Exposição marca obra do maestro João Wilson Faustini

Material disponibilizado na Casa da Cultura de Irati reflete parte do período vivido em São…

04 de julho de 2024 às 19h36m

Material disponibilizado na Casa da Cultura de Irati reflete parte do período vivido em São Paulo, nos Estados Unidos e Irati, onde viveu a partir de 2006, até seus últimos dias. Exposição será finalizada nesta sexta-feira, dia 5/Jussara Harmuch

Uma exposição que será finalizada nesta sexta-feira, dia 5, e tem o nome de “Cidade Permanente: trajetórias de um maestro” conta a trajetória de João Wilson Faustini, pastor presbiteriano brasileiro, regente de coral, organista, cantor, compositor, tradutor e arranjador, com reconhecimento nos Estados Unidos, onde atuou por cerca de 35 anos. A exposição está acontecendo na Casa da Cultura de Irati (Fundação Edgard & Egas Andrade Gomes).

O maestro Faustini como ficou conhecido passou a morar em Irati em 2006, com sua segunda esposa, Rosy Egg, até a sua morte, em 26 de fevereiro de 2023, aos 91 anos. Em Irati criou o coral Gaudeamus in Domino e fundou a Associação Coral Iratiense.

Ficou para o jovem Wellington Costa, transmitir o legado de Faustini em Irati. Eles conviveram por dez anos, período que Wellington aprendeu as técnicas necessárias para reger o coral Gaudeamus após a morte do seu mestre. Ele também acumula a coordenação de outro coral, o Arcanjo Miguel, além de realizar aulas de canto coral e orquestra em um projeto da prefeitura de Irati. Wellington é o curador da exposição que fica aberta ao público até amanhã, dia 5.

Quer receber notícias pelo WhatsApp?

Ele contou à reportagem da Najuá que recebeu um livro de técnica vocal de Faustini, falando que as pessoas devem repassar seus conhecimentos para a sociedade. Por isso, Wellington resolveu ensinar o que aprendeu e também divulgar o material deixado pelo maestro. “’Devemos repassar toda a nossa sabedoria, com prazer e amor’, um trecho do versículo de Colossenses 3.16 foi deixado escrito em um livro de técnica vocal, o primeiro que recebi do maestro. Quando recebi esta responsabilidade, me veio na hora que eu não poderia deixar isso guardado. Isso tem que ser exposto, tem que ser divulgado, até porque esse foi o objetivo dele. Toda música que ele compôs, ele fez questão de divulgar para o máximo de pessoas possível. E é isso que eu quero dar sequência também. Deixar todo esse material acessível para as pessoas que tenham interesse em pesquisar em tocar as músicas dele e usarem em corais ou até mesmo nas igrejas”, ressalta Wellington.

Faustini era um autodidata e uma pessoa extremamente organizada, o que facilitou a disposição de seu acervo, que está sendo separado entre composições, arranjos e produções do maestro. “Ele sempre foi muito organizado separava em CDs, então o trabalho que dá é de separar o realmente foi ele que compôs, o que ele traduziu e o que ele arranjou ou se fez os três. Então esse que é o desafio agora”.

Em entrevista à Najuá, o presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (ALACS) Herculano Batista Neto, que também é membro do Coral, falou da importância que teve o trabalho de Faustini não somente na religião evangélica, mas também o prestígio que mantinha na sociedade musical americana e da humildade, sempre presente, nos seus atos. “Ele teve oportunidade de sair do Brasil, fez mestrado em música nos Estados Unidos. Aprendeu com os melhores da época e os talentos dele vieram à tona. Para se ter uma ideia, o músico evangélico comemora seu dia em 20 de novembro, data de aniversário do maestro Faustini. Se apresentou no Carnegie Hall, em Nova York. Entrou na Hymn Society of the United States and Canada, foi eleito fellow, o único sócio do Brasil nesta academia”.

“Aqui na exposição, nós temos uma ideia do que o maestro conseguiu produzir e principalmente porque ele teve a oportunidade de morar fora do Brasil. Ele aproveitou a bolsa que conseguiu e chegou ao seu objetivo que era chegar no mestrado de música. Com isso, ele teve oportunidade de aprender com os melhores da época”, afirma Herculano.

O presidente da ALACS relembrou que Faustini teve a oportunidade de se apresentar em grandes palcos em Nova York e ao lado de artistas renomados. “Foi um trabalho de milhares de músicas, não foi uma, duas, três, mas centenas de milhares de músicas a ponto que viveu 35 anos nos Estados Unidos. Num determinado momento, ele entrou nos Estados Unidos e esteve no Canadá em uma grande instituição que celebra hinos congregacionais”.

Herculano também salienta que mesmo reconhecido internacionalmente, o maestro fazia questão de permanecer em Irati e não em grandes centros onde teria mais oportunidade de expor seu trabalho. “O pessoal indagava, mas o senhor tinha que ficar em São Paulo junto aos grandes de São Paulo. ‘Não eu estou aqui, mas eu estou aqui por amor’, amor a Rosy, amor aquelas pessoas que ele conquistou aqui tudo com humildade. É um trabalho com dedicação e doação para a comunidade”, ressalta.

A secretaria de Cultura , Samanta Regina dos Santos Ferreira e o presidente do Conselho de Cultura, Leonardo Schenato Barroso, elogiaram o trabalho do maestro e manifestaram agradecimento por tudo o que ele fez em Irati.

A Najuá compareceu na abertura da exposição no dia 20 de junho. Antes de abrir as portas da Casa da Cultura, o coral Gaudeamus in Domino se apresentou no jardim para uma plateia de artistas e personalidades iratienses. Um vídeo lembrando a trajetória do maestro em Irati foi apresentado.

Imagens da abertura da exposição, no dia 20 de junho, na Casa da Cultura de Irati – Fundação Edgard & Egas Andrade Gomes

RELEMBRANDO:

No dia 29 de dezembro de 2018, passado um ano da, talvez, maior adversidade enfrentada pelo maestro regente João Wilson Faustini, um AVC sofrido no final do ano anterior, o coral continuou em plena atividade. Tendo ao lado Wellington Costa, que já vinha sendo preparado para dar continuidade ao trabalho, não perdia o bom humor e brincava com suas dificuldades, característica típica das pessoas de espírito grande.

Faustini aceitou o desafio de Luiza Nelma Fillus, entusiasta da Cultura, e entrou no curso de trovas. Aluno dedicado, compôs para cada membro do coral:
Trovas do Coral
Eu saúdo nesta hora
Aos que hoje aqui estão,
Vamos trovas ler agora:
Prestem todos atenção.
Celebramos este dia
Ajudados pela trova,
A falar da alegria
Que no coral se comprova.
Todos nós, fieis coristas
Somos como voluntários,
Pode haver alguns turistas,
Que entre nós, são estagiários.
Nos ensaios muito atentos
Aos ensinos do regente,
No compasso e andamentos,
Sempre unida toda gente.
Sempre têm boa postura
E se afastam do encosto,
Sua voz é limpa e pura
É expressivo o seu rosto.
No regente os olhos fitam
E não perdem uma entrada,
Pois que nele acreditam
Quando a música é cantada.
Adelaide e o Benedito
Participam de corrida,
Sempre alegre e sem conflito,
Vem no ensaio dolorida.
O Ademar, voz de ouro,
Orgulho da Najuá,
Quando canta é um besouro:
Todo mundo o ouvirá.
A simpática Aline
Ao soprano se juntou,
Para que sua voz combine
Com as outras se assentou.
Que dizer da nossa Altiva,
Sempre alerta e sorridente,
Sempre pronta e sempre ativa
Pra cobrar o mês corrente.
A soprano Arletinha,
É um doce de bondade
Que se esconde, bem quietinha
Com a sua seriedade.
A Amanda estava aflita
Entre o coro e seus filhos,
Quanto ao coro, não hesita:
Vence todos empecilhos.
O André está cantando
Mas é um corista novo,
Sua voz está mudando
E será surpresa ao povo
O Arildo é bom sujeito
Sempre pronto a ajudar,
Quando pode, dá um jeito
Para Inglês ele estudar.
Por favor, não desanimem
Quem distante foi morar,
Mais distante mora a Carmem
Que vem sempre, sem faltar.
O Ernane é bom colega
Chega aos ensaios cedo
E o teclado logo pega,
Serviçal; não é segredo
O Gustavo e o Gabriel
Dão um charme ao coral
Têm voz suave como o mel,
Boa ética e moral.
A entusiasta Geraldine
Contagia toda gente
No coral sua voz retine
Pra alegria do regente
O Herculano é o esteio
E seu baixo faz soar,
Seus colegas sem receio
Podem nele se escorar.
O Inaldson também canta
Para com a voz louvar,
Sua voz que nos encanta
Lindas notas faz soar.
Ótimo elemento é o Júlio
Talentoso e responsável,
Para nós ele é orgulho,
É corista indispensável! .
Iminente locutora
Conhecida de Irati
É a Jussara, a cantora,
Que se junta a nós aqui.
A Luana está contente
Com o Welly se casou
Mas ela foi insistente
Que ele enfim desenroscou
A Luciane é habilidosa
Em trabalho artesanal
Mas também é cuidadosa
Nos ensaios do coral.
A Luiza dá suporte
Aos projetos que fazemos,
Temos nisso muita sorte:
Grandes coisas nós veremos
A Marly tem compromisso
Quase toda quinta-feira,
Perde o ensaio e por isso
Fica sempre na rabeira.
O Rogerio é gente fina,
Com problemas do coral
Ele nunca se amofina
Com seu jeito habitual.
A Rosy tem o cuidado
De manter o grupo assíduo,
Quem faltar é descuidado:
Foge do trabalho árduo.
Ela muito se revolta
Quando um corista falta,
Só, se quando ele volta
Teve febre ou pressão alta.
Nossa amiga Renatinha
É bastante reservada,
Ela nunca perde a linha,
Permanece bem calada.
Um exemplo nós achamos
Chama-se Vera Machado:
Desde o inicio do Gaudeamus
Sempre tem nos sustentado!
Vitor vem de vez em quando
Nos ensaios do coral,
Seus talentos enterrando
Bem no fundo do quintal.
O jovem Wellington Costa
Recebe a última trova,
O Faustini nele aposta
Pois já tem o pé na cova.

Imagens que relembram o tempo passado em Irati

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.