tenda que será montada em frente à Secretaria de Meio Ambiente (Av. Dr. Vicente Machado, 455).
A secretária solicita que a população tenha cautela e paciência nesse período de adaptação da nova empresa à rotina de coleta no município, que em breve deve fluir normalmente até que todos se habituem aos novos horários. Reclamações sobre a coleta de lixo podem ser repassadas ao encarregado da C Brasil, Marcos, pelo telefone (43) 99646-1093. Outro canal para dúvidas e reclamações é o telefone da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Irati: (42) 3132-6285.